Em Estação Carandiru, que desde 1999 teve mais de 500 mil exemplars vendidos, Drauzio Varella focou seu corajoso relato na população carcerária de um dos presídios mais violentos do Brasil. Mas os vinte e três anos atuando em presídios brasileiros como médico voluntário também o aproximaram do outro lado da moeda: as centenas de agentes penitenciários que, trabalhando sob condições rigorosas e muitas vezes colocando a vida em risco, administram essa população. Foi com um grupo desses agentes que Drauzio passou a se reunir depois das longas jornadas de trabalho, em um botequim de frente para o Carandiru. E essa convivência pôs o autor em contato com os relatos narrados em Carcereiros, segundo volume da trilogia iniciada por Estação Carandiru - o terceiro livro, Prisioneiras, terá como ponto de partida o trabalho do médico na Penitenciária Feminina da Capital. Acompanhamos, assim, uma rebelião pelos olhos de quem tenta contê-la. A descoberta de que um colega está do lado dos bandidos. Um momento de solidariedade, outro de egoísmo. Um ato heroico e outro de covardia. Entramos em contato com o cotidiano dos carcereiros e as situações desconcertantes impostas pelo ofício, que eles resolvem com jogo de cintura e, não raramente, com humor. O que emerge é um retrato franco de um mundo totalmente desconhecido para quem está de fora. Drauzio fala também de sua própria atividade como médico do sistema penitenciário: das frustrações, dos acertos e, sobretudo, da dificuldade em conciliar uma vida tão imersa nesta realidade com a de médico particular, apresentador de programas de divulgação científica, pesquisador de plantas, escritor e pai de família. Se há algo de comum a essas vidas - carcereiros, médico, detentos -, é a dimensão humana que nunca escapa aos relatos do autor.
After graduation, he specialized in infectious diseases with Prof. Vicente Amato Neto at the University of São Paulo and at the Hospital do Servidor Público de São Paulo. This work led him to develop an interest in immunology and over the following 20 years he worked at the Hospital do Câncer in São Paulo, specializing in oncology. He works as a medical professor at Universidade Paulista, but has taught also in several other institutions in Brazil and abroad, such as the New York Memorial Hospital, Cleveland Clinic, Karolinska Institute, University of Hiroshima and the National Cancer Institute of Japan. One of his main fields of works has been AIDS, especially the treatment of Kaposi's sarcoma. He has had an active role in prevention and educational campaigns about AIDS, being the first one to have a radio program on the subject. From 1989 to 2001 he volunteered to work as an unpaid physician in one of the largest jails of Brazil, Carandiru, in order to tackle the horrific AIDS epidemic raging among male inmates. As a result of this experience, he wrote a best-selling book describing the harrowing life of the inmates, which later became a motion picture (Carandiru, directed by Hector Babenco), winning accolades from both the public and specialized national and international critics. As the chairman of a cancer research institute at UNIP, Dr. Varella presently heads a research program on the potential of Brazilian Amazon medicinal plants for treating neoplasms and antibiotic-resistant bacteria. This research is supported by the São Paulo Research Support Foundation.
(Português) Descendente de galegos e portugueses, Drauzio estudou medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. No início dos anos 70, já como médico, ele começou a trabalhar com o professor Vicente Amato Neto na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu também o serviço de imunologia do Hospital do Câncer (São Paulo) e de 1990 a 1992, o serviço de câncer do Hospital do Ipiranga. Deu aulas em várias faculdades do Brasil e em instituições em outros países, como o Memorial Hospital de Nova Iorque, a Cleveland Clinic (também nos Estados Unidos), o Instituto Karolinska de Estocolmo, a Universidade de Hiroshima e o National Cancer Institute, em Tóquio. Além do câncer, Drauzio Varella dedicou seu trabalho também ao estudo da AIDS. Foi um dos pioneiros no estudo dessa doença no Brasil, especialmente do sarcoma de Kaposi. Em 1989, iniciou um trabalho no Carandiru (nome popular da "Casa de Detenção de São Paulo"), investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o presídio foi desativado, trabalhou como médico voluntário no local. O dr. Varella chegou a idealizar uma revista em quadrinhos, O Vira-Lata, como parte do plano de prevenção da AIDS na cadeia. Atualmente, apoiado pela Universidade Paulista e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), dirige no Rio Negro um projeto de análise de plantas brasileiras, buscando obter extratos para testar experimentalmente no combate à bactérias resistentes a antibióticos e ao câncer.
Historia mówiona pracowników więzienia, próba uchwycenia rzeczywistości, która już w zasadzie nie istnieje - jak sam autor wspomina pewna era skończyła się wraz z wyburzeniem budynku więzienia. Nie mniej jest w tym pewien uniwersalizm, ludzie zmuszeni przez okoliczności życiowe do stawania przed niemożliwymi wyborami, pochłonięci, przeżuci i wypluci przez system starają się zwyczajnie przetrwać. Nie jest to napisane wprost, ale sporo da się zrozumieć między wierszami.
Były, a raczej bywały, mocne momenty. Styl jest, jak dla mnie, za lekki, a wszystkie historie jakieś takie chaotyczne. Poznałam bliżej postać klawisza i zostałam uświadomiona z czym Ci mężczyźni muszą się mierzyć w zakładach karnych. Ale tylko tyle. Niestety nie tego się spodziewałam.
É um livro interessante. É a descrição de uma realidade totalmente diferente, difícil de ser imaginada por quem está do lado de fora. Drauzio descreve as histórias de alguns carcereiros, a dinâmica da vida na prisão, o descaso do governo e da sociedade, além de críticas bem fundamentadas. Drauzio escreve com sensibilidade e consciência.
4,5/5. Bardzo mi się podobał ten reportaż,jednak ciężko się go czytało. Chyba to wina tego,że w ebooku były bardzo małe literki i moje oczy męczyły się przy czytaniu. Było ciekawie i interesująco. Temat więzienny zawsze mnie intrygował,bo nigdy się w niego nie zagłębiłam. Cieszę się,że nareszcie to zrobiłam. Mamy wiele historii różnych strażników więziennych,ich przeżycia z więźniami,w samym więzieniu. Niesamowicie interesujące. Ja polecam.
2023.06.02 Kończę na 43 stronie. Zwyczajnie nie mam ochoty do niej wracać po przeczytaniu początku. Czuję, że będzie podobnie jak z "Ostatnim kręgiem" tego autora. Nie mam czasu i chęci na średnie tytuły.
A ideia de mostrar a vida na penitenciária do ponto de vista dos carcereiros é genial. As organizações dos Direitos Humanos já haviam chamado a atenção para as condições precárias em que os presos vivem, mas eu nunca tinha refletido sobre as condições daqueles encarregados de manter a ordem e segurança nos presídios, muitas vezes criados nos mesmos meios daqueles que virão a se tornar criminosos. Em certo ponto, mais pro final do livro, me senti parte de um dos conflitos armados dentro do presídio, o que não havia ocorrido nos outros livros da série.
Comprei o livro por influência do meu barbeiro (que para minha inveja consegue ler um livro a cada duas semanas). Como já havia lido muitos anos atrás o livro Estação Carandiru, achei que a leitura valeria a pena. Infelizmente o livro não atendeu minhas expectativas, e olha que elas não eram tão grandes assim. Talvez por que eu tenha achado o Carandiru tão bom, ou pelo fato de gostar de assistir o Doutor Dráuzio, eu estava esperando mais. A parte interessante do livro são as histórias contadas por ele, vividas pelos carcereiros. Mas o texto abusa um pouco da posição/opinião de alguém que está inserido no sistema e possui uma visão um pouco mais colorida do que o resto da sociedade. Talvez seja a mais correta, afinal ela é formada pela convivência e o dia a dia com os carcereiros. Enfim, um livro mais ou menos não torna a obra e o trabalho do Dr Dráuzio menor. Pelo contrário. Afinal são 24 anos como médico voluntário no sistema. A pesquisa de campo e estudo “in loco”, possuem um valor inestimável para formação do conhecimento. Mas se permitirem uma recomendação, leiam o livro Estação Carandiru, (que inclusive virou filme) o qual é infinitamente melhor do que o Carcereiros.
Audiobook no Skeelo. Dr Dráuzio Varella é uma jóia de pessoa - você consegue imaginar sentar num pé sujo com uma dose de caninha, e ouvir uns "causos" com ele? A narração dele enriquece muito a experiência. 4 estrelas só porque gostei mais de Estação Carandiru.
O Dr. Áuzio é um homem de muita sensibilidade e conhecimento. É incrível acompanhar as suas leituras e histórias que abrangem a sensibilidade, companheirismo e compaixão e também o que há de mais vil na humanidade. Assim como Estação Carandiru, esse livro faz um ótimo trabalho de tentar nos apresentar à vida dos Carcereiros e aqueles que estão envolvidos em alguma etapa do processo prisional.
Se você não leu, leia esse livro e os demais da série.
Finalizando a Trilogia do Sistema Penitenciário de SP, o livro que mostra o outro lado, o dos agentes penitenciários, já que Estação Carandiru (o melhor da trilogia) e Prisioneiras focam, obviamente, em histórias de prisioneiros(as).
Se nos livros anteriores você se sensibiliza com as condições desumanas das cadeias (e as histórias de quem está encarcerado), neste livro é surpreendente e angustiante ler os relatos de agentes que enfrentaram rebeliões e fugas de presos, desarmados e ganhando uma miséria, tendo apenas a coragem e a proteção dos colegas de trabalho (além da religiosa, nota-se que todos são muito religiosos). Infelizmente, o descaso do Estado se reflete nas condições de trabalho dos agentes. A falta de estrutura, treinamento e material de trabalho não atinge apenas as Polícias Civil e Militar, mas também os agentes penitenciários, bem como todo o sistema carcerário.
Imprescindível frisar que após o massacre do Carandiru em Outubro de 1992, houve o nascimento do PCC, que se organizou e mudou toda a estrutura de comportamento das cadeias. Inclusive, o 'respeito' que havia entre presos e carcereiros deixou de existir, resultando em muitas mortes. Fleury, cadê você, ein?
Um complemento (quase um contraponto) a "Estação Carandiru" sem o mesmo impacto do primeiro livro, mas pleno de histórias quase inacreditáveis de crueldade, solidariedade, caos e lealdade. Um retrato humanizado de uma sociedade paralela -- que se transformaria em algo diferente do que se vê aqui quando as facções do crime organizado tomaram as cadeias, em meados dos anos 1990. Uma característica da escrita de Varella é a concisão e elegância: ele vai ao ponto de cada episódio mas preserva a capacidade de surpreender com reviravoltas. Sua ótica humanista sobre a miséria brasileira é embasada por décadas de experiência pessoal. Tão necessária como a vários de outros cronistas contemporâneos da nossa sociedade; mas Varella não satura a paciência com os lugares-comuns de um Mario Sergio Cortella ou a repetição de temas que alonga demais os textos de Eliane Brum. Para quem leu "Carandiru", é uma ampliação do cenário, lançando luz sobre a extinta Penitenciária do Estado e prisões agrícolas. Para quem não leu, é um ótimo contato com a realidade que não se vê ou se finge não ver. Livro especialmente recomendado para seu amigo que acha que bandido bom é bandido morto, e ponto final.
“Depois de 23 anos frequentando cadeias, não faz sentido especular como eu seria sem ter vivido essa experiência; o homem é o conjunto dos acontecimentos armazenados em sua memória e daqueles que relegou ao esquecimento. Apesar da ressalva, tenho certeza de que seria mais ingênuo e mais simplório. A maturidade talvez não me tivesse trazido com tanta clareza a percepção de que entre o bem e o mal existe uma zona cinzenta semelhante àquela que separa os bons dos maus, os generosos dos egocêntricos. Conheceria muito menos meu país e as grandezas e mesquinharias da sociedade em quevivo, teria aprendido menos medicina, perdido as demonstrações de solidariedade a que assisti, deixado de ver a que níveis pode chegar o sofrimento, a restrição de espaço, a dor física, a perversidade, a falta de caráter, aviolência contra o mais fraco e o desprezo pela vida dos outros. Faria uma ideia muito mais rasa da complexidade da alma humana.”
3,5 A escrita do Drauzio é envolvente e mostra as nuances entre esperança e desespero, bondade e maldade, justiça e injustiça, de forma tão simples, chocante e descrito em fatos reais. Esse livro me fez muitas vezes parar e refletir sobre o que tinha acabado de ler. Embora tenha sido mais truncada a leitura, do que foi em Prisioneiras, ainda assim, foi um vislumbre de uma realidade, sob a ótica e narrativa de uma figura tão admirável que é o Drauzio Varella, que termino-o com sentimentos mistos, sabendo que não conhecemos um centésimo das realidades brasileiras e agradecendo o autor e médico, por trazer um pouco de suas vivências. Li em conjunto com o clube Piquenique Literário, onde a discussão é sempre enriquecedora e lá pude ouvir relatos que mostram ainda mais, como Drauzio foi sutil e "leve" na narrativa.
Drauzio volta a nos apresentar um pouco da vida na prisão e dos problemas no sistema carcerário. Mais uma vez, uma leitura super importante, super enriquecedora, afinal nem tudo se resume a bom ou mal, há uma grande área cinzenta no meio. Gosto muito da escrita do Drauzio e das reflexões que ele nos propõe.
Maravilhoso! Leitura fluida, envolvente. Praticamente consigo escutar o Dr. Drauzio falando enquanto leio seu livro. Deu até vontade de assistir novamente o filme Carandiru.
Um livro de fácil leitura, tanto pelo linguajar quanto pela forma como o Drauzio escreve (ainda que o tema seja tudo MENOS fácil). Bom para quebrar a dicotomia preta-e-branca de bandidos e mocinhos. Necessário num tempo em que o mote "lugar de bandido é na cadeia" e "bandido bom é bandido morto" tem sido proferidos sem critérios por representantes oficiais do país.
Me fez pensar que o vestibular poderia cobrar também esse tipo de literatura...
Por vezes me senti como se estivesse no bar com o Conselho ouvindo seus relatos.
Varella nunca decepciona com a acurácia e a sensibilidade com que lida com essa parte tão negligenciada da sociedade. E pra completar, a leitura é fácil e fluida.
Os livros dessa sequência deveriam ser leitura obrigatória de todo brasileiro e principalmente dos paulistanos.
Drauzio pai da nação!!!!Sempre entregando tudo e mais um pouco!! Te AMO!!!
Kkk o livro é incrível Eu só achei um pouco parecido com Estacao Carandiru. Mas mttt bom também Não tem como nao refletir e nao se sensibilizar. 5 estrelassssss
Livro bom, mas bem abaixo dos outros dois livros da trilogia. A melhor história é a "Fuga Sangrenta" que trata de uma tentativa de fuga do Carandiru, na qual alguns presos fizeram reféns e subiram para o teto do presídio. Na época esta tentativa de fuga teve ampla cobertura da mídia.
Para quem já teve o privilégio de ler Carandiru do Dr. Drauzio, este (Carcereiros) complementa a visão dele sobre o sistema.
Capaz de uma narrativa objetiva e impactante com os palavrões bem posicionados e reproduzidos em função das histórias, o livro nos leva para dentro de um sistema que, para nós, do lado de fora, é muitas vezes esquecido e deixados para o Sistema Penitenciário "resolver".
Vale pela reflexão proposta e a possibilidade de se ler um ponto de vista de alguém que conviveu mais que 20 anos do lado de lá das grades e com uma razoável dose de neutralidade.
O encanto fica na maneira - muitas das vezes parcial - com que o Dr. narra os acontecimentos. Afinal, mesmo sendo médico, admite que nem sempre consegue se manter neutro e intocável aos acontecimentos e às especulações de como seria se aquele sentenciado estivesse na rua e o assaltasse.
Um livro importante para se entender uma parte da sociedade que não é nem lado a e nem lado b: apenas o lado esquecido.
Ler Drauzio Varella é sempre uma viagem de conhecimento marcante sobre os lados sombrios de nossa sociedade, lados esses sobre os quais fechamos os olhos para as questões profundas que nos afetam e com a qual teremos de lidar num futuro cada vez mais próximo.
Senti que Carcereiros foi menos coeso que Estação Carandiru, mas mais explícito na sua crítica social. A estrutura e linguagem que deixaram a leitura tão compulsória continuam as mesmas. Um livro praticamente igual ao antecessor, e ao mesmo tempo muito diferente.
Tem um ritmo mais sutil quando comparado a Estação Carandiru, abrindo mais espaço para diversas reflexões de forma mais direta - a exemplo das abordagens realizadas sobre tortura e superlotação dos presídios. Drauzio é um escritor, no mínimo, sensível, mas não acredito que sua sensibilidade seja a chave para essa obra genial. Em verdade, o que me impressiona página após página é a capacidade que o escritor tem de transmitir essa sensibilidade aos leitores - em poucas palavras, expressa suas próprias sensações e juízos, contudo, encurrala quem lê não para que partilhe da opinião eventualmente expressa, mas para que simplesmente trabalhe sua capacidade de sentir e refletir.
É claro que, por diversas vezes, me deparei com algumas "visões" de Drauzio que ecoavam em harmonia com ideias minhas quase que de forma perfeita. Acontece que, nesses momentos, geralmente, não se tratam de opiniões mas de fatos que são histórica e culturalmente marcados como "ponto de vista".
Para mim, o maior ponto vai para os protagonistas - as diversas pessoas cujas narrativas são transportadas às mentes leitoras pelo autor. São histórias de vida (e às vezes de morte) que servem como instrumento para tocar em muitas feridas de quem lê, não enquanto indivíduo apenas, mas enquanto parte de uma sociedade com seus privilégios e suas hipocrisias. Não são heróis e heroínas, são pessoas, seres humanos, e é na complexidade desses seres humanos e de suas relações que, humildemente, Drauzio tenta nos dizer "O céu é azul", em tempos que predominam argumentações cada vez mais mirabolantes e cada vez menos racionais sobre o tal "céu" e suas peculiaridades, quando, o tempo todo, ninguém se dá o trabalho de olhar para o céu.
Drauzio tem uma forma de escrita muito característica e envolvente. A análise que faz sobre a sociedade, seus costumes e como isso reflete na questão da violência é aguçada, sensitiva e honesta. A forma como ele se envolve com as personagens, como gosta de estar naquele meio e o quanto reconhece que essa convivência o tornou um outro homem é tocante.
Da visão dos carcereiros, temos o lado do medo - aqueles que pouco podem fazer alguma coisa, que estão suscetíveis a quaisquer atos de vingança ou não, que temem pela vida todos os dias. Os causos contados já conhecemos do primeiro livro, mas o que escondem esses funcionários é a novidade, um ponto de vista que sequer poderia ser imaginado pela mente mais criativa. A vida de quem "vigia", controla e tem as chaves dos presídios nos é mostrada de forma intensa e crua. Homens e mulheres que presenciam diariamente os erros e tarefas árduas de se viver o sistema carcerário brasileiro, onde nasce, cresce e se desenvolve a violência.
Apesar de ter sido o que menos gostei dos três, não lhe tiro mérito algum. Superbem escrito, traz reflexão acerca de pontos importantes, tenta abrir os olhos e nos mostrar o que, de fato, está atrás das grades. Daquele tipo de livro que a gente pega e não quer mais largar, que devoramos todas as páginas.
“O lema ‘lugar de bandido é na cadeia’ é vazio e demagógico. Não temos nem teremos prisões suficientes. Reduzir a população carcerária é imperativo urgente. Não cabe discutir se somos a favor ou contra: não existe alternativa. Empilhar homens em espaços cada vez mais exíguos não é mera questão de direitos humanos, é um perigo que ameaça a todos nós. Um dia eles voltarão para as ruas.”
“No Brasil, morosa e discricionária como é, a Justiça encontra enorme dificuldade para condenar os clientes de advogados com influência nos meios jurídicos, enquanto o aparato policial é incapaz de solucionar a maioria dos crimes que ocorrem pelo país afora. Ilustram a impunidade brasileira o fato de permanecerem em liberdade os que assaltam os cofres públicos e a constatação oficial de que nossas polícias esclarecem menos de 10% dos homicídios cometidos e uma parcela insignificante dos roubos e assaltos à mão armada. O dr. Luiz Felipe Borges, diretor do Carandiru na década de 1990, tinha em sua sala uma placa de bronze com os dizeres: ‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico ficar preso na Casa de Detenção’.”