Uma tragédia interrompe o casamento de um aposentado da Companhia Telefônica, acostumado a passar o tempo colecionando fotos antigas e consertando máquinas de costura e de escrever. A morte da mulher, atingida acidentalmente por uma pedra, abala de tal modo aquela vida ordenada que o homem perde o prumo e começa a oscilar entre a depressão e a violência.
O que acontece quando uma vida pacata e previsível sai dos trilhos? Essa parece ser uma das questões que dominam as obras recentes de Lourenço Mutarelli. Depois de anos afastado dos quadrinhos, e da grande insistência dos fãs, o autor volta com a história de um filho que resolve narrar os dias de luto do pai. Criada com a economia de palavras e a fartura de silêncios que são marca registrada de Mutarelli, a trama espetacular e quase surreal deste livro é realçada pela construção cinematográfica e pelas imagens deslumbrantes.
Muitas coisas sobre luto caindo no meu colo ao mesmo tempo esses dias. Essa daqui foi das mais doloridas. Um álbum de fotografias de desconhecidos pensado e repensado/pintado e repintado servindo como base pra um filho falar sobre os últimos momentos de seu pai, as tragédias que a vida jogou pra ele, o desgosto que foi a causa mortis. Triste.
Curtinho e intenso. Fala da relação dos filhos com o envelhecimento dos pais. A maneira como usam os desenhos com um ritmo diferente da narrativa é bem interessante. Vale a pena demais. Tem na Biblioteca Mário de Andrade.
Livro curtinho econômico em palavras mas profundo. Me pegou num dia que eu precisava dele, então bateu forte. Como é uma obra bem curtinha , melhor não ler nada sobre e ignorar fortemente a tentação de ler a última capa. Muta dos bons!
"Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente" é uma experiência visual, uma obra melancolicamente bela, única desde sua concepção (ao fugir do convencional e se estruturar em "telas" pintadas, que ocupam inteiramente cada página, e sobre as quais os textos se sobrepõem) e que nos traz a história do pai do narrador, e como o mesmo viu sua vida ser transformada com a trágica morte de sua esposa, vivenciando seu luto, até seu encontro com um ET em um certo dia calorento. Nunca é fácil compreender, analisar e falar sobre uma obra do genial Lourenço Mutarelli, então pretendo reler ainda algumas vezes essas lindas páginas.
Tanto a arte como as pinturas (já q são pinturas, não quadrinhos) me deixam com um senso de desconforto, desconfiança e agonia. Algo claramente não está "certo". Nem na história do pai, a q ele conta, ou na própria arte. Esse senso de incômodo só "piora" quando vc termina o livro. Não há uma conclusão, não há uma explicação, não há... Nem sequer um sentido. Parece uma conversa com um senhor bêbado, na porta de um bar no interior, como tantas q já tive... Só essa lembrança já valeu a pena ter lido. Mutarelli como sempre, incrível
Eu acho interessante que na descrição do livro conste "filho lidando com o luto do pai", porque o luto do autor também está escancarado nessas páginas. A meu ver, as imagens detalhadas tanto do pai, quanto dos estranhos das fotos colecionadas, e até os padrões aparentemente aleatórios, são peças de um quebra cabeças do luto complicado que o autor tenta montar. O livro é visualmente deslumbrante e a história não é como uma ficção comum com começo, meio e fim. Gostei muito.
Meu primeiro Mutarelli talvez não seja sido o melhor pra começar. As artes são verdadeiras pinturas, e a forma narrativa parece meio doida, mas faz completo sentido. É bom, mas talvez não fique marcado na memória.
Melancolia, beleza e estranheza. Ainda me impressiono com a capacidade do Mutarelli de alcançar lugares tão íntimos em tão poucas páginas, e sigo fascinado.
Resenhar uma obra do Mutarelli é sempre difícil, elas sempre são dotadas de camadas sob camadas abordando os limites dos nossos sentimentos. Essa obra não é diferente, é carregada, é complexa, é tão cheio dos sentimentos do Mutarelli.... difícil. Recomendo a todos que já tiveram algum contato com suas obras, ou contato com obras de outros autores que depositaram um pedaço de si nelas.
Uma história cheia de uma tristeza muda, com ilustrações que chamam esse sentido entre sonho e realidade. Acho que o luto é assim mesmo. Ainda assim, terminei sentindo que não entendi muita coisa.