Este Prefácio constitui uma exposição dinâmica e pormenorizada da estética romântica. O jovem Hugo nos pinta um quadro vivo das tendências e controvérsias da época, que iriam minar pela base os dogmas clássicos e desencadear uma das mais importantes revoluções da história da arte e do pensamento estético, cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir. O leitor vai-se impregnando da atmosfera intelectual que reinava na Europa em princípios do século XIX, o que lhe permite compreender em profundidade o significado integral do movimento romântico.
After Napoleon III seized power in 1851, French writer Victor Marie Hugo went into exile and in 1870 returned to France; his novels include The Hunchback of Notre Dame (1831) and Les Misérables (1862).
This poet, playwright, novelist, dramatist, essayist, visual artist, statesman, and perhaps the most influential, important exponent of the Romantic movement in France, campaigned for human rights. People in France regard him as one of greatest poets of that country and know him better abroad.
Hugo posits three eras in poetry: First, poetry theocratic , like Genesis; next antiquity, Homer, the epic and the tragedies based on Homer; Third, "temps modernes" and Christian, which includes "la grotesque" (ridicule, satire), the contrast of the human beast and "la sublime de l'ame" purified by Christian morals. Ariosto, Cervantes and Rabelais attest to its fecundity, Shakespeare its full expression. "Le drame" is the poetry of modern times, poetry complete, which welcomes "La grotesque à côté du sublime"(20). Hugo notes tht the poetry of "our time," the modern, is born of Christianity, poetry complete is reality, in the harmony of contrasts (60).
As for the earlier ages, Hugo avers that the Bible, that divine lyric monument, includes both the second-age epic in draft, Kings, and "un drame en germe, Job"(56). He also sees epics as filled with the remains of lyric, and: "une reste de poésie lyrique et un commencement de poésie dramatique." Voltaire undertook an epic Henriad, but was advised by the critic de Malézieux, "les Française n'ont pas la tête êpique"(56 n 138).
All literature in the Third Age participates in drama, even "Parodise Lost" and "La Divina Commedia" are dramatic as well as epics. Cambien continues, Drama mixes and contrasts genres: "L'âme et le corps, le terrible et le bouffon, le sublime et le grotesque" which Hugo himself states on page 60.
Victor Hugo begins the preface to his play, "What you are about to read has nothing to recommend it to an audience's good-will: neither political opinions, nor the benefit of being censored (reimposed a year ago, 1827), nor the honor of having been officially rejected by faultless judges (at the Théâtre Francaise)"(27). Despite this preface, Hugo doubts that most prefaces and notes are padding, to thicken books for raising sale price, as army generals increase the apparent size of their army: "c'est une tactique semblable à celle de ces généraux d'armée, quyi, pour rendre plus imposant leur front de bataille, mettent en ligne jusqu'à leurs bagages." Then, to arrive at the actual text, the reader must escape the padding, much like an army freeing itself, caught between the vanguard and the rear-guard: "comme une armée qui se tire d'un mauvais pas entre deux combats d'avant-posts et arrière-garde."(28)
He describes retiring from the world to compose, less from good taste than from good faith, perhaps even with "défaut de talent, des études à défaut de science." The defense of his work is less important for himself than maybe for others. Also he avoids attacks, "les luttes personelles ne lui conviennent pas." It is always a poor spectacle to see scraps of self-love: "C'est toujours un spectacle misérable que de voir ferrailer les amour-propre"(29). (Contrast the U.S. Trumpster, who prominently displays almost only his vanity and self-love.)
Nineteenth-century Hugo stands influenced by the Romantics, since he doubts the influence of models, even learning by imitation (as Shakespeare certainly did, of Plautus as well as his contemporary French imitators). With his French rational analysis, VH divides models into two: those made following the rules, and those who made the rules. He compares models to academics, isn't it a thousand times better to give lessons than to receive them?(75) Art gives wings, and not crutches: "L'art done des ailes et non des béquilles"(76). Moreover, consider Voltaire's destruction of models, neither Shakespeare nor the Greeks, who made dramas "no less revolting than ours": Oedipus, covered in blood from what remains of his eyes, complains of gods and man; Electra cries out to the audience, "Hit them, don't spare your father" (rather as our Trumpster enlisted an audience questioner to be hit). Art was in its infancy at the time of Aeschylus, as in London at the time of Shakespeare, Voltaire says (75).
Devastating of his countrymen Hugo sums up, Abbé D'Aubignac has followed the rules, and Campistron has imitated models. What does it avail? Campistron* built his palace over ants; he let them build an anthill, "Il les laisse faire leur fourmilière, sans savoir si elles viendront appuyer sur sa base cette parodie de son édifice"(76). An anthill, without knowing if it would support on such a base his parody building.
* I feel compelled to offer, though no dramatist of note, Campistron had a couple lyric successes, including "Acis and Galatea" set to Lully's music for the Dauphin.
Read in 1972 edition, intro and notes by Michel Cambien, purchased at Atticus Books, New Haven.
Con un manifiesto en forma de prefacio, Victor Hugo busca establecer una defensa contra aquellos opositores del movimiento romántico. No se abstiene del uso de metáforas para perlar de razón las bases del fortín donde el romanticismo se guarece. Su magnífica elocuencia da luz y justificación al corazón de dicho movimiento; su mérito yace en su discurso: en lugar de convocar a figuras sólidas cuya reputación sustentarían su defensa, solo bastó convocar a razones cuyo origen está en la probidad de la naturaleza del arte y no en la falsía del fontes aquarum.
A parte desse livro que realmente aborda o tema que me interessa (no viés de pesquisador) é bastante breve, cerca de 10 páginas. O livro em si é breve, não passa de um prefácio, afinal, mas sua leitura completa me mostrou outras coisas que não esperava que me interessasse. É curioso, por exemplo, ver as objeções de Hugo à estrutura do drama clássico francês, sua admiração por Shakespeare, até mesmo como alguns dos elementos que advoga para a peça dramática são quase prefigurações do cinema (a única coisa que lembro de ter identificado de realmente distinto em relação ao audiovisual mainstream contemporâneo é sua defesa do verso). De modo geral, suas considerações sobre o grotesco são rasas e as sobre o sublime quase inexistentes. Mesmo para quem pesquisa, só recomendaria para as pessoas mais completistas. O texto teve sua influência, afinal.
Victor Hugo é um dos meus autores favoritos, com publicações em diversos gêneros. Até o momento, eu o conhecia apenas pelos romances e algumas poesias. “Do Grotesco e do Sublime” me deu a oportunidade de conhecer o lado ensaísta do autor.
Esse é um prefácio de um drama (Cromwell) de Hugo, escrito em outubro de 1827, que tem um valor teórico para além da peça, hoje é apresentado como um texto separado e é uma referência quando se trata de estética romântica.
Hugo é apologista do verso, mas defende apaixonadamente o uso de um metro mais variável e flexível. Que permita acomodar o gênio criativo de cada autor. E é nessa liberdade pregada em relação aos modelos preestabelecidos, que muitos justificaram as inovações que invadiram as artes cênicas.
“(…) o feio existe ao lado do belo, o disforme perto do gracioso, o grotesco no reverso do sublime, o mal com o bem, a sombra com a luz. (…)” p.26
“(…) é da fecunda união do tipo grotesco com o tipo sublime que nasce o gênio moderno, tão complexo, tão variado nas suas formas, tão inesgotável nas suas criações, e nisto bem oposto à uniforme simplicidade do gênio antigo” p.28
O autor faz uma evolução da literatura em relação à história, dividindo em três períodos:
- Tempos primitivos: ode, lírico, ingenuidade, eternidade, personagens colossais, ideal | Bíblia. - Tempos antigos: epopéia, épico, simplicidade, soleniza a história, personagens grandiosos | Homero. - Tempos modernos: drama, verdade, pinta a vida, cronistas e críticos, personagens humanos, real | Shakespeare.
Quase no final do ensaio, o autor vai defender a linguagem como uma representação viva de seu povo que está em constante movimento, uma visão da qual gosto muito.
Este é um prefácio de um drama de VH, apresentado à parte pelo valor teórico para além da ligação com a peça. Nele, o autor defende a representação da realidade em sua totalidade, e não só os aspectos belos, divinos, positivos, moralmente aceitos, o que ele chama de sublime e afirma que toda essa beleza e virtude só ganha realce quando comparada com o grotesco. Esse é o tema principal, mas através dele VH discute a respeito da liberdade na arte e a importância de não se ater a convenções sem fundamento, faz críticas diretas à postura da escola clássica vigente durante o século XVIII, além de também dividir a história da arte em três períodos e estilos: a ode, lírica e contemplativa, canta a eternidade; a epopeia, épica e intensa, soleniza a vida; e o drama, por fim, pinta a vida através da representação da realidade. O texto contém um bocado de achismos e erros históricos muito bem apontados pelo tradutor nas notas, mas vale como um bom manifesto contrário ao pedantismo e à mera imitação de modelos célebres, além de uma defesa apaixonada do trabalho autoral e da criatividade. É um trabalho profundamente alusivo ao seu tempo, tanto nas discussões como na maneira com que as apresenta, e ainda assim a maior parte do texto não chega a ser datada.
This is one of the great statements of nineteenth-century literary theory, certainly up there with Coleridge and Shelley's defenses of poetry. Its description of the evolution of Western literature now informs much contemporary discourse about the matter, and its passionate pleading for the virtues of Romanticism and the power of spectacle to achieve transcendence are triumphs of aesthetic thought. A must-read.
Estabelece de forma clara e interessante o vínculo necessário aos que estudam o sublime no sec XX/XXI a relação com (que se pensa) superado grotesco e abre caminho a questionamentos sobre qualidades inerentes da arte, do estilo e do período Romântico.
victor hugo performando os show-offs culturais e históricos de sempre dele kkk. gostei bastante, deu para entender o pq desse texto ter se tornado um manifesto basilar do romantismo.
D'ordinaire je suis contre les autodafés, mais rien que pour ce minuscule morceau de papier je commence à changer d'avis... J'espère au moins avoir une bonne note 🫡
O prefácio de Cromwell se trata de um ensaio do autor sobre o Romantismo, uma espécie de manifesto que elenca as características mais profundas do movimento artístico em comparação com o uniforme, simétrico e superficial clássico. Hugo eleva o que os clássicos diminuíam como a comédia, o feio, o grotesco; defendendo que a harmonia da arte se dá pelo modelo do drama alcançado pela união do sublime com o grotesco. Diz também que o cristianismo inaugurou tal dualidade harmoniosa das coisas, como o corpo e o espírito. Hugo rompe com ideias clássicas e com a crítica clássica; dando a entender um rompimento também com o atrasado século XVIII.