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O Cemitério dos Vivos

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'O Cemitério dos Vivos' nasceu da experiência extrema de Lima Barreto no Hospital Nacional de Alienados, o velho hospício da Praia Vermelha onde esteve internado por duas vezes. Dividido em uma parte de memórias ('O Diário do Hospício') e uma tentativa de ficcionalizar essa vivência (no romance 'O Cemitério dos Vivos', que não chegou a concluir), o livro traz os relatos de seu segundo período de confinamento, iniciado no Natal de 1919, após uma noite vagando em delírio pelos subúrbios do Rio de Janeiro.

239 pages, Paperback

First published January 1, 1920

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208 people want to read

About the author

Lima Barreto

313 books160 followers
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos sete anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.

Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa.

Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918.

Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.

Sua principal obra foi Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos desta personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.

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14 (9%)
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Displaying 1 - 15 of 15 reviews
Profile Image for Marcus Gasques.
Author 8 books15 followers
July 31, 2016
A vida bateu forte em Lima Barreto. O autor nasceu em 13 de maio de 1881, ironicamente exatos sete anos antes da Lei Áurea, que, ao menos no papel, decretou o fim da escravidão. Em 15 de novembro de 1889, quando ele tinha oito anos e meio de idade, foi proclamada a República.

Nem uma mudança nem outra alteraram em nada a vida de pessoas como Lima Barreto, descendente de escravos. A monarquia acabou, mas não os privilégios da aristocracia, nem o preconceito contra negros e mulatos, que acompanhou toda breve vida do autor, que chegou a pensar em suicídio aos 15 anos de idade.

A perda prematura da mãe para a tuberculose e do pai para a loucura obrigaram Lima Barreto a abandonar a faculdade a fim de sustentar a família. As portas de fecham, as humilhações se sucedem, e o autor vai buscar conforto na boemia e no álcool.

Lima Barreto começa a trabalhar em redações de jornais, revistas, publicações acadêmicas e anarquistas. Sua principal e mais conhecida obra –Triste fim de Policarpo Quaresma – chegou ao mercado sob a forma de folhetins publicados no Jornal do Commercio.

Mas a vida desregrada acaba levando-o a sucessivas internações no Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro. É o "cemitério dos vivos" que dá titulo à obra, referência a uma localidade na China que teria sido reportada por um diplomata ocidental. Nela, portadores de hanseníase (lepra) eram deixados para sobreviver da maneira que pudessem.

O relato que Lima Barreto faz através do personagem-narrador Vicente Mascarenhas é dolorido. O ambiente de decadência física e mental mescla alcoólatras, epiléticos, doentes de fato e por “opção” – assassinos de esposas e companheiras que por conveniência se passam por “loucos”.

O autor faz o retrato triste de pessoas e situações, homens, mulheres e crianças, médicos e funcionários que vivem à margem do mundo dos "normais". Ele é mais um “louco”, mas está atento a registra tudo com sua prosa de vanguarda e contestadora para a época.

Lima Barreto morreu em casa em 1922, aos 41 anos, de um ataque do coração. Cemitério dos Vivos foi publicado em 1919 e está em domínio público. Ainda que fosse preciso pagar, a leitura desse romance pré-modenista é necessária para entender o Brasil. Sendo gratuita, é obrigatória.
Profile Image for Roberta Gomes.
79 reviews
February 20, 2021
O triste fim de Lima Barreto.

"O que os estudos normais e consagrados do Brasil me podiam dar, eu já supunha ter obtido; o mais era ter um título de que me não iria servir e só me serviria de trambolho e enfeite de botocudo. Não me queria absolutamente ignorante nas ciências físico-matemáticas e estava seguro de que as noções que tinha eram suficientes.
As carreiras especiais, em uso na nossa terra, não me tentavam, tanto mais que sabia eu, pois tinha percebido logo após a minha matrícula, que em nenhuma delas se enriquece ou mesmo se sobe em honrarias, sem ter nascimento ou fortuna, ou senão empregando muita abdicação de suas opiniões, ou — o que é pior — perdendo muito de sua autonomia e independência intelectual na gratidão por seu protetor. O meu esforço em “formar-me”, como se diz por aí, era para atender a um capricho de meu pai, que, até o último momento de vida, desejou isso, para vingar-se.
(...)
Não me queria hipotecar por gratidão ou dinheiro a pessoas e influências, que fariam sepultar em mim as minhas idéias e abafar a paixão com que elas deviam ser expostas.
Voltou-me o hábito de beber, e, desta vez, sem dinheiro, mal vestido, sentindo a catástrofe próxima da minha vida, fui levado às bebidas fortes e, aparentemente, baratas, as que embriagam mais depressa. Desci do whiskhy, à genebra, ao gin e, daí, até à cachaça.
(...)
Da primeira vez [no hospício], não me demorei observando loucos. Revoltei-me, censurei meu sobrinho; mas desta vez, voltava mais capaz de fazê-lo. Eu me tinha esquecido de mim mesmo, tinha adquirido um grande desprezo pela opinião pública, que vê de soslaio, que vê como criminoso um sujeito que passa pelo hospício, eu não tinha mais ambições, nem esperanças de riqueza ou posição: o meu pensamento era para a humanidade toda, para a miséria, para o sofrimento, para os que sofrem, para os que todos amaldiçoam. Eu sofria honestamente por um sofrimento que ninguém podia adivinhar; eu tinha sido humilhado, e estava, a bem dizer, ainda sendo, eu andei sujo e imundo, mas eu sentia que interiormente eu resplandecia de bondade". (p.167-177)
Profile Image for Thaís.
8 reviews
July 19, 2014
It was a good book but not the kind I enjoy the reading. I'm relieved cause i finally finished it. There was good parts and even funny but just in times. The author confused me very much, it seemed to me he couldn't explain his thoughts clearly... but I think the intention of the book is nice. He talks a little about his life and how was the situation for lunatic people living in workhouses at the time he wrote the book in Rio de Janeiro (since he was there two times). My favourite parts was the ones he talked about his insecurities and all the things he was feeling bad about cause he didn't do it and couldn't do it anymore as he knew getting out wouldn't happen. At the end i understood he was saying this situation would never change and this lunatic people will continuing living like that until their death. (Although mental illness affect thousands of people, it doesn't have a cure cause it's a different case for every person, all the symptoms and why it started, etc. It's too hard to find a way to heal everybody.)
Profile Image for Priscilla.
1,928 reviews16 followers
May 3, 2022
Esse é um livro doloroso. Não apenas referente ao estilo de escrita, vocabulário ou qualquer coisa assim, mas também ao fato de que Lima Barreto expõe algo que até hoje é tratado com a ponta do pé aqui no Brasil.

Não é preciso ser um ativista militante, muito menos alguém que se sente mal só de pensar em cruzar com alguém com doenças mentais (ou neurológicas, ou qualquer outro termo empregado). Nos afastamos do que consideramos doente, e nada nos assusta mais do que a doença emocional ou psicológica.

Francamente, esse não é um livro para se ler esperando similaridade a crueza de O Cortiço ou ao universo semionírico de Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. O Cemitério dos Vivos ocupa um lugar a parte e merece ser lido por si só.
Profile Image for Sandra.
56 reviews
July 18, 2024
“Em tal estado de espirito, penetrado de um profundo niilismo intelectual, foi que penetrei no Hospício, pela primeira vez; e o grosso espetáculo doloroso da loucura mais arraigou no espírito essa concepção de um mundo brumoso, quase mergulhado nas trevas, sendo unicamente perceptível o sofrimento, a dor, a miséria, e a tristeza a envolver tudo, tristeza que nada pode espantar ou reduzir. Entretanto, pareceu-me que ver a vida assim era vê-la bela, pois acreditei que só a tristeza, só o sofrimento, só a dor faziam com que nós nos comunicássemos com o Logos, com a Origem das Coisas e de lá trouxéssemos alguma coisa transcendente e divina”.

“Vestia umas calças que me ficavam pelas canelas, uma camisa que me ficava pela metade do antebraço. Um tal vestuário me aborrecia deveras e não porque eu me julgava mais ínfimo ali com ele do que se outro tivesse”.

“Voltei ao interior da seção e fizeram-me mudar a roupa. Foi a primeira satisfação que me oferecia o manicômio. Senti mais integrado na minha dignidade, na minha educação, com aquele pijama que me cobria os tornozelos e os braços”.
Profile Image for Cecília Lorca.
Author 12 books1 follower
July 27, 2025
O escritor Lima Barreto sempre foi subestimado, contudo para mim, é um dos melhores autores brasileiros.

Em seu sofrimento por não ter condições financeiras condizentes com seus esforços intelectuais deixou-se levar pelo álcool e com delírios e desespero foi internado várias vezes em um hospício.

E lá dentro, com todo seu arrependimento pelo que fez e pelo que não fez, tece as linhas de suas agruras. Um relato lúcido e comovente, e as impressões de um interno sobre o sistema manicomial brasileiro no início do século XX.

O Hospital Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, é o palco da análise, reflexão e argumentação do autor, concebidos em duas partes:

A primeira, o Diário do Hospício , é uma biografia.

A segunda, inacabada e ficcional, protagonizada por Vicente Mascarenhas.

Uma narrativa provocante e profunda que me emocionou do começo ao fim.

Eu sou Cecilia Lorca, professora aposentada e escritora apaixonada!
Profile Image for Mateus Odilon.
68 reviews1 follower
November 14, 2024
O único mal desse livro é que o Lima Barreto não o concluiu.

O livro é dividido entre uma parte de notas de sua estadia no Hospício e outra que é o inicio de um romance inacabado inspirado na sua passagem por lá e ambas são incríveis. Eu conheço até bem a história do hospício da Praia Vermelha, o primeiro do Brasil, e li o livro justamente para me aprofundar nisso, mas as finas críticas sociais do Lima Barreto mudaram sem dúvida as minha concepções sobre o lugar.

Pena que o romance não chega ao fim, acho que daria 5 estrelas.
Profile Image for Stella.
303 reviews21 followers
August 28, 2025
I really liked everything about this book, but the fact that it is unfinished. But the message comes across. Lima Barreto talks about how society sees mentally ill people and that time mental institutions were also for people who struggles with drinking problems, he talks about how he regrets not giving much attention to his own son just because he had a delay in learning. Overall it was a very pleasant read.
Profile Image for Fabio Augusto.
172 reviews6 followers
November 24, 2025
É um esboço de livro. Tem um pedaço só com frases pra lembrar o autor do que escrever depois. É descritivo, teria que passar por uma boa edição pra virar um romance de fato. Do jeito que está, não tem nada interessante.
Displaying 1 - 15 of 15 reviews

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