Em "Confundir a Cidade com o Mar", Richard Zimler aborda temas muito diversos, centrando-se sempre nas relações humanas e nos sentimentos que atravessam gerações e que, num dado momento, mudam para sempre o rumo da vida dos intervenientes. Num registo muito diferente dos romances a que o autor já nos habituou, os 16 contos, que nos levam da Europa aos Estados Unidos, da Argentina ao Brasil, dos anos 50 à actualidade, abordam questões tão pungentes e controversas como o racismo, a homossexualidade, a emigração e a dificuldade de relacionamento entre as pessoas.
Por vezes escritos com uma crueza quase chocante, estes contos levam-nos a uma reflexão sobre a essência do ser humano e de como as situações que se nos deparam podem alterar irremediavelmente a forma como olhamos o mundo.
Richard Zimler was born in Roslyn Heights, New York, in 1956. He has a bachelor's degree from Duke University (1977) and a master's degree in journalism from Stanford. In 1990, he moved to Porto, Portugal, where he taught journalism for sixteen years at the university level. In 2017, the city of Porto awarded Zimler its highest distinction, the Medal of Honor. At the ceremony, Porto's mayor described the novelist as "A citizen of Porto who was born far away, who makes the city greater and grander... Zimler projects Porto out into the world and brings the rest of the world to us."
Richard has published twelve novels over the last 22 years, and his works have been translated into 23 languages. His most recent novel is THE INCANDESCENT THREADS, which was a finalist for the National Jewish Book Awards in the USA. In chronological order, his novels are: The Last Kabbalist of Lisbon, Unholy Ghosts, The Angelic Darkness, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams, Teresa Island (only in Portugal and Brazil), The Night Watchman, The Gospel According to Lazarus (The Lost Gospel of Lazarus in paperback) and The Incandescent Threads. His novels have appeared on bestseller lists in 12 different countries. Five of his books have been nominated for the prestigious International Dublin Literary Award: Hunting Midnight, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams and The Night Watchman.
Richard has also published six children's books in Portugal. He writes his children's books in Portuguese and his novels in English.
The Last Kabbalist of Lisbon, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Seventh Gate and The Incandescent Threads form the "Sephardic Cycle," a group of inter-connected - but fully independent - novels about different branches and generations of a Portuguese Jewish family. You do not need to read them in any order. Each book stands on its own. You can read the first chapters of all his books at his website: www.zimler.com
Richard's latest novel, The Incandescent Threads, is published by Parthian Books. It was a Number 1 Bestseller and Book of the Year in Portugal. It was also chosen as one of the Books of 2022 by the Sunday Times and Jewish Chronicle. Here is a brief synopsis:
From the acclaimed author of The Last Kabbalist of Lisbon and The Warsaw Anagrams comes an unforgettable, deeply moving ode to solidarity, heroism and the kind of love capable of overcoming humanity’s greatest horror.
Maybe none of us is ever aware of our true significance....
Benjamin Zarco and his cousin Shelly are the only two members of their family to survive the Holocaust. In the decades since, each man has learned, in his own unique way, to carry the burden of having outlived all the others, while ever wondering why he was spared.
Saved by a kindly piano teacher who hid him as a child, Benni suppresses the past entirely and becomes obsessed with studying kabbalah in search of the ‘Incandescent Threads’ – nearly invisible fibres that he believes link everything in the universe across space and time. But his mystical beliefs are tested when the birth of his son brings the ghosts of the past to his doorstep.
Meanwhile, Shelly – devastatingly handsome, charming and exuberantly bisexual – comes to believe that pleasures of the flesh are his only escape, and takes every opportunity to indulge his desires. That is, until he begins a relationship with a profoundly traumatised Canadian soldier and artist who helped to liberate Bergen-Belsen – and might just be connected to one of the cousins’ departed kin.
Across six non-linear mosaic pieces, we move from a Poland decimated by World War II to modern-day New York and Boston, hearing friends and relatives of Benni and Shelly tell of the deep influence of the beloved cousins on their lives. For within these intimate testimonies may lie the key to why they were saved and the unique bond that unites the
Um conjunto de 16 contos, onde se parece identificar um temática comum: a diferença e a discriminação que lhe está associada, com a morte quase sempre em cenário de fundo. Os personagens são negros, homossexuais, dissidentes políticos, nerds, emigrantes, gente desadaptada ou traumatizada, que acabam por se ver envolvidos em situações de enorme dor e, por vezes, de violência implacável (a que o autor não nos poupa...).
Destaco: Pontos de Viragem, com a sua viagem de reconciliação pessoal, Ladrões de Memórias, um thriller que nos prende da primeira à última página, A Um Pássaro uma história maravilhosa de fantasia, Aprender a Amar, um belo romance de descoberta do amor e da sexualidade, Sina de Escarumba, um terno conto de amor que nos faz viajar pelos tempos da escravatura nos EUA, A Voz de Raymond, um violentíssimo episódio do apartheid sul-africano
Zimler é um excelente escritor e muitos dos seus contos neste livro acabarão por nos tocar, deixando-nos, por vezes, cheios de repugnância, mas, outras vezes, invadidos por um enorme sentimento de ternura.
Este é um livro de 16 contos, que nos fazem viajar no tempo e no espaço, nos levam da Argentina ao Brasil, da Europa aos Estados Unidos, com uma passagem especial por Portugal. São contos que deixam muito espaço à imaginação do leitor. Zimler fala de temas polémicos e de difícil abordagem como o racismo, a homossexualidade, a emigração, a homofobia, a morte, os traumas, o suicídio, sempre tendo em atenção que os contos terminam normalmente de forma menos feliz e com uma linguagem como tão direta como só ele faz, uma linguagem dura, crua, áspera e, muitas vezes, perturbante. Ainda que se abordem temas tão chocantes, o autor não deixa de se focalizar nas relações entre pessoas e nas emoções e esse é o fio condutor entre todos os contos deste livro. Prende-nos às personagens, faz-nos sofrer com elas, odiá-las, admirá-las. Alguns contos são, porém, muito breves, ficando no leitor um vazio por preencher. Queria mais, mais de cada conto. Mas este é o estilo enigmático de Zimler, que não revela tudo, que lança a problemática para nos deixar a pensar nela.
Os contos surpreendentes e comoventes que fazem parte de Confundir a Cidade com o Mar revelam uma maturidade e imaginação invulgares , ilustrando a capacidade de Zimler para nos conduzir pelos territórios obscuros da alma e para criar personagens singulares e inesquecíveis. As personagens lutam para quebrar impasses da vida, redimir mágoas do passado ou libertarem-se de ilusões sexuais, políticas e espirituais que os afastaram de si próprios. Vivem momentos de revelação, mas também sofrem decepções incapacitantes. Aconselho. Boas leituras.
Confirma-se. Gosto bastante de Zimmler, mas não gosto de contos. Eu gosto de livros porque gosto de pessoas e personagens, e as dos contos raramente têm densidade suficiente para me entusiasmar.
No meu primeiro contacto com a escrita de Richard Zimler é-me apresentado um livro de contos, 16 contos que nos fazem viajar no tempo e no espaço e nos levam do Brasil a Buenos Aires, da Carolina do Norte à Europa com especial paragem em Portugal. Os contos são bastante diferentes mas têm em comum a escrita crua, rude e sem filtros, quase chocante. A escrita culta de Richard Zimler vai passando por diversos temas polémicos e de difícil abordagem como o racismo, a homossexualidade, a emigração, a homofobia, a morte, os traumas, o suicídio, sempre tendo em conta que os contos habitualmente terminam de forma menos feliz. Ainda que se foquem em temas tão gritantes, o autor não deixa de se focar nas relações entre pessoas e nas emoções e isso é o fio condutor entre todos os contos deste livro. Não posso aqui deixar de referir os dois contos que mais me marcaram, "A agradável superfície das coisas" e "Sina de Escarumba", uma leitura deliciosa. Uma curiosidade: Zimler vive desde a década de 90 no Porto tendo adquirido também nacionalidade portuguesa.
Acabo o livro com a sensação que daqui a 5 minutos não me vou lembrar de nenhuma das histórias... Aliás, houve uma que quando a acabei me pareceu melhor que as outras e poderia valer 3 estrelas, porém já não sei sobre o que era. Varreu-se-me da memória! Logo não posso dar mais de 2 estrelas ao livro. Não é mau simplesmente não é memorável.
Este livro é uma compilação de vários contos do autor. A narrativa surge espontaneamente, mantém o interesse, mas ao mesmo tempo consegue o desenlace de forma brilhante. Toca temas como a homossexualidade, a morte, relacionamento familiar numa escrita filosófica e direta. O conto que mais goste foi "Ladrões de memórias", quanta humanidade está refletida nas suas palavras!