A esquerda que não teme dizer seu nome lança um desafio político de grande envergadura: reafirmar os princípios que orientam historicamente o pensamento da esquerda e renová-los, a partir das demandas da época.
Para o ensaísta e professor de filosofia Vladimir Safatle, a esquerda, nas últimas décadas, abriu mão dos fundamentos de sua luta política, acuada pelas críticas feitas às experiências comunistas no século XX, enfraquecida pelas políticas multiculturais e, quando no governo, seduzida pelos confortos do poder e pelas negociações do consenso.
Contra a acomodação e o esquecimento, o autor propõe que a esquerda recoloque no debate político tudo aquilo que é "inegociável": a defesa radical do igualitarismo, da soberania popular e do direito à resistência.
Em contraposição às políticas multiculturalistas, ele postula a necessidade de a esquerda ser "indiferente às diferenças" e retomar o universalismo.
Polêmico, Safatle diz que a esquerda precisa entender as necessidades do sujeito contemporâneo e que não há equívoco maior, atualmente, que contrapor o desejo dos indivíduos ao igualitarismo.
A esquerda que não teme dizer seu nome é uma leitura urgente e essencial para todos os que não têm medo da política e buscam a justiça social.
Por ser um livro pequeno acerca de um tema extenso, já esperava que esse ensaio de Saflate não se aprofundasse muito nas questões que visa tratar. E, de fato, ele apenas indica aqui e ali aponta ideias para se pensar caminhos, mas sem se aprofundar também. Como exemplo, quando fala sobre a busca em "superar a democracia parlamentar pela pulverização de mecanismos de poder de participação popular direta", indica os atuais meios digitais para que se possa utilizar o plebicito como meio de se fazer a vontade popular, mas fica nisso, não se aprofunda, não aponta recursos/meios técnicos ou outros para se alcançar isso.
Sobre o ideal universalista que deve guiar a esquerda, assim como a recusa do identitarismo em favor do igualitarismo, a meu ver, Susan Neiman em seu A esquerda não é woke consegue fazer uma análise mais aprofundada e clara sobre esses temas. Penso também que quando Saflate fica no rebate às críticas da direita, a obra é empobrecida. Isso não afasta uma das questões principais que, aponta, devem guiar os governos de esquerda, que é uma "teoria de governo" e não de poder. Mas da mesma forma, apenas traz algumas pinceladas sobre o tema.
Enfim, como projeto para um tema que precisa de mais aprofundamento, é suficiente, mas deixa muito a desejar.
Esquerda e Ação Política Descrever a ação política de esquerda e apontar rumos não é uma tarefa fácil, seja por conta de diversas experiências mal sucedidas, seja em razão da crítica candente dos grupos conservadores. Em um breve ensaio, Vladimir Safatle indica os pontos que, em seu entender, devem caracterizar a atuação de uma Esquerda que não teme dizer o seu nome. O texto é cortante e bem fundamentado. A argumentação persuade e oferece um contraponto a diversas críticas de setores à direita no espectro político. Uma esquerda que não teme dizer o seu nome deve fazer “... uma defesa radical do igualitarismo” (p. 21). Uma esquerda que não tem medo de dizer o seu nome “... deve falar com clareza que sua agenda consiste em superar a democracia parlamentar pela pulverização de mecanismos de poder de participação popular direta” (p. 51). Uma Esquerda que não teme dizer o seu nome é uma necessidade urgente no Brasil! Eis um livro que vale a pena ler e sobre o qual vale a pena refletir.
Em tempos de Zé de Abreu e outras manifestações tanto quanto acéfalas é preciso reconhecer uma pauta-base e um projeto do que deve ser uma esquerda.
A leitura desse texto torna-se fundamental para aqueles que estupefatos vêem tantas pessoas em posições privilegiadas de ação política se perdendo no tempo: o brasil não perdoará os relapsos.
Uma esquerda popular, programática e pragmática é o que precisamos. E esse livro traz os argumentos e inquietações necessárias para que se construa uma nova esquerda, uma esquerda que não teme o seu nome.
A esquerda que não teme dizer seu nome é um livro que busca resgatar a que deve se propor uma esquerda que se diz revolucionária e que tem como projeto a construção de uma nova sociedade. É um livro curto, mas com ideias e conceitos fundamentais do que é a esquerda, do que ela deve ser e de que ela deve se afastar.
Algumas das ideias trazidas pelo autor são bastante ousadas a meu ver, como a da equação da indiferença, mas que, feita uma reflexão mais aprofundada, tendem a fazer sentido. Sua explicação sobre soberania popular é muito acertada e pertinente, apesar de exigir maior esforço do leitor para compreensão, assim como os momentos em que o autor se dedica a considerações filosóficas, com as quais ainda tenho muito pouca afinidade.
De maneira geral, não é um livro simples e fácil de ler considerando pessoas que não têm qualquer contato com o debate político, mas, para aqueles que já se veem inseridos nessas discussões, mesmo que ainda de forma incipiente, recomendo fortemente a leitura, para que, já no começo de sua politização, o leitor tenha em mente o projeto político da esquerda e conceitos fundamentais.
Es un libro pequeño para tratar de pensar en grande. El chileno-brasileño Vladimir Safatle, filósofo, se pregunta cuáles son las ideas fuerzas que debe tener la izquierda ante un mundo multicultural que parece subdividirse hasta el Infinitum en demandas sociales tan diversas y concretas. En tres ensayos fórmula sus reflexiones en torno a qué debe movilizar a la izquierda, la consecución del poder no como voluntad sino como actividad práctica y qué definimos como ejercer la praxis política en el Estado. Entendemos que de esta forma es la única posibilidad de salir del inmovilismo y el fatalismo en el cual se encuentra la izquierda ante 40 años de neoliberalismo que nos hace pensar que la conversación (y discusión) en torno a reforma o revolución es una cuestión que no pretendemos zanjar. Un libro pequeño, pero que abre una conversación aún más profunda en torno a cómo avanzamos en la consecución de demandas sociales que no han sido resueltas por la izquierda aún y que tiene gobiernos en base a la voluntad política y no de cómo un ente transformador desde la injerencia y ejercicio del poder. Una interesante lectura para pensar estos años que se vienen ante una crisis económica en ciernes y que puede abrir el espacio a discursos populistas, conservadores y represivos con la diferencia.
"Por isso, nenhum ordenamento jurídico pode falar em nome do povo. Ao contrário, o ordenamento jurídico de uma sociedade democrática reconhece sua própria fragilidade, sua incapacidade de ser a exposição plena e permanente da soberania popular."
Livro muito bom sobre como é importante deixar claro que certas agendas são inegociáveis. O Safatle fica fazendo uma análise dos governos petistas e como esses deixaram de lado algumas pautas que são caras pra esquerda.
La izquierda debe tener dos principios cruciales, la igualdad y la soberanía popular, el resto se da por añadidura como dirían los evangelios Nuestra América Latina tiene intelectuales de gran nivel!
Leí este libro en espanol por no encontrarlo en português. El libro es una buena discussion acerca de los conceptos fundamentales de la izquierda politica. En Brasil, percebo una tendencia de los politicos izquierditas en el poder fazerem conceciones para manter el poder. Pero hasta que punto son possibles las conceciones sin ferir los principios izquierdistas? Este libro trata desto.