Com o título 'A construção nacional', o segundo volume da coleção 'História do Brasil Nação' busca analisar um período marcado pela consolidação dos Estados nacionais em toda a América. O livro investiga as particularidades desse processo no Brasil ocorrido entre a abdicação de d. Pedro I, em 1831, e a deposição de d. Pedro II, em 1889. Entra em foco o período regencial e o longo Segundo Reinado, abordados a partir de aspectos considerados fundamentais para a compreensão da época, como a constante ameaça à unidade nacional, a Guerra do Paraguai e a manutenção da ordem escravocrata. Esta coleção tem por objetivo oferecer um panorama diversificado sobre o período através de textos multidisciplinares que analisam a população e sociedade, a vida política, as relações internacionais, as dinâmicas econômica e cultural. Neste volume, quatro historiadores - Sidney Chalhoub, Leslie Bethell, João Antônio de Paula e Alfredo Bosi - refletem, cada qual em sua especialidade, o contexto excepcional da monarquia brasileira entre 1830 a 1889, cercada de repúblicas por todos os lados. José Murilo assina, além do capítulo sobre a vida política, os textos de abertura e conclusão em que sintetiza os principais temas abordados ao longo do livro.
José Murilo de Carvalho é um cientista político e historiador brasileiro, membro desde 2005 da Academia Brasileira de Letras. Junto com o jurista e professor Celso Lafer, é o único historiador brasileiro a ser membro dessa Academia e também da Academia Brasileira de Ciências.
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais e do IUPERJ por vinte anos, é também professor titular de História do Brasil no Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
José Murilo de Carvalho é o sexto ocupante da Cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 11 de março de 2004, na sucessão de Rachel de Queiroz. Foi recepcionado em 10 de setembro de 2004 pelo acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco.
Como esperado de qualquer obra com a direção da Lilia Schwarcz, esse compilado de artigos sobre as diferentes facetas do período do segundo reinado é recheado de informações e perfeito para qualquer pessoa que pretende se aprofundar nesta época da história.
O que mais se destacou da leitura foi a descrição da personalidade de Dom Pedro II como essa figura extraordinária, culta e que tinha como certo o seu papel de governante imperial do Brasil. Culto, verdadeiro apaixonado na educação, é impossível não admirar essa personalidade que se destoa do que normalmente temos na política até os dias de hoje.
Ademais, uma coisa que me chamou muita atenção e que me fez reinterpretar a realidade de uma ideologia nacional como um todo, isto é, de uma brasilidade comum em todos os brasileiros, bem como de uma latinidade que o Brasil é membro foram as descrições da política interna e externa no período. Os autores são bem claros que o período do segundo reinado - leia-se, menos de 150 anos atrás - foi marcado majoritariamente de relações culturais, econômicas e sociais com países europeus, tendo o Brasil destoado tanto politicamente como socialmente dos demais vizinhos, com os quais não se relacionou tanto.
Nesse sentido, acredito que devo explorar o desenvolvimento desse sentimento de latinidade durante o século XX e o seu desenrolar no que temos nos dias de hoje com uma atuação do estado brasileiro e, sobretudo da esquerda, no sentido de criar fóruns regionais latino-americanos para fomentar a aproximação, econômica, cultural e política dos países.
Ainda, para além do recorrente tema do patrimonialismo das elites brasileiras e a influência econômica no desenvolvimento infraestrutural do país, acho fascinante como esses mesmos jogadores políticos foram responsáveis pela existência de um Brasil uno. Claro, sempre capitaneados pela legitimidade de liderança de Dom Pedro II como monarca brasileiro, mas com muito interesse econômico em jogo é que se firmou o Brasil como um verdadeiro território e que lutou contra qualquer tentativa separatista - principalmente no segundo reinado.
Resumindo o que retiro deste livro: meu crescente interesse na figura de Dom Pedro II, não como imperador, mas como um cidadão; minhas dúvidas quanto ao conceito mas genuíno interesse em aprender o desenvolvimento de uma latinidade onde o Brasil é seu participante; e, não menos importante, a curiosa consolidação da unidade brasileira como uma certeza.
Livro excelente, muito bem escrito e com detalhes e dados sobre diversas facetas do Império. O livro é separado em capítulos que mostram o Brasil Império econômica, política e culturalmente, sua posição no contexto mundial, e dá uma atenção que achei interessante à Guerra do Paraguai, já que ela é citada em mais de um capítulo.
Excelente livro histórico, proporciona variadas vertentes de abordagem do período regencial: cultural, política, internacional e econômica. Ao meu ver isso é o que transforma a coletânea de autores em algo não cansativo e envolvente.