A Revolução Francesa foi, antes de mais, um acontecimento cujo alcance abalou de forma irreversível as estruturas sociais e políticas da Europa. Neste sentido, importa conhecer o seu percurso e analisar a forma como se desenrolou: a expansão revolucionária, a guerra, o Terror, a Contra-Revolução. Mas a Revolução foi também um corte radical com o antigo regime, possibilitando a génese de um novo conjunto de valores, fosse no domínio político, social ou económico; valores que se consubstanciam na célebre Declaração dos Direitos do Homem. Para se perceber a Era Moderna, que, aliás, inaugurou, é crucial perceber o que esteve na origem deste acontecimento que tão profundas modificações iria causar, não só em França, mas também no resto da Europa.
Michel Vovelle (6 February 1933 – 6 October 2018) was a French historian who specialised in the French Revolution. Vovelle was born in Gallardon, near Chartres and he was educated at the Lycée Louis-le-Grand, the Lycée Henri IV, the École Normale Supérieure of St Cloud and at the University of Paris. He passed his agrégation d'histoire in 1956 and in 1963 published his first work, an edition of Marat's writings. Vovelle's 1971 doctoral dissertation analysed the decline in religious observance in Provence from 1680 to 1790. He wrote a volume for the "Nouvelle histoire de la France contemporaine" series titled La Chute de la monarchie, 1787–1792 (1972) and in 1976 produced Religion et Révolution: La Déchristianisation de l'an II. He spent a large part of his academic career at the University of Provence before being appointed in 1983 to the Chair of the History of the French Revolution at the University of Paris. In 1983, Michel Vovelle became president of the scientific and technical council of the Musée de la Révolution française. He was closely associated with the Communist Party.
A Revolução Francesa (RF) é um dos eventos mais marcantes da História da Europa, em grande parte responsável pelo desenho societal que ainda hoje vigora no continente. Por isso, e porque tenho vindo a ler cada vez mais ficção histórica, foi com alguma pena que percebi que os livros passados na RF não são tantos como se esperaria. Ainda assim, tendo encontrado uma obra escrita pela notável Hilary Mantel — "A Place of Greater Safety" (1992) — fez-me acreditar que o assunto estava resolvido. Mas não estava. Pouco depois de o começar, sentindo a falta de contexto, acabei por ir atrás de suporte, acabando a ler simultaneamente "A Revolução Francesa 1789-1799" (1992) de Michel Vovelle, "Citizens: A Chronicle of the French Revolution" (1989) de Simon Schama, e ainda o mais recente, "A New World Begins: The History of the French Revolution" (2019) de Jeremy D. Popkin.
Neste livro breve sobre a Revolução Francesa (cerca de 240 páginas de texto efectivo, a que acrescem bibliografia, cronologia, índice onomástico, etc), o autor propõe-se traçar um quadro geral, quer da revolução propriamente dita, quer de todo o período revolucionário. Após algum enquadramento, através da caracterização das causas próximas e remotas, o autor questiona a própria ideia de uma só revolução ou de várias revoluções (institucional, urbana e camponesa). O seu foco não se centra tanto na narração da sequência de eventos ocorridos desde a abertura dos Estados Gerais, em 5 de Maio de 1789 até à instauração do I Império, em 1804, mas sim na apreciação dos mesmos e das suas consequências. Para além de abordar a dimensão política, descreve também as profundas mudanças sociais, culturais, económicas, religiosas e legais que sobrevieram com e durante a Revolução, o que permite ficar com algumas ideias bastante nítidas sobre esse período marcante da História da França e da História Universal. Ao longo do livro vamos encontrando, em caixa, transcrições de diversos textos da época, o que permite uma maior proximidade com as fontes. São igualmente numerosos os mapas e gráficos que ilustram as modificações ocorridas nos diversos planos, designadamente económicos e demográficos. Naturalmente que, pela sua dimensão reduzida, o livro não aspira a fornecer um quadro completo ou exaustivo sobre a Revolução Francesa. Todavia, constitui um bom ponto de partida para descobrir ou rememorar as noções mais importantes sobre o mesmo e para explorar outra bibliografia mais especializada, que também é fornecida na parte final. Uma palavra final para a tradução (a cargo de Pedro Elói Duarte) que me parece apenas mediana, quer pela frequente imprecisão dos termos usados, quer por algumas construções frásicas pouco conseguidas.
Trata-se de uma análise da Revolução Francesa. Inicialmente, o autor discute sobre o caráter da Revolução, abrangendo temas como as causas do movimento, a queda da monarquia, o governo de Terror, o Diretório. Em seguida, Vovelle analisa as Declarações, os valores, as instituições criadas e a reação da sociedade. Então, aprofunda a análise da repressão à contrarrevolução, o impacto sobre a Europa, o papel do exército, a população, a economia e as reações dos meios rural e urbano. Por fim, o autor investiga a relação da Revolução com a religião católica, o caráter revolucionário no imaginário social e a revolução da cosmovisão europeia. O livro tem vários trechos de discursos e documentos oficiais escritos por figuras como Robespierre. É uma boa análise da Revolução Francesa, abrangendo seu caráter de terror e de criação abrupta de uma nova cosmovisão política e cultural.
Uma boa síntese, académica, sobre a Revolução francesa. O autor reflete e discute variados pontos e temáticas sobre o período histórico, sempre fornecendo fontes e o estudo da arte. Boa leitura para estudantes de história e ou curiosos com a intenção de aprofundar seus conhecimentos sobre a Revolução francesa
Achei o livro com uma narrativa demasia seca e dispersa o que tornou a leitura bastante penosa.
Como livro de introdução ao tema (que era o que procurava) achei bastante fraco. Como complemento poderá ser interessante já que tem digressões e documentos que gostei bastante de ler.
The book provides a very detailed and comprehensive analysis on the precedents, causes and implications of the French revolution on several levels, including social, political, cultural, legal, economical and warfare. However, the style of writing makes difficult for the reader to understand the author’s ideas. Furthermore, ultimately, the book turns the French revolution into a boring tale, something that I suspect may be hard to achieve....