Um morto grave, dos que morrem e continuam a morrerTenho amigos que morrem todos os dias, e mais, e sempre maisAmigos que têm cancros nas ideias, e nas falangetas, e nos propósitosCancros que nem a quimio, nem o caralho que foda os meus amigosUm que era cancro antes de ser amigo, tão doença antes de serOutro que fala cancro, que pensa cancro, que se propaga Amputo, transplanto, irradio, e os amigos metástases de mimSou parte de tanta coisa mortal, um caroço na cabeça da genteAcordo por sonhos de fazer mal, acordo, morro, e vou matandoFuma, bebe, come, mas não me fales, ri-te mas não me chamesSou como tu, hei-de queimar e passar como um sorriso de pétalas
Published on October 28, 2014 17:52