A célebre obra de Anne McCaffrey The Dragonriders of Pern, é constituída no original por dois livros: Dragonflight e Dragonquest. Na versão portuguesa, em que recebeu o título de O Planeta dos Dragões, o texto teve que ser dividido em três volumes, por razões técnicas. Eis o início do Terceiro Volume de O Planeta dos Dragões:
Quente, cheia de areia e pegajosa, com suor e sal, o triunfo fez esquecer todas as irritações menores quando Kylara olhou para baixo, para a ninhada que desenterrara. - Eles podem ter sete - murmurou ela, olhando para o nordeste e para o Ninho. - Tenho uma ninhada inteira. E outra dourada. Soltou uma gargalhada rouca. Quando Meron de Nabol visse aquelas belezas... Não tinha dúvidas de que o Senhor odiava os cavaleiros porque invejava os seus dragões. Muitas vezes ele lamentava-se de que as Impressões não deviam ser monopolizadas. Pois bem, ver-se-ia se o poderoso Meron seria capaz de Impressionar um lagarto de fogo. Não tinha a certeza daquilo que a ela daria maior prazer: que ele fosse capaz disso ou não fosse. Tanto lhe fazia. Mas se ele pudesse Impressionar um lagarto de fogo, um bronze, por exemplo, e ela tivesse uma rainha no pulso, e os dois acasalassem... Podia não ser tão espectacular como nos grandes animais, mas perante os dons naturais de Meron... Kylara sorriu com uma antecipação sensual. - Será melhor que tenham o valor que suponho - disse ela, olhando para os ovos. Pôs os trinta e quatro ovos endurecidos sobre a espessura de vários sacos de pedras-de-fogo que trouxera. Enrolou a trouxa em peles de "wher" e depois na sua espessa capa de lã. Fora Mulher-de-Ninho o tempo bastante para saber que um ovo subitamente arrefecido nunca mais chocava. E aqueles estavam muito perto de abrir. Portanto muito melhor. Prideth tolerara a preocupação da sua cavaleira com os ovos dos lagartos de fogo. No entanto protestou quando Kyalara lhe deu as coordenadas do Baluarte de Nabol, e não as do Ninho do Sul. Começava a amanhecer em Nabol quando a chegada de Kylara levou o "wher" de vigia a correr, uivando, para o seu covil. A guarda conhecia demasiado bem a Mulher-do-Ninho do Sul para protestar contra a sua entrada e um pobre diabo qualquer foi mandado acordar o Senhor. Kylara ignorou a testa franzida de Meron quando ele apareceu nas escadas do Baluarte Interior. - Tenho ovos de lagarto de fogo para ti, Senhor Meron de Nabol - gritou ela, apontando para a trouxa que um homem carregara - Quero vasilhas com areia quente para não os perdermos. "Será que ele tem outra na sua cama?" - pensou Kylara, quase disposta a pegar no seu tesouro e desaparecer. - Sim, parvo. Tenho uma ninhada de lagartos de fogo prestes a nascer. A oportunidade da nossa vida. - Kylara voltou-se imperiosamente para a governanta de Meron que entrava, meio vestida. - Deita água quente sobre toda a areia quente que tiveres e trá-la imediatamente. - Ovos de lagarto de fogo? - perguntou Meron. - De que estás a falar, mulher? - São impressionáveis. Adquirem os seus espíritos ao saírem da casca, tal como os dragões. Se os alimentarmos até ficarem estúpidos, são nossos para toda a vida. - Kylara estava a colocar os ovos cuidadosamente sobre as pedras quentes da grande lareira. - E trouxe-os aqui exactamente a tempo - acrescentou ela, triunfante. - Juntem os vossos homens rapidamente. Queremos Impressionar tantos quantos forem possíveis. Meron, rangendo os dentes enquanto observava o seu comportamento com algum cepticismo e muita malícia, confessou: - Estou a tentar saber como isso poderá beneficiar alguém. - Usa a tua cabeça, homem - respondeu Kylara, ignorando a reacção amarga do Senhor à sua imperiosidade. - Os lagartos de fogo são os antepassados dos Dragões e "têm todas as suas capacidades!" Meron só precisou de um instante para compreender o significado daquilo. Enquanto gritava ordens para que os seus homens fossem despertados, colocou-se ao lado de Kylara, ajudando-a a colocar os ovos em frente ao lume. - Vão ao "entre?" Podem comunicar com os seus proprietários? - Sim. Sim. - Esse ovo é de ouro - gritou Meron, estendendo a mão para ele, os olhos pequeninos a refulgirem de cupidez. Ela deu-lhe uma palmada na mão. - O dourado é para mim. O de bronze é teu. Tenho a certeza que este... não, este... é um bronze. As areias quentes foram trazidas e deitadas sobre a pedra da lareira. Os homens de Meron desceram as escadas, vindos do Baluarte Interior, preparados para a Queda dos Fios. Peremptoriamente, Kylara ordenou-lhes que pusessem de parte a sua parafernália e começou a instruí-los sobre a maneira de Impressionarem lagartos de fogo. - Ninguém pode apanhar um lagarto de fogo - murmurou alguém, bem no fundo das fileiras. - Tenho-os aqui, mas duvido que alguma vez tenhas um, sejas tu quem fores - afirmou Kylara. Sem dúvida os Velhos tinham alguma razão: os homens dos Baluartes estavam a tornar-se demasiado arrogantes e agressivos. Ninguém se atreveria a falar no Baluarte do pai dela, quando ele ...
Anne Inez McCaffrey was an American writer known for the Dragonriders of Pern science fiction series. She was the first woman to win a Hugo Award for fiction (Best Novella, Weyr Search, 1968) and the first to win a Nebula Award (Best Novella, Dragonrider, 1969). Her 1978 novel The White Dragon became one of the first science-fiction books to appear on the New York Times Best Seller list. In 2005 the Science Fiction and Fantasy Writers of America named McCaffrey its 22nd Grand Master, an annual award to living writers of fantasy and science fiction. She was inducted by the Science Fiction Hall of Fame on 17 June 2006. She also received the Robert A. Heinlein Award for her work in 2007.
Opinião geral dos três livros: Estes três volumes, em português, são a divisão de dois livros - Dragonflight e Dragonquest. São uma mistura de fantasia e ficção-científica, num universo em que os dragões e os homens-de-dragão são os defensores do planeta, contra os ataques dos Fios. Senti algumas dificuldades a entrar na história, com as personagens e as especificidades do planeta. Julgo que talvez tivesse sido útil, um pouco mais de desenvolvimento quer das personagens, quer do próprio universo criado, pois existem pormenores que não nos são explicados, o que me deixou um pouco confusa. Tive também alguma dificuldade com os nomes, quer a distinguir quem é quem, como também com a semelhança entre alguns deles. No primeiro livro, achei que a história se enquadrava mais no género fantástico mas na parte final, temos já algumas "nuances" de FC, e que continuam presentes nos livros seguintes. Algo muito interessante, foi antes da continuação do segundo livro, temos uma pequena apresentação deste mundo, e que teria sido muito útil mesmo antes do primeiro livro, excepto o último paragrafo, que serve para contextualizar a continuação. Ao longo dos três livros, são-nos apresentadas novos personagens e lugares para tornarem a história mais rica e complexa, e até mesmo com intrigas, que tornam o enredo ainda mais cativante. Devo dizer que adorei os dragões, a forma como são retratados e a sua ligação com as personagens, a autora conseguiu tornar os dragões numas personagens fantásticas e que nos parecem tão reais. Apesar de ter sentido algumas dificuldades iniciais, à medida que a história foi avançado consegui ir entrando neste mundo.
Segunda parte do original Dragonquest. Desenvolve muito pouco e durante a maior parte do livro parece que a intenção seria contextualizar alguns aspectos como ponto de entrada para as histórias dos próximos livros. O tema principal é encerrado em 2 ou 3 páginas e fica pendente um tema secundário que deve ser explorado no terceiro livro da saga (O Dragão Branco, 1 e O Dragão Branco, 2).
Embora o climax devesse ser no encerramento do tema principal, achei mais cativante a luta entre dragões que acontece uns capitulos antes.