“A Devota” conta uma história passada nos subúrbios e vila de Sintra, em locais secretos que desafiam a imaginação e que retratam a luta interior de uma jovem que terá de ultrapassar as difíceis fases da infância e adolescência enquanto enfrenta a luta interior de acreditar ou não no que lhe é dito e ensinado, enfrentando vários desafios à sua fé e psique.
Filho de pai minhoto e mãe lisboeta, Ricardo Tomaz Alves nasceu no dia 27-06-1988, em Alvalade, e sempre viveu no Concelho de Sintra. Fez partes de algumas bandas, entre as quais os Jack & Dante. Cofundou a editora de música Contentor Records. Tem formação em revisão de textos e tradução. É casado e pai de duas meninas. Tem seis livros publicados, três deles traduzidos para Inglês.
Um livro é a melhor companhia e achei a temática deste bastante interessante. Li-o de uma assentada, mas infelizmente foi mais pela sua leveza do que pelo meu entusiasmo. Sendo sincera quanto à minha opinião - que não é nenhuma verdade absoluta - comparei-o um pouco aos livros que escrevia quando era mais nova. A ideia era boa, mas depois a escrita, o desenvolvimento, não funciona. Considerei as personagens pouco profundas. Os temas mal cimentados, não se vê os sentimentos a nascerem no interior das pessoas, simplesmente aparecem assumidos no exterior. Torna-se evidente. Achei que o autor tinha pano para mangas com o enredo, e que o explorou de um modo um pouco superficial. Tem muitos diálogos, usa muito o ponto de exclamação, achei as descrições aquém. Outro facto que lamentei foi o facto de os capítulos terem nomes, pelo que quando li o título de cada um compreendi logo o enredo todo - "o início de algo belo" (não tenho a certeza se é assim literalmente porque não o tenho aqui), ou "o casamento". Entendi logo em que direcção a história corria. Achei também que a vivência do Tomás devia ser muito melhor cimentada, de modo a que o seu passado explicasse a sua personalidade e o seu presente. Seria importante para mim, que gosto de ficar esclarecida e intrigada quando leio livros, compreender o porquê de aquelas duas pessoas se sentirem mutuamente atraídas. Eram muito novos, e essa juventude transpareceu neles e na leveza com que o autor e igualmente jovem - e que pretensão a minha, que sou mais nova do que o autor - escreveu aquelas páginas. Quando fala em casamento, um rol de perguntas em relação ao livro assaltou-me mas, lamento confessar, nesse momento já não dava grande credibilidade ao romance ou às personagens. Achei que para se casarem dois jovens nas circunstâncias daqueles dois, o autor tinha que ter elaborado explicações que os levasse a ter a ideia, a ponderá-la, a concretizá-la, e obstáculos, porque certamente os haveria. Achei um corte abrupto na história Lamentei também o facto de considerar a temática do romance gravemente deslocada da realidade do séc. XXI. Achei que faria todo o sentido se o tivesses ambientado em meados da década de 50 do século passado, por exemplo. "Deus" actualmente, pelo menos na realidade do nosso país, dificilmente dá azo a patologias como a da Sara. Achei o episódio do Padrão dos Descobrimentos um tanto ou quanto exagerado e inesperado. Terias que ter dado muitas mais pistas, subtilmente, de que a acção podia resvalar nesse sentido. E, se tentaste dar significado aos actos dela - como gravar um 7 na pele - podias ter escolhido também um local mais significativo para ela tentar esse acto. O padrão não tem significado religioso, não compreendi a escolha do local. Acho que o diálogo religioso tinha que estar melhor desenvolvido, embora a tua pesquisa seja óbvia, uma vez que o tema central do livro era precisamente essa religiosidade exacerbada d'"A Devota".
Agora o bom: o diálogo sobre a persistência do número 7 nos diversos campos da ciência, religiosidade e cultura prendeu-me realmente, mas depois não foi a lado nenhum, acabei por não entender a pertinência desse número. O sugerido é que é alguma implicação religiosa ou pagã, uma vez que é o Tomás e não a Sara quem o venera? Quais são as crenças dele, afinal? Estão mal esclarecidas.
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O romance “ A Devota”, do jovem autor Ricardo Tomaz Alves, surpreendeu-nos pela positiva, sendo, mais uma vez, uma prova de que em Portugal existem bons escritores, com a mais valia de ser usada a narrativa para dar a conhecer realidades e locais tão Portugueses. A Devota conta-nos parte da história de vida de Sara, uma jovem criada no seio de uma família Católica e bastante conservadora, mas que, como todas as famílias, guarda alguns segredos que irão ser descobertos pela jovem, da maneira menos desejável e mais dolorosa, sendo uma marca que terá repercussões no futuro desta personagem. Sara, após a morte do pai, irá experimentar a vivência num colégio de orientação Católica, bastante conservador e repressivo, um mundo onde convivem o bem e o mal, e onde irá descobrir a melhor amiga, o amor da sua vida, pessoas que verdadeiramente a estimam e admiram, mas também o reverso da medalha das relações humanas e institucionais, alguns inimigos, com destaque para as vilãs Rute Oliveira e Irmã Joana. A narrativa prima pela originalidade, e decorre a bom ritmo, sendo de fácil leitura e mostrando-se com um estilo de escrita simples e acessível, mas em simultâneo, bastante cuidado. E é bem mais do que um vulgar e simples romance, já que desperta nos leitores mais atentos algumas reflexões de natureza filosófica e até religiosa, bem como acerca do carácter e formação de personalidade dos seres humanos, considerando-se a multiplicidade de factores que condicionam tais factos (sejam eles, a família e o tipo de valores e formação ali transmitidos, o ambiente do local onde se estuda e a orientação da escola ou colégio, a maior ou menor predisposição para partir à descoberta de novos horizontes de conhecimento, e a conciliação mais ou menos correcta, dos velhos com novos valores e objectivos a alcançar num mesmo percurso de vida). E mesmo os leitores mais românticos não vão ficar desapontados ao acompanhar a evolução da belíssima história de amor que irá ser vivida entre Sara e Tomás. Apreciei, em especial, os percursos das personagens pela maravilhosa e mística Vila de Sintra, e o ambiente vivido na “Casa”, onde se privilegia o conhecimento e a cultura num espaço de enriquecimento e liberdade de expressão, onde convivem espíritos que poderemos classificar de especiais e livres (ou que aprendem a sê-lo). E quase me atrevo a desejar que seria tão bom que muitos dos nossos jovens, da actual geração, pudessem frequentar um local onde lhes dessem a conhecer os grandes clássicos da literatura e também os autores contemporâneos, numa sociedade de consumo onde os valores não existem (salvo honrosas e cada vez mais raras excepções), e onde a cultura e a leitura são vistas como algo “assustador”, “fastidioso” e mesmo “desnecessário”, porque é tão mais fácil carregar num botão e ver um filme (do que ler um livro), ou pesquisar na internet (nem sempre com a sensibilidade para distinguir as fontes fidedignas das que não o são).
Perdoar-me-ão o desabafo, mas muitos dos nossos jovens das mais recentes gerações da aldeia global precisavam de descobrir a sua “Casa” e o prazer em alargar os seus conhecimentos. Obviamente que este meu desabafo não é “inocente” pois que para melhor o entenderem, será vivamente aconselhável a leitura de “ A Devota”.
Não sei bem o que pensar...! Gostei até metade do livro, mas as últimas páginas foram muito estranhas. A escrita é simples, básica, o tema até é apelativo e consegui aprender alguma coisa (sendo eu uma pessoa que não liga o mínimo à religião) mas a explicação de como a Sara ficou no estado em que ficou, para mim não funcionou.
Antes de falar do conteúdo do livro, não posso deixar de mencionar a magnífica capa e contracapa desta edição comemorativa, tão bonita e fazendo lembrar a estética os anos vinte. Relativamente à narrativa, é fluída, num discurso simples mas cuidado. Considero que os personagens poderiam ser mais explorados pelo autor, pois à exceção da Sara e da D. Aurora, são poucas as informações que temos dos restantes. Também o tempo dos acontecimentos me parece um pouco desequilibrado, na medida em que a vida adulta de Sara carecia de mais desenvolvimento. Contudo, as descrições de Sintra revelam encantamento e impelem-me a querer vivenciar, In loco, a magia dos vários espaços mencionados. Igualmente interessante é a exploração da ideia de que a descoberta de entendimento do mundo, para lá daquilo que nos é facultado (no seio familiar e através de uma instituição de ensino), pode causar preocupação e consequentes distúrbios de foro psicológico. Este é um romance que dificilmente deixará o leitor indiferente!
Mais um livro que leio do Ricardo e mais uma vez fiquei surpreendida. O tema foi algo que temi. Tive receio de não gostar, não sabia o que esperar... Mexeu com os meus nervos, colocou as minhas emoções ao rubro... Precisei de respirar fundo! Adorei a forma como o tema da religião foi abordado, como consegue bater em pontos importantes, não colocando a fé de ninguém em questão. Mas é muito mais que isso! Este livro é acima de tudo sobre saúde mental. Sobre como o nosso mundo pode virar do avesso e como lidar com este problema não é fácil! É uma verdadeira chapada de luva branca, um acordar para a realidade de forma nua e crua. Sem "romantizar" algo tão forte e sério. O final? Para mim foi perfeito! Fez todo o sentido...
A escrita do Ricardo tem uma evolução brutal. É incrível como em cada livro encontramos um tema diferente, como viajamos a uma realidade e gênero completamente oposto do anterior. Adorei! Esqueçam a questão religiosa se é o que vos faz não ler este livro! Acreditem é muito mais profundo que isso...
Confesso que tinha altas expectativas para este livro, tendo eu simplesmente adorado os dois livros que li anteriormente deste autor. Infelizmente ficou muito aquém das minhas expectativas. Este livro nada tem a ver com os anteriores, neste o autor conta-nos a história de Sara, criada num seio católico e que vai estudar para um convento. Levando assim a sua já crença ao mais alto nível do fanatismo tornando-se uma pessoa demasiado instável. Este livro aborda temas como: religião, saúde mental, violência doméstica, alienação parental e o amor. O lado positivo é que neste livro se pode aprender facilmente os 10 mandamentos entre muitos outros temas católicos, e também é um verdadeiro mapa sobre Sintra e a sua história. Tornando assim a sua leitura um pouco mais agradável.
É o 2º livro que leio do autor. Devo confessar que esta edição comemorativa deixou-me de boca aberta de tão linda que é e fiquei logo com vontade de a ter antes sequer de ler a sinopse da história.
Sara nasceu no seio de uma família bastante religiosa. Depois de um acontecimento trágico, a sua mãe decide que é altura de Sara frequentar um colégio de Freiras e ficar ainda mais perto de Deus. O problema é que os acontecimentos trágicos não ficam por ai, e são eles que vão influenciando a personalidade de Sara e a necessidade de refúgio nos ensinamentos.
Gostei bastante de existir um personagem que questiona esses mesmos ensinamentos e põe os outros a pensar. São essas e outras questões que vão criar um turbilhão na mente de Sara, curiosa por natureza, contudo a certa altura a sua busca por respostas fica descontrolada. Isto mostra que viver uma vida "enclausurada" ou ter uma mente demasiado fechada (por opção ou imposição), e de repente ter acesso a tudo sem limites, pode mudar uma pessoa por completo. Achei a transição de personalidade demasiado abrupta, para mim o ponto menos bom na história, mas será que é mesmo assim que se desenvolvem as patologias mentais? "Queima-se" o último fusível e puff!? 🤯
"A Devota" faz-nos sentir todo o tipo de emoções. Um livro que nos leva a pensar que talvez não gostemos pelo título, revela-se um agradável mistério e encanto. Eu que tanto critíco quem é cego religiosamente, acabo me encontrar no final do livro a sentir empatia pela personagem principal. Talvez pelo desenlace inesperado? Não creio, pois acho que só poderia terminar de tal forma. Talvez por compreender a agonia dela perante tantas questões que pomos ao Mundo? Talvez, mas não responde de todo à minha questão. De certa forma, todos nós procuramos manter a nossa ingenuidade pela vida e, se pudessemos, não cresceríamos para um Mundo tão injusto, cruel e sem lógica na maioria das coisas. Alguém me disse uma vez "o Universo é perfeito, tudo tem uma razão de ser". Sara encanta, faz-nos revoltar, amar e querer lutar. Se ao menos pudessemos ajudá-la ao longo das páginas, evitar a tragédia, tentar mostrar-lhe a realidade de outros pontos de vista e dizer-lhe: não estás sozinha.
Recomendo vivamente a sua leitura. Só lendo se compreende o que "A Devota" tem de tão especial.
A Devota. O último livro de um escritor dedicado, que gosto particularmente escrita simples e acessível. Uma história de luta interior com vários desafios psíquicos da personagem Sara. Confesso que não esperava aquele fim, mas ao mesmo tempo penso que não podia terminar de outra maneira. É a primeira vez que um livro do Ricardo Tomaz Alves me deixa com um sentimento de tristeza talvez por sentir na pele problemas do foro psicológico de alguém que amo muito e dedico me com empanho a essa pessoa. Recomendo a leitura.
Este livro ficou abaixo das minhas expectativas e sendo honesta, eu nem tinha grandes expectativas. A escrita é acessível e os capítulos curtos fazem com que seja muito fácil ler o livro, acabando por se ler rapidamente. Mas a história é muito confusa, com pouca profundidade e com personagens fracas e falta de conteúdo. Demasiado religioso e tudo acontece demasiado rápido e sem exploração. A mensagem podia ter resultado se o autor tivesse seguido outras formas de exploração e aprofundamento da história.
Estava um pouco reticente quanto ao livro devido à temática que o título e os capítulos transmitem porém mostrou ser um livro surpreendentemente agradável e cativante. Gostei, principalmente, da forma como o autor apresenta alguns temas de grande controvérsia. O único ponto 'negativo' que posso comentar é a "rapidez" com que descreve alguns momentos, que quanto a mim, são momentos muito aguardados neste livro.
Ricardo Tomaz Alves leva-nos por uma viagem emocional e curiosa apresentando-nos a educação e perspetiva de Sara. Sara não é uma personagem genérica, mas sim uma personagem complexa e que nós acompanhamos no seu crescimento e na sua crença. Este acompanhamento é muito curioso, pois o que Sara vê do ponto de vista de criança, adolescente e adulta, nós vemos com outros olhos e acompanhamos a sua descoberta da bela Vila de Sintra, a magia do amor e a devoção a Deus.
O Ricardo é um jovem escritor mas promissor. Em "A Devota" ele trata temas por vezes polemicos de forma simples e direta ao mesmo tempo que nos envolve num enredo envolto em misterio e romantismo. Com o tempo, acredito que pode tornar-se um optimo escrito, mais confiante e maduro. Continua Ricardo:)
Acabei de ler " A Devota"! Confesso que o último capítulo me fez chegar as lágrimas aos olhos : ) Bonita história, onde no final o amor vence : ) Estás de parabéns! Continua assim e vais longe Ricardo! : )