A obra completa de Manoel de um grande presente para os leitores. Reconhecendo o valor e a importancia de um dos mais destacados poetas brasileiros, Manoel de Barros, a LeYa publica neste fim de ano duas joias para os apreciadores dos versos simples e carregados de sentido, que contam a natureza e a infancia de forma singular.
A primeira e uma edicao de luxo da Poesia Completa em formato brochura, que conta com um poema inedito e tambem com o volume ESCRITOS EM VERBAL DE AVE, publicado pela Leya em 2011. E a segunda, carinhosamente chamada de A BIBLIOTECA DO MANOEL, contem 18 livros, inclusive os infantis, em novas capas e projeto grafico inovador.
Trata-se de uma chance unica de ter em casa a obra completa deste poeta genial, tratada com o carinho e esmero que exige sua estatura.
Manoel Wenceslau Leite de Barros is a Brazilian poet. He has won many awards for his work, including twice the Prêmio Jabuti, the most important literary award in Brazil. Today he is renowned by his critics as one of the great names of contemporary Brazilian poetry, and by many authors he has been considered the greatest living poet from Brazil, like the poet Carlos Drummond de Andrade recognized Manoel de Barros as the biggest poet of Brazil.
"Bernardo é quase árvore. Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe E vêm pousar em seu ombro. Seu olho renova as tardes. Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho: 1 abridor de amanhecer 1 prego que farfalha 1 encolhedor de rios - e 1 esticador de horizontes. (Bernardo consegue esticar o horizonte usando três fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.) Bernardo desregula a natureza: Seu olho aumenta o poente. (Pode um homem enriquecer a natureza com a sua incompletude?)
Edição memorável da obra completa de Manoel de Barros, delineia toda a minuciosa simplicidade das palavras que se elevam no mais puro lirismo, sempre as voltas com o mais idílico dos personagens: Bernardo.
50 Fui andando... Meus passos não eram para chegar porque não havia chegada Nem desejos de ficar parado no meio do caminho. Fui andando...
82 {...] E aquele Que não morou nunca em seus próprios abismos Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas Não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.
146 Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia
... Tudo aquilo que a nossa civilização rejeita,pisa e mija em cima, serve para poesia
300 Repetir repetir - até ficar diferente. Repetir é um dom do estilo.
319 Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
324 Me procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo.
Um homem catava pregos no chão. Sempre os encontrava deitados de comprido, ou de lado, ou de joelhos no chão. Nunca de ponta. Assim eles não furam mais - o homem pensava. Eles não exercem mais a função de pregar. São patrimónios inúteis da humanidade. Ganharam o privilégio do abandono. O homem passava o dia inteiro nessa função de catar pregos enferrujados. Acho que essa tarefa lhe dava algum estado. Estado de pessoas que se enfeitam a trapos. Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser. Garante a soberania de Ser mais do que Ter.
"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas- é de poesia que estão falando."
Venho de nobres que empobreceram. Restou-me por fortuna a soberbia Com esta doença de grandezas: Hei de monumentar os insetos! (Cristo monumentou a Humildade quando beijou os pés dos seus discípulos) São Francisco monumentou as aves Vieira, os peixes Shakespeare, o Amor. A Dúvida, os tolos. Charles Chaplin monumentou os vagabundos. Com esta mania de grandeza: Hei de monumentar as pobres coisas do chão mijadas de orvalho.
há uns anos li "meu quintal é maior que o mundo" e lembro de amar bastante. daí resolvi ler a obra completa esse ano e senhora santíssima o que houve com todo aquele amor porque isso aqui foi tortura na maior parte do tempo