[..] chegaram, até mim, insistentes e repetidos pedidos para a confecção dum trabalho que, visando única e exclusivamente a actuação prática para obter «decisões em conjunto» fosse o complemento e o resumo prático do «Guia das Assembleias Gerais». [...] Um pequeno «livro do bolso», verdadeiro «vade mecum» que [...] oriente e indique, no momento próprio, através de rápida e fácil consulta, como agir conforme se estiver processando o decorrer dos trabalhos. Foi essa a feição e a finalidade do presente trabalho. Ele não substitui o «Guia das Assembleias Gerais». É o seu complemento prático. Que «Como Decidir em Conjunto» continue a auxiliar os trabalhadores na actuação de tomarem as suas decisões, são o meu maior desejo e a esperança que me anima ao rever esta edição que se prepara para cumprir essa sua missão.
Como escrevi na 1.ª edição desta obra, após o Movimento de 25 de Abril, foi restituída ao Povo português a possibilidade de, livremente, se associar e reunir.
E mais: - a de, livremente, tomar as decisões que interessem à forma pela qual entenda poderem - e, deverem - ser resolvidos os seus problemas e os assuntos sobre os quais entenda dever emitir opinião.
Na verdade, se só a tomada do poder pelos trabalhadores pode levar - através do respectivo exercício - à resolução dos seus problemas, não menos certo é que, consequentemente, eles têm, não só, o direito, mas, também, o dever, de dizerem como entendem que devem ser encarados - e resolvidos - os problemas económicos, políticos e sociais.
Sobre todos os assuntos ele têm - sempre - uma palavra a dizer.
E devem dizê-la.
Daí que, para se fazerem ouvir, para apresentarem as suas reivindicações e as suas opiniões, para proporem soluções, eles têm de tomar «decisões em conjunto».
Porém, nem a todos eles é fácil saber como tomá-las; a prática o tem demonstrado.
Ainda hoje, muito frequentemente, nas suas reuniões surgem elementos interessados em que elas decorram no caos e na confusão, para que nenhuma decisão seja tomada.
Há até - hoje - quem atire trabalhadores contra trabalhadores, manobra a que estes se prestam, esquecendo que só unidos vencerão e que da união sai a força.
Também, e frequentemente, elementos fascistas, mascarados do que se costuma chamar «papagaios das assembleias» procuram, através duma prática que aos outros não foi possível adquirir, encaminhar as resoluções para o campo que mais útil seja aos seus desígnios. Ou, mesmo, que elas sejam tomadas em termos e condições que as torne facilmente alteráveis e vulneráveis.
Perto de 50 anos de impedimento do exercício do direito de associação e do de reunião, fizeram com que as massas trabalhadoras não adquirissem a devida prática de como, democraticamente, tomar decisões; de, como, democraticamente, agir para as obter.
Que [Como Decidir em Conjunto] preencheu [a] sua finalidade e objectivo [...] provou-o o rápido esgotar da 1.ª edição e a insistente procura desta 2.ª edição.