Capítulo 5: Biblioteca Camilo Castelo Branco
Sempre imaginei o paraíso como uma espécie de biblioteca.
– Jorge Luis Borges, escritor argentino
Ultimamente ela tem sido minha segunda casa. O que não é muito difícil de imaginar, me conhecendo só um pouquinho. Um lugar com muitos livros sempre me pareceu extremamente aconchegante e acolhedor.
Além do mais, eu estava acostumada à ideia de bibliotecas relacionadas apenas a instituições de ensino, já que não tive muito acesso a bibliotecas fora da escola ou da faculdade. Na verdade, havia uma casa de cultura perto da minha casa, no Rio, que emprestava livros e que me introduziu ao universo macabro do Stephen King. Como eu amava aquele lugar! Hoje em dia o espaço virou estacionamento de um supermercado, o que reflete perfeitamente o pensamento de boa parte da população em relação à queima de um museu com peças que nunca mais serão recuperadas.
E aí, mudando de país, e depois de entrar em um grupo do Facebook de leitores fanáticos que leem muitos livros oriundos de bibliotecas, eu pensei: Será que aqui tem alguma biblioteca municipal que eu poderei frequentar e pegar livros emprestados? E foi assim que descobri a Camilo Castelo Branco.
Revisitando a emoção que senti naquele primeiro contato quando criança, cheguei à Av. Dr. Carlos Bacelar n° 154 sem conseguir me conter. Abri as portas com a plena certeza de que tinha entrado no paraíso e, no fundo, o paraíso deve mesmo parecer com todas aquelas estantes perfeitamente organizadas. Aliás, não duvido nada que as pessoas cheguem no céu com um diploma em biblioteconomia, para organizar as estantes divinas com todos aqueles símbolos de sobrenome de autor e letras e categorias e sabe-se lá o que mais.
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Acho que nesse ponto nem preciso dizer que cheguei logo pedindo um cartão de sócia. Vocês já devem ter imaginado, é claro. Também não preciso dizer que saí logo com 2 livros alugados (Memórias para confecção de um espanador de tristezas, do Ondjaki, e Os homens que odeiam as mulheres, do Stieg Larsson). Acho que é redundante, né?
Sei que tenho muitas outras bibliotecas para conhecer por aqui – e para fazer o cartão de sócia, óbvio – e talvez eu nem continue mais a frequentar a Camilo Castelo Branco, mas ela sempre terá um lugar especial no meu coração, será sempre um pedacinho de casa.


