Miguel Esteves Cardoso reuniu em livro alguns de seus artigos antes publicados em jornal nos anos 80. A Causa das Coisas põe a gente a rolar de rir, também por causa do vocabulário. Como se trata da «causa» das «coisas» ele organizou o livro listando primeiro as causas, com títulos começando com a letra A, até aos de letra Z. Depois, um capítulo sobre coisas. E, finalmente, o texto sobre a causa das coisas.
Luis Nassif, 2011 http://www.advivo.com.br/blog/luisnas...
Miguel Esteves Cardoso is a Portuguese writer, translator, critic and journalist. He's a well known monarchist and conservative.
Miguel was born in a middle class family in Lisbon. His father, Joaquim Carlos Esteves Cardoso, was Portuguese and his mother, Hazel Diana Smith, was English. He had a good education and the advantage of a bilingual and bicultural upbringing, helping him to develop an outsider's detachment from the culture of his birth country. In 1979, he graduated from Manchester University in political studies and four years later, in 1983, he received his doctorate in Political Philosophy. While there he made contact with some of the New Wave bands of the Factory records like Joy Division or New Order.
In 1981 Cardoso became the father of twin girls. One year later he returned to Portugal, where he worked as an assisting investigator of the Social Studies Institute on the Lisbon University. He later became a supporting teacher of political sociology in ISCTE and then returned to Manchester University for a postdoctorate in Political Philosophy oriented by Derek Parfit and Joseph Raz.
Entre as afecções de boca dos portugueses que nem a pasta medicinal Couto pode curar, nenhuma há tão generalizada e galopante como a Portugalite. A Portugalite é uma inflamação nervosa que consiste em estar sempre a dizer mal de Portugal. É altamente contagiosa (transmite-se pela saliva) e até hoje não se descobriu cura.
Um retrato crítico do que tem sido viver a vida à portuguesa.
Embora sejam Retalhos do Comportamento Social dos anos 80, os portugueses continuam assim... Dir-se-ia que MEC captou a essência da Alma Lusitana 😉
Apenas crónicas... Portugal e os portugueses! O Miguel diz mal de quem gosta! Detalhes deliciosos do quotidiano dos portugueses Muito interessante! Com humor... Podemos extrapolar... Sempre... Apenas crónicas?
Mestre Miguel Esteves Cardoso à solta e a dizer mal do país e dos seus habitantes. Mal é como quem diz, porque MEC apenas retrata a realidade de um povo adormecido e com muitos defeitos. Quem se sentir atingido pelos textos de MEC é porque achou o livro uma autêntica obra prima. Sem MEC, o país não podia viver!
A Causa das Coisas é uma compilação de crónicas sobre os portugueses, principalmente as coisas mais ridículas, estúpidas e retrógradas que nos caracterizam. Foram escritas há quase 40 anos e é assustador ver como quase nada mudou e retira-me a esperança de ver grandes e rápidas alterações (para melhor) na sociedade portuguesa. Fico muito admirada com a forma como o MEC escreve: primeiro é preciso ser muitíssimo perspicaz para “apanhar” a nossa essência assim tão bem. Em segundo é preciso ser muito talentoso para expressar essas observações usando a língua portuguesa da forma como ele a usa, brinca com as palavras e tira da nossa língua o maior proveito possível para transmitir as considerações tecidas. Terceiro: muito humor. Não concordo com tudo o que o MEC diz mas concordo com muita coisa e queria saber escrever assim, dando o máximo uso a uma palavra em prol da expressão perfeita de um pensamento. Demorei muitos meses para ler porque o livro é extenso e cansava-me ler tantas crónicas seguidas mas foi o meu segundo livro enquanto lia outras coisas e funcionou muito bem assim.
Só um português se pode rir de Portugal e este é o livro ideal para isso. Se há alguém que é capaz de fazer um estudo sociológico, escatológico e hilariante dessa coisa que é ser português é Miguel Esteves Cardoso.
As crónicas do Miguel Esteves Cardoso são quase sempre muito interesantes e por vezes bem humoradas. A sua capacidade para pegar em pequenos detalhes do nosso quotidiano e deles fazer extrapolações sócio culturais é fabulosa. Contudo o autor parece oscilar entre uma admiração, porventura excessiva, dos hábitos dos portugueses e o seu contrário, sem se perceber muito bem qual é sua verdadeira posição. Mas isso talvez fosse esperar demasiado dum livro que afinal é uma simples coleção de crónicas de jornal...
Comprei este livro há alguns anos, lia-o basicamente por assuntos de interesse, mas desta vez resolvi lê-lo por completo e foi uma divertida e instrutiva leitura. Já ouvi portugueses falarem de Miguel com certo rancor pela forma como ele expõe tão bem a fraqueza e as virtudes do seu povo. Um livro que precisa ser lido por quem vive em Portugal.
Já li há muitos anos, gosto de tudo o que o MEC escreve, ele pura e simplesmente diz por palavras, aquilo que eu penso, mas que não consigo pôr por palavras. muito obrigada MEC. recomendo vivamente, principalmente a estrangeiros que lêm português
Era um adolescente, haveria de descobrir a revista K e não existia mais ninguém a escrever crónicas assim. A análise da portugalidade através dos maneirismos de linguagem era deliciosa e imensamente pertinente. Sinto saudades do MEC dessa altura. Ou serão saudades de ser adolescente?
"É o facto cultural mais assustador de todos - os portugueses não lêem livros. Em nenhum outro país da Europa é tão raro ver alguém a ler um livro em público. Causa genuína aflição vê-los a não ler. Na praia, nas salas de espera, nos comboios, enquanto almoçam sozinhos, nos cafés... em toda a parte se vê uma população atarefadamente dedicada à actividade de não-ler. Porque é que não aproveitam estes tempos mortos? Não se sabe. Uma das causas será o facto do português ter horror à solidão. Esteja onde estiver, e por muito entediada que seja a sua condição, o português prefere estar a olhar para os outros - os tais que, por sua vez (e em vez de estar a ler), estão a olhar para ele. O português tem medo de se mergulhar num livro, porque isso significa que deixa de estar à coca. Não pode estar em lado nenhum sem sentir que está de serviço , a controlar a situação. Olha os que entram, os que saem; os que ficam, os que voam e fazem «Bzzz...». Nem é só por bisbilhotice - é por desconfiança. Não pegam num livro porque têm medo de apanhar com uma paulada nas costas enquanto estão distraídos. Para um português, ler é estar desprevenido."
Falo conjuntamente dos 4 livros de crónicas de Miguel Esteves Cardoso: As Minhas Aventuras na República Portuguesa, A Causa das Coisas, Os Meus Problemas e Ultimo Volume.
Quando se junta um escritor hábil e talentoso com uma visão do mundo lúcida e actualizada e uma cultura considerável, obtemos crónicas notáveis, como as do Miguel Esteves Cardoso. Lembro-me de haver partes destes livros a que voltava vezes sem conta, tanto era o sentido de oportunidade e a graça. Algumas crónicas geravam sempre gargalhadas. Outras, reflexões pertinentes. Actualmente, o autor já não tem paciência para este estilo (e faz bem, tudo tem o seu tempo), mas nas suas mais recentes incursões no Público, continua oportuno. A estes livros de crónicas, ninguém tira o seu lugar na história. Ao mesmo tempo marcam uma dada época e fazem parte da história pessoal de muitos leitores.
Interessantíssimo e divertido livro de crónicas sobre a cultura portuguesa. Para ler, de vez quando como quem não quer a coisa. Melhor crónica - Piropo: ��Os rapazes de hoje já não perguntam as raparigas se os anjos desceram à terra, ou que bem fizeram a Deus para lhes dar uns olhos tão bonitos. Dizem laconicamente, com o ar indiferente que marca o cool da contemporaneidade: “Vamos aí?”(...) “Bute?”. Bute significa qualquer coisa como: “Acho te muito bonita e desejável e adoraria poder levar-te imediatamente para um local distante e deserto onde eu pudesse totalmente desfazer te em sorvete de framboesas”.
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“Em Portugal, ter amor às nossas coisas implica dizer mal delas”
Um conjunto de crónicas escritas nos anos 80 sobre Portugal, o portuga e a essência de ser português, entre outras coisas, que se mantêm estranha e curiosamente actuais. Apesar de o salto geracional por vezes ser grande, a maior parte dos temas continua a fazer sentido e a escrita a preservar o seu humor. Bom para ir lendo.
A minha avaliação deste livro deve-se a: primeiro, eu aparentemente nao ser fã de crónicas; segundo, algumas referências já serem um tanto quanto desatualizadas. Deu na mesma para rir, para me identificar com muitas das coisas e para passar um bom bocado! Não é o meu estilo de leitura preferido, mas um bom livro de toda a forma!
Alguns textos geniais, outros nem por isso. Mas em qualquer caso um excelente retrato de época dos portugueses e de Portugal. Dá para fazer um “descubra as diferenças” com mais de 30 anos de distância. Spoiler: é difícil encontrá-las.
“Dizem que só de devem ler livros bons, e não podia ser mais tamanha a estupidez. Ler é uma necessidade como comer - não é só luxo, arte, e aprender. Quando não há Rosbife, come-se rissol. E quando não há um bom livro, lê-se outra merda qualquer.”
Um falar dos Portugueses e das coisas portuguesas, com humor e com todas as suas particularidades. Publicadas em 1986, estas crónicas continuam bem actuais!