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Loucura...

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Locura

88 pages, Paperback

First published January 1, 1910

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About the author

Mário de Sá-Carneiro

92 books176 followers
Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de Maio de 1890 — Paris, 26 de Abril de 1916) foi um poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.

Na fase inicial da sua obra, Mário de Sá-Carneiro revela influências de várias correntes literárias, como o decadentismo, o simbolismo, ou o saudosismo, então em franco declínio; posteriormente, por influência de Pessoa, viria a aderir a correntes de vanguarda, como o interseccionismo, o paulismo ou o futurismo.

Nessas pôde exprimir com vontade a sua personalidade, sendo notórios a confusão dos sentidos, o delírio, quase a raiar a alucinação; ao mesmo tempo, revela um certo narcisismo e egolatria, ao procurar exprimir o seu inconsciente e a dispersão que sentia do seu «eu» no mundo – revelando a mais profunda incapacidade de se assumir como adulto consistente.

O narcisismo, motivado certamente pelas carências emocionais (era órfão de mãe desde a mais terna puerícia), levou-o ao sentimento da solidão, do abandono e da frustração, traduzível numa poesia onde surge o retrato de um inútil e inapto. A crise de personalidade levá-lo-ia, mais tarde, a abraçar uma poesia onde se nota o frenesi de experiências sensórias, pervertendo e subvertendo a ordem lógica das coisas, demonstrando a sua incapacidade de viver aquilo que sonhava – sonhando por isso cada vez mais com a aniquilação do eu, o que acabaria por o conduzir, em última análise, ao seu suicídio.

Embora não se afaste da metrificação tradicional (redondilhas, decassílabos, alexandrinos), torna-se singular a sua escrita pelos seus ataques à gramática, e pelos jogos de palavras. Se numa primeira fase se nota ainda esse estilo clássico, numa segunda, claramente niilista, a sua poesia fica impregnada de uma humanidade autêntica, triste e trágica.

Por fim, as cartas que trocou com Pessoa, entre 1912 e o seu suicídio, são como que um autêntico diário onde se nota paralelamente o crescimento das suas frustrações interiores.

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1 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 55 reviews
Profile Image for Celeste   Corrêa .
381 reviews324 followers
May 8, 2024
Fernando Pessoa numa carta a João Gaspar Simões escreveu que «o Sá-Carneiro não teve biografia; teve só génio. O que disse foi o que viveu.»

Interrogo-me se o suicídio de Sá-Carneiro explica a obra ou a obra explica o seu suicídio?
Recordo os meus tempos do liceu e de um professor de Português que - com o seu entusiamo - arrebatava a nossa atenção. Um dia, falou-nos do poema «Quase» de Sá-Carneiro, que começa assim:

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


E concluiu com a demanda, a pergunta, a transformação do mundo, a mudança da vida nos surrealistas. Ou, como queria o nosso Sá-Carneiro, «um pouco mais de azul.»

Quando terminou a classe, soubemos que tinha havido um abalo de terra, um pequeno sismo, mas nós não o tínhamos sentido.

A inquietude e ansiedade das personagens do autor estão bem presentes neste «Loucura» escrito aos vinte anos. Um homem tenta desfigurar a mulher amada com vitríolo como prova e confirmação do seu amor; desfigurando-a seria um modo intemporal de amor e evitaria a angústia de esperar pela velhice.
A obsessão do fim.
Profile Image for Ana.
746 reviews114 followers
November 15, 2018
Releitura, quase 30 anos depois.
"Se um dia porém a sorte favorecesse os loucos, se o seu número fosse superior e o género da sua loucura idêntico, eles é que passariam a ser os ajuizados: «Na terra dos cegos, quem tem um olho é rei», diz o adágio: na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido, concluo eu."
Profile Image for Rita.
905 reviews185 followers
March 16, 2019
“Loucura? — Mas afinal o que vem a ser a loucura?… Um enigma… Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos…”
Profile Image for Sónia Santos.
182 reviews32 followers
September 26, 2022
O que separa a loucura da genialidade?

"Ah! meu caro, como são imbecis todas estas hipocrisias; frutos dos eternos preconceitos, da educação totalmente errada duma espécie que se envergonha da sua mãe: Natureza..."
Profile Image for Teresa.
1,492 reviews
November 13, 2015
Quando a loucura tem mais razão do que a sanidade...


Leiam...porque:
é um prazer ler algo tão bonito escrito em língua portuguesa;
não exige muito tempo de leitura; é pequenino...de páginas;
e não tem custos monetários; está aqui mesmo, no Goodreads, a um toque...

description
(Zdislav Beksinski)
Profile Image for Marta Xambre.
249 reviews29 followers
August 1, 2021
Loucura... O título da obra que é bastante claro e direto retrata, através da história de um amigo íntimo do narrador, Raul Brandão, o que para ele é a loucura.
Mais uma história inquietante de Sá Carneiro, onde permanecem de mãos dadas (ou será de costas voltadas?! ) a morte e a vida, a felicidade e a infelicidade, o amor e o desamor...
Através da personagem de Raul Vilar, é nos dada uma perspetiva da loucura, cuja abordagem já me tinha feito refletir de uma forma bastante profusa aquando da leitura que fiz este ano, do livro "Loucura da normalidade".

“Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, uma questão de maioria. A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema de convenções…” 

Mais uma leitura fabulosa de Mário de Sá Carneiro...Já se fizeram tantas e tão boas considerações sobre "Loucura" que não preciso de escrever mais nada....
Só acrescento o seguinte: Cada vez que termino de ler uma obra de Sá Carneiro fica o sentimento de pena e tristeza por este jovem ter partido tão cedo. Perdeu-se um grande autor...
Profile Image for Susana.
541 reviews177 followers
April 28, 2021
Duas estrelas e meia, arredondadas para cima à conta de algumas frases interessantes ditas por Raul sobre o tempo.
Profile Image for Rodrigo Martins.
31 reviews2 followers
May 28, 2021
A maior prova de amor será, portanto, a loucura.
Genial.
Profile Image for Ana Lúcia.
223 reviews
September 22, 2014
Segundo a psicologia, a loucura é uma condição da mente humana, caracterizada por pensamentos considerados “anormais” pela sociedade.
“Loucura? — Mas afinal o que vem a ser a loucura?…
Um enigma… Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos(…)”
A loucura é como tantas outras questões, uma simples convenção.
“O meu amigo não pensava como toda a gente… Eu não o compreendia: chamava-lhe doido(…)”
Um maravilhoso conto de Mário de Sá Carneiro.
Profile Image for Jesús Santana.
140 reviews33 followers
June 30, 2013
Mário de Sá-Carneiro uno de los escritores y poetas portugueses lamentablemente desconocido para muchos fuera de Portugal y uno de los principales exponentes junto a Fernando Pessoa de la "Geração D'Orpheu", poseedor de un talento invalorable y a quien la gran sombra de su amigo y compañero de escritura y lecturas Fernando Pessoa cubrió por completo colocándolo desafortunadamente para los amantes de la literatura a un lado y a veces difícil de encontrar por decirlo de alguna manera; la obra de Sa-Carneiro afortunadamente con el tiempo se ha ido poco a poco descubriendo entre los lectores no portugueses y muchos años después se encuentra ganando el lugar que también merece junto a su amigo el eterno lusitano, ambos grandes personajes de el simbolismo y la vanguardia portuguesa en esos años. En lo personal solo conocía el trabajo de Sa-Carneiro como poeta en “Dispersâo” y es una lastima no poder conseguir fácilmente mas de su maravillosa obra, es ahora que logro encontrarme con su trabajo como novelista en “Locura” y ha resultado realmente una sorpresa impresionante.

Sa-Carneiro y Pessoa fueron grandes amigos y este fue uno de los que mas interés despertó y apoyó en el trabajo como escritor y poeta de Sa-Carneiro ayudándolo intensamente a entrar en el modernismo portugués, siendo ellos los principales fundadores junto a algunos otros miembros de la revista literaria “Orpheu” en Portugal en 1915 la cual lamentablemente no obtuvo el éxito deseado y que solo tuvo dos números publicados junto a un tercero que jamás llega a ver luz. Su mayor momento de trabajo se concentra básicamente los últimos cinco años de vida antes de su suicidio con apenas 29 años de edad en el Hótel de Nice tomando casi seis frascos de estricnina frente a uno de sus amigos.

“Locura” es una de sus pequeñas obras de culto y uno de sus mas premonitorios trabajos que ya reflejaba el dolor que cargaba sobre los hombros este atormentado genio de las letras portuguesas. En esta obra Sa-Carneiro nos presenta en primera persona una historia donde se intenta descubrir las extrañas razones que llevan paso a paso a un obvio alter-ego del escritor con el nombre de Raul Vilar, un hombre atractivo, culto, un critico radical de la vida y misántropo, un libertino que es empujado a medida que avanzamos en la lectura a su extraño suicidio; el narrador es el mejor amigo de Vilar que nos adentra a esta historia sobre un hombre que desde su infancia ha estado en un cambio permanente de opiniones y de formas de ver la vida pero siempre poseyendo un alto desprecio por esta y la existencia, sobre la futilidad de nuestro ser y el paso del tiempo fugaz en la tierra. Cuyo desprecio por las artes en general y el amor es de una intensidad fascinante, pero ese mismo odio lo hace descubrir un talento inagotable como escultor y el amor por una mujer muy hermosa cuya belleza lo lleva y lo empuja mucho más al borde de la vida. Raul hace el mal únicamente por el placer de hacerlo, de una manera agresiva en sus comentarios porque es una característica de cada uno de nosotros y que aun con estos hechos su corazón continua intacto ante los sentimientos, que este exceso de realidad en ver la existencia es simplemente una sensibilidad por ella y por las cosas hermosas que vemos a diario pero no recapacitamos ante ellas para disfrutarlas realmente.

En “Locura” se puede resumir esta obra tan corta como una apología al suicidio, a la locura, al amor, a la belleza, a la vida y a la no existencia, un grito de desespero por cesar de vivir ante la belleza rodeada de tanta fealdad, de si podemos ser capaces de seguir amando la vida o a otro ser que se convierta en alguien deforme como lo es el respirar cada día para el personaje. En pocas palabras “Locura” nos lleva a dos preguntas ¿realmente se puede amar lo feo? o ¿quiénes son los locos, los que sufren de una realidad de ver las cosas tal cual como son o los que les gusta imaginar un cuento de hadas permanente ante la pesadilla que resulta la vida?. No es una obra de fácil lectura para los que buscan algo ligero, su brevedad es un golpe fuerte, corto y muy contundente.

Es importante saber que el mismo Fernando Pessoa catalogaba a Sa-Carneiro como “genio del arte y aun mucho mas en la innovación literaria”, a pesar de que como dije anteriormente su fama no llega tan lejana como la de su amigo y compañero es de vital importancia pasearse por la obra de este genio de las letras portuguesas. Sa-Carneiro es sin lugar a dudas indispensable en cualquier biblioteca que desee estar completa.

http://bitacoradelscriptorium.blogspo...
Profile Image for Ines Norton.
541 reviews13 followers
August 25, 2015
As reflexões de Sá Carneiro sobre o suicido do seu amigo escultor Raul Viral.
Profile Image for Camila Barros.
89 reviews11 followers
July 12, 2021
"Este morreu jovem, porque os Deuses lhe tiveram muito amor."

"-És então feliz?
- Felicíssimo!
-Desgraçado! ..."

"A escultura faz corpos: eu faço corpos. A literatura faz almas: tu fazes almas. Se pudéssemos conjugar as nossas duas artes faríamos vida."

"Saber quem é uma pessoa é; é conhecer a sua alma, penetrar nos seus pensamentos; saber como pensa, como executa."

"O matrimónio... - dizia ele muitas vezes - Ah! como eu abomino essa palavra!... um contrato mascarado com o título de «sacramento» que acorrenta inexoravelmente duas vidas; que dá todos os direitos ao homem, nenhuns à mulher!..."

"O amor doas amantes, é pelo contrário, livre; livre de todas as peias, de toda a hipocrisia. (...) É a liberdade na paixão, e como é liberdade, grageou o ódio da «gente honesta»..."

"Loucura? - Mas afinal o que vem a ser a loucura?... Um enigma... Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos... (...)
A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções: É a gente de juízo... Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objetos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente , encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria... são doidos... (...) na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido"

"Que ando a fazer neste mundo? O mesmo que as outras pessoas, bem sei... Ah! mas é justamente isso que me aterra, que me horroriza... Vivo como todos, à espera da velhice, percebes? À espera da morte, compreendes?"

"O vosso espírito é demasiadamente acanhado para compreender tudo quanto não seja comum... o vulgar."
Profile Image for Sara Bôto.
154 reviews
November 11, 2017
Talvez a melhor obra que li, até agora, de Mário de Sá-Carneiro. A princípio, assemelha-se bastante a "A confissão de Lúcio", pela existência do narrador solitário e discreto, que se limita a relatar, de forma seca e concisa, os pormenores da história de um seu amigo, que leva uma vida normal, de homem casado, artista, não sem, todavia, possuir as bizarrias características dos "amigos" dos narradores que Sá-Carneiro nos apresenta em ambas as obras.

No entanto, à medida que nos vamos embrenhando na leitura - que corre como o Tempo -, torna-se cada vez mais evidente que não se trata da mesma coisa. É uma história sobre suicídio, angústias humanas, terrores da carne e medo do próprio medo. Mas é algo mais violento, mais despido e muito mais aterrador do que quem já leu "A Confissão de Lúcio" possa imaginar. Talvez pela ideia que o narrador nos dá, até às últimas páginas, de que está tudo a correr normalmente, de que nada de mal se poderá passar... Até que chegamos às últimas páginas.

Maravilhoso. Absolutamente maravilhoso. Nada mais posso acrescentar.
Profile Image for Beatriz Baptista.
167 reviews83 followers
November 26, 2025
4/5 ⭐️
“Na terra dos cegos, quem tem um olho é rei, diz o adágios: na terra dos doidos, quem tem juizo, é doido, concluo eu."


eu amei este pequeno livrinho de 78 páginas. não estava à espera do final bem intenso. é triste pensar que o livro se chama loucura, o amigo do narrador é considerada um louco ao suicidar-se e, mais tarde, o próprio autor do livro tem o mesmo fim (aos 25 anos)…

temas interessantes como a obsessão, a passagem do tempo, suicídio, distúrbios de personalidade, e a definição de loucura.

amei o narrador. queria ter sido bestie do mário.

pobre raul.

good for her (marcela).

recomendo!!
Profile Image for João Moura.
Author 4 books23 followers
July 20, 2015
O que é a loucura? Um simples desvio da norma? Um grito de génio? Uma inadaptação contínua? Loucura é uma reflexão sobre o que é isso da loucura e sobre o seu poder no suicídio, nas pessoas incompreendidas, com alma de artista. Uma obra gritante, implosiva e uma chamada de atenção para todos, mesmo que de forma inconsciente.
Profile Image for Bernardo Maciel.
24 reviews
April 14, 2017
No fundo, é sobre um pouco de toda a gente.
Uma visão poética para a complexidade da mente pensante.
Profile Image for Leonor.
8 reviews2 followers
November 26, 2012
Livro para se ler de um trago.

Transcrevo um dos meus excertos preferidos desta obra:

"Loucura? - Mas afinal o que vem a ser a loucura?... Um enigma... Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos...
Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, uma questão de maioria. A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções: É a gente de juízo... Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria... são doidos...
Se um dia porém, a sorte favorecesse os loucos, se o seu número fosse o superior e o génio da sua loucura idêntico, eles é que passariam a ser os ajuizados: Na terra dos cegos, quem tem um olho é rei, diz o adágio: na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido, concluo eu.
O meu amigo não pensava como toda a gente... Eu não o compreendia: chamava-lhe doido...
Eis tudo."
701 reviews78 followers
December 12, 2017
Cuento sobre la locura, la creación y el sexo de un oscuro nihilismo. Lo que parece una perturbación mental del personaje protagonista es igualmente una pregunta sobre el sentido de la vida que no obtiene respuesta. Sá-Carneiro y los puntos suspensivos.
Profile Image for Sofia aaa.
55 reviews53 followers
November 17, 2012
«Vou-te matar o corpo para dar mais vida à alma».

Este é um livro pequeno que relata a maior prova de amor de um louco, que alucina entre a vida, morte, tempo, velhice, alma, amor...
Profile Image for Priscilla.
1,928 reviews16 followers
May 27, 2022
Loucura... foi a primeira obra de Sá-Carneiro com a qual tomei contato... minha relutância foi originária de uma crítica ouvida há muito tempo atrás, mais fundamentada na possível sexualidade do autor do que na qualidade de seus escritos. Esse livro em específico terminou sendo escolhido para a compleição de um desafio - que bom que assim foi.

É uma obra pequena, quase uma noveleta, que em estilo autobiográfico expõe as observações do autor (em auto-inserção) sobre a vida de um casal. Raul, o escultor, é uma típica representação do gênio indomável que se embriaga com seus atos - a Beleza, sua obsessão, se torna a responsável por seus atos e decisões: não adianta criá-la ou possuí-la, é preciso exibi-la.

Sua personalidade não é apenas egocêntrica, narcisista, ela é maníaca, obsessiva, e Sá-Carneiro se esmera em trazer isso à tona - são linhas e linhas de narração violenta e sensual que mesmo na atualidade poderia ser facilmente classificada como literatura de nicho.

O autor se mostra como uma voyeur e mesmo em seu repúdio por certos atos, ainda se revela interessado, atraído pelo que ele próprio julga indecente. E com ele, também somos expostos, transformados em voyeurs por sua escrita.

Ao fim da história, nos é quase impossível saber se a história foi baseada na realidade. É bom assim.
Profile Image for David.
1,683 reviews
June 3, 2025
Mark Antony and Cleopatra. Petrarch and Laura. Camões and Natércia. Some great couples in history. How about Raul Vilar and Marcela? Not quite as well known are they?

Raul Vilar is the fictional sculptor in Mário de Sá-Carneiro’s 1912 novela, Loucura (Madness). The story is narrated by a childhood friend, who realized early on that Raul was going to be a great sculptor but at the same time, was starting to show signs of madness. He obsessed with carving marble sculptures claiming that he didn’t need women since his great love was art.

Of course, once one professes this, something happens to change this. Sure enough Raul meets beautiful Marcela at a party. His obsession with art evolves into an obsession with this female. She was engaged to someone else but somehow Raul marries Marcela and the couple just can’t get enough of each other. When the honeymoon period cools, his madness overcomes everything and becomes a crime.

Portuguese author Mário de Sá-Carneiro is best known for his literary work and was friends with Fernando Pessoa. Sá-Carneiro too led a troubled life, dying by suicide in 1916 at the age of 25. In my edition by Project Adamastor, there is a tribute letter written by Pessoa praising his friend, “Morre jovem o que os Deuses amam” (he who dies young, the gods love).

Love the cover image, Le Désespéré, by Gustave Courbet.
Profile Image for João Porfírio.
70 reviews1 follower
February 12, 2024
É-nos mostrada a história de Raul Vilar, um escultor profícuo da época e a sua constante inércia perante a inconstância da juventude que foge enquanto a velhice e a morte se aproximam num galopar lampejante, levando à sua frente os prazeres mundanos.
A beleza, a carne, o corpo, a pedra e o amor são assimilados pelo Homem, artista da sua vida. Sempre dessemelhante entre os pares.
No enredo, o próprio Mário de Sá-Carneiro é uma personagem. O melhor amigo de Raul, a sua voz da razão.
Loucura é um conto biográfico fugaz, de 60 páginas, tal e qual a curta vida do autor. Os diálogos entre Raul e ele próprio atestam os preâmbulos interiores com os quais o ser humano tantas vezes se depara.
A fronteira entre a loucura e a sensatez é ténue.
Profile Image for Temucano.
562 reviews21 followers
November 16, 2024
Ambos protagonistas alter egos del autor, cual conciencia partida entre observador y observado, entre cuerdo y loco, y ya sabemos quién ganará este duelo. Contrapone razonamientos suicidas delirantes que no tendrían mayor peso, si no supiéramos el final. Tal cual Mishima y su cuento "Patriotismo".

Narración mas llana que la más famosa "La confesión de Lucio", igual tienta los cimientos de nuestra moral, sin descollar literariamente hasta una escena final anunciada pero igual impactante.

Espero suban luego la edición de Letra Celeste, más bella gracias a "La pesadilla" de Füssli.
Profile Image for mags.
72 reviews2 followers
October 4, 2019
Esta é uma história sobre a loucura. É, portanto, uma história sobre vida e morte e tudo o que vem pelo meio. Para atingir um há que percorrer o caminho até ao outro, e o caminho é acidentado e doce e amargo, tudo ao mesmo tempo.
Esta história vai ficar comigo; estranha e assombrante, julgo que sejam boas palavras para a descrever: mas também é uma história de amor. Amor pelo outro, amor pela vida, amor pela arte. E medo. É um relato de como o medo nos conduz, quer queiramos quer não.
8 reviews1 follower
January 9, 2021
Quando muitos acham que só obras enormes transmitem conhecimento... Leiam estas quase 80 páginas ... e vejam quanto aprendemos sem pormenores de história mas na exploração da personalidade/ carácter do protagonista. O Raul era louco, na altura. Hoje deprimido mas quem nunca se questionou com o tempo?! Todos nós mas Raul não só questionou como sofria ... Recomendo vivamente . Não Gosto escrever grandes “reviews” para não spoilar e para deixar os outros entender por si. Abraços
Profile Image for Ivo Onofre.
10 reviews
March 18, 2025
Existencialista e sentido, gostei e passo a citar algumas passagens das quais meu coração recordara:

"A vida faz doer. E a morte?"

"Foram eles que o condenaram à existência... ao suplicio eterno…"

"Raul horrorizava-se com o tempo. Era uma das suas obsessões mais características. Ah! Na realidade, como é desolador pensar-se. "Hoje é dia 26 de Junho de 1910- nunca viverei outro dia igual a este, nunca mais farei o mesmo que fiz hoje… Um segundo não se repete em cem mil anos!...""
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