Paixão, casamento, ciúme, feminicídio e música se misturam nessas três novelas assinadas por Lev Tolstói e Sófia Tolstaia
É conhecida a história conturbada do casamento entre Lev Tolstói e Sófia Tolstaia. Ambos mantiveram diários, mas a voz de Sófia, no entanto, só veio à tona nas últimas décadas, por meio de duas novelas que escreveu – De quem é a culpa? (publicada em 1994) e Canção sem palavras (2010). As duas obras têm sua primeira tradução no Brasil, feita por Irineu Franco Perpetuo, em Tolstói & Tolstaia. O volume compreende também uma das mais perturbadoras obras de Tolstói, Sonata Kreutzer, além de um texto que o autor escreveu para esclarecer o conteúdo da novela.
Em De quem é a culpa?, Sófia Tolstaia estabelece um diálogo direto com Sonata Kreutzer, discutindo temas presentes na novela do marido: a natureza do amor, a paixão, o ciúme e as complicações da vida em família. Por sua vez, Canção sem palavras acrescenta a esses temas o poder da música sobre o temperamento humano.
Na novela de Tolstói, Pózdnychev conhece o narrador durante uma viagem de trem. Não demora para que ele informe ter matado a esposa. A seguir, passa a expor suas convicções sobre o amor e o casamento.
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOKO DEMAIS! 3 NOVELAS, UM MILHÃO DE BRIGAS, NOVINHA, VÉIO DA LANCHA, VIOLINO, PIANO, FRIO NA RÚSSIA, VOU TE MATAR NA FACA. É O AMOOOOOOOOOOOR. BEETHOVEN.
Edição maravilhosa da Carambaia. Não poderiam ter colocado juntos novelas melhores. Pra quem nunca leu Tolstói, com certeza Sonata Kreutzer não é a melhor novela para começar pois representa um período muito peculiar da vida do autor - o fim da vida meio doido que ele teve. Uma novela em que o personagem principal tem umas ideias bem misóginas e só consegue ver o próprio umbigo.. muito representa do que o próprio autor pensou nessa época. Mas gente, nem parece o mesmo Tolstói que escreveu Guerra e paz.. felicidade conjugal, Anna Kariênina..enfim, tem a mesma potência, uma narrativa cinematográfica que prende o leitor, mas é decepcionante pensar que Tolstói pensava dessa forma sobre as mulheres e sobre o casamento;
A novela se passa em um trem, o narrador está ouvindo um debate sobre como o direito das mulheres (em específico o divórcio) tem avançado na Europa.. como sempre tem os a favor e os contra, e nesse meio tempo um homem que observava o debate calado, não aguentando mais, se manifesta dizendo que matou a esposa por ciúmes (ahhh como as mulheres estão depravadas).. obviamente fica aquele climão, a galera se dispersa, e fica somente o narrador para ouvir o relato do assassino. Na época do lançamento da novela - 1891 - foi unânime a opinião de que as ideias expressas (com exceção do ato final - assassinato) representava as ideias que o Tolstói tinha do próprio casamento.
Sendo assim, Sófia Tostaia escreveu uma novela resposta "De quem é a culpa?", onde a novela é escrita na perspectiva da mulher assassinada. E escreveu também "Canção sem palavras", não é uma resposta direta a Sonata Kreutzer, mas representa o que Sófia pensava sobre o amor, casamento.
A carambaia publicou essas três novelas neste livro. E ainda conta com um artigo curtinho em que Tolstói expõe o que ele queria dizer o com a novela Sonata Kreutzer e mais dois posfácios muito bons sobre a relação conturbada de Sófia e Tolstói, o que torna esse edição maravilhosamente genial!
enfim, ambas as três novelas são muito boas. Tolstói indefensável e Sófia contando com toda minha solidariedade. Não é fácil ser mulher. Meu Deus!
como diz o posfácio de Boris Schnaiderman para a editora 34 "A sonata a Kreutzer desafia-nos até hoje e parece insistir em que a literatura nos obriga às vezes a conviver com aquilo que nos parece mais odioso em nosso cotidiano". Com toda certeza!
Esta obra junta três estórias do casal Tolstoi &Tolstaia: a primeira escrita por ele :Sonata Krautzer, sobre um marido assassino e suas confissões/opiniões polêmicas sobre moralidade, o papel da mulher e casamento. Bom o que mais tinha vontade de ler era a "resposta" de Sofia Tolstaia a este,depois de ler seus diários ,achei uma mulher contraditória e fascinante, com talento pra música, pintura, e leitora de qualidade, não a toa ,também escreveu. Aqui somos apresentados a sua escrita em De quem é a culpa e Canção sem palavras, quase uma extensão dos seus diários, mas nota-se que ela ainda sim consegue desenvolver um ficção do ponto de vista feminino que toma distância da sua intimidade conturbada com o marido. Um embate de palavras e filosofias espirituais