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Leme
Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias.
Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo de obsessão, desequilíbrio, solidão, desamparo, poucas certezas e muitas dúvidas. Leme é um golpe de escrita para regressar à vida. Uma cintilação plena de vida e um soco no escuro que nos engole: eis um livro que aponta diretamente aos limites do bem e do mal.
Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo de obsessão, desequilíbrio, solidão, desamparo, poucas certezas e muitas dúvidas. Leme é um golpe de escrita para regressar à vida. Uma cintilação plena de vida e um soco no escuro que nos engole: eis um livro que aponta diretamente aos limites do bem e do mal.
168 pages, Kindle Edition
First published May 1, 2023
63 people are currently reading
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About the author
Madalena Sá Fernandes
3 books230 followersLicenciou-se em Línguas, Literaturas e Culturas pela Universidade Nova de Lisboa.
Escreve crónicas no jornal Público.
Leme é o seu primeiro livro.
Escreve crónicas no jornal Público.
Leme é o seu primeiro livro.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 529 reviews
March 2, 2024
Deixei-me guiar pelo coração ao avaliar este livro. A coragem de Madalena Sá Fernandes ao expor a sua história é tremenda. A sua escrita é genuína e intensa. A violência doméstica é um tema difícil. Felizmente, cada vez se escreve mais sobre ele, sobre a tal ambivalência de que fala a autora, a certeza de se gostar e se odiar ao mesmo tempo uma pessoa próxima. Estão neste livro todos os sentimentos de quem é vítima: a raiva e a vontade de proteger, o terror e a ternura.
Gostei muito da parte em que a autora deixa claro que não há problema de saúde mental que justifique a violência. Esta não se cura com comprimidos.
Gostei muito da parte em que a autora deixa claro que não há problema de saúde mental que justifique a violência. Esta não se cura com comprimidos.
June 29, 2023
Já anteriormente atribuí cinco estrelas a Vanessa Springora e a Tatiana Salem Levy / Joana Jabace por terem tido a coragem de se exporem e de abordarem a violência e o abuso. E, no caso da Madalena Sá Fernandes, também não posso deixar de lhe dar a classificação máxima.
Se é um dos melhores livros do ano? Se tem uma escrita irrepreensível? Obviamente que não, mas é mais uma chamada de atenção em relação a um assunto que deveria ser motivo de preocupação para todos nós.
No seu funeral, a ex-mulher dele, a última, abraçou a minha mãe, a penúltima. As duas choravam muito. Ela disse-lhe ao ouvido: «Era um filho da puta.»
Escrever um livro sobre a violência doméstica sofrida em casa pode ser uma forma extremamente poderosa de catarse, proporcionando uma oportunidade de superação e empoderamento. Existe sempre a esperança de que alguém leia este testemunho e encontre inspiração para se libertar, não deixando de procurar ajuda profissional.
A minha mãe era linda e maquilhava-se muito. (…) Tinha sucesso profissional. (…) Era livre e bem-sucedida. Ele não suportava isso.
Se é um dos melhores livros do ano? Se tem uma escrita irrepreensível? Obviamente que não, mas é mais uma chamada de atenção em relação a um assunto que deveria ser motivo de preocupação para todos nós.
No seu funeral, a ex-mulher dele, a última, abraçou a minha mãe, a penúltima. As duas choravam muito. Ela disse-lhe ao ouvido: «Era um filho da puta.»
Escrever um livro sobre a violência doméstica sofrida em casa pode ser uma forma extremamente poderosa de catarse, proporcionando uma oportunidade de superação e empoderamento. Existe sempre a esperança de que alguém leia este testemunho e encontre inspiração para se libertar, não deixando de procurar ajuda profissional.
A minha mãe era linda e maquilhava-se muito. (…) Tinha sucesso profissional. (…) Era livre e bem-sucedida. Ele não suportava isso.
September 13, 2025
Li uma vez que escrever é mais sobre vestirmo-nos do que sobre despirmo-nos. Que chegamos nus à página, vulneráveis, e que a partir daí vamos colocando peças de roupa, camadas e camadas que vão cobrindo e protegendo a nudez. Gosto dessa imagem. Era o que planeava fazer. Mas em todas as tentativas acabei por não proteger a minha fragilidade, apenas a disfarçava, e o que escrevia era artificial e postiço. Por isso, decidi escrever sobre a realidade e sobre o passado, para tentar fechar de forma dura e clara o que dói.
Nesta altura do campeonato penso que já muita gente terá lido este livro ou saberá mais ou menos do que trata. Pelo menos, no ano anterior, quando foi lançado, tive a sensação de o ver muitas vezes por aqui.
Não quis saber muito para não ter uma opinião enviesada sobre a obra, mas sabia que era um relato da vida da autora, mais precisamente sobre os doze anos que durou a relação entre a sua mãe e o Paulo.
Foi a forma de a autora exorcizar esse demónio, esses anos de alguns momentos bons, mas sobretudo, muitos momentos maus. Eu não teria coragem de o fazer, pois a vergonha iria sempre sobrepor-se, mas a Madalena conseguiu. Não de uma forma piegas ou que nos faça ter pena. É até uma leitura leve e fluída, com passagens curtas e recordações que, me parece, foram escritas à medida que iam surgindo.
Não estando na pele de nenhum dos visados no livro, ainda assim, faz-me confusão os doze anos que a mãe da Madalena passou com um homem cheio de comportamentos abusivos. É um testemunho que nos deixa a pensar no que faríamos numa situação destas.
A necessidade de" escrever" uma pessoa para, de alguma forma, nos apaziguarmos com ela ou dela nos libertarmos, é o que me tem movido para escrever sobre o papel do Paulo na minha vida. Transformando-o em personagem, alimento a crença de que ele passe a pertencer mais a estas páginas do que à minha vida. É uma tentativa de me salvar, não pela fuga, mas pelo encontro na escrita.
Nesta altura do campeonato penso que já muita gente terá lido este livro ou saberá mais ou menos do que trata. Pelo menos, no ano anterior, quando foi lançado, tive a sensação de o ver muitas vezes por aqui.
Não quis saber muito para não ter uma opinião enviesada sobre a obra, mas sabia que era um relato da vida da autora, mais precisamente sobre os doze anos que durou a relação entre a sua mãe e o Paulo.
Foi a forma de a autora exorcizar esse demónio, esses anos de alguns momentos bons, mas sobretudo, muitos momentos maus. Eu não teria coragem de o fazer, pois a vergonha iria sempre sobrepor-se, mas a Madalena conseguiu. Não de uma forma piegas ou que nos faça ter pena. É até uma leitura leve e fluída, com passagens curtas e recordações que, me parece, foram escritas à medida que iam surgindo.
Não estando na pele de nenhum dos visados no livro, ainda assim, faz-me confusão os doze anos que a mãe da Madalena passou com um homem cheio de comportamentos abusivos. É um testemunho que nos deixa a pensar no que faríamos numa situação destas.
A necessidade de" escrever" uma pessoa para, de alguma forma, nos apaziguarmos com ela ou dela nos libertarmos, é o que me tem movido para escrever sobre o papel do Paulo na minha vida. Transformando-o em personagem, alimento a crença de que ele passe a pertencer mais a estas páginas do que à minha vida. É uma tentativa de me salvar, não pela fuga, mas pelo encontro na escrita.
March 28, 2025
Raso. Plano.
Que leitura tão sem sal quando o tema teria tudo para ser um bom livro.
Mas não são os temas que fazem os livros, é a escrita e a qualidade da narrativa.
Neste caso, o livro nascido de uma catarse psicanalítica ficou tudo muito aquém do que pode ser um interessante registo auto-ficional ou memorialístico.
Duas coisas que me fizerem revirar os olhos.
- to much "upper class" para o meu gosto
- a saúde mental como elemento explicativo
"A minha raiva nos tempos seguintes foi direcionada para a caixinha dos remédios. Pensei que ele poderia ter-se tratado muito antes, e poupado tanto sofrimento a tanta gente. Irritei-me com ele e com a sua satisfação por ter descoberto a causa de tudo. Irritei-me por ele ter vindo dizer-me que estava curado, depois de tanto tempo doente."
Que leitura tão sem sal quando o tema teria tudo para ser um bom livro.
Mas não são os temas que fazem os livros, é a escrita e a qualidade da narrativa.
Neste caso, o livro nascido de uma catarse psicanalítica ficou tudo muito aquém do que pode ser um interessante registo auto-ficional ou memorialístico.
Duas coisas que me fizerem revirar os olhos.
- to much "upper class" para o meu gosto
- a saúde mental como elemento explicativo
"A minha raiva nos tempos seguintes foi direcionada para a caixinha dos remédios. Pensei que ele poderia ter-se tratado muito antes, e poupado tanto sofrimento a tanta gente. Irritei-me com ele e com a sua satisfação por ter descoberto a causa de tudo. Irritei-me por ele ter vindo dizer-me que estava curado, depois de tanto tempo doente."
May 15, 2023
Li um dos melhores livros, lançado este ano, escrito por uma escritora portuguesa.
É sempre emocionante quando a literatura portuguesa me toca nesta dimensão. Vibro tanto. Abraço tanto o livro. E releio passagens. Encantada.
Tem as palavras na medida certa. Apesar de ser um livro pequeno, consegue condensar o sofrimento e a angustia de uma mulher, decidida a guardar os seus fantasmas. Consegui criar maior ligação com este livro do que com outros calhamaços que eu li (e vivi várias semanas).
Comovi-me várias vezes. Quando reli também.
A estória consegue encerrar, juntar todos os fios, de forma subtil. Dou por mim a pensar na escrita e na construção deste livro. Na coragem. Com momentos dramáticos, tons de doçura, disfarçados pela ingenuidade infantil, e agora, olhar maduro. Fui surpreendida.
Como podem ver, não revelei nada. Também entrei neste livro sem saber nada. Quando encontramos estas pérolas, no meio de tantas publicações, não podemos guardar só para nós. Para mim, Leme é um dos melhores livros publicados este ano.
Madalena Sá Fernandes é uma lufada de ar fresco no mercado editorial português, é um grande suspiro de alívio e esperança.
Este livro é uma grande inspiração para mim. E talvez a chave transformadora na minha vida. Há livros que mudam a nossa vida. Leme mudou a minha.
https://amulherqueamalivros.blogs.sap...
É sempre emocionante quando a literatura portuguesa me toca nesta dimensão. Vibro tanto. Abraço tanto o livro. E releio passagens. Encantada.
Tem as palavras na medida certa. Apesar de ser um livro pequeno, consegue condensar o sofrimento e a angustia de uma mulher, decidida a guardar os seus fantasmas. Consegui criar maior ligação com este livro do que com outros calhamaços que eu li (e vivi várias semanas).
Comovi-me várias vezes. Quando reli também.
A estória consegue encerrar, juntar todos os fios, de forma subtil. Dou por mim a pensar na escrita e na construção deste livro. Na coragem. Com momentos dramáticos, tons de doçura, disfarçados pela ingenuidade infantil, e agora, olhar maduro. Fui surpreendida.
Como podem ver, não revelei nada. Também entrei neste livro sem saber nada. Quando encontramos estas pérolas, no meio de tantas publicações, não podemos guardar só para nós. Para mim, Leme é um dos melhores livros publicados este ano.
Madalena Sá Fernandes é uma lufada de ar fresco no mercado editorial português, é um grande suspiro de alívio e esperança.
Este livro é uma grande inspiração para mim. E talvez a chave transformadora na minha vida. Há livros que mudam a nossa vida. Leme mudou a minha.
https://amulherqueamalivros.blogs.sap...
March 2, 2024
Lido no kobo, não esperei gostar tanto deste «Leme».
Por um lado, até cerca de um terço do livro, senti que a questão da violência doméstica, por vezes subtil e até passiva, exigia uma estrutura mais densa, outro peso na narrativa que nunca mais vinha. O livro parece, em certa medida, escrito por uma mulher muito jovem, à qual falta uma certa profundidade. Parece uma voz mais juvenil, sobretudo porque antevemos o seu presente, sabemos que é adulta, mas talvez o livro só funcionasse com esse tom mais pueril.
No entanto, na segunda parte da leitura, que me agarrou pelo colarinho e que li de um fôlego, percebi que isto não é um retrato da vida da personagem, e que era essa tridimensionalidade da vida da personagem que estava em falta, e que eu continuava a procurar. Refiro-me a relatos do quotidiano em que o tal Paulo, o padrasto agressivo, não fosse a personagem principal. Foi então que me mentalizei de que o livro é sim um relato da vida com um padrasto abusivo, e vi-me obrigada a repescar o meu próprio lema, segundo o qual menos é mais. Portanto, a autora contornou a palha e levou-nos direitos ao padrasto tóxico.
Somos conduzidos pela sua infância, pelo casamento doloroso da mãe, pelas marcas que essa relação abusiva deixou nela enquanto criança e jovem. Apesar de, a tempos, o sentir um pouco superficial, houve momentos que me arrebataram por me identificar e/ou conhecer pessoas próximas que conviveram com este tipo de violência. Comoveu-me várias vezes, essa violência dos gestos bruscos, das portas a bater, dos estalidos de língua, dos objetos a voar e dos pontapés nas coisas. Toca ainda o tema da molestação de menores que, embora muito sucinto, é muito representativo dos casos reais.
Aquilo que lhe valeu as quatro estrelas foi, acima de tudo, o desprensiosismo ao contar a história, mas também os capítulos curtos que me iam catapultando de uma reflexão para a seguinte. A narrativa não tem exatamente um fio condutor - isto é, não está organizada cronologicamente, por exemplo -, mas isso também não faria sentido. Viajamos de evento marcante em evento marcante, em que por vezes o que dói é apenas a rotina numa casa que não é refúgio.
Houve dois ou três episódios que me atingiram realmente, , e acho que foi nesses momentos que senti a história como real, em que me recordei de que não estava simplesmente perante uma obra de ficção.
Não diria que é um portento da literatura, mas é uma boa estreia de uma autora portuguesa: uma voz sem floreados, episódios palpáveis, um enredo contemporâneo com o qual é fácil identificar-nos.
Vale muito a pena pela abordagem que faz a esta questão de amarmos e odiarmos aqueles que nos são próximos, e a como isso nos rasga a alma.
Por um lado, até cerca de um terço do livro, senti que a questão da violência doméstica, por vezes subtil e até passiva, exigia uma estrutura mais densa, outro peso na narrativa que nunca mais vinha. O livro parece, em certa medida, escrito por uma mulher muito jovem, à qual falta uma certa profundidade. Parece uma voz mais juvenil, sobretudo porque antevemos o seu presente, sabemos que é adulta, mas talvez o livro só funcionasse com esse tom mais pueril.
No entanto, na segunda parte da leitura, que me agarrou pelo colarinho e que li de um fôlego, percebi que isto não é um retrato da vida da personagem, e que era essa tridimensionalidade da vida da personagem que estava em falta, e que eu continuava a procurar. Refiro-me a relatos do quotidiano em que o tal Paulo, o padrasto agressivo, não fosse a personagem principal. Foi então que me mentalizei de que o livro é sim um relato da vida com um padrasto abusivo, e vi-me obrigada a repescar o meu próprio lema, segundo o qual menos é mais. Portanto, a autora contornou a palha e levou-nos direitos ao padrasto tóxico.
Somos conduzidos pela sua infância, pelo casamento doloroso da mãe, pelas marcas que essa relação abusiva deixou nela enquanto criança e jovem. Apesar de, a tempos, o sentir um pouco superficial, houve momentos que me arrebataram por me identificar e/ou conhecer pessoas próximas que conviveram com este tipo de violência. Comoveu-me várias vezes, essa violência dos gestos bruscos, das portas a bater, dos estalidos de língua, dos objetos a voar e dos pontapés nas coisas. Toca ainda o tema da molestação de menores que, embora muito sucinto, é muito representativo dos casos reais.
Aquilo que lhe valeu as quatro estrelas foi, acima de tudo, o desprensiosismo ao contar a história, mas também os capítulos curtos que me iam catapultando de uma reflexão para a seguinte. A narrativa não tem exatamente um fio condutor - isto é, não está organizada cronologicamente, por exemplo -, mas isso também não faria sentido. Viajamos de evento marcante em evento marcante, em que por vezes o que dói é apenas a rotina numa casa que não é refúgio.
Houve dois ou três episódios que me atingiram realmente, , e acho que foi nesses momentos que senti a história como real, em que me recordei de que não estava simplesmente perante uma obra de ficção.
Não diria que é um portento da literatura, mas é uma boa estreia de uma autora portuguesa: uma voz sem floreados, episódios palpáveis, um enredo contemporâneo com o qual é fácil identificar-nos.
Vale muito a pena pela abordagem que faz a esta questão de amarmos e odiarmos aqueles que nos são próximos, e a como isso nos rasga a alma.
September 2, 2025
”Leme” é um livro que nos fala sobre a violência, sobre a perda da inocência na infância e, ao mesmo tempo, sobre a recuperação da capacidade de guiar a própria vida, mesmo após tantas feridas.
Ao longo das páginas, acompanhamos essa luta por conquistar a sua própria voz, aprender a segurar o leme, mesmo depois de tantos traumas, numa narrativa feita de fragmentos de memória, tão crua quanto poética.
Quando criança, a protagonista não tinha o leme nas suas mãos: vivia sob o abuso e violência, sem poder decidir o rumo da sua vida. É apenas na idade adulta que começa o processo de agarrar o leme, de tomar as rédeas e de reencontrar o poder de escolher o caminho.
É uma leitura intensa e emocionalmente profunda. A autora constrói capítulos curtos, diretos e ao mesmo tempo líricos, que convidam a avançar sempre mais uma página. A escrita é crua, simples e rápida, mas que depois fica a ecoar dentro de nós. É daqueles livros que exigem digestão emocional, mesmo quando parecem “simples” na superfície.
”Leme” é, acima de tudo, um retrato da dor, do crescimento e da possibilidade de recomeço. Um livro que nos lembra que, mesmo depois das tempestades, podemos aprender a segurar o leme e a decidir para onde navegar.
Ao longo das páginas, acompanhamos essa luta por conquistar a sua própria voz, aprender a segurar o leme, mesmo depois de tantos traumas, numa narrativa feita de fragmentos de memória, tão crua quanto poética.
Quando criança, a protagonista não tinha o leme nas suas mãos: vivia sob o abuso e violência, sem poder decidir o rumo da sua vida. É apenas na idade adulta que começa o processo de agarrar o leme, de tomar as rédeas e de reencontrar o poder de escolher o caminho.
É uma leitura intensa e emocionalmente profunda. A autora constrói capítulos curtos, diretos e ao mesmo tempo líricos, que convidam a avançar sempre mais uma página. A escrita é crua, simples e rápida, mas que depois fica a ecoar dentro de nós. É daqueles livros que exigem digestão emocional, mesmo quando parecem “simples” na superfície.
”Leme” é, acima de tudo, um retrato da dor, do crescimento e da possibilidade de recomeço. Um livro que nos lembra que, mesmo depois das tempestades, podemos aprender a segurar o leme e a decidir para onde navegar.
March 19, 2024
2,35 😐
"Ele também estragou a tua infância? "
Fazia parte da lista de livros que queria ler o ano passado.
Nada de especial, não me cativou e a meu ver realmente não parece um livro publicado mas sim um conjunto de ideias soltas e desorganizadas...
Esperava mais de uma obra com classificação tão alta no Goodreads.
"Ele também estragou a tua infância? "
Fazia parte da lista de livros que queria ler o ano passado.
Nada de especial, não me cativou e a meu ver realmente não parece um livro publicado mas sim um conjunto de ideias soltas e desorganizadas...
Esperava mais de uma obra com classificação tão alta no Goodreads.
May 26, 2023
Soube deste livro e desta escritora através da Mariana Alvim e do seu podcast “Vale a Pena”.
Estava numa fase a que os brasileiros chamam de “ressaca literária” , folheava vários , lia resumos e reviews no Goodreads e nada me apetecia ler
.
Trata-se de mais uma catarse parecida com outras que tenho lido nos últimos tempos .
Pelo que percebo os psicólogos aconselham: “Escreva tudo o que a angustia e a perturba “.
Acho que a autora podia ter descarregado as suas frustrações num diário e guardá-lo em sua casa ou dar a ler a algumas poucas pessoas .
Ou escrever um blogue.
Ou …
Ou….
Mas publicar em forma de livro ?
Qual é a finalidade ?
Vender?
Tenho impressão que vou ficar mais uns tempos em “ressaca literária “ .
😩
Estava numa fase a que os brasileiros chamam de “ressaca literária” , folheava vários , lia resumos e reviews no Goodreads e nada me apetecia ler
.
Trata-se de mais uma catarse parecida com outras que tenho lido nos últimos tempos .
Pelo que percebo os psicólogos aconselham: “Escreva tudo o que a angustia e a perturba “.
Acho que a autora podia ter descarregado as suas frustrações num diário e guardá-lo em sua casa ou dar a ler a algumas poucas pessoas .
Ou escrever um blogue.
Ou …
Ou….
Mas publicar em forma de livro ?
Qual é a finalidade ?
Vender?
Tenho impressão que vou ficar mais uns tempos em “ressaca literária “ .
😩
August 16, 2023
O tema é forte, a execução não tanto.
Frases curtas, que perdem o impacto porque todo o livro é em grande parte constituído pelas mesmas. Podia escapar, fossemos nós considerar que o livro tinha sido escrito sob a perspetiva de uma criança, mas percebemos em alguns momentos mais trabalhados que não.
Este livro seria um ótimo caderno de notas de apoio a um livro a sério, em que a experiência pessoal registada aqui servisse como base para uma narrativa menos plana e menos centrada no próprio umbigo e no próprio sofrimento. A autora podia ter partido da sua própria experiência e mundo privilegiado e comparar com outras classes sociais, com outros tempos, com outras mulheres, com outras crianças, com outras famílias, com outros países.
Queria mesmo ter gostado deste livro, é um tema que me interessa e preocupa, mas não me enriqueceu em nada e não vai além da mera coscuvilhice.
Frases curtas, que perdem o impacto porque todo o livro é em grande parte constituído pelas mesmas. Podia escapar, fossemos nós considerar que o livro tinha sido escrito sob a perspetiva de uma criança, mas percebemos em alguns momentos mais trabalhados que não.
Este livro seria um ótimo caderno de notas de apoio a um livro a sério, em que a experiência pessoal registada aqui servisse como base para uma narrativa menos plana e menos centrada no próprio umbigo e no próprio sofrimento. A autora podia ter partido da sua própria experiência e mundo privilegiado e comparar com outras classes sociais, com outros tempos, com outras mulheres, com outras crianças, com outras famílias, com outros países.
Queria mesmo ter gostado deste livro, é um tema que me interessa e preocupa, mas não me enriqueceu em nada e não vai além da mera coscuvilhice.
October 20, 2023
Set. 2023
Marcas que ficam de uma infância e juventude...
Uma escrita muito simples.
Um conjunto de relatos vividos no passado e que teimam não deixar o presente, daí este livro tão intimista... talvez uma forma de exorcizar esses demónios e fantasmas que acompanham a narradora.
Marcas que ficam de uma infância e juventude...
Uma escrita muito simples.
Um conjunto de relatos vividos no passado e que teimam não deixar o presente, daí este livro tão intimista... talvez uma forma de exorcizar esses demónios e fantasmas que acompanham a narradora.
July 22, 2023
Desapontou-me...
NOTA - 07/10
NOTA - 07/10
June 18, 2023
Este é um livro autobiográfico ou de autoficção, categorizado como romance, daí a minha dúvida.
Com uma escrita simples, capítulos curtos, lê-se muito bem numa tarde, embora o seu conteúdo seja duro, real, sobre a violência doméstica, as marcas que deixa gravadas a ferro e fogo durante toda uma vida.
Considero-o um livro catártico e, apesar da violência, não senti que fosse uma narrativa cheia de ódio pelo perpetrador, nem um apontar de culpas desnecessárias.
Senti que é nossa responsabilidade decidir o que fazer com as dores da vida, se nos deixamos encaminhar para o abismo ou se, pelo contrário, fazemos das nossas experiências um caminho para evoluirmos.
Gostei muito!
Com uma escrita simples, capítulos curtos, lê-se muito bem numa tarde, embora o seu conteúdo seja duro, real, sobre a violência doméstica, as marcas que deixa gravadas a ferro e fogo durante toda uma vida.
Considero-o um livro catártico e, apesar da violência, não senti que fosse uma narrativa cheia de ódio pelo perpetrador, nem um apontar de culpas desnecessárias.
Senti que é nossa responsabilidade decidir o que fazer com as dores da vida, se nos deixamos encaminhar para o abismo ou se, pelo contrário, fazemos das nossas experiências um caminho para evoluirmos.
Gostei muito!
October 8, 2023
Arrebatador e memorável. Não há muito mais que possa dizer sobre este livro que não tenha já sido dito, e eu concordo com todo o carinho que lhe tem sido dado.
March 19, 2024
Um livro duro! Nunca é fácil ler acerca de violência doméstica e pelo ponto de vista de uma criança, a tensão e o medo ao crescer num ambiante tóxico deixando marcas e traumas para a vida adulta. Livro pequeno mas intenso.
July 21, 2024
Muito bem escrito e marcante, sem dúvida. Mas algo fragmentado... a certa altura torna-se uma sequência de pequenas notas. Ainda assim, valeu a pena.
August 13, 2023
Lamento as vozes que se fizeram levantar a aplaudir o romance autobiográfico de Madalena Sá Fernandes, Leme, mas aqui desde lado não surgem boas notícias para vos serem contadas após esta leitura.
De capítulos curtos e uma escrita demasiado simples, este auto romance é focado no tema da violência doméstica e o que tais comportamentos provocam no momento e para a vida futura de uma pessoa. Leme invoca as memórias de uma mulher que sofreu enquanto jovem vários momentos de violência, a maioria psicológica, do parceiro da sua mãe que ao mesmo tempo fechava os olhos a tais comportamentos. O tema é duro, pesado e lastimável, no entanto a forma como a autora o conduziu não correu da melhor forma, desfiando rápidas memórias sem conseguir esmiuçar os momentos para levar o leitor a ficar preso às suas trágicas e pesadas vivências, como se só quisesse apresentar factos para se livrar ela própria do que ficou para trás, sem se lembrar que quem está desde lado necessita de criar ligações com a história de cada personagem. O tema está lá só não foi bem desenvolvido e ao ser uma autobiografia tinha tanto a obrigação de ter corrido melhor.
Leme foi aquele livro bem recomendado e que acabou por desiludir na sua totalidade, num complexo balançar entre amor e ódio, quando o amor representa o quanto bem é aplaudido por muitos e o ódio por no que me toca a mim ficar guardado numa gaveta distante das boas leituras deste ano.
Fica a mensagem de alerta para quem sofra de violência doméstica de que está sempre a tempo de se libertar e procurar ajuda mesmo quando a mesma parece distante. Neste Mundo nunca estamos sozinhos e tudo tem uma volta para ser dada, mesmo quando o horizonte parece pintado de negro.
De capítulos curtos e uma escrita demasiado simples, este auto romance é focado no tema da violência doméstica e o que tais comportamentos provocam no momento e para a vida futura de uma pessoa. Leme invoca as memórias de uma mulher que sofreu enquanto jovem vários momentos de violência, a maioria psicológica, do parceiro da sua mãe que ao mesmo tempo fechava os olhos a tais comportamentos. O tema é duro, pesado e lastimável, no entanto a forma como a autora o conduziu não correu da melhor forma, desfiando rápidas memórias sem conseguir esmiuçar os momentos para levar o leitor a ficar preso às suas trágicas e pesadas vivências, como se só quisesse apresentar factos para se livrar ela própria do que ficou para trás, sem se lembrar que quem está desde lado necessita de criar ligações com a história de cada personagem. O tema está lá só não foi bem desenvolvido e ao ser uma autobiografia tinha tanto a obrigação de ter corrido melhor.
Leme foi aquele livro bem recomendado e que acabou por desiludir na sua totalidade, num complexo balançar entre amor e ódio, quando o amor representa o quanto bem é aplaudido por muitos e o ódio por no que me toca a mim ficar guardado numa gaveta distante das boas leituras deste ano.
Fica a mensagem de alerta para quem sofra de violência doméstica de que está sempre a tempo de se libertar e procurar ajuda mesmo quando a mesma parece distante. Neste Mundo nunca estamos sozinhos e tudo tem uma volta para ser dada, mesmo quando o horizonte parece pintado de negro.
June 30, 2024
Há livros que se tornam perigosos quando neles nos revemos demasiado, demasiado dolorosos porque são um espelho. Genuinamente bons precisamente porque são um espelho, dizem aquilo que nunca conseguiríamos pôr em palavras, fazem-nos sentir menos sós, que não fomos os únicos. Os adultos têm um impacto vital na forma como crescemos e na forma como nos colocamos perante o mundo, crescer dentro de uma relação tóxica deixa as suas marcas. Resta-nos encontrar o leme e dominá-lo, enfrentar a tempestade, atravessá-la, aceitar que foi assim e levar o navio para um bom porto. De nada vale fechar os olhos.
June 15, 2023
Muito pessoal e real.
Vou partilhar tudo em vídeo no Livros à Lareira com chá!
Recomendo
Vou partilhar tudo em vídeo no Livros à Lareira com chá!
Recomendo
March 22, 2025
“Lembro-me de uma frase de Margaret Atwood: “Os homens têm medo de que as mulheres se riam deles. As mulheres têm medo de que os homens as matem.”
June 12, 2023
"Memória ou ficção? O leitor dirá"
Os stories e publicações da Penguin, no instagram, não me passaram despercebidas. Apaixonei-me por este livro só por esta capa, um óleo sobre tela de Joaquin Sorolla y Bastida. Vi que ia haver o lançamento, não ia fazer nada durante essa tarde, decidi ir assistir. Não sabia de que se tratava. Comprei o livro e li cerca de um quarto a caminho do local. E que lançamento.
No dia seguinte li o restante de uma assentada. Levei-o para o encontro de leitores #leréomelhorremédio da Biblioteca José Saramago em Loures, onde pude falar um pouco sobre ele, ler algumas passagens, tentar pôr em palavras o que senti.
Antes de mais, obrigada Madalena. Seja memória, seja ficção, obrigada por este testemunho tão duro. Fico feliz que tenhas utilizado a escrita para te libertares, que tenhas dado nome e forma a esse teu medo. E por isso é um livro que poderia perfeitamente levar para as minhas aulas na faculdade. Aprendemos que muitas vezes para desconstruir as emoções negativas com as crianças, devemos transformá-las em personagens, dar-lhes nome.
Para mim o mais deslumbrante são as imagens que a Madalena nos vai deixando através da sua escrita. Escrita esta sem floreados, uma narrativa muito crua. São imagens de uma história de violência doméstica, tóxica, psicológica e não só. Através de capítulos curtos vamos passando por anos e anos da vida de uma criança que tenta sobreviver e compreender o mundo à sua volta.
Há passagens muito fortes, por isso não será um livro para os mais sensíveis. Mas é um que todos deveríamos ler para compreender as marcas que este tipo de vivências deixam nas crianças.
Fico feliz que a Madalena tenha escrito este livro, que tenhas honrado o seu psicanalista José Gabriel Pereira Bastos, a sua história e a garra da sua mãe.
Os stories e publicações da Penguin, no instagram, não me passaram despercebidas. Apaixonei-me por este livro só por esta capa, um óleo sobre tela de Joaquin Sorolla y Bastida. Vi que ia haver o lançamento, não ia fazer nada durante essa tarde, decidi ir assistir. Não sabia de que se tratava. Comprei o livro e li cerca de um quarto a caminho do local. E que lançamento.
No dia seguinte li o restante de uma assentada. Levei-o para o encontro de leitores #leréomelhorremédio da Biblioteca José Saramago em Loures, onde pude falar um pouco sobre ele, ler algumas passagens, tentar pôr em palavras o que senti.
Antes de mais, obrigada Madalena. Seja memória, seja ficção, obrigada por este testemunho tão duro. Fico feliz que tenhas utilizado a escrita para te libertares, que tenhas dado nome e forma a esse teu medo. E por isso é um livro que poderia perfeitamente levar para as minhas aulas na faculdade. Aprendemos que muitas vezes para desconstruir as emoções negativas com as crianças, devemos transformá-las em personagens, dar-lhes nome.
Para mim o mais deslumbrante são as imagens que a Madalena nos vai deixando através da sua escrita. Escrita esta sem floreados, uma narrativa muito crua. São imagens de uma história de violência doméstica, tóxica, psicológica e não só. Através de capítulos curtos vamos passando por anos e anos da vida de uma criança que tenta sobreviver e compreender o mundo à sua volta.
Há passagens muito fortes, por isso não será um livro para os mais sensíveis. Mas é um que todos deveríamos ler para compreender as marcas que este tipo de vivências deixam nas crianças.
Fico feliz que a Madalena tenha escrito este livro, que tenhas honrado o seu psicanalista José Gabriel Pereira Bastos, a sua história e a garra da sua mãe.
May 2, 2023
Ainda não sei bem o que dizer deste livro. Foi como ler o diário de alguém, mas apenas algumas partes, sem grandes pormenores e sem desenvolver muito as situações. Todo o tom do livro é triste, pesado, mesmo quando fala dos momentos alegres. Senti que há potencial, mas fiquei com a sensação que falta qualquer coisa e que em algumas partes as coisas eram incongruêntes. A escrita é promissora, gostei muito de algumas analogias que a autora fez, mas por outro lado não gostei da forma como abordou alguns aspectos referentes à saúde mental.
September 3, 2024
Um livro cruel sobre a violência doméstica. Impressionante como a escritora consegue tornar tudo tão real ao ponto de ser um livro possível de se ler num só dia, pelo tamanho, mas a dureza não o deixar
July 13, 2023
3,5 ⭐️
July 26, 2024
"Há episódios que são dolorosos de recordar. Mas é fundamental fazê-lo, caso contrário, continuarão a impor a sua presença no meu espaço. E uma memória violenta que não se destacou será sempre um assunto por resolver."
Gostei, mas esperava mais. Faltou-me qualquer coisa. A escrita da autora é impecável e o tema do livro bastante pesado, mas a forma como a história está contada fez com que não conseguisse sentir o que, provavelmente, a autora tentou transmitir.
3.5⭐
Gostei, mas esperava mais. Faltou-me qualquer coisa. A escrita da autora é impecável e o tema do livro bastante pesado, mas a forma como a história está contada fez com que não conseguisse sentir o que, provavelmente, a autora tentou transmitir.
3.5⭐
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