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Smrt u Veneciji / Tonio Kreger

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"Pored mučeništva stvaranja, komičnog u Martiniju, tragičnog u Šileru, prikazao je Man životno mučeništvo pesnika, njegovu lišenost života, ili opasno prenošenje umetničkih nagona i predstava na život. Ta je strana čovečanski značajnija pa zato i važnija za romansijera. Ona je prikazana u Toniju Kregeru, delu mladalački-setnog i čarobno-naivnog nadahnuća, i u Smrti u Veneciji, delu savladane, studene tuge, gde su psihologija i kompozicija slivene u tako savršeno jedinstvo da ono zbilja predstavlja umetnost kao takvu, umetnost kao ideju. Može se reći da je životni problem umetnika u Toniju Kregeru prenesen u prodirnu liriku šapata, a u Smrti u Veneciji u skoro apstraktnu plastiku strukture." (Anica Savić-Rebac)

190 pages, Hardcover

First published January 1, 1912

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About the author

Tomas Man

52 books3 followers
Librarian Note: This is an alternate name variant profile. See primary profile: Thomas Mann.

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Displaying 1 - 30 of 62 reviews
Profile Image for Ratko.
365 reviews94 followers
October 11, 2020
Сјајне две новеле (приче) Томаса Мана.
У „Смрти у Венецији“ сјајно је описана унутрашња бура старог, угледног песника коме се ненадано, под старе дане, јављају неконвенционална осећања – наиме, заљубљеност према четрнаестогодишњем дечаку кога је срео на одмору у Венецији. Нема ту нимало скаредног и саблажњивог. Све се своди само на поглед, нема додира и физичког контакта.

П.С. Занимљиво ми је било, у складу са актуелном епидемиолошком ситуацијом, прочитати како се власт у Венецији тога доба односила према постојећој епидемији колере и како је (неодговорно) крила информације.

„Тонио Крегер“ је више прича-идеја о стваралачким заносима и идејама уметника, о томе колико је живот уметника у дубоком нескладу са „реалним светом“ и колико је уметник неспособан за тај исти живот. Вероватно је и Ман све то сам искусио.

Још једна занимљивост у овом издању "Вечерњих новости" из 2004. ми је био превод Анице Савић Ребац, донекле архаичан. Тако имамо дине уместо вечере, коафера уместо фризера, пржину уместо плаже и сл.
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,493 followers
March 2, 2020
Leitura de fevereiro para o #desafiobookster2018 (livro publicado na década de 1910) e minha primeira obra de Thomas Mann, um clássico da literatura alemã e mundial. Já nas primeiras páginas pude perceber a complexidade e prolixidade da escrita do autor, mas que não compromete a fluidez da leitura. Gustav von Aschenbach, um escritor decepcionado com a receptividade de suas obras mais recentes, decide “mudar de ares”, deixando a sua cidade Munique em direção à Veneza. Na época, a cidade, quente e fétida, estava sofrendo uma epidemia de cólera. E é nesse cenário que tem início o seu fascínio por Tadzio, um jovem polonês, a personificação da beleza pura. É uma obsessão completamente platônica, que acaba deixando um velho escritor em um profundo conflito interno, sem saber quais passos tomar. A trama é simples e não é o que chama atenção na obra. O talento de Thomas Mann está na construção de um dilema interno muito profundo e, ao mesmo tempo, sútil. Tamanha a complexidade de seus pensamentos, que senti dificuldade de absorver mais da obra, até mesmo pelas diversas referências a filósofos como Platão e Nietzsche, que conheço pouco. Ou seja, não se deixe enganar pelas poucas páginas do livro e pela simplicidade da narrativa: a escrita é profunda, filosófica e excepcional. Um livro para ser relido.

Além de A morte em Veneza, essa edição também contempla Tonio Kröger. Li e gostei ainda mais do que a primeira novela. Kröger é filho de um burguês e uma mãe brasileira (o que denota um cunho autobiográfico, já que a mãe do autor também tinha origem brasileira). É um jovem que difere das crianças com quem convive. Com sua origem brasileira, Kroger foge do padrão caucasiano de pele, cabelos e olhos claros. E é na arte, escrevendo poemas, que protagonista consegue demonstrar a sua beleza. É também uma narrativa envolvendo o conflito interno do ser humano e o conceito de beleza. .

Nota: 8,5/10

Mais resenhas em: https://www.instagram.com/book.ster/
Profile Image for Giovanna Tomai.
404 reviews5 followers
August 18, 2024
[Tonio Kröger, avvolto negli spruzzi e nel vento, si sprofondava in quel fragore eterno, intenso, assordante da lui tanto amato. Se si voltava per andarsene, allora gli sembrava d’essere attorniato, d’un tratto, da calma e calore. Ma sapeva d’avere alle spalle il mare: chiamava, attirava e salutava. E lui sorrideva.]

[Si avviava verso l’interno del paese, per strade di campagna, nella solitudine, ben presto entrava in un faggeto collinoso che s’estendeva lontano nei dintorni. Si sedeva nel muschio, appoggiato a un albero così da poter scorgere fra i tronchi una striscia di mare. A volte il vento gli portava lo scroscio della risacca, dal suono simile a quello di assi cadenti lontano una sull’altra. Sulle cime degli alberi, stridio di cornacchie, rauco, insulso e svanente... Teneva un libro sui ginocchi, ma senza leggerne neppure una riga. Godeva un oblio profondo, un librarsi redento su spazio e tempo, e solo di tanto in tanto sentiva il cuore scosso da una pena, una sensazione breve e pungente di malinconia e pentimento, ma era troppo pigro e assorto per chiederle nomi e provenienza.]
Profile Image for Leonardo Bianchi.
84 reviews1 follower
April 8, 2024
Em “A morte em Veneza” vemos como uma paixão desestabiliza mesmo os intelectuais que acreditam ter a razão totalmente imune aos impulsos emocionais. Thomas Mann explora com intenso fluxo de consciência o personagem principal, o escritor Aschenbach, hipnotizado pela beleza do jovem polonês Tadzio. Pode mesmo um homem apaixonado ignorar os perigos iminentes tão evidentes ao seu redor?
Em “Tonio Kroger”, novela de iniciação de Thomas Mann, vemos um caráter em formação, desde os primeiras frustrações da adolescência melancólica até às contradições da maturidade.

Dois textos curtos que podem servir de iniciação na obra do escritor alemão, antes do leitor ensaiar voos mais ousados como “A montanha mágica” e “Os Buddenbrooks”.
Profile Image for Estela Ladeiro.
172 reviews7 followers
August 24, 2025
A Morte em Veneza e
Tonio Kröger, de Thomas Mann

Quando terminei estes dois textos de Thomas Mann, a minha sensação foi a de ter lido algo diferente do habitual… não tanto pela densidade, mas pelo uso de palavras e expressões que soam mais distantes, próprias da época em que foram escritas. Isso tornou a leitura mais desafiante, mas também curiosa.

A minha vontade de compreender melhor levou-me a procurar mais informação. Descobri que os dois textos, publicados no início do século XX, são hoje vistos como clássicos da literatura moderna. Apesar de distintos no tom, abordam um mesmo tema central... o lugar do artista no mundo, sempre dividido entre a simplicidade da vida comum e a inquietação da criação.

Em 📖A Morte em Veneza, a reflexão surge em torno do fascínio pela beleza e das suas consequências.
Um trecho descreve:
“Sentiu como se a própria alma tivesse sido tocada por algo mais puro e perfeito do que ele alguma vez conheceria."

Já 📖Tonio Kröger é mais breve e intimista, com um tom quase autobiográfico, centrado na solidão de quem vive entre fronteiras… sem pertencer por inteiro a nenhum lado.
Um pequeno trecho:
“Sentia-se diferente, separado das coisas simples da vida, mas também incapaz de viver plenamente sem a arte que habitava dentro dele.”

Lidos em conjunto, revelam como Thomas Mann pensava a arte não só como beleza, mas também como conflito...entre vida e morte, razão e desejo.

E o mais curioso é perceber como, mais de um século depois, estas novelas continuam a levantar perguntas que permanecem actuais..
..até onde pode ir a busca da beleza?
E será que a vida de artista quando escolhe criar não abdica de uma parte da vida?
Profile Image for Djoni.
114 reviews6 followers
June 10, 2022
Terminei de ler A Morte em Veneza e fiquei alguns dias sem ler nada, pois fiquei extremamente incomodado com o que acabei de ler. Sobre Tonio Kröger não vou falar aqui, pois mesmo entendendo por que os editores decidiram colocar ambas novelas na mesma edição, é de certa forma covarde deixá-las lado a lado para inevitavelmente serem comparadas.

A Morte em Veneza é uma breve novela de aproximadamente 90 páginas que acompanha a travessia de um autor muito renomado, Gustav von Aschenbach, em busca de renovação literária. No meio de sua travessia (que em alguns momentos flerta com elementos do sobrenatural), este homem se depara com o pueril Tádzio, um jovem/adolescente pelo qual Aschenbach desenvolve uma obsessão doentia. A linguagem usada por Mann aqui é, no início, um pouco truncada. Com certeza não é a forma mais fácil de iniciar uma leitura crítica de Mann como muitos dizem por aí (para isso acho que ler a história do Toninho é melhor), mas depois de algumas páginas Mann, com aquele gingado estético na escolha de suas palavras que só ele é capaz de ter, te ganha. Confesso que muitas vezes me incomodei (e muito) com toda essa adoração à figura do belo jovem, principalmente porque é impossível não nos remeter àquela obsessão "à Lolita" do Nabokov. No entanto, Aschenbach utiliza do jovem Tadzio para deixar fluir suas ideias acerca de beleza, estética, linguística, arte e, claro, dar belas alfinetadas à cultura burguesa alemã da época. E que tratado, que maestria, para falar de beleza e estética, assim como sobre desejos reprimidos, proibições e algemas sociais.

Com certeza um livro que vale a pena ler não só porque faz parte do cânone, mas também pelas muitas coisas (desagradáveis) que ele nos faz sentir. Certamente, uma das coisas que mais gosto da literatura é a capacidade desta me fazer sentir. E sentir e ponto, independente de que sejam coisas prazerosas ou não.
Profile Image for Niklas Laninge.
Author 8 books78 followers
January 29, 2023
Först ett härligt resereportage, sen en detaljerad beskrivning av en epidemi. Och i mitten ett härligt kärleksporträtt.
Profile Image for Andre Aguiar.
473 reviews113 followers
Read
November 7, 2023
Imagens e impressões que facilmente poderiam ser ofuscadas por um olhar, uma risada, uma troca de opiniões, aprofundam-se pelo silêncio, assumindo importância e transformando-se em acontecimentos, aventuras, sensações. A solidão produz a originalidade, a beleza ousada e singular, o poema.
Profile Image for Fábio.
237 reviews18 followers
March 5, 2020
Ainda nos primeiros parágrafos de “A morte em Veneza”, deparei-me com alguma dificuldade para penetrar na prosa de Thomas Mann. Explico. É o tipo de leitura que se sabe guardar nunces, conotações e toda sorte de sutilezas, ao que se soma o intencional beletrismo do autor. Mas, passado o estranhamento inicial e reiniciando a leitura, ela simplesmente fluiu. Fluiu, mas não a ponto de ser uma leitura rápida, pois é impossível fazê-la de modo desinteressado, automático. E nisso, em permitir-me ler cada palavra, reside o prazer que extraí desse livro.

Nas duas novelas aqui coligidas, Thomas Mann aborda, em comum, as tensões em dois protagonistas do mundo das Letras (Aschenbach, um escritor, e Kröger, um poeta), decorrentes de neles coabitarem extremos: introspecção e extroversão, privacidade e fama, privado e público, vanguarda e burguesia, austeridade e hedonismo. Entretanto, enquanto que “A morte em Veneza” parece ser escrita em preto-e-branco, “Tonio Kröger” é de uma palheta colorida, ainda que desbotada.

Por fim, de uma complexidade que rivaliza com as novelas, são os ensaios de Anatol Rosenfeld reproduzidos ao final. Considero-os indispensáveis ao entendimento que fiz do que acabara de ler, bem como para despertarem meu interesse por outras obras do autor e, ainda, por me atinarem a uma série de leituras paralelas, de natureza filosófica.

Sigo com as palavras de Mann ecoando em minha cabeça, enquanto miro as pretas gôndolas, como caixões, vagando por entre canais que não se podem precisar: o Aqueronte, o Lete, o Estige? O desejo, a vergonha, a memória?

Mann escreve, Caronte rema.
Profile Image for Pedro Leite.
34 reviews
January 3, 2022
Thomas Mann era, antes de mais nada, um artista fruto da tradição burguesa e humanista alemã, muito afeita à dedicação ao transcendental e pouco às questões práticas da vida. Tanto em Morte em Veneza quanto em Tonio Kröger, os personagens centrais sofrem desta condição de alienação; em ambas, fogem da vida comum, escapando de seu país e de suas “obrigações” enquanto artistas. Na primeira novela, porém, esta fuga resulta em morte — Aschenbach se perde nos delírios intelectuais de busca pela beleza divina, descolando-se completamente do real — enquanto na segunda, resulta em vida, palavra que encerra a novela — Kröger se vê capaz de incorporar à melancolia etérea de sua poesia uma dose de trivialidade. Certamente os 9 anos que separam os dois textos têm impacto nessa mudança de destino, seja por amadurecimento do autor, seja pela desesperança e pelo caos político em que a Europa caía no pré-Primeira Guerra.

Em todo caso, o autor alemão consegue traçar o retrato da intelectualidade burguesa de seu tempo e de sua pátria, perdida num sofrimento egoísta e numa espiral de prazer estético, enquanto se delicia com o que há de melhor: hotel, comida, bebida, viagens… Panorama que resultará, na obra do autor, em A montanha mágica e em Doutor Fausto e, na História, na Primeira Guerra e no nazismo. Mais de um século depois, hoje se pode ver que Mann desenhava a sombra que deixava entrever aquilo que alguns anos mais tarde estaria escancaradamente à mostra.

Profile Image for Tiago.
240 reviews19 followers
March 21, 2023
É um livro bem difícil de ser resenhado. São duas histórias com traços autobiográficos. Em ambos as novelas temos como protagonista um escritor. E este escritor, apesar de ter sucesso, tem alguma coisa que o atormenta. Em "A Morte em Veneza" temos muita divagação, um amor platônico, um tom mais triste e depressivo. Algumas digressões filosóficas sobre a beleza. Já em Tonio Kroger, temos um narrador que se sente diferente, começando pelo seu primeiro nome, nada alemão. O narrador refere-se a sua mãe como uma mulher fogosa "de lá de baixo" (será uma menção a mãe brasileira de Mann?). Diferente de "A Morte em Veneza", passada em poucos dias, Tonio Kroger pega diferentes períodos da vida do protagonista. Temos as suas paixões de infância e a sua maturidade como escritor. O tom é um pouco mais positivo do que o de "A Morte em Veneza".

Curiosamente, essas duas novelas de cariz autobiográfico foram escritas quando Mann ainda era muito novo.

A Morte em Veneza 3*
Tonio Kroger 4*
Profile Image for João Oliveira.
5 reviews1 follower
September 11, 2021
Magistralmente descritos em caráter e pensamento, os dois personagens dessas noveletas (Tonio Kroeger e Aschenbach) são como antípodas um do outro, o gênio artístico neles se diferencia brutalmente, no primeiro sobrevive o esteta boêmio, amigo do prazer e a quem a carne deixou incapaz de vôos contemplativos sérios, e no segundo, no velho Aschenbach, que se guarda a vida inteira justamente para os vôos contemplativos mais sérios, há um verdadeiro escravo da arte. Mas um viajante do espírito que termina a vida de um modo um tanto melancólico, rendido perante o ídolo impossível, é tanto mais trágico quanto o primeiro. Quanta melancolia não há nesses dois?
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Nutsa Lephsaia.
17 reviews1 follower
December 18, 2024
“იგი სხვებივით მარტოოდენ არსებობისთვის როდი მუშაობდა, არამედ იმათ მსგავსად, ვისაც შრომის მეტი არაფერი სურს. რადგანაც თავის თავს, როგორც ცოცხალ ადამიანს არარაობად მიიჩნევს და მხოლოდ და მხოლოდ შემოქმედებას ცნობს.”
Profile Image for Walker.
119 reviews58 followers
April 3, 2019
Thomas Mann é um autor daqueles que te colocam de boca aberta. Que generosamente se doa e pede nada em troca. É o segundo livro que leio dele, e, ainda que eu não seja do tipo que relê livros, eu sempre saio da leitura dele com o sentimento de que preciso muitíssimo voltar a reler tudo outra vez. Não porque não entendo as muitas referências culturais; nem porquê os pensamentos profundos de seus personagens abundam; é a naturalidade com que ele compõe tudo, é sutileza das escolhas de enredo; é a descrição pormenorizada de tudo. Enfim, passar uma hora com ele é passar uma hora verdadeiramente rica em literatura.
Este livro é um livro em dois; eu li apenas A Morte Em Veneza que era o livro que eu procurava. A edição kindle está perfeita e a história é incrível. No começo achei que fosse uma história transgressiva mas é uma história sobre a busca da Beleza, sobre o vôo de ícaro; não é do tipo que é censurado mas o tipo de história que traz muitas nuances para serem analisadas. Ainda assim é um bom livro mesmo para quem quer uma leitura sem compromisso; é um livro curto que se lê em uma ou duas sentadas.
Profile Image for Maria Luiza.
40 reviews9 followers
January 28, 2025
Morte em Veneza. Uma jóia. O Mann não brinca em serviço. Aquele sonho me lembrou “Breve romance de um sonho” (Arthur Schnitzler). Fica a dica ao estilo “se você leu X, vai gostar de ler Y”.
Profile Image for Vivian Matsui.
Author 3 books20 followers
November 27, 2017
Releitura após quase uma década. Continuo amando Toino Kroger. As frases de Thomas Mann ao descrever sentimentos, sensações gestos, todas elas cutucam nosso interior e suscitam nossas próprias memórias, conforme nos reconhecemos parte de nós em um ou outro personagem.
Este livro mexe com a gente. A edição ainda conta com os ensaios de Anatol Rosenfeld que sacudiram minha cabeça e redespertaram mais sede de conhecimento, nossa, em Kierkegaard, Nietzsche, Schopenhauer, Goethe. O conflito entre estar em solidão, e estar em multidão. A vida íntima do artista, e a vida social, pública, "a exigência do dia". Me identifico muito, mexe com minhas estranhas;
Profile Image for Dario Andrade.
733 reviews24 followers
August 24, 2017
“Gustav Aschenbach – ou von Aschenbach, como figurava seu nome nos registros oficiais desde o dia em que fez cinquenta anos – acabava de dar um longo passeio”. É assim que se inicia a novela ‘A morte em Veneza’, publicada em 1912, quando o autor, Thomas Mann tinha 37 anos.
É em parte autobiográfica porque inspirada em fatos vividos pelo próprio Mann quando passou algum tempo em Veneza. O personagem principal é um escritor nascido em uma cidade báltica – como Mann –, que se encontra em um momento um tanto complicado da vida. Na meia idade, bem-sucedido, encontra-se entediado em sua vida medíocre de burguês de início do século XX. Depois de anos passando férias no campo, decide-se por algo diferente: uma temporada de descanso no sul, na quase exótica Veneza, cujo clima sensual é distinto da rigidez estética, mental e psicológica alemã.
Em Veneza, Aschenbach se vê apaixonado por jovem menino de uns 14 anos, o nobre polonês Tadzio – uma corruptela de Tadeusz. É episódio bastante similar com o que foi vivido pelo próprio Mann quando de sua estada em Veneza. O amor, é preciso deixar claro, é puramente platônico – e inatingível. Há uma barreira intransponível e que não é superável entre o velho escritor e o jovem garoto. É só amor platônico mesmo. Mas é um amor extremamente poderoso. Isso é possível se ver graças à grande ameaça que ronda a cidade – uma epidemia de cólera –, que a cada momento se torna mais presente, como uma enorme sombra que atingirá Aschenbach, que se vê incapaz de fugir, de escapar mesmo sabendo que a cada dia que fica na cidade, aumenta a chance de ser atingido pela epidemia. Entre a fuga – e se afastar do garoto ¬– e a morte – ficar próximo a Tadzio –, prefere a última opção.
A morte tem uma função na obra de Thomas Mann que não está totalmente clara para mim. A morte é um espectro em quase todas as obras dele que li – A montanha mágica, Doutor Fausto, são os exemplos mais evidentes. Poderia ser uma libertação? Ou uma punição? Ou ainda uma sublimação? Ou quem sabe, o fracasso na obtenção do prazer? São possibilidades.
A segunda novela deste livro é Tonio Kröger, é composta de várias cenas da vida do personagem-título, um garoto – e depois adulto – oriundo de uma cidade báltica, filho da aristocracia comercial local, filho de uma mãe estrangeira, que se torna escritor e se muda para Munique – ou seja, vários traços parecidos com a vida do próprio Mann. Cansado da sua rotina burguesa, viaja ao norte. Também há elementos de paixão por dois outros personagens – um menino e uma menina seus contemporâneos. Uma novela interessante, em que o elemento da morte não está tão presente e há mais esperança do que em ‘A morte em Veneza’.
Profile Image for Julia.
19 reviews1 follower
June 16, 2020
Os dois contos que se encontram no livro são extremamente magníficos. Com escrita e estética impecáveis. No primeiro conto "morte em veneza" temos um personagem que é um escritor e que procura se distanciar um pouco dos lugares que frequentava, decide, então, viajar à Veneza e passar uns tempos por lá. Acaba se apaixonando por um garoto chamado "Tadzio", mas como nunca conversou com o garoto, apenas o observa e, não obstante, o persegue durante toda a narrativa. Uma coisa que me incomodou nesse conto - de desculpe-me problematizar - é a diferença de idade dos dois, tanto do personagem principal, chamado Gustav, como do Tadzio; um garoto de aproximadamente 16 anos. Gustav é narrado já como um senhor de cabelos grisalhos... Enfim, o conto se resume na perseverança que o Gustav tem em admirar Tadzio, mesmo que isso cause, indubitavelmente, em sua tragédia. Esse conto mostra algo comum nas obras do Thomas Mann: o distanciamento dos personagens da sociedade.
No segundo conto, "Tonio Kröger", é o que me cativou e me fez dar 5 estrelas para a obra. Um conto com fragmentos de autobiografia. Tonio é um personagem que se distingue dos outros ao seu redor, sempre incompreendido e um peixe fora d'água. Pelo menos é assim que se sente. Mais uma vez um personagem distante da sociedade. Se apaixona na sua infância por Hans Hansen e na sua adolescência pela "loura Inge" como a chama. Thomas Mann nasceu numa pequena região da Alemanha, mas é de antecedência brasileira e nórdica o que diferenciava de muitos ao seu redor. Além do fato de sua orientação sexual, que o fazia se sentir assim. Talvez tudo isso fizesse com que sentisse deslocado no lugar em que nasceu e na sua época refletindo isso em seus personagens. Mas não podemos deixar de lado a crítica que ele faz a vários escritores que o antecederam, como Goethe. Manter distância de uma sociedade tão violenta, preconceituosa e trivial é tão ruim assim? Por que iríamos querer viver perto de pessoas que agem dessa maneira? Fica a pergunta no ar.
Profile Image for Henrique Filho.
10 reviews
March 18, 2024
obviamente precisava ler.

obviamente também tinha expectativas altas, um filme do visconti, uma novela queer do início do século passado.

saí um pouco decepcionado. a história é interessante (tenho inclinações à tramas em que um personagem é obcecado pelo outro), a construção da obsessão do aschenbach e o desenvolvimento da história em si são louváveis. mas apesar de interessante, a história chega a ser monótona. o que desperta a atenção é o conceito de um escritor apaixonado por um jovem de beleza indescritível, mas a trama acaba aqui. então toda essa áurea criada em cima de morte em veneza, pra mim, não se sustenta.

por outro lado, tonio kruger. pareceu um alívio ler as primeiras páginas deste depois da inevitável decepção de morte em veneza. novamente, um personagem obcecado pelos seus objetos de amor; dessa vez, um jovem apaixonado por outro jovem, sem conseguir entender porque um garoto tão lindo, amigável, extrovertido e querido por todos não consegue se interessar pelas mesmas coisas que ele. desire, i want to turn into you. tem uma verborragia no meio sobre arte, é interessante mas a partir daí a história perdeu seu gás pra mim.

sobre a edição: adoro o Anatol, mas esses ensaios no final são totalmente dispensáveis. sem contar que tratam em boa parte sobre os outros livros do Mann, e não desses da edição em quesito. vai entender.
Profile Image for Moriciene.
4 reviews
July 9, 2025
Eu acho que ninguém precisa de mais uma resenha sobre o que todos já sabem do livro: opiniões sobre morte, arte, beleza. Um retrato da própria vida do autor etc.

Vou tentar falar sobre algo diferente que percebi: como a ausência de liberdade sexual na adolescência pode transformar alguém em um adulto melancólico.

Obviamente, os dois contos não se resumem a isso, mas é algo que não vi muitos leitores comentarem. A sensação de ser tão diferente dos loiros de olhos azuis e da pureza que esses personagens enxergam neles (e que provavelmente o próprio autor também sentiu no início da vida), me parece surgir de uma falta. Algo faltou. E, portanto, eu me alieno.

Essa ausência de contato sexual, essa espécie de castração vivida na adolescência por inúmeros fatores, um deles provavelmente a vergonha de sua etnia miscigenada, gerou um certo tipo de medo, que se mistura às percepções dos personagens e acaba se convertendo em inspiração. É essa confissão, feita no final do segundo conto, que revela uma obsessão pelo inalcançável.

É a sensação de ter sido roubado de algo, e ainda sim se inspirar por ela.

Os dois contos são bons. A Morte em Veneza é muito melhor e mais bem escrito, mas Tonio Kröger é uma leitura essencial para entender as motivações do autor ao escrever sobre suas fugas, discursos extensos e paixões platônicas.
Profile Image for Juliana Costa.
289 reviews10 followers
July 10, 2021
Este é provavelmente o livro mais difícil que já li na vida. Desde pequena eu sempre tive interesse em "A Morte em Veneza" pura e simplesmente pelo título; mas ninguém me avisou da dificuldade. Na primeira novela, no começo, eu tive que ler cada parágrafo três vezes para conseguir o mínimo de entendimento, mas depois a leitura começou a fluir.

Mesmo não entendendo tudo, "A Morte em Veneza" me surpreendeu muito e me deixou intrigada pela quantidade esmagadora de simbologia e referências, o pouco que consegui extrair me deixou muito animada, pois parece um enigma a ser desvendado.

Na segunda novela, "Tonio Kröger" eu me preparei psicologicamente para a mesma dificuldade, mas foi extremamente mais fácil de entender e eu adorei o primeiro capítulo. Esta novela não me pareceu ter muito mistério, mas deu para aprender bastante sobre o autor, o que foi muito interessante.

Gostaria de deixar um destaque ao fato de os protagonistas das duas novelas serem bissexuais, isso em textos escritos por volta de 1900. Eu fiquei muito feliz e surpresa, fico pensando no surto que não foi na época e isso me alegra muito mais. Bissexuais existem e estes textos são uma amostra de que não são uma "invenção da modernidade".
Profile Image for Sara Kelemit.
354 reviews12 followers
August 31, 2025
Döden i Venedig: en fantastisk beskrivning av hur den ansedde och något åldrade kompositören drabbas av förälskelse i den otroligt vackra väldigt unga polska pojken Tadzio. Hur hans, till att börja med försiktiga beundran av pojkens undersköna yttre, förvandlas till förnedrande besatthet. Han stalkar pojken. Tillbringar förmiddagarna på stranden stirrande på honom och på eftermiddagarna förföljer han honom genom Venedigs gränder och kanaler. En blick eller ett leende från Tadzio gör honom andlös av hänförelse. Tillslut förvandlas han till en narr, färgar sitt hår och sminkar sig. Pesten anländer till Venedig, men hellre än att fly och försäkra sig om att överleva, stannar han kvar för att vara nära Tadzio. Det är en så hopplös förälskelse, min medkänsla är stor. För precis detta gör omöjlig kärlek med oss, den förvandlar oss till infantila självbedragare. Kanske är den enda boten döden?

Förövrigt så tycker jag att språket bitvis är snårigt och omständigt. Skummar lite här och där. Förlåt.

Läste inte heller Tonio Kröger, det var bara Döden i Venedig jag var intresserad av. Just nu iaf.
Profile Image for Priscila Reis.
310 reviews
January 27, 2021
É um pouco difícil avaliar esse livro. Por um lado, são duas novelas muito bonitas sobre a solidão, a arte e a filosofia.
Ambas ficam em escritores, em diferentes momentos de sua carreira.

“A morte em Veneza” é sobre um escritor um pouco mais velho e com sucesso. Ele está passando por uma crise e vai para Veneza. Lá, ele fica totalmente obcecado pela beleza de um garoto de 14 anos e também intrigado com uma “praga” se espalhando pela cidade.

“Tônio Kroger” é sobre um escritor que parece estar inseguro sobre sua vida. Nos primeiros capítulos, conhecemos seus grandes amores (um amigo e uma jovem) e vemos como ele se considera separado da sociedade. Mais velho, de faz uma viagem de autoconhecimento por sua antiga vila e, depois, à Dinamarca.

As duas histórias trabalham a solidão e o distancia do personagem principal, e sua dedicação a vida de um artista.

Mas a linguagem é bastante rebuscada e fica um pouco difícil realmente mergulhar no enredo.
Profile Image for Rafael.
32 reviews2 followers
October 13, 2021
Minha primeira leitura de uma Obra de Mann e fui pego de surpresa por sua forma de escrever, nenhuma palavra esta lá por a caso, o que obriga o leitor a ser mais cuidadoso no tempo em que passa em sua companhia. As duas obras presentes nesse livro trazem como personagens dois escritores com fortes toques autobiográficos do autor. O primeiro Gustav von Aschenbach é um escritor de meia idade extremamente disciplinado, que leva suas rotinas a serio e não credita seu sucesso como escritor a momentos de brilhantismo mas sim a sua implacável disciplina, assim como o próprio Mann. Por outro lado Tonio Kroger é um escritor que se sente deslocado da sua sociedade burguesa por ter uma “origem distinta” dos demais convivas, assim como o autor, e por desprezar aquilo que é ordinário.
Profile Image for Ronan.
580 reviews11 followers
January 22, 2023
NOTA GERAL: ⭐⭐⭐⭐½

~ A morte em Veneza (1912) - ⭐⭐⭐⭐⭐

Gostei demais dessa leitura, no início tive um pouco de dificuldade pra me ambientar na narrativa, mas assim que me acostumei foi uma leitura maravilhosa, amei como foi tratada a obsessão do Aschenbach pelo jovem Tadzio e como toda a história se desenvolveu até o chegarmos ao ápice da história.

~Tonio Kröger (1903) - ⭐⭐⭐⭐
"Dói demais sentir agitarem-se dentro de si maravilhosas forças lúdicas e melancólicas e saber que aqueles por quem você anseia mantêm diante delas uma serena inacessibilidade. Mas embora estivesse sozinho, excluído e sem esperança diante de uma persiana fechada e cheio de mágoa, fingisse poder ver através dela, ele, no entanto, era feliz."


Profile Image for Luiz Eduardo Antonello.
91 reviews5 followers
October 9, 2023
li apenas a morte em veneza.
que prosa maravilhosa a de thomas mann. a construção das imagens do livro é incrível - uma espécie de decadance avec elegance que gera um todo muito interessante e envolvente.
a luta de todos contra o fim da juventude explicitada nesse autor que esquece de si mesmo para admirar uma beleza jovem que lhe aparece pela frente é de uma finesse ímpar. em certa medida gustav aschnbach é um reflexo de todos nós, nossa luta pelo que é jovem pelo que é belo, contra a passagem inexorável do tempo.
esquecer de si, se desproteger pelo mero fato de se sentir vivo diante de algo que nos distrai de todo o caos ao redor. o amor que vira obsessão.
que ótimo ingresso na prosa de thomas mann para mim.
Profile Image for Silvia Souza.
133 reviews
November 20, 2017
Neste livro, temos duas histórias curtas escritas por Thomas Mann. São interessantes. Mas tenho que confessar que minha expectativa era grande, especialmente com "A morte em Veneza". E acabei me frustrando um pouco.
São histórias interessantes, bem escritas, agradáveis de se ler. Acho até que gostei mais de "Tonio Kröger", que narra alguns episódios da vida de um rapaz, com seus primeiros amores adolescentes e a vida que ele constrói depois. Nas etapas finais do livro, ele descreve suas sensações ao reencontrar esse amores de quando era jovem. São sentimentos muito reais, que a maioria das pessoas pode ter tido a chance de vivenciar.
Profile Image for Helena Bosnjak Boras.
158 reviews
December 31, 2019
Bilo je pomalo naporno čitati opisivanja, prepričavanja pa čak i njegove misli i nedoumice. Filozofska razmatranja o ljepoti i požudi, i o ostalom, pozivanja na antičke filofofe., pa i na mitologiju, su jedino što me i držalo da pročitam roman do kraja, iako nema ni 100 stranica.
Stil razbacanih i nabacanih misli, nedoumica, događaja, opisa, zrcali i samu situaciju glavnog lika, ali i otežava čitanje djela. I sviđa mi se, i ne. Zbunjujuće je. Na stranu ta sva opsesija dječakom, pisac se više bavio tim mislima i stanju lika, opisujući zbrku u njegovoj glavi, ali i u Veneciji jer se potajno širila kolera.
Profile Image for Eduardo Gabriel.
3 reviews
October 16, 2020
Seguinte: Minha primeira vez lendo Mann e estou chocado em como este homem escrevia bem. Tudo alí flui de uma forma incrível e mesmo o vocabulário sendo um pouco difícil em primeiro contato, o livro evolui rápido.

Na minha visão o livro é sobre o belo, o prazeroso e o Amor platônico. Amor este que, na minha visão, é estranho. Tadzo é apenas um menino e o personagem principal (não vou escrever o nome pois está em alemão e eu tenho medo de invocar algum demônio nesta língua) um homem já adulto, talvez na casa dos 40 anos.

De resto, achei muito bom o livro. Talvez quando eu estiver já com a mente mais madura eu leia ele pela segunda vez.
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