Em Por um fio, está de volta o narrador sensível e cuidadoso de Estação Carandiru, que, contando histórias reais, reflete sobre o impacto da perspectiva da morte no comportamento de pacientes e seus familiares. Drauzio Varella especializou-se em oncologia numa época em que o câncer era visto com tanto horror que nem sequer se pronunciava essa palavra - dizia-se "aquela doença" - e desde então convive cotidianamente com doentes graves. Em Por um fio, ele relata histórias que põem o leitor diante de questões delicadas, difíceis mesmo para quem lida com elas em sua rotina profissional. De um lado, a reação dos que se descobrem doentes, que vai da surpresa à revolta, do desespero ao silêncio e à aceitação. Do outro, a atitude dos parentes, que varia da dedicação incondicional à pura mesquinharia, da solidariedade ao abandono. E Drauzio conta ainda episódios surpreendentes de mudança de vida, como se a visão da morte fosse quase uma libertação, um divisor de águas que confere novo sentido ao porvir.
After graduation, he specialized in infectious diseases with Prof. Vicente Amato Neto at the University of São Paulo and at the Hospital do Servidor Público de São Paulo. This work led him to develop an interest in immunology and over the following 20 years he worked at the Hospital do Câncer in São Paulo, specializing in oncology. He works as a medical professor at Universidade Paulista, but has taught also in several other institutions in Brazil and abroad, such as the New York Memorial Hospital, Cleveland Clinic, Karolinska Institute, University of Hiroshima and the National Cancer Institute of Japan. One of his main fields of works has been AIDS, especially the treatment of Kaposi's sarcoma. He has had an active role in prevention and educational campaigns about AIDS, being the first one to have a radio program on the subject. From 1989 to 2001 he volunteered to work as an unpaid physician in one of the largest jails of Brazil, Carandiru, in order to tackle the horrific AIDS epidemic raging among male inmates. As a result of this experience, he wrote a best-selling book describing the harrowing life of the inmates, which later became a motion picture (Carandiru, directed by Hector Babenco), winning accolades from both the public and specialized national and international critics. As the chairman of a cancer research institute at UNIP, Dr. Varella presently heads a research program on the potential of Brazilian Amazon medicinal plants for treating neoplasms and antibiotic-resistant bacteria. This research is supported by the São Paulo Research Support Foundation.
(Português) Descendente de galegos e portugueses, Drauzio estudou medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. No início dos anos 70, já como médico, ele começou a trabalhar com o professor Vicente Amato Neto na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu também o serviço de imunologia do Hospital do Câncer (São Paulo) e de 1990 a 1992, o serviço de câncer do Hospital do Ipiranga. Deu aulas em várias faculdades do Brasil e em instituições em outros países, como o Memorial Hospital de Nova Iorque, a Cleveland Clinic (também nos Estados Unidos), o Instituto Karolinska de Estocolmo, a Universidade de Hiroshima e o National Cancer Institute, em Tóquio. Além do câncer, Drauzio Varella dedicou seu trabalho também ao estudo da AIDS. Foi um dos pioneiros no estudo dessa doença no Brasil, especialmente do sarcoma de Kaposi. Em 1989, iniciou um trabalho no Carandiru (nome popular da "Casa de Detenção de São Paulo"), investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o presídio foi desativado, trabalhou como médico voluntário no local. O dr. Varella chegou a idealizar uma revista em quadrinhos, O Vira-Lata, como parte do plano de prevenção da AIDS na cadeia. Atualmente, apoiado pela Universidade Paulista e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), dirige no Rio Negro um projeto de análise de plantas brasileiras, buscando obter extratos para testar experimentalmente no combate à bactérias resistentes a antibióticos e ao câncer.
Fantástico livro, relatos de conversas do Dráuzio Varela com pacientes terminais de câncer. Um final de conversa que mais me marcou, e que replico sempre, foi na conversa com um fazendeiro paciente terminal de câncer: "a beira do barranco é que assusta o cavalo". Assim é a vida, ensinando sempre, mesmo que nos restem poucos minutos, horas, dias ou meses aqui na terra.
Que livro! Daqueles livros que eu lerei várias vezes durante a minha vida, não me sinto confortável de fazer um review, mas com certeza esse livro me influenciou e vai influenciar muito ainda.
encantada e desesperada com a velhice, o luto, a vida e a doença. eu tenho muito medo da morte - achei que nem conseguiria ler um livro com essa temática, que me assombra tanto. terminei a leitura e, muito diferente do que esperava, me vejo hoje mais tranquila com a morte do que há 2 meses. mas continuo morrendo de medo de morrer.
Muitos escritores atraem a atenção dos leitores ao narrarem a verdade de uma forma mais caprichada, adicionando beleza a momentos de certo modo sóbrios. Como autor, o dr. Drauzio Varella, no entanto, possui uma capacidade ainda maior: narrar de uma forma tão coesa que por si só já revela a poesia por trás de momentos difíceis e sombrios, sem ser necessário adicionar caprichos para puro enaltecimento dos casos. A beleza simplesmente está ali, nua e crua. Por Um Fio deveria ser uma leitura obrigatória em todas as faculdades de medicina do país.
"Para curar, muitas vezes a técnica basta; mas, para conseguir que um doente viva o máximo de tempo com a menor carga de dor e encare a morte com tranquilidade, é preciso muito mais. A tarefa demanda não só conhecimento científico, mas compreensão da alma humana em profundidade apenas acessível aos que se dedicam com empenho ao penoso processo de aprendizado que o contato repetido com a morte traz."
Que livro! Drauzio faz relatos surpreendentes e emocionantes acerca da morte e a reação dos seus pacientes. Como alguém que vivenciou isso na família, o livro acaba sendo denso e sensível. Precisei parar de ler várias vezes. O relato mais triste, sem dúvidas, é o dele como médico e irmão. Foi muito bem pensado esse ser o último relato, parecia que eu estava vendo tudo aquilo que se estava passando. Como que pode Drauzio nunca errar nos livros??
Eu já sabia da escrita maravilhosa do Drauzio, já que Carandiru é um dos meus livros preferidos (assim como do meu pai); mas ainda sim, me surpreendi: simplesmente não conseguia parar de ler. Terminei a leitura em dois dias e posso afirmar que, embora Por Um Fio não tenha roubado o espaço de "Carandiru" no meu coração, é com certeza um livro com sólidas quatro estrelas e que você totalmente deveria dar uma chance. Indico especialmente para quem tem ligação profissional na área da saúde ou goste do gênero, ou que tenha experiências pessoais com pacientes de câncer ou AIDS.
Acho que todo ser humano deveria ler esse livro... o que ele nos ensina é a enxergarmos como nada é certo, e que não temos controle sobre quase nada na vida. Nos mostra histórias alegres de recuperação, quando a esperança já não mais existia, e mostra histórias mais tristes, de solidão e de dor.
As lições mais importantes que tirei: viver a vida da melhor forma possível, tentar ser feliz com o momento presente, tentar não me preocupar tanto com o que está por vir, e a buscar tratar todos ao meu redor com carinho e amor.
Drauzio conseguiu tratar de um tema difícil - as percepções e histórias diversas da vida, família e doenças por parte de indivíduos à beira da morte - sendo leve e sensível, porém nada piegas. Dividido em histórias independentes, o livro não cansa e consegue ser leve e prender a atenção mesmo ao tratar deste difícil assunto.
Desde as primeiras páginas eu já me emocionava pelo conteúdo do livro. Ganhei o livro de uma amiga e fiquei impressionado pelas histórias reais vividas pelo autor desde o período universitário dele. nos faz mais humanos e solidários.
Relatos emocionantes sobre pacientes com doenças graves escritos de forma magistral pelo Drauzio Varella, alguém que admiro muito desde que li seu livro Estação Carandiru. Por um fio é um livro que todos deveriam ler, especialmente aqueles que lidam ou lidarão com esse tipo de situação um dia. Virou um dos meus favoritos!
Mais um livro do Drauzio que me deixa encantada com a sensibilidade da escrita e capacidade de fazer sentir o que é vivido. O livro é um compilado de casos vividos por ele, retratados com humor e sensibilidade fascinante. Leitura incrível!
Sempre admirei a sensibilidade transmitida nos textos do Drauzio Varela, considerando que talvez tivesse alguma relação com sua profissão (oncologia), neste livro pude ter certeza que a sua sensibilidade advém da prática da medicina. Reflexões sobre a vida e a morte são abordadas em um série de contos de diversos pacientes com doenças muitas vezes terminais, principalmente câncer e AIDS, as histórias variam de causos engraçados e tristes chegando a emocionar o leitor.
Acho um livro necessário para todo interessado em saúde ou profissional da área, além de uma viagem histórica por avanços e momentos imprescindíveis da medicina no contexto BR é um livro muito sensível e bem escrito, que consegue passar as mensagens e ideias a que se compromete.
Me peguei diversas vezes parando pra pensar após as histórias, imerso e reflexivo, o livro é tremendamente humano, e se o Dr.Áuzio (sim, eu sei que não é) se sentia receoso no prólogo sobre a maturidade necessária para contar essas experiências ainda não ter sido alcançada, sei que não sou ninguém para esse veredito, mas esses medos eram bobos, a sensibilidade e respeito com que cada vivência é contada é honorável.
Em suma, eu fico muito feliz e satisfeito de ter feito de "Por Um Triz" minha primeira experiência literária em 2021, fiquei especialmente marcado pelo capítulo final, "A Herança", "Seu Raimundo", "Seu João", "Primeiros Passos" e "Regime Higieno-Dietético".
Li esse livro durante alguns dias enquanto andava pelas quadras de Brasília, principalmente em um banquinho da 106. Eu sempre via os velhinhos descendo de seus apartamentos pra andar. Alguns com assistentes, outros sem. Alguns ainda tinham cabelos, outros não. O livro trata da vida de Drauzio e do final das vidas de seus vários pacientes terminais. Eu não soube fazer uma análise crítica na época que li e hoje não sei se posso ainda. Depois de ler a parte final, onde o autor relata o processo pelo qual seu irmão passou depois de descobrir um câncer, meu medo da doença aumentou mais ainda. Mesmo com um histórico de câncer na família, nunca levei isso muito a sério. Passei os seguintes meses mais hipocondríaco do que nunca e, depois de explicar à minha mãe o porquê, ela não quis mais que o livro ficasse na minha estante, me trazendo energias ruins. Nunca esquecerei das histórias e recomendo o livro a quem quiser aprender mais sobre os outros e, consequentemente, si mesmo.
Um dos melhores livros que já li. Drauzio Varella é um dos meus ídolos na medicina e este livro sintetiza ciência, humanismo, empatia e vivência de uma forma muito intensa e interessante. É um daqueles livros que mudam a sua vida. Se algum dia me pedissem para escolher 5 livros que todos os alunos de ensino médio deveriam ler para se tornarem pessoas melhores, este livro sem sombra de dúvidas estaria na lista.
A Paixão pela Medicina e a humanidade de Dráuzio Varela saltam às páginas desse livro. São relatos de vida da pessoa na sua frente na fila do supermercado, do motorista do carro ao lado, do transeunte que atravessa a rua... enfim, me fez repensar a frase "levava uma vida comum". Não há nada comum quando falamos de VIDA.
Incredible, touching, really sensitive. It's nice to know how a doctor feels when dealing with challenging life brings. Besides, Drauzio writes so well the reading is a pleasure even when the story is sad. A must-read!
Short life lessons of a cancer practitioner who deal with death all workdays. This book do not try to answer you about the meaning of the life, moreover, you will end it and find yourself with more questions.
Fiquei admirada com a lembrança e o cuidado em relatar as histórias de cada paciente. Com suas trajetórias únicas que tantas vezes são desconsideradas na correria dos hospitais.
“Por um Fio” é uma coletânea de pequenos contos que reúnem experiências singulares da prática clínica e da vida do oncologista Drauzio Varella.
É realmente um privilégio ter acesso às histórias contadas por esse grande médico, seja pela riqueza de detalhes fornecidos, seja pelo modelo de médico que desejo seguir; veja bem, Drauzio não se vangloria nem julga ser “o modelo” de médico, porém, durante a leitura, percebemos que mesmo as suas falhas e erros foram necessários para sua formação e valorizamos isso.
Por ter se formado oncologista há algumas décadas, quando não havia tratamentos adequados, ele teve contato com uma especialidade que lidava diariamente com a morte. E esse é justamente o tema do livro, se é que posso dizer que há um. A partir de cada história, Drauzio nos traz uma reflexão sobre o que a morte significa para ele, como ela é diferente e vivenciada de forma única por cada paciente, e como os seres humanos lidam com ela de forma geral. Ele não nos traz respostas, mas nos faz refletir e abre um extenso leque de possibilidades.
Gostei especialmente do relato do contato dele coma pesquisa inicial do HIV e com a comunidade homossexual logo no início da pandemia, onde ele visitou centros de estudo nos EUA e conheceu de perto pessoas que tiveram a doença em uma época de total desconhecimento de suas implicações e possíveis tratamentos. Me fez refletir como uma doença trágica (porém inicialmente negligenciada) como a AIDS demorou 14 anos para ter tratamentos eficazes em reduzir carga viral, e o quanto avançamos na ciência desde então, especialmente no conhecimento viral.
Não se trata de um livro exclusivo para profissionais da saúde que lidam com a morte, apesar de eu endossar veementemente que estes o leiam; mas acredito que qualquer pessoa se beneficiaria dessa leitura. Mais uma vez Drauzio consegue traduzir sentimentos profundos e cuidado médico em palavras simples, porém de grande impacto nas vidas dos seus leitores.
Eu, como criança que cresceu nos anos 2000, não me lembro de um momento da vida em que não sabia quem era Dráuzio Varella. Por causa dessa proximidade que a TV proporcionou, sempre o admirei como pessoa e como profissional. Ler um livro escrito por ele apenas aumentou minha admiração. Gosto de ler coisas sobre a morte, pois sinto que é uma forma de saber lidar melhor com ela (pra quem, assim como eu, também se interessa por isso, indico o livro "a morte é um dia que vale a pena viver"). "Por um fio" fala sobre a morte, mas também sobre a vida. Dráuzio relata muito bem suas vivências com seus pacientes e me emocionou várias vezes ao longo do livro. Além disso, utiliza uma linguagem simples, sem rodeios. Um livro incrível, pra todos os públicos, que ensina e faz refletir.
Aviso: o livro foi escrito em 2004, quando ainda se usava o termo "portador". Hoje em dia essa palavra não é mais utilizada para indicar pessoas com alguma doença ou deficiência, mas na época era comum. Sabendo do contexto, é mais fácil entender algo que atualmente pode ser visto como preconceito. Não deixe de ler por causa disso.
Acabei de ler este livro, que sem dúvidas foi um dos melhores que já li. Me fez chorar, avaliar e pensar sobre assuntos que evitamos a maior parte do tempo. Este livro é pra ser lido diversas vezes durante a vida.
Ler todas essas histórias relatadas por alguém que teve a oportunidade de conviver com tantos pacientes em estado terminal e que também conviveu com pessoas muito próximas nesta condição, nos permite viver um pouco do sentimento que o Dráuzio como ser humano e médico sentiu.
Sempre foi uma curiosidade minha saber como pessoas que estão perto da morte lidam com este fardo, o que pensam nestes ultimos momentos, o que consideram importante e suas ultimas vontades.
Sou fã do Dráuzio e este livro me tocou profundamente!
Fundamental para todos os médicos e doentes, uma trajetória de trinta anos de estudo e prática de medicina na fronteira da salvação (ou não-salvação) de vidas humanas contada por histórias saborosas de pessoas que agem das formas menos esperadas quando confrontadas com o risco de perder a vida mais cedo. Lições de humildade e encontro pacífico, e até leve, com nossa finitude. Com uma bagagem dessas, e uma tal visão da saúde e do papel do médico, é um descalabro inacreditável que Drauzio Varella não seja nunca alçado ao posto de ministro da saúde neste país. A não ser que seja por escolha dele, porque não existe uma pessoa mais carismática, comunicativa, positiva, sábia e popular para exercer o cargo. "Por um Fio" é cartão de visitas para isso, por si só.