A vida de Carlos Marighella (1911-69) foi tão frenética quanto surpreendente. Militante comunista desde a juventude, deputado federal constituinte e fundador do maior grupo armado de oposição à ditadura militar - a Ação Libertadora Nacional -, esse mulato de Salvador era também um profícuo poeta, homem irreverente e brincalhão.
Nesta narrativa repleta de revelações, o jornalista Mário Magalhães investiga as várias facetas do biografado. Em ritmo de thriller, reconstitui com realismo desconcertante passagens pela prisão, resistência à tortura, operações de espionagem na Guerra Fria e assaltos da guerrilha a bancos, carros-fortes e trem-pagador. Mas também recupera a célebre prova de física respondida em versos no Ginásio da Bahia e poemas de amor.
A controversa vida de Marighella é também uma história dos movimentos radicais e da esquerda no Brasil e no mundo. Coadjuvantes de peso, que tangenciaram a vida do protagonista, povoam estas páginas: Fidel Castro, Getúlio Vargas, Che Guevara, Carlos Lacerda, Stálin, Luiz Carlos Prestes e Carlos Lamarca, além de figuras-chave da cultura, como os escritores Jorge Amado e Graciliano Ramos; os pintores Cândido Portinari e Joan Miró; os dramaturgos Augusto Boal e Dias Gomes; e os cineastas Glauber Rocha, Jean-Luc Godard e Luchino Visconti.
Proclamado pela ditadura militar como seu inimigo número um, o guerrilheiro foi morto em uma emboscada policial em São Paulo, na noite de 4 de novembro de 1969. Esta biografia de tirar o fôlego apresenta informações inéditas sobre a trajetória de Marighella e o atribulado e apaixonante tempo em que ele viveu.
He graduated in journalism at the UFRJ School of Communication. He worked for the newspapers Tribuna da Imprensa, O Globo, O Estado de S. Paulo and Folha de S.Paulo, where he was a special reporter, columnist and ombudsman. He received around twenty awards and honorable mentions in Brazil and abroad, including the Every Human Has Rights Media Awards, the Vladimir Herzog Award, the Dom Hélder Câmara Award and the Esso Journalism Award.
Excelente livro. Narrativa completa e interessantíssima. O autor destaca de forma magistral os acontecimentos da vida de Mariguella, os entornos e razões de ser. O livro é bastante longo, sem, no entanto, ser enfadonho em nenhum momento. Leitura obrigatória situada na história e de qualidade literária altíssima.
Uma reportagem sensacional. Escapa tanto à hagiografia quanto ao libelo anticomunista, mostrando o quão valiosa é uma pesquisa bem feita. E também que a história do Brasil é sensacional quando bem contada
Independente do biografado, antes de mais nada é preciso notar o trabalho extraordinário do biógrafo, Mario Magalhães. Com uma riqueza de detalhes e informações acerca das histórias de vida de Marighella, Mario Magalhães fez um excelente trabalho - e olha que já li muitas biografias pra afirmar isso.
É uma história completa, do começo ao fim, da vida e atuação de Carlos Marighella. Aqui vemos o herói e também vemos o vilão, vimos os ideais, os defeitos, as qualidades, as belezas e também as mortes relacionadas ao eterno guerrilheiro contra a ditadura. Nessa biografia, vemos quem foi o ser humano Marighella, por completo, sem censura e sem meias palavras.
Leiam, tirem suas próprias conclusões. Critiquem o que precisa ser criticado e elogiem o que precisa ser elogiado - e mantenham viva a vida e obra desse comunista sonhador. Desse constituinte, desse político, desse guerrilheiro. Desse ser humano e pai de família.
Como o autor disse nos agradecimentos, esse livro não é só sobre Marighella, mas também um mapa para mergulhar em 4 décadas do nosso conturbado país. é um livro pra te deixar ainda mais triste enquanto assiste a atual situação do brasil.
Excelente trabalho de rara solidez documental e qualidade literária, não só como biografia de Carlos Marighella mas como relato histórico e político de quatro décadas do Brasil e dos partidos e movimentos comunistas dessa época. A abordagem franca e crua da atividade policial e repressiva é de particular valia; é no retrato dos revoltantes pormenores de como se fez (e se faz) a tortura e perseguição política que ocorre a melhor crítica a estas práticas. Igualmente enriquecedoras são as informações sobre o funcionamento interno das organizações clandestinas e do(s) partido(s) comunista(s), estas também sujeitas à ocasional admoestação.
Não se trata realmente de hagiografia, como aponta o próprio autor ao final. Mas tampouco é um relato balanceado ou puramente histórico. O tom é claramente apologético a Marighella, a outros personagens da política brasileira (em particular Leonel Brizola, João Goulart e Getúlio Vargas) e aos movimentos de esquerda, o que reflete as preferências pessoais de Mário Magalhães, que deveriam por bem ser expostas e admitidas (prática esta infelizmente rara na literatura brasileira). Elementos críticos e negativos de fato pontuam o texto, mas não mudam o tom do discurso.
Igualmente clara é a condenação virtualmente universal ao Estado, ao aparato repressivo das ditaduras brasileiras e a seus atores diretos, agentes da repressão. Esta postura já se presta menos à crítica acima, uma vez que é necessário especial desvio de caráter para defender ou justificar as práticas abomináveis desses regimes e seus mandados. Em outras palavras, é pressuposta e esperada a postura antética aos que foram (e são) crimes e criminosos sob a capa de um Estado que se vende como protetor.
O texto é de leitura agradável e corrente, cuidadoso e muito bem elaborado. Também rico, forçando o leitor a recorrer ao dicionário várias vezes por capítulo; como deve ser para qualquer obra que valha a leitura.
Por último, agradeço ao autor por finalmente resolver um enigma familiar.
Excelente trabalho de pesquisa de Mário Magalhães. Só não considero uma recomendação máxima pelo fato de o personagem título não ser muito interessante, talvez pudesse ter feito uma obra mais sucinta. Na verdade tudo que ocorre ao redor dele é mais interessante que sua história pessoal, boa parte dos momentos mais interessantes não envolvem o protagonista. O pior ainda não é isso : a história só fica verdadeiramente boa a ponto de prender o leitor após o golpe de 1964, nisso já foi cerca 70% do livro. Para aqueles que persistirem na leitura até aí terão um bom panorama da luta armada o Brasil. Destaque para a crueldade da polícia política do período que consegue ser pior que a Gestapo com os capturados, que por mais que possamos ser contra o que os grupos terroristas armados da época pretendiam, não é admissível em hipótese nenhuma.
um pequeno capítulo da luta pela libertação do Brasil. uma luta que nos seus mais de 500 anos, tem grandes passagens relacionadas com a trajetória desse guerreiro brasileiro. deu a vida pelo que acreditava ser adequado ao seu país.
Esse livro me lembrou muito de quando eu tinha prova de História e não tinha estudado. A prova fazia uma pergunta objetiva sobre uma lei que Hitler aprovou e eu, não lembrando da lei, começava a enrolar com tudo que eu sabia sobre a 2a Guerra, na esperança de provar que eu entendia do assunto, só não lembrava da lei.
Li 137 páginas de um livro de 744. E o que fica claro é: nós simplesmente não temos quase nenhum dado em relação a Marighella fora seus atentados durante a Ditadura. A gente não sabe nada substancial sobre sua infância, seus anos formativos. Então como montar uma biografia, e não uma simples biografia, uma de 744 páginas?
Divagações genéricas.
Marighella era bahiano? Vamos escrever dois capitulos sobre como os escravos chegaram na Bahia, em uma tentativa ridicula de conectar isso à história dele. Para compensar vamos falar do dia que ele comprou pão na padaria (resultado de algum recibo ou relato do padeiro).
Enfim, muita enrolação, muita divagação. O livro lê mais como um livro de história do Brasil da época, e mesmo assim, muito porcamente, sem foco nenhum, do que uma biografia. Temos que aceitar que simplesmente não temos tantos dados para uma biografia dele. Ainda mais uma de 744 páginas por 80 reais!
sem dúvida uma grandiosíssima biografia do maior guerrilheiro que o mundo, a bahia e o bom e velho comunismo produziram
quis ler esse livro, depois de muito tempo namorando a ideia, pra conhecer melhor o marighella que conhecemos e não conhecemos tão bem. e foi o que aconteceu!
biografia é um dos meus gêneros, principalmente misturado com história. o livro entrega detalhes, assim como costura a história dele com a dos governos que o acompanharam e o contexto ao entorno. aprendi bem mais sobre cuba, sobre a união soviética, sobre vargas, sobre a ditadura, sobre o PCB
mas o seu ponto positivo também é seu ponto negativo: detalhes demais. mesmo pra quem está acostumado a ler com diversos personagens, o livro carece de uma edição mais firme.
por ser fruto de quase uma década de trabalho do autor, a impressão é que ele se empenha em aproveitar até a última gota o que pesquisou, o que enfraquece o apego com o livro e retarda a leitura. li um livro e quase terminei outro enquanto lia ele.
de todo modo, recomendo demais, com aquela etiqueta de “tem que gostar de biografia, tem que gostar de história”, porém você termina de barriga cheia. viva Marighella, viva a sua memória 🔥❤️
Mário Magalhães utilizou uma fonte extensa de documentação para criar está narrativa, que não somente explica a trajetória de Carlos Marighella, como elucida os diversos eventos históricos que marcaram o Brasil da época. Existe um interesse político forte em criar uma narrativa brasileira pacífica. Este livro ajuda a derrubar esta falácia. Embora a história seja trágica, esta leitura me encheu de esperança para o futuro do país.
"A passagem subiu, o leite acabou, a criança morreu, a carne sumiu, o IPM prendeu, o DOPS torturou, o deputado cedeu, a linha dura vetou, a censura proibiu, o governo entregou, o desemprego cresceu, a carestia aumentou, o Nordeste encolheu, o país resvalou.“
Era um livro que queria ler desde seu lançamento. A vontade aumentou quando assisti o documentário lá por 2013, se não me falha a memória, mas nunca tive a oportunidade de comprar a edição física. Agora com um leitor de ebooks e com todo o falatório sobre o filme do Wagner Moura com Seu Jorge no papel do Mariga, aproveitei para iniciar e concluir essa leitura que estava devendo há uns anos.
Curiosamente, encerrei hoje, dia 02 de novembro, a dois dias do aniversário de 50 anos da morte dele.
Leitura concluída, consigo compreender a escolha narrativa do seu Jorge como Marighella: além das suas qualidades como ator, escolher um homem retinto para interpretar o guerrilheiro que se entendia como "mulato" tem como propósito evidenciar e colocar como central o fator racial que atravessou toda a vida política dessa figura importante pra história recente do Brasil.
O livro também responde questões importantes para estudiosos ou curiosos sobre a militância da esquerda armada brasileira, da qual Marighella é sem dúvidas a figura mais importante. "inimigo número um" da Ditadura Militar.
Achei a escrita boa e devorei o livro rapidamente. Indico para todos, independentemente do posicionamento político, pois, como o próprio autor coloca, gostem ou não, é alguém que merece atenção.
Resultado de alegados dez anos de pesquisa, o texto traz aquele ranço de revista semanal: todo capítulo tem de começar a medias res contando alguma anedota e precisa ser pontuado por "bolada", "escambau" e outros termos, talvez presentes para supostamente tornar a leitura mais leve. Se tivesse usado o jeito tradicional e civilizado de escrever, todos teríamos ganho. Quanto ao personagem. Não dá para entender que uma pessoa inteligente seja estalinista mesmo depois de passar pelos processos de Moscou, de 1936, pelo pacto Soviético-Germânico, pela dissolução do Komintern e a instalação da política de convivência pacífica entre capitalismo e comunismo, pela queda de Stálin e a consequente denúncia de seus "exageros". Marighela passou por tudo isso e só foi achar que seu PC e Prestes eram conservadores depois do golpe de 1964! Bom, só isso já depõe contra. Agora, ele tentou fundar uma guerrilha rural descentralizada, baseada inicialmente em assaltos a bancos (expropriações), movimento esse que, quando atingisse a massa crítica para começar, teria, com relação só ao Exército, uma desvantagem de homens na casa de 1:2000. Era loucura? Não sei, mas considero o livro um trabalho em que a biografia é o menos interessante e o estudo da mentalidade militante o principal: como podem guinadas abruptas, fidelidades de décadas, autocríticas instantâneas que levam as pessoas tranquilamente a se dirigirem 180 graus diferente do que vinham até então, total incapacidade de leitura das aspirações das pessoas, total desligamento do povo e, mesmo assim, uma vontade inquebrantável se seguir "adiante", ainda que não se saiba bem para onde? Até a morte dele é um emblema disso: no mês anterior, a ALN tinha sido dizimada e só a retração e reorganização permitiriam algo, jamais continuar e até acelerar o projeto de começar as atividades no campo. As descrições de tortura são atrozes e não dá para entender como pessoas podem fazer isso umas contra outras. Quanto às mortes, era exército regular contra exército irregular, o que não desculpa as coisas, pois a lei foi tomada num golpe, mas pelo menos aplaina as ações com morte. Mas tortura é abominável. (Se bem que bons estalinistas na verdade apoiavam um "Pai" que fazia isso no atacado desde sempre. Ah, mas isso eles não sabiam e, assim que souberam, fizeram autocrítica e assim que a fizeram, em apenas mais dez anos se afastaram do partido.)
Atualizado ao final real desta leitura, em 22 para 23 de março de 2021: Marighella deve servir de inspiração para todos em seus erros e acertos. Viva o Mariga!!!!
Mário tem, provavelmente, a melhor escrita entre todos os autores nacionais que já li. Flutua pela história de Marighella, o inimigo numero 1 da ditadura empresarial-militar que fez do Brasil um paraíso anti-comunista por 21 anos e que ainda deixa marcas na nossa nação.
Recomendo a todos. Livro que me auxiliou muito na minha escolha de onde lutar.
um livro que mostra como a história do brasil é muito mais rica de grandes personagens do que se ensina nas escolas e se mostra na televisão. e também o quanto é ridículo se falar que o país passa por alguma "ditadura" ou mesmo "ditabranda" hoje em dia
O livro conta muito mais que a história de Marighella, conta a historia da esquerda brasileira no inicio do século XX. Muito bem documentado e cheio de detalhes, entrevista e fatos. É mais que uma biografia é um livro de história.