Neste romance conhecemos os momentos de desbravamento e introspecção que acompanham o amadurecimento de Lina. Enquanto mora com seus pais na Inglaterra, ela nos apresenta a seu dia a dia, suas comidas preferidas, seus brinquedos, mas também à mancha na testa da mãe — que a deixa triste —, aos vizinhos e também a seu medo da vaca louca. De volta ao Brasil com a família, Lina vivencia momentos marcantes da história, sempre com o olhar curioso de quem ainda está tentando entender o mundo. Ao longo dos capítulos, caminhamos com Lina até a adolescência, os primeiros interesses românticos, as provas na escola, e aquele sentimento de deslocamento e confusão que acompanha esse período formativo.
Nunca sei quando sou eu que invento ou quando é alguém que inventa e me coloca dentro da história ou se tudo isso acontece mesmo. Aí eu morro de vergonha e não pergunto.
Vou recomendar esse livro pra todos que me perguntarem o que eu quero dizer quando eu falo que meninas passando pela puberdade tem pensamentos que nem filósofos de meia idade teriam
Um livro para ler sem precisar filosofar: memórias em perspectivas infantis.
Um dia, passeando pelo catálogo da Todavia essa capa me chamou atenção. O título de uma brincadeira infantil e um peixe, o que poderia ser?
Na curiosidade, primeira oportunidade que eu tive fui atrás de comprar e me preparei para a leitura: me apaixonei desde a primeira página percebendo que era uma criança de pensamentos diversos, assim como em Se deus me chamar não vou, da Mariana Salomão, a protagonista fala e repete muitos acontecimentos da sua memória - inventadas ou não, de uma maneira bem peculiar.
Lina é uma criança avoada e brasileira, morando na Inglaterra. Possui um adesivo em seu vestido escrito "Não falo com estranhos" e odeia peixe. Tem dois vizinhos, Harry e William (que coisa óbvia para crianças que moram na Inglaterra?) que brincam de médico o tempo todo. Lina acha que seu irmão vai nascer um peixe, mas nasceu pessoa: a partir daí, ela não está mais sozinha e suas memórias tem ele presente.
Um certo tempo depois de conhecer outra amiga brasileira, ela se muda de volta para o Brasil, mais específicamente, em Brasília. De lá, outras memórias surgem e vemos que a vivência de diferentes países afetam tanto a língua, quanto os gostos e cognitivo. A história se passa nos anos 90, com muitas referências interessantes publicitárias, políticas e televisivas.
Sabe aquele livro que você deixa na cabeceira e lê num dia estressante para esvaziar o cérebro? Dei diversas risadas, uma personagem ácida desde criança e muito sapeca.
Quando comecei a ler "A Mulher do Padre" confesso que achei chato. A escrita e os acontecimentos não faziam muito sentido pra mim, era tudo meio confuso. Mas bastou algumas páginas para que eu me sentisse imersa no fluxo de pensamentos da protagonista.
O livro acompanha Lina enquanto ela cresce nos anos 90, passando pela infância e pela adolescência. Tudo é contado pelo ponto de vista dela, então a escrita vai mudando conforme ela vai crescendo. E isso é uma das coisas mais legais da história: a forma como a autora conseguiu capturar aquele jeito meio caótico de pensar que temos quando somos mais novos.
A leitura mexe com a gente porque revisita aquelas coisas desconfortáveis que todo mundo viveu em alguma medida enquanto crescia. Apesar de cenas que nos deixam quentinhas, com aquele calor da infância, a escritora mostra o quanto essa fase pode ser esquisita.
O livro tem momentos que dão um soco no estômago. Crianças podem ser maldosas (seja pela inocência ou pela crueldade), e a Lina mostra isso de um jeito muito real. Ela briga com as palavras, com a realidade, com tudo que não faz sentido pra ela.
É uma obra que te lembra de uma forma bem crua e nua como é crescer – com todas as dores e alegrias que vêm junto.Toca no baque da nossa própria dificuldade de crescer, de sentir e, muitas vezes, não saber como falar sobre isso.
Na crítica que li na Le Monde Diplomatique Brasil, encontrei um trecho que descreve muito cirurgicamente tudo isso:
"Carol Rodrigues nos quebra o encanto de que a infância é um local mágico a ser revivido. Por mais divertido que possa ser às vezes, também é um espaço de muito sofrimento por sentirmos aquilo que não sabemos expressar, por expressarmos mal o que estamos sentindo. A linguagem é a grande mulher do padre, ela sempre chega por último. Porém, durante o meio tempo vamos brincando com ela, tal qual uma brincadeira de pirata pela metade: sem tubarões, sem corda, mas com muitos risos que incomodam qualquer vizinho".
gostei muito da forma da escrita porque é como se a gente realmente tivesse andando na linha de pensamento da Lina e não tem pontuação nenhuma parecendo o Saramago e aí de uma hora pra outra o assunto muda e os sentimentos também
“adulto é igual criança mas quando é com criança chama brincadeira e quando é com adulto não chama brincadeira aí é igual só que chato.”
“Então quem chegar por último é a mulher do padre.”
“Fiquei apaixonada. Me encantei com a paixão. São coisas do coração. Tem que sentir, a professora de literatura fala, eu sinto muito, professora.“
“É meio horrível alguém sumir. Uma coisa acabar. Ficar sem saber.”
Tive muitos pensamentos enquanto lia este livro mas o predominante foi que era uma coisa que nunca antes tinha lido. A construção das personagens, o desenvolvimento, a narrativa usada pela escritora, tudo combina em um livro muito interessante e desde um ponto de vista que não teria considerado jamás. Recomendo para uma tarde de leitura com chá e bolo, você irá lembrar muito de historias que as tias contam ou que alguma vez circularam na família.
a ideia do livro é acompanhar o fluxo de pensamento de uma garota e a autora manda bem demais em fazer a escrita evoluir conforme a idade dela. não há referências à idade da personagem mas você consegue ver claramente a passagem de tempo a partir da escrita!! pode ser cansativo justamente por conta disso, mas quando você pega a ideia, percebe que é genial!!!