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Passageiro do Fim do Dia

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Passageiro do fim do dia é um romance primoroso de Rubens Figueiredo, que confirma a importância do autor no cenário literário nacional. O livro narra uma longa e tensa trajetória de ônibus, do centro à periferia de uma cidade grande e violenta.
Este romance de escritura primorosa narra um percurso. É o que se opera na consciência de Pedro durante uma viagem de ônibus para o bairro do Tirol, na periferia pobre da cidade onde mora - uma espécie de panela de pressão de violência e injustiça sistemática. É lá que mora Rosane, namorada de faz algum tempo que ele passa os fins de semana com ela.
De radinho no ouvido, lendo a intervalos, observando o que se passa dentro do ônibus e fora nas ruas, Pedro, sem se dar conta, costura as ideias. Ao fim da viagem ele não será mais o o que vê e pensa durante o trajeto, os fatos de sua vida, seus afetos, o mundo em que está imerso, tudo reunido terá formado um novo conhecimento, mais profundo e mais crítico, mas que nem por isso o deixará desprotegido numa sociedade em que parece não haver como fugir de um destino opressivo.
O passageiro do fim do dia não deixa dúvida sobre a importância de Rubens Figueiredo no cenário literário contemporâneo no Brasil.

193 pages, Paperback

First published January 1, 2010

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About the author

Rubens Figueiredo

115 books21 followers

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3 (2%)
Displaying 1 - 17 of 17 reviews
Profile Image for Kamilla Silva.
6 reviews
June 23, 2025
O livro não é ruim, é bem escrito, a história é boa e o paralelo com Darwin é interessante - ainda assim, nem esse paralelo conseguiu afastar para mim a pontinha de fetiche com a pobreza.
Profile Image for Alice Gonçalves.
70 reviews18 followers
November 19, 2015
Um pouco de esquematismo enfraquece o livro: a partir de certo ponto, a estrutura é excessivamente reiterativa; isso, no entanto, não dirime seu interesse. A viagem alegórica pela história de violência do Brasil, representada na viagem de ônibus, é composta a partir de um belo painel montado pelas lembranças de Pedro, o protagonista de "Passageiro do fim do dia". O problema da desigualdade social e do racismo surge nesse livro de forma orgânica: não é, em nenhum momento, panfletário ou palavroso; é, afinal, a desigualdade e o racismo que nós mesmos acompanhamos, observamos, sentimos no ar. Não existem exortações ou diatribes, existe apenas a observação exata do dado cotidiano. As descrições extensas são precisas, não só pelo sua qualidade mimética (ou seja, não só por sermos capazes de "ver" o cenário descrito), mas também pela criação no próprio texto da atenção dispersa e, ao mesmo tempo, arguta do protagonista: texto é o olhar de Pedro sobre o mundo. Rubens Figueiredo consegue um feito: escrever um livro que, enquanto responde aos projetos de seu autor (projeto de literatura e também projeto de Brasil), atinge também uma boa qualidade estética - elogio que um comentário mais extenso poderia desenvolver -, com um texto bem construído e de amplo escopo.
Profile Image for Jairo Fruchtengarten.
334 reviews8 followers
July 15, 2019
A viagem de ônibus para a casa da namorada é o ponto de partida para abordar os perrengues da vida de moradores pobres da periferia. Diferente de muitos livros que abordam esse tema, aqui passamos longe da questão das drogas e tráfico (ainda bem) e o foco se dá em histórias tristes do cotidiano, como a tentativa frustrada de comprar comida no supermercado com um cartão dado pelo governo, a remuneração baixa para um trabalho extenuante ou o precário atendimento nos hospitais.

A narrativa é bem conduzida pelo Rubens Figueiredo, mas achei que o Pedro era um personagem que merecia ser melhor desenvolvido (a história de vida de sua namorada se mostra bem mais interessante). Além disso, fiquei com a impressão que o foco às vezes era excessivo demais em algumas passagens pouco interessantes e raso demais em outras que podiam render mais...
Profile Image for Paulo Sousa.
292 reviews13 followers
November 10, 2017
Livro lido 6°/Ago//43°/2017
Título: Passageiro do fim do dia
Autor: Rubens Figueiredo (Brasil)
Editora: @companhiadasletras
Publicado: 2010
Páginas: 193
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️
_____________________________________________
Foi por puro acaso que topei com este livro, o Passageiro do fim do dia, e meu espanto maior se deu ao ver que o autor era o Rubens Figueiredo.

O Rubens eu conhecia das excelentes traduções que fez e faz, a exemplo de Paul Auster e vários clássicos russos como o portentoso Guerra e Paz de Tolstói, na bela edição da Cosac Naify.

Pois fui buscar e vi que de fato o tradutor também era escritor e meu deleite aumentou logo nas primeiras páginas desse quase romance...

Passageiro do fim do dia conta a trajetória de Pedro, um vendedor de livros usados, na sua -- quase diária -- viagem de ônibus do centro para o bairro do Tirol, no Rio de Janeiro. Para muitas pessoas ir e voltar nas intermináveis viagens são um martírio diário, os lugares e paisagens como que se tornam um imenso bloco sem cor nem detalhe. Mas não para Pedro. Sua percepção é acurada, detalhista nas páginas de Figueiredo. Ele não exita em focar alguma nuance dessa viagem, cada pessoa que vai compondo a fila de pessoas à espera do ônibus para o Tirol, o que cada uma faz para minimizar a espera, onde elas põem seus olhos, seus gestos... nada passa ao atento olhar de Pedro.

Logo a viagem para o Tirol começa e Pedro vai desfiando suas impressões em tudo que põe os olhos. Talvez para muitos essas descrições detalhadas se tornem algo negativo no livro mas para mim o brilhantismo do livro de Rubens está em como somos amortizados pela rotina, e pior, acabamos nos tornando personagens ineptos da nossa realidade. Pedro, embora um espectador distante e impessoal, ao perceber algum detalhe naquela ida ao Tirol, como que nos leva para outros momentos de sua vida, o namoro com Rosane, o dia que teve a perna esmagada por um cavalo durante um confronto entre polícia e manifestantes, as frustrações da namorada que sonha em melhorar de vida, a mal fadada carreira do "Trinta", um ex-soldado da Aeronáutica. Tudo permeado pelos sacolejos irritantes do ônibus em que se deixa levar.

Em dado momento Pedro percebe que há uma novidade na viagem tantas vezes feita: por motivos desconhecidos, o ônibus que o conduz tem de mudar sua rota normal, cortar por um atalho e pior, não vai até o ponto final, onde Pedro esperava descer. Protestos individuais, irritações nas caras dos demais passageiros são perceptíveis, a incerteza de como se chegar em casa por essa nova rota, um burburinho de desagrado passa de passageiro em passageiro. Pedro, mesmo cansado e apreensivo, não perde a oportunidade de ler mais uma página de um livro sobre Darwin. E, semelhante ao cientista e desbravador inglês, Pedro vai fazendo suas incursões próprias, analíticas ao extremo em busca de algo que aparentemente não sabe, mas que o Tirol com certeza vai contribuir. Recomendadíssimo!
Profile Image for Mateus Odilon.
68 reviews1 follower
August 23, 2025
Devorei o livro em poucos dias. Se tem algo que esse livro é, é fácil de ler. As páginas corriam sem eu nem perceber, ajudadas pelas alternâncias entre o presente, passado e as elocubracões do protagonista. Mais do que contar a história desse personagem, a temática principal do livro pode se dizer que é a luta de classes, narrada em pequenas passagens e tendo a visita de Darwin ao Brasil e sua teoria como um longínquo pano de fundo. Mas, na minha opinião, isso vem com um custo, que é deixar os personagens - especialmente os secundários, mas também um pouco os principais - sem aprofundamento. De qualquer forma eu gostei, valeu demais ter lido.
Profile Image for jose coimbra.
175 reviews22 followers
September 25, 2015
O que nos espera no fim da linha?

Um jovem aguarda no ponto final o ônibus que o leverá para a casa da namorada. Muitos aguardam com ele. A dificuldade já se insinua ali.

Uma viagem do centro da cidade à periferia. Desde o primeiro momento da narrativa, lembranças pessoais que se entrelaçam com a memória de um ou vários lugares: nomes que se sucedem ao longo dos diversos cenários para os quais somos convidados e que revelam o limite que se apaga aos poucos entre mim, o protagonista e o outro. Pedro indaga-se sobre sua própria vida e sobre a vida daqueles que compartilham com ele a viagem. Outros ocupam também a atenção de Pedro, os que passeiam por seus sonhos e devaneios.

Pedro aguarda o momento de entrar no ônibus. Depois, a espera até o final da jornada. Antes do início, sua vida já era passada em revista e nesse movimento era toda uma gama de acontecimentos que deslizava por seus olhos. Nomes, lugares, sentimentos, tudo está ali representado e invoca histórias, acontecimentos, personagens.

O final sempre adiado, aparenta prenunciar um problema de grandes proporções, com relação ao qual, um silêncio insiste em se sobrepor. Ao fundo, burburinho. Falas entrecortadas. O silêncio, prevalente, faz-se vizinho do temor diante do inesperado e do desconhecido.

Na geografia que se desenha no mesmo passo que o tempo que passa, as linhas de Rubens Figueiredo deixam ver algo de uma decadência que habita os lugares e que ali está porque reside em nós. O fim que se anuncia em todos os detalhes da vida, a impossibilidade de acreditar no que se diz e faz, a estranheza de tentar entender os significados de palavras como justiça e seleção natural.e seleção natural.

"Ele tinha a impressão de que tudo o que elas dissessem, toda má notícia, precisava ser a maior, tinha de ter a primazia, só porque eram elas que falavam, e não os outros. Para elas, pouco importava que o problema e que aquelas histórias se transformassem num prazer e numa necessidade da qual, sem perceber, já não conseguiam abrir mão". [p. 31]

Dos poucos personagens, um juiz e seus interlocutores no espaço de um sebo, e Darwin, que se presentifica por um livro que o encarna. Entre um e outro, a descoberta do protagonista de sentidos que se ocultam entre o funcionamento da justiça e o da seleção natural. Que a justiça não seja tão justa ou que a seleção não seja tão natural, eis aí uma pista que acaba por se impor a Pedro, o protagonista. E essa imposição alcança a todos nós. Alcança também a namorada de Pedro, Rosane, sua família, o bairro do Tirol e adjacências, os usuários do ônibus, todo mundo.

Contudo, a partir das interrogações que o sentido das palavras justiça e seleção natural fornecem, forças incomensuráveis apresentam o cenário no qual Pedro, sua namorada e a massa sem nome que passeia pelos olhos do protagonista encontram seus lugares. Cenário de luta que acaba por se revelar como encontro inevitável com o fim que, para alguns, no entanto, se faz adiado no último instante.

A espera para o incío da jornada, e o tempo sem fim tomado pela própria jornada, entrecruzam camadas de sentido que se expressam nos dramas subjetivos e nas encruzilhadas sociais, nos quais a desigualdade dá as cartas. É nesse campo que palavras como justiça e sobrevivência do mais apto passam por um questionamento que se estende de ponta a ponta do livro. Essas palavras são reviradas de modo que seu avesso possa traduzir sentidos que nos escapam em uma primeira vista. Sentidos que se ligam indissociavelmente a uma luta que se diz de vários modos e na qual os oponentes jamais se encontram nas mesmas condições. Assimetria.

"Pelo rosto, pela respiração, pela voz, Pedro entendeu que, para o menino, o que havia ocorrido três ou cinco dias antes parecia não ser nada: ele não tinha sido atingido pelo tiro, não houve tiro nenhum e ele não tinha perdido nada — os dedos não eram nada, aqueles dez dias não eram nada, assim como a rua toda não era nada, assim como as casas em volta — e o que mais?" [p. 93]

“Havia obstáculo por todos os lados”. É isso que Pedro diz ou pensa em algum momento. É isso que sintetiza os diversos pontos de ancoragem das lembranças de Pedro. Lembranças que passeiam entre sua vida, a da namorada: pessoas, imóveis, residências, acidentes, comunidades. Um fluxo interminável que se traduz nas páginas do livro que não se divide em capítulos. Que se presentifica em uma viagem que não chega ao fim esperado, embora quase alcance o destino previsto.

Quase lá…chegar ao destino acaba por se tornar algo distinto de uma certeza ou vontade. ‘Chegar ao destino’ acaba por ser pergunta, interrogação insistente: como chegamos até aqui? O que significa ir em frente? O que está acontecendo?

"O que ele queria dizer? Se uns sobrevivem e outros não, era porque alguns eram superiores?" [p. 195]

Ao final, Pedro está quase lá. Que tenhamos feito essa viagem com ele e não estejamos mais no mesmo lugar de onde partimos, com as mesmas certezas e convicções, talvez seja a aposta com a qual Rubens Figueiredo nos brinda no ponto final que nos oferece.

"Alguém lá na frente perguntou e Pedro ouviu o motorista responder que, se o trânsito não piorasse nem tivessem de desviar o itinerário, faltavam só uns quinze minutos para chegar". [p. 197]


FIGUEIREDO, Rubens. Passageiro do fim do dia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 197 p.
Profile Image for Priscilla.
18 reviews4 followers
August 30, 2012
Deixa um gosto insaciável de quero mais!
A história simples que vai sendo desmembrada de acordo com o trajeto do ônibus é realmente interessante. Com passagens tragicômicas que poderiam ser parte da rotina de muitas famílias pobres brasileiras.
Profile Image for Christian.
134 reviews1 follower
August 4, 2023
Livro muito bom sobre desigualdade social, racismo e injustiça, tudo isso sem ser maniqueísta e nem tentando ser poético ou tendo que criar um suposto mistério que paira sobre a cabeça dos personagens e que no final do livro se mostrara desnecessário, já que não será desvendado e nem terá importância mínima no desenvolvimento do enredo.
A maneira como Rubens Figueiredo conta essa viagem de ônibus, tudo o que passa na cabeça de Pedro, suas lembranças, é realista e se atém tão simplesmente aos fatos, sem ser doutrinário. Cada leitor que tire suas conclusões ou identifique-se nas histórias evocadas pelas lembranças de Pedro.
Profile Image for Marcus Gasques.
Author 8 books15 followers
May 20, 2025
Pedro embarca em um ônibus urbano para um longo trajeto. Por meio de um texto acurado, Rubens Figueiredo nos leva à periferia da cidade, mas também pela consciência de Pedro, seu passado, suas reflexões, seus temores sobre o que pode encontrar no destino, um bairro operário onde mora onde mora sua namorada, Rosane. Vida real numa bela narrativa.
Profile Image for Matheus.
9 reviews
March 14, 2019
Nenhum detalhe do Rio de Janeiro escapou dos olhos do autor. A verdadeira definição de ser carioca se encontra nas páginas desse livro.
Profile Image for Enrique.
603 reviews388 followers
December 26, 2021
Libro muy bello, narra lo cercano, las dificultades, la opresion. Se lee de un tirón.
Profile Image for Renato.
12 reviews
Read
May 8, 2024
A precariedade material é escrutinada, bem ao estilo de um observador da cidade e de seus atores invisibilizados. Quanto mais fundo nisso o autor vai, mais aparece uma realidade silenciada que maltrata. E maltrata devagar, de um jeito perene, como um ônibus cheio que nunca chega no ponto de destino.
Profile Image for Bea.
132 reviews7 followers
September 8, 2013
Una historia aparentemente simple que está desarrollada de una forma increíble.
Profile Image for Lucas.
22 reviews2 followers
March 30, 2017
Quando peguei o livro pela primeira vez confesso que fiquei com preguiça, mas ele escreve tão bem, constrói um painel tão complexo e contemporâneo que fiquei triste quando terminou. Muito bom.
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