O volume reúne a última fase da poeta, de Amavisse (1989) a Cantares do sem nome e de partidas (1995).
Em 1989, inconformada com a recepção de seus livros, Hilda Hilst afirmou que Amavisse marcava sua "Não vou publicar mais nada, porque considerei um desaforo o silêncio". Mais tarde, o volume se consagraria como um dos títulos mais celebrados de sua obra e seria incorporado à coletânea Do desejo, em 1992. A trajetória de Hilda na poesia se encerraria de fato poucos anos depois, em 1995. Este volume inclui a produção final da Amavisse, Via espessa, Via vazia, Alcoólicas, Do desejo, Da noite e Cantares do sem nome e de partidas. Em tom metafísico, os versos abordam a passagem do tempo, o fim do amor, os planos que não se concretizam, as barcas afundadas, a proximidade da "Há de viver na paisagem da mente// Como a distância habita em certos pássaros/ Como o poeta habita nas ardências".
Hilda de Almeida Prado Hilst, more widely known as Hilda Hilst (Jaú, April 21, 1930–Campinas, February 4, 2004) was a Brazilian poet, playwright and novelist, whose fiction and poetry were generally based upon delicate intimacy and often insanity and supernatural events. Particularly her late works belong to the tradition of magic realism.
In 1948 she enrolled the Law Course in Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo(Largo São Francisco), finishing it in 1952. There she met her best friend, the writer Lygia Fagundes Telles. In 1966, Hilda moved to Casa do Sol (Sunhouse), a country seat next to Campinas, where she hosted a lot of writers and artists for several years. Living there, she dedicated all her time to literary creation.
Hilda Hilst wrote for almost fifty years, and granted the most important Brazilian literary prizes.
Nesses que são os últimos poemas de Hilda Hilst, a puta-louca-poeta se consagra definitivamente no panteão de imortais da nossa literatura. É impossível sair ileso da grandiloquência que é a sucessão desses poemas (1989 a 1995). Arrisco falar que HILST foi nossa grande última poeta. Se na prosa ela foi estilísticamente inventiva, na poesia ela manteve a estrutura do verso - a maneira quase trovadoresca - e desmantelou em figuração linguística a semântica da língua portuguesa, como ninguém outrora. Ousou arroubos de pensamentos, ao ser radicalmente etérea através do signo da nossa língua. De fato Hilda leva a poesia para um outro lugar - muito mais embaçado - e lhe confere ares burlescos-sagrados-carnais, impossíveis, excessivos, nada lúcidos e no entanto de uma lucidez distinta. Tematiza sobre o labor poético, sobre a ebriez, a loucura, o pai, o sem nome, as partidas, a fera, as barcas, o desejo e tudo isso que é circunvizinho. É preciso ler essa sequência de poemas para nunca mais ser o mesmo, e se deixar ser alvejado pelo peso-pena da densa pena do poeta. “Porque não posso pontilhar de inocência e poesia Ossos, sangue, carne, o agora E tudo isso em nós que se fará disforme ?” Viva o sublime Viva Hilda Hilst !!!
As melhores sequências de poemas desse volume, encontradas em: Amavisse (1989) Alcoólicas (1990) do desejo (1992) Cantares do sem nome e de partidas (1995)
Porco-poeta que me sei, na cegueira, no charco À espera da Tua fome, permita-me a pergunta Senhor de porcos e de homens: Ouviste acaso, ou te foi familiar Um verbo que nos baixios daqui muito se ouve O verbo amar?
Porque na cegueira, no charco Na trama dos vocábulos Na decantada lâmina enterrada Na minha axila de pelos e de carne Na esteira de palha que me envolve a alma
Do verbo apenas entrevi o contorno breve: É coisa de morrer e de matar mas tem som de sorriso. Sangra, estilhaça, devora e por isso De entender-lhe o cerne não me foi dada a hora.
É verbo? Ou sobrenome de um Deus prenhe de humor Na péripla aventura da conquista?
II Como se te perdesse, assim te quero. Como se não te visse (favas douradas Sob um amarelo) assim te apreendo brusco Inamovivel, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses, A mim me fotografo nuns portões de ferro Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações Ou contornando um círculo de águas Removente ave, assim te somo a mim: De redes e de anseios inundada
Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível Porque de barro e palha tem sido esta viagem Que faço a sós comigo. Isenta de traçado Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem Hei de levar apenas a vertigem e a fé: Para teu corpo de luz, dois fardos breves. Deixarei palavras e cantigas. E movediças Embaçadas vias de Ilusão. Não cantei cotidianos. Só cantei a ti Pássaro-Poesia E a paisagem-limite: o fosso, o extremo A convulsão do Homem.
" Pois formas tão perfeitas de beleza Vêm do fulgor das trevas."
"Devo viver entre os homens Se sou mais pelo, mais dor Menos garra e menos carne humana? E não tendo armadura E tendo quase muito do cordeiro E quase nada da mão que empunha a faca Devo continuar a caminhada? Devo continuar a te dizer palavras Se a poesia apodrece Entre as ruínas da Casa que é a tua alma? Ai, Luz que permanece no meu corpo e cara: Como foi que desaprendi de ser humana?"
4,5 ⭐️ “Se chegarem as gentes, diga que vivo o meu avesso. Que há um vivaz escarlate Sobre o peito de antes palidez, e linhas faiscantes Sobre as magras ancas, e inquietantes cardumes Sobre os pés. Que a boca não se vê, nem se ouve a palavra (...)” Sempre brilhante, nunca paro de me apaixonar por Hilda...
Com certeza é um livro bem escrito. Porém, não pude compreender em sua totalidade. Acredito que se beneficiará de uma releitura no futuro. Uma leitura bastante densa e um pouco incômoda.
es un libro, que por más que su narrativa se parezca mucho a su otro libro: Júbilo, memória e noviciado da paixão. Su contenido es menos denso, terrenal y intenso. Diferentemente del primero, este es más orgánico. Pero igual, de calidad y estilo de escrita ¡Buenísimo!!