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Bom-Crioulo

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Um marinheiro negro apaixona-se por outro, adolescente e loiro. Consuma-se a paixão. Uma mulher madura, portuguesa, seduz depois o adolescente. E a história acaba com um crime. Publicado em 1895 no Brasil, é o primeiro romance em língua portuguesa centrado no tema da homossexualidade.

104 pages, Paperback

First published January 1, 1895

32 people are currently reading
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About the author

Adolfo Caminha

27 books11 followers
Adolfo Ferreira Caminha, more commonly known as Adolfo Caminha, is an Brazilian writer, who was born in Aracati city, state of Ceará, on May 29, 1867. He died in Rio de Janeiro, state of Rio de Janeiro, on January 1, 1897.

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38 (4%)
Displaying 1 - 30 of 117 reviews
Profile Image for Oziel Bispo.
537 reviews85 followers
May 20, 2019
Bom crioulo foi escrito em 1895, faz parte da escola literária chamada naturalismo e foi baseado em um caso real.

Um livro que escandalizou a todos na época, retrata  pela primeira vez o tema da homossexualidade na literatura brasileira, especificamente na marinha Brasileira . Amaro é um escravo fugitivo, que embarca em uma corveta rumo ao Rio de Janeiro. Forte e trabalhador é querido por todos , que até o apelidam de O Bom Crioulo. Só tinha um probleminha; quando bebia só arrumava confusão , e sempre puxava a faca para qualquer um, por isso era temido e respeitado por todos .

Outra fato que mudou sua vida ,foi quando encontrou Aleixo , um adolescente , que Amaro logo se apaixonou justamente por ser diferente dele : Branco e Frágil.

O livro se desenvolve  a partir desse fato, desde a chegada ao Rio de Janeiro, até a ida de ambos ,Bom Crioulo e Aleixo, para a casa de uma viúva perto do porto do Rio de Janeiro.

Amaro no começo via Aleixo quase todos os dias, mas depois foi transferido para outra embarcação onde só saía  uma vez por mês.Esse impasse faz com que os amantes deixem de se ver , e aí que começa a tragédia….

O livro é ousado e chocante apresentando um triângulo amoroso que explora o realismo e a perversão sexual de uma forma que jamais vi em um livro dessa época, com o amor assumindo formas mórbidas e obsessivas. O livro também nos mostra o horror e a violência no meio marítimo , onde os castigos eram à base de chibatadas.

Uma obra consagrada da literatura Brasileira,um clássico , um livro maravilhoso.

Apesar do legado maravilhoso que Adolfo Caminha nos deixou, ele morreu com apenas 29 anos de idade, vítima de tuberculose.
Profile Image for Moureco.
273 reviews3 followers
February 16, 2015
Para um livro escrito em 1895, com esta temática (os amores e desamores entre um marinheiro negro e um grumete adolescente branco), é surpreendente!
Profile Image for César Lasso.
356 reviews117 followers
February 28, 2016
Published in 1895, Bom-Crioulo is a highlight of Brazilian naturalist literature. Militant homosexuals have made it an icon of gay literature, but I’m not fond of that genre and I have nevertheless enjoyed the read. In fact, this is not an erotic novel. There is no description of open sex. And I don’t think the author was a homo himself. This is pure Naturalism, provoking with several taboos – homosexuality in the army and interracial relationship.

3.5 stars.
Profile Image for Flávio Alves.
100 reviews70 followers
August 15, 2023
Gostei muito deste romance! Um livro sobre o poder do amor e do ciúme!
Profile Image for Margarida Galante.
465 reviews43 followers
August 8, 2023
"Bom Crioulo" de Adolfo Caminha foi a sugestão do Paulo Jorge Vieira para o #lerlgbti de Agosto, no instagram. Uma escolha muito interessante dado tratar-se de um livro escrito no final do século XIX, publicado em 1895, muito atacado pela crítica da época. Um romance "maldito" que foi censurado e esquecido até meados do século XX.

Amaro, um marinheiro negro, a quem chamam Bom Crioulo, é surpreendido pela sua atracção por um jovem e loiro grumete, Aleixo. Envolve-o com a sua protecção e torna-o seu amante.
No entanto, o jovem inexperiente vai descobrir a sua sexualidade também com D. Carolina, a proprietária do quarto que Amaro arrenda para quando estão de licença do barco onde trabalham.
Um triângulo amoroso que se vai revelar trágico.

Uma história de paixão e traição, que aborda temas controversos, homosexualidade e racismo, mas que também nos dias de hoje poderá ser considerada ofensiva devido as relações de pedofilia com Aleixo.

Esta edição da Guerra &Paz inclui um útil glossário de termos náuticos e uma nota de edição enquadrando o texto e as opções relativas à ortografia adoptada. Inclui ainda um artigo do autor, publicado em 1896, em que este se defende das críticas e calúnias de que foi alvo após a publicação deste seu livro.
Profile Image for Rafael da Silva.
82 reviews114 followers
March 2, 2018
Um livro muito a frente do seu tempo. Um livro que trata de relações homossexuais entre dois marinheiros, um escravo foragido e um rapaz branco, em 1895. Hoje esse livro seria vítima de críticas por causa de seu tema, homossexualismo interracial, imaginem qual foi a recepção dele no fim do século XIX! A marinha era um dos bastiões do conservadorismo e reacionarismo de então, e tratar desse tema exigiu muita coragem do autor, sendo ele mesmo um segundo-tenente da instituição.

O livro não deixa de fora os pensamentos mais íntimos do Bom-Crioulo, pensamentos que sempre voltavam pro Aleixo, sensações físicas, intimidades, descrições tão íntimas devem ter feito os mais conservadores da época corar. Tais descrições, feitas pela pena de um autor de tamanho talento, devem causar inveja aos atuais autores de livros eróticos. Embora não haja, de fato, descrições dos atos sexuais em detalhes entre eles.

Pra quem estava acostumado com livros românticos a reviravolta literária que o Naturalismo causou deve ter chocado muita gente.
Profile Image for Chris.
409 reviews192 followers
June 28, 2011
Even though this novel was written in 1895, it has none of the typical self-loathing gay characters of many later intervening works. The homosexual relationship of the main characters is treated completely naturally and with no judgement. The translator has done an admirable job in rendering a text that is fresh and convincing. Read this novel if you want a tragic tale of human nature which quite possibly is the first truly modern gay novel.
Profile Image for Jose Santos.
Author 3 books167 followers
August 12, 2023
Uma leitura interessante mas que não me entusiasmou por aí além.
Como pontos positivos, tem a originalidade e ousadia para a época em que foi escrito e por ter colocado como personagem título um personagem homossexual e negro. Gostei da escrita e do contexto histórico apesar de não ter grande descrições da cidade. A narrativa é mais centrada na vida dos marinheiros.
Como pontos negativos, não achei as personagens cativantes e a "coluna vertebral" da história é revelada na Introdução, na explicação de onde o autor se poderia ter baseado. O final deixa de ser surpresa.
Também não gostei do tratamento dado à homosexualidade das personagens. Tenho notado que a homosexualidade, quando escrita por autores heterosexuais, torna-se numa sexualidade fluida e quase um gosto ou uma opção de vida, o que não é totalmente verdade.
Profile Image for Federica ~ Excusetheink.
224 reviews
March 25, 2024
Lasciare alla portata del lettore le immagini di atti sessuali e assassinii era indubbiamente un mezzo per preservarsi dalla censura e, forse, anche di moda per l'epoca in cui è scritto. Fresca di Sébastien Roch ho potuto notare questo: l'autore non lo descrive ma fa male uguale se non di più. Traviati da internet, cinema e televisione come siamo oggi, il non detto non significa che non c'è stato anzi, serve a sottolineare il fatto con un tratto maggiormente marcato. In sintesi ci rende nostalgici, è qualcosa che manca! E tale carenza non compromette la bellezza e la potenza dell'opera finale.

Il negro è un romanzo breve del 1895, di soli cinque anni più giovane del manoscritto di Mirbeau. Qui l'omosessualità non viene occultata, condannata né tantomeno esaltata; Caminha ne fa un ritratto tanto normale (seppur definisca "delitto contro natura" il rapporto appena consumato) e audace per i tempi che finisce nel dimenticatoio per l'intero secolo successivo. Ma sono sentimenti come rabbia e gelosia ad affiorare, vividi e chiari, nel suo testo. E non ci sono esenzioni derivate dall'orientamento sessuale, siamo tutti umani, che piaccia o no.

Un gioiellino, è stata una bella scoperta!
Profile Image for Márcio.
683 reviews1 follower
September 25, 2021
Bom-Crioulo é um verdadeiro caso à parte na literatura brasileira. Tornou-se mais falado e criticado do que conhecido e lido desde sua publicação em 1895. Não é à toa, pois trata de um tema que num país moralmente ambíguo e de uma religiosidade carola hipócrita foi um passo corajoso, apesar das justificativas eugênicas do autor. Caminha não apenas trata do homoerotismo, mas o faz com descrições por vezes quase explícitas.

Amaro, o Bom-Crioulo, é descrito como “um primeira-classe, negro alto, espadaúdo, cara lisa”. Tendo fugido da condição de escravo, alista-se na marinha, onde pensa poder conhecer o mundo. Em uma viagem ao sul do Brasil na corveta em que trabalha, conhece Aleixo, catarinense e filho de pescador, jovem adolescente loiro e de olhos azuis, rechonchudo como um querubim, que se torna marujo na embarcação, querido por todos. Bom-Crioulo apaixona-se pelo marujinho, o seu bonitinho, e até sofre castigos físicos para protegê-lo. Aleixo deixa-se enredar por Amaro, mesmo que aparentemente a contragosto. Quando chegam ao Rio de Janeiro, Bom-Crioulo arrenda um quartinho na pensão de D. Carolina, uma portuguesa quarentona, antiga prostituta que fez sucesso em seu tempo de jovem, e que deve favores a Amaro, que lhe salvou de morrer na ponta de uma faca em um assalto. A partir desse enredo, tece-se a história contada por Adolfo Caminha.

A literatura mundial conheceu outro casal de marinheiros antes; falo de Queequeg e Ismael, personagens de Herman Melville em Moby Dick, cujas descrições por vezes são quase eróticas, mas não sexualmente explícitas como na narração de Caminha. E como num e no outro romance, são sempre os personagens negros os estranhos, aqueles que devem ficar à margem.

Queequeg é o canibal dos mares do sul, um bom selvagem, trabalhador, embora seja temido. Bom-Crioulo, ainda que quase sempre seja apresentado como um bom homem, correto com e no seu trabalho, tem tais características frequentemente esquecidas, sendo apresentado aos olhos dos demais como um animal, pois quando bebe, o colosso de homem torna-se impossível de ser controlado. Em ambos os casos, impera o preconceito das sociedades da época. No caso de Queequeg, essa visão é apresentada pelo próprio Ismael, em primeira pessoa, guardando sempre uma visão carinhosa do outro homem. A narração de Caminha se realize na terceira pessoa e considerando que o autor era republicano e abolicionista, suas descrições pejorativas e racistas podem ser entendidas como a voz das ruas, e não uma voz própria, visto que o indivíduo negro praticamente sempre foi tratado com todos os preconceitos possíveis, subjugado socioeconomicamente, mantendo-se praticamente em um estado de semi-escravidão, que ainda hoje existe na mentalidade brasileira (basta ver a adoção à brasileira, a predisposição das pessoas em achar que todo trabalhador está sujeito ao mando de quem paga, etc).

No entanto, a questão da sexualidade do Bom-Crioulo já é outro capítulo a parte. O livro causou escândalo à sociedade do “faça, mas não diga”, que é a sociedade brasileira, da época e do agora também. João Silvério Trevisan no texto introdutório aponta que Caminha usou o homoerotismo como ilustração, considerando a homossexualidade como ‘inversão sexual’. Assim, o livro, no que diz respeito ao homoerotismo, é mais um estudo do que se entendia por uma “perversão” a partir das ideias eugênicas e racistas da época, como nos informa Trevisan:

Afirmando recusar-se a escrever aquelas cenas de alcova e bordel que os críticos cultuam, Caminha faz sua profissão de fé na moral vigente:
"Qual é mais pernicioso: o Bom Crioulo, em que se estuda e condena o homossexualismo, ou essas página que aí andam pregando, em tom filosófico, a dissolução da família, o concubinato, o amor livre e toda a espécie de imoralidade social?”


Diferentemente de Caminha, que era confesso heterossexual, outros autores homossexuais que escreveram entre o fim do século XIX e primeira metade do século XX, tentaram se adaptar à moral então vigente.
Thomas Mann, chamado de artista mestiço, por ser filho de um alemão e de uma brasileira, e que iniciou sua carreira literária pouco depois da publicação da obra de Caminha, também teve diversos conflitos quanto à sua sexualidade quando confrontada com a sociedade de então. Mann procurou se adaptar às normas sociais de seu tempo sem aderir a elas, vivendo o papel de um artista burguês, e sendo fiel inclusive quanto à moral burguesa em sua vida pessoal, tendo casado, tido filhos e vivido uma vida decente, apesar de seu desejo.
E. M. Foster, que escreveu o seu libertário Maurice em 1913, nunca se permitiu publicar o livro, o qual foi conhecido somente a partir de sua morte em 1970 e, portanto, se trata de uma obra póstuma. O livro teria, de fato, causado grande repercussão, uma vez que a homossexualidade é retratada como algo natural e inerente ao ser humano, assim como a heterossexualidade. Que o indivíduo apenas pode se realizar se for um todo. Foster esteve bastante à frente de seu tempo. No entanto, a Inglaterra possuia leis rígidas quanto à homossexualidade, que só foram derrubadas em 1967.
Profile Image for João.
Author 5 books67 followers
January 20, 2015
O Bom Crioulo é considerado um dos expoentes da vertente naturalista do realismo brasileiro, que se caracterizou por opor ao sentimentalismo exagerado do romantismo os impulsos biológicos e sociológicos que condicionam a natureza humana, propondo-se descrever a vida tal como ela é. Aos personagens e cenários idealizados do romantismo, em que belas donzelas morrem de amores pelos seus bravos príncipes em ambientes idílicos, responde o realismo naturalista com as fortes pulsões biológicas humanas, como a fome e o sexo, oferecendo-nos retratos vivos em que não surgem disfarçadas as mazelas da realidade, por vezes miserável, cruel e abjeta.

Em O Bom Crioulo, Adolfo Caminha escolhe para personagem principal Amaro, um imponente e lúbrico marinheiro negro, escravo fugido de uma fazenda, que se apaixona por Aleixo, um jovem e ingénuo grumete branco do seu navio de guerra. Para além de ter sido uma das primeiras obras literárias brasileiras a apresentar um negro como personagem principal, foi a primeira a ousar escolher como tema principal a homossexualidade. Robert Howes refere mesmo que O Bom Crioulo (1895), de Adolfo Caminha, em conjunto com O Barão de Lavos, de Abel Botelho, e O Senhor Ganimedes (1906), de Alfredo Gallis, “são das primeiras obras literárias modernas numa língua europeia a tratar abertamente o tema da homossexualidade masculina. (…) Em contraste com o tratamento encoberto dos romances ingleses da época, os romances portugueses eram bastante mais abertos no retrato que faziam do sexo e da sexualidade”.

Mas o livro de Adolfo Caminha destaca-se ainda por outro motivo, é o único dos três citados que é quase acrítico em relação à homossexualidade. Enquanto o barão de Abel Botelho é um pederasta que desencaminha rapazes jovens e inocentes para seu prazer sensual, e Alfredo Gallis apresenta o seu livro como um alerta às raparigas casadoiras, para que se previnam de ligações a homens que as desonrarão com os seus vícios, e aos pais, para que não aceitem para os seus filhos uma educação “errada e maricas”, contrapõe Caminha uma narrativa surpreendentemente livre de moralismos exagerados e de homofobia.

O Bom Crioulo foi recebido com escândalo pela crítica literária e com o silêncio do público, devido à ousadia de abordagem de temas tabu, como o sexo inter-racial e a homossexualidade em ambiente militar, com uma frontalidade e erotismo pouco usuais para a época. O romance foi esquecido na primeira metade do século XX mas voltaria a ser publicado na segunda metade do mesmo século, tendo posteriormente sido traduzido para o inglês, espanhol, alemão, francês e italiano. Atualmente, faz parte do programa de leituras do exame vestibular de muitas universidades brasileiras.
Profile Image for Janete Silva.
67 reviews16 followers
August 28, 2023
Provando que esta está longe de ser uma temática recente na literatura, este mês viajamos pela mão de Adolfo Caminha até 1895 para ler o polémico Bom-Crioulo.

Entramos de fininho nesta narrativa, enquanto o autor nos familiariza com os ambientes e personagens e vai colocando sem pressa as cartas na mesa.

Os escritores brasileiros parecem ter a posse da palavra sensual, levando-nos pela narrativa como num embalo. Têm um poder de apelar aos sentidos que não se expressa só na palavra, mas também na descrição dos ambientes, que envolvem e prendem, nas vivências e dinâmicas das suas gentes.

A linguagem de Adolfo Caminha, sensorial e erotizada, prendeu-me conforme se foi tornando progressivamente palpitante. Deixei-me levar pela escrita ritmada que se lê num corredio, em direção a um desfecho que se adivinha apoteótico.

Com uma abordagem audaciosa, este romance espelha os preceitos morais e moralizadores da altura no enquadramento pernicioso que traz da homossexualidade. Um estigma que vem não apenas de quem vê de fora, mas de quem se enxerga com os olhos do próprio preconceito.

Este é assim um romance sobre quereres e rejeições tão intensas que ódio e amor transbordam na mesma medida. É sobre comportamento desviante (pederastia), homofobia internalizada, racismo. Sobre ambivalência e experimentação. É sobre muito mais. É sobre a vontade que se sobrepõe ao medo. A ilusão que se sobrepõe à insegurança. É sobre ciúme e sobre traição.

A traição de quem amamos e acreditamos querer-nos bem chega sempre mais dentro. De tão inesperada, é recebida sem defesas, atingindo-nos no mais fundo do nosso core.
Profile Image for João Roque.
342 reviews17 followers
July 10, 2017
Este romance datado de 1895, é considerado o primeiro livro a abordar directamente um relacionamento homossexual, na literatura de língua portuguesa.
Adolfo Caminha viu, naturalmente, uma recepção pouco entusiasta na altura, embora o livro seja muito contido em descrições que possam ferir susceptibilidades mais frágeis.
Curiosamente nos últimos tempos tem-se visto um interesse cada vez mais acrescido por "Bom-Crioulo", até porque independentemente do tema, é um livro muito bem escrito.
A personagem do Bom Crioulo é muito rica de cambiantes enche por completo a história, este negro marinheiro, ex-escravo e possuidor de um porte físico imponente, além de ter um bom fundo, a não ser quando se embriaga...
O jovem grumete por quem ele se apaixona, nem ele sabe bem porquê, e a portuguesa que o vem a trair são as outras personagens deste romance que aconselho vivamente.
Profile Image for Suellen Rubira.
954 reviews89 followers
May 25, 2011
Se consegui ler em pdf, merece 5 estrelas. E que escritor ousado... =)
Profile Image for Marta Clemente.
752 reviews19 followers
August 4, 2023
"Bom Crioulo" foi escrito por Adolfo Caminha e publicado em 1895. Este livro aborda temas controversos, tais como homossexualidade, pedofilia e racismo. Retrata a vida dos marinheiros na Marinha do Brasil da altura, girando a história em torno do negro Amaro, marinheiro apelidado de Bom Crioulo devido às várias qualidades que apresenta, e do jovem marinheiro Aleixo, por quem este se apaixona.
A história passa-se num cenário realista, com descrições vívidas das rotinas dos marinheiros, mas mostra-nos também os sentimentos e conflitos internos dos personagens.
Um livro muito à frente no seu tempo!
Mais uma excelente recomendação do @diario_de_um_leitor_pjv na sua iniciativa #lerLGBTI.
Profile Image for Bruno Hennemann.
60 reviews
August 9, 2024
Supostamente o primeiro livro ocidental com temática queer é brasileiro, publicado em 1895.
Mas achei decepcionante; a escrita é bem fraca e o enredo não é muito bem desenvolvido.
Profile Image for Antonio Heras.
Author 8 books157 followers
April 24, 2025
Una interesante novela brasileña, de las primeras en tratar de manera abierta (y, a ratos, explícito) el amor (y, sobre todo) el deseo homosexual. Pero no solo eso: las diferencias de clase, el racismo, el sadomasoquismo, ...
Merece la pena leerla (y hasta dedicarle una segunda lectura). Qué interesante es, además, que el autor fuera hetero.
Profile Image for daniela sofia.
649 reviews121 followers
April 27, 2018
Este foi um clássico que nunca ouvi falar, talvez porque é mais conhecido no Brasil do que em Portugal. Assim que li a sinopse senti que podia vir a ser um bom clássico, e eu, que ainda agora comecei a ler clássicos! Gostei de ler Bom Crioulo, é um clássico diferente, foi bom mas achei que podia ter sido melhor. Para mim, existiram certas partes que não fizeram grande sentido para a história, mas mesmo assim o enredo continuou a ser algo de fascinante.

A mensagem principal é muito forte e claro, não é para todos. Um tema bem polémico que a muitos agrada e a outros nem por isso. Gostei do tema e de certa forma gostei da forma como abordaram. Podiam ter aproveitado e explorada a ideia de melhor forma, contudo, o escritor fez um bom trabalho.

Para um clássico tão pequeno é sem dúvida uma preciosidade. Não achei que fosse um clássico cansativo, não tive a tentação de o deixar de lado, queria sempre ler mais e mais. A escrita é muito boa, fluí sem qualquer problema. A escrita é simples e apaixonante. Um clássico que recomendo a qualquer um, principalmente a quem está a começar nesta onda de ler clássicos. Sem dúvida que recomendo o clássico, e vejo-me muito futuramente a reler este clássico e quem sabe, a tirar melhor proveito dele.
Profile Image for Agostinho Barros.
Author 1 book47 followers
June 20, 2016
Com uma linguagem real, o leitor sente-se integrado no ambiente como que se assistisse a todos os acontecimentos que acontecem em primeira mão. O livro inicia-se com o destaque dos pecados e os castigos aplicados aos "criminosos", logo de seguida a fuga do crioulo, a entrada para marinheiro e o conhecer Aleixo e apaixonar-se. Logo após isso menciona a casa que ambos alugam a uma amiga do bom crioulo, cuja acaba tendo um romance com o menino dos olhos azuis, no período em que o negro é capturado e enviado para uma clinica para tratamento de raiva após atacar um membro de autoridade. O livro acaba com a morte de Aleixo pelo negro traído. Aconselho a ler, a todos aqueles que querem ter uma outra perspetiva acerca da literatura centrada no "negro" e na quebra de padrões "socialmente" aceites.
Profile Image for Doug.
2,550 reviews919 followers
August 7, 2016
Noteworthy more for its historical significance than for any intrinsic literary value, this novella, first published in Portuguese in 1895, was one of the first to take a non-judgmental attitude towards homosexuality (despite the fact that the title character, whose nickname would literally be 'Good Creole', is referred to throughout as the 'Good Nigger'!) Writing under the influence of Zola, and the emergent Naturalism that allowed for a more 'open' stance towards sexuality, Caminha's book is nonetheless filled with purple prose, and a plot that owes as much to Othello as it does to Therese Raquin.
Profile Image for Andrei.
488 reviews8 followers
April 5, 2023
Adolfo Caminha created an exceptionally authentic and intense work in Brazilian literature, both from a historical and literary standpoint. The novel was published in 1895, during the peak of the naturalist movement, and portrays the life of a former black slave who becomes involved in a homo-affective relationship with a white sailor. To fully understand the work, it is crucial to know the historical context: slavery had recently been abolished in Brazil and racial tensions were still very present in society. Additionally, homosexuality was seen as a true moral deviation and was criminalized, which made the relationship between the protagonist, Amaro, and the sailor, Aleixo, even more controversial.

The writer portrays reality in a raw and objective way, without romanticism or idealization. The detailed descriptions of the environment and the characters are precise, and there is an emphasis on biological and social issues. Caminha's writing is particularly captivating and sensitive, with a delicate approach to the homo-affective relationship. At the same time, the author also exposes the hypocrisy of society regarding sexuality, making the work even more impactful and current.

Although Amaro managed to free himself from slavery and achieve some financial independence, he is still a victim of the limitations imposed by a racist society. Therefore, it is not surprising that the release of the novel was so controversial. The author himself was seen as a provocateur and subversive, having participated in the abolitionist campaign and being a fierce critic of Brazilian society at the time.

★★★★★

Adolfo Caminha creó una obra excepcionalmente auténtica e intensa en la literatura brasileña, tanto desde el punto de vista histórico como literario. La novela fue publicada en 1895, durante el apogeo del movimiento naturalista, y retrata la vida de un exesclavo negro que se involucra en una relación homoafectiva con un marinero blanco. Para comprender completamente la obra, es crucial conocer el contexto histórico: la esclavitud había sido abolida recientemente en Brasil y las tensiones raciales aún eran muy presentes en la sociedad. Además, la homosexualidad era vista como un verdadero desvío moral y era criminalizada, lo que hacía que la relación entre el protagonista, Amaro, y el marinero, Aleixo, fuera aún más polémica.

El escritor retrata la realidad de forma cruda y objetiva, sin romanticismos ni idealizaciones. Las descripciones detalladas del ambiente y de los personajes son precisas y hay un énfasis en cuestiones biológicas y sociales. La escritura de Caminha es particularmente cautivante y sensible, con un enfoque delicado de la relación homoafectiva. Al mismo tiempo, el autor también expone la hipocresía de la sociedad con respecto a la sexualidad, lo que hace que la obra sea aún más impactante y actual.

A pesar de que Amaro logra liberarse de la esclavitud y alcanzar cierta independencia financiera, aún es víctima de las limitaciones impuestas por una sociedad racista. Por eso, no es sorprendente que el lanzamiento de la novela haya sido tan polémico. El propio autor era visto como provocador y subversivo, habiendo participado en la campaña abolicionista y siendo un crítico férreo de la sociedad brasileña de la época.

★★★★★

Adolfo Caminha criou uma obra excepcionalmente autêntica e intensa na literatura brasileira, tanto do ponto de vista histórico quanto literário. O romance foi publicado em 1895, durante o auge do movimento naturalista, e retrata a vida de um ex-escravo negro que se envolve em um relacionamento homoafetivo com um marinheiro branco. Para entender completamente a obra, é crucial conhecer o contexto histórico: a escravidão havia sido abolida recentemente no Brasil e as tensões raciais ainda eram muito presentes na sociedade. Além disso, a homossexualidade era vista como um verdadeiro desvio moral e era criminalizada, o que tornava o relacionamento entre o protagonista, Amaro, e o marinheiro, Aleixo, ainda mais polêmico.

O escritor retrata a realidade de forma crua e objetiva, sem romantismos ou idealizações. As descrições detalhadas do ambiente e das personagens são precisas e há uma ênfase nas questões biológicas e sociais. A escrita de Caminha é particularmente cativante e sensível, com uma abordagem delicada do relacionamento homoafetivo. Ao mesmo tempo, o autor também expõe a hipocrisia da sociedade em relação à sexualidade, o que torna a obra ainda mais impactante e atual.

Apesar de Amaro ter conseguido se libertar da escravidão e alcançado certa independência financeira, ainda é vítima das limitações impostas por uma sociedade racista. Por isso, não é surpreendente que o lançamento do romance tenha sido tão polêmico. O próprio autor era visto como provocador e subversivo, tendo participado da campanha abolicionista e sendo um crítico ferrenho da sociedade brasileira da época.

★★★★★
Profile Image for Ricardo Silvestre.
206 reviews35 followers
November 28, 2024
Adolfo Caminha foi um escritor brasileiro no final do séc. XIX. Na sua curta passagem por este planeta - morreu com apenas 29 anos, vítima de tuberculose - marcou também presença noutras áreas: chegou a segundo-tenente na Marinha de Guerra, foi funcionário público do Tesouro Federal e jornalista. Ainda na Marinha, apaixonou-se pela esposa de um alferes (que abandonou o marido para viver com ele) com quem teve 2 filhas. Na verdade, foi esta relação, e o escândalo que daí adveio, que o obrigou a abandonar a Marinha.
Era um homem com uma visão política moderna, em sintonia com o movimento republicano e com o fim da escravidão no Brasil e a consequente libertação dos escravos.

Entre romances, contos e poesia, Adolfo Caminha é especialmente conhecido por uma das suas obras: 'Bom Crioulo'. Actualmente considerada como a primeira grande obra literária sobre homossexualidade a ser publicada no Brasil, foi também uma das primeiras a ter um homem negro como protagonista.
Escusado será dizer que o burburinho que esta publicação originou em 1895 foi mais que muito. O autor trouxe para cima da mesa temáticas até então tidas como grandes tabus sociais e se à época era impensável escrever um livro focado numa relação homoafetiva, Adolfo Caminha aproveitou ainda para dar relevo a um amor interracial e fez questão de mencionar o tratamento punitivo e os castigos físicos aplicados na Marinha brasileira. A narrativa foi tida como abominável e transgressora e as críticas foram, claro está, duríssimas.

Por tudo isto, trazia este livro no radar já há algum tempo. Estava muito curioso quanto à forma como o autor teria escolhido fazer o retrato da relação entre um escravo negro fugitivo que se alista na marinha e um querubim frágil de cabelos loiros e olhos azuis e não me desiludiu.

A narrativa é real, objetiva, tudo muito verossímil, permitindo uma forte conexão com as personagens. Apetece sempre ler mais uma página e, quando damos por isso, chegámos ao fim.
Algumas palavras de época e outras relacionadas com barcos, e com o que a eles diz respeito, dão um certo travão à fluidez mas esta edição da Guerra & Paz inclui um glossário de termos náuticos para ajudar.

“Isso de homens não há que fiar: hoje com Deus, amanhã com o diabo."
Profile Image for Henrique Bento.
10 reviews1 follower
May 29, 2019
A obra naturalista, Bom-Crioulo, escrita no final do século XIX, é centrada em 3 personagens:
- Aleixo: Um jovem grumete, branco, da Marinha;
- Amaro/ Bom-Crioulo: Negro fugido e antigo na Marinha;
-Dona Carolina: Uma portuguesa, gorda, dona de um sobrado na Rua da Misericórdia.

A Presença do Determinismo (Raça-Meio-Momento) está bem presente conforme os 3 ambientes principais se intercalam,
1º Ambiente: A Corveta, ambiente sério e selvagem, com políticas arcaicas, mas que, mesmo assim, foi o local onde o romance homossexual entre Aleixo e Bom-Crioulo começa;
2º Ambiente: A Rua da Misericórdia, local onde o romance entra em seu Ápice e se mostra um local boêmio;
3º Ambiente: O Hospital: Local da perdição, loucura e fragilidade de Bom-Crioulo.


Resumo honesto:
Após a introdução dos ambientes e dos personagens, vamos a história.
A primeira etapa do livro acontece na Corveta, com a visão do Negro, Bom crioulo, enfatizado com um “Super-homem” (Rijo-Obediente-Bom Homem), mas com uma fraqueza, o Álcool, que o transformava em um maníaco Selvagem.
Graças ao perfil de Super-homem do Negro, encontramos a situação inicial da obra, a Amizade (e o início do Amor) entre Aleixo e Bom-crioulo. Conforme essa relação se acentua, ambos pretender achar um “cantinho” para quando estiverem em terra, no Rio de Janeiro, que é onde entra a pensão, de uma amiga antiga do Negro Amaro, a Dona Carolina, localizada na Rua da Misericórdia.

A Pensão da Portuguesa é o ambiente chave da história, contendo quase todos os acontecimentos ímpares (Conflito-Clímax-Desfecho).

Conflito: ocorrem dois conflitos principais na obra, 1º: Bom-Crioulo mudaria de embarcação, fazendo com que ficassem sem se ver, tanto em terra quanto ao mar.
2º: Aleixo começa a se relacionar com D. Carolina, uma relação secreta (Amante), até que realmente a escolhe como “Amiga”, deixando o Negro, preso em sua embarcação, de lado.

Clímax: Bom-Crioulo, já internado a 1 mês no hospital, descobre, através de outro marinheiro, que Aleixo tem uma amiga em terra, fato esse preponderante para sua fuga do hospital.

Desfecho: Amaro descobre, após fugir, que a amiga de Aleixo era, na realidade, Dona Carolina -a Gorda. Sabendo dessa fato, o Negro fugido encontra o Grumete e, em um ataque de cólera, confronta seu amor idealizado e não correspondido, assassinando o jovem a navalhadas.
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Profile Image for Dusty.
811 reviews242 followers
February 16, 2013
A black Brazilian man escapes slavery, joins the navy, and falls head over heels for the young, blue-eyed cabin boy, Aleixo, who he believes to be the love of his life. The book is probably better known today than it was for years after its publication due to its gay theme. However, even in 1895 Caminha wasn't exactly a "progressive" writer, and his portrayal of cross-racial gay lovers really needs deeper exploration. Bom-Crioulo, the black man and title character, for example, is violent and grotesquely muscular. The sex he has with Aleixo, a stand-in for young (white) Brazil, is brutal and, in the author's terms, "unnatural"; it is a pederastic relationship that inverts the "natural" master-slave relationship -- and probably reveals a bit more about the author's racial anxieties than his sympathy toward expressions of same-sex love. Like a lot of white intellectuals at the turn of the century, Caminha seems to be looking back in order to look forward. What's in store for the last country in the western hemisphere to abolish the slavery established there in colonial times? Will (white) Brazil ever be able to transcend its history -- or have its legions of slaves, now liberated, got it at the throat the way Bom-Crioulo has Aleixo? The book is fascinating and well-written, but its politics are at best ambivalent, at worst downright reactionary.
Profile Image for Rodrigo Ferrari.
191 reviews18 followers
November 9, 2020
Ouso dizer que esse é o clássico da literatura brasileira mais desconhecido da história do nosso país. Sinceramente, após o término da leitura, consegui entender muito bem o porquê.

“O Bom Crioulo”, em síntese, narra o relacionamento entre Amaro, um homem negro, gay e trabalhador & Aleixo, um adolescente branco de olhos azuis. Com a carga naturalista fortemente presente na obra, o autor desenvolve a intensidade das ações e sentimentos de cada um desses personagens.

Agora imagine uma história escrita em 1895 que retrata a homossexualidade como algo bastante natural? E mais, que não só toca na ferida da sociedade desigual da época mas também dá protagonismo para um personagem negro? Não me surpreende que ele tenha sido esquecido.

Como eu li aqui, esse livro está à frente do seu tempo e merece muito mais reconhecimento. É impossível sair dessa leitura indiferente e sem passar um tempinho reflexivo.

Durante a leitura, eu lembrei de outra obra chamada Morte em Veneza do Thomas Mann enquanto lia O Bom Crioulo e apesar de elas serem bem distantes, eu tive as mesmas reflexões sobre o que é belo. Recomendo essa obra! :)

Eu li a edição da editora Todavia e super recomendo também. Ela traz um prefácio rico e um posfácio bastante interessante que complementa bem a leitura.
Profile Image for Haymone Neto.
330 reviews5 followers
May 24, 2021
Este grande livro brasileiro do século 19 é um romance naturalista com forte influência da tragédia de Shakespeare e um certo ar de Jean Genet. Na época, 1895, foi massacrado pela crítica, que o tachou de obsceno, mas recentemente entrou de vez no cânone da literatura brasileira; até já foi tema de questão de vestibular.

Bom Crioulo tem o mérito de trazer como protagonista, ao que tudo indica pela primeira vez no Brasil, um homem gay, negro e pobre. Mas não se deve deixar de lado o fato de ser um romance primoroso em ao menos três grandes aspectos: na construção brilhante da trajetória e da psicologia dos personagens principais; nas descrições da decadente zona portuária do Rio de Janeiro e da dura vida nas embarcações da Marinha no fim do século 19, antes da Revolta da Chibata; e, em especial, na costura meticulosa de uma narrativa que é ao mesmo tempo ágil e tensa.

À medida que os curtos capítulos sucedem, nós já sabemos o que vai ocorrer, mas é impossível soltar a respiração, como num filme de terror. Aliás, eis um livro que merece urgentemente uma adaptação para as telas. Uma das melhores leituras do ano até aqui.
Profile Image for Carla Luis.
172 reviews2 followers
July 19, 2024
Um livro com tudo para ser exótico: publicado nos 1800s, um romance homossexual entre um marinheiro negro, escravo libertado, e um grumete branco muito jovem. Fiquei com muita curiosidade sobre o livro! e cumpriu o prometido. Na época, livro e autor foram proscritos, com escândalo. Hoje continuam bem interessantes as referências (bem datadas) de como um homem podes gostar de outro homem tal como gostaria de uma mulher.
O livro prende: tem sempre suspense, ficamos presos da história, nas suas diversas fases. O livro é pequenino, não é complicado no plot, mas vive realmente da riqueza da história e do detalhe. Belíssimo livro! Lê-se rápido e só posso recomendar.
Profile Image for Álvaro Curia.
Author 2 books539 followers
September 27, 2019
Em tudo “Bom Crioulo” me recorda uma encenação, uma peça de teatro. A descrição dos cenários, o ambiente beira-mar, os retratos do Rio, os pormenores da vida no alto mar, o pequeno cómodo onde Amaro e Aleixo viveram a sua tórrida paixão, poderiam ser espaços cénicos onde uma trama marcada, compassada, se vai desenrolando.

E depois há o realismo com que tudo é narrado. Sem floreados, a paixão como ela é: ora quente, tropical, obsessiva, ora desprezada e perfeitamente submissa a um quotidiano do século XIX mas que poderia perfeitamente acontecer hoje. Tudo no livro é profundamente naturalista: da descrição das doenças aos estaleiros, do amor de sangue ao sexo.

E daí o duplo atrevimento de Adolfo Caminha. Retratar a homossexualidade de um marinheiro negro e o seu amante adolescente seria por si só um escândalo no Brasil oitocentista. Fazê-lo através de uma escrita crua, sensorial, seria a cereja no bolo para as reações de repulsa que o livro encontrou.

Colocaria “Bom Crioulo” a par dos melhores romances realistas, pelo seu corte com a escrita romantizada dos amores e pela imensa coragem de abordar temas ainda hoje polémicos.
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