Jump to ratings and reviews
Rate this book

Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola

Rate this book
O trabalho de investigação de Rafael Marques é já bem conhecido, sobretudo através dos canais de comunicação on-line. É ele um dos principais responsáveis por denunciar e divulgar os esquemas de corrupção que envolvem as mais altas esferas do poder em Angola, bem como as empresas e entidades estrangeiras que com ele negoceiam. Na região do Cuango, a situação é trágica. Para benefício dos que exploram os diamantes, as populações são mantidas em condições de quase escravatura, sendo torturadas, assassinadas, roubadas e impedidas de manter quaisquer actividades de auto-subsistência. As autoridades e o governo ignoram os crimes, as forças armadas e policiais são não só coniventes como também protagonistas desses crimes.

240 pages, Paperback

First published August 1, 2011

8 people are currently reading
170 people want to read

About the author

Rafael Marques

358 books8 followers

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
18 (16%)
4 stars
38 (33%)
3 stars
45 (40%)
2 stars
8 (7%)
1 star
3 (2%)
Displaying 1 - 12 of 12 reviews
Profile Image for Ana Carvalheira.
253 reviews69 followers
January 21, 2018
“O presente relatório demonstra a prevalência de um estado de terror na Bacia do Cuango. A violência, nessa região, assenta na vontade política de altos dirigentes angolanos, acoitados pelo Presidente da República, os quais enriquecem de forma ilícita e violenta, em conluio com empresas extrativas e de compra de diamantes”.

Este primeiro parágrafo da conclusão deste extraordinário ensaio de Rafael Marques, resume todas as atrocidades acometidas contra cidadãos angolanos, indefesos, enquanto garimpavam na Província de Lunda-Norte, Angola, local que entra nos anais da história pela sua importante localização na extração diamantífera e por também ter constituído o lugar onde foram perpetradas as maiores violações aos direitos humanos, juntamente com o Zimbabwe aquando da ditadura de Robert Mugabe.

É impossível ficarmos indiferentes perante o estatuto de permanente violência que aquela população específica vivia (será que ainda vive? Tenho muita vontade de contactar Rafael Marques para lhe perguntar se essa terrível situação ainda se mantém ou se a presidência de JLO teria tido a consciência moral da violação não só da Constituição Angolana e de todos os tratados que definem, sem qualquer dúvida, defesa dos direitos humanos e se, finalmente, ratificou o Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional, do qual Angola é signatária desde 1998).

A atmosfera de violência exercida pelas próprias Forças Armadas Angolanas assim como as empresas de segurança, como a Teleservice que, ao invés de proteger a área diamantífera, perpetraram as mais atrozes torturas, homicídios, humilhações, chantagem, apropriação dos diamantes descobertos, criação de “impostos” que permitiriam aos garimpeiros fazerem o seu trabalho sem serem torturados mas que de nada valiam pois os acordos estabelecidos eram imediatamente ignorados, toda uma série de sevícias que, dificilmente, poderemos associar à condição humana … mas que, de facto existiram!

Rafael Marques, neste notável trabalho de investigação, identificou 109 casos de violação dos direitos mais básicos não só da população garimpeira como dos camponeses que, apenas tiveram como azar, tentar construir uma vida pacífica numa zona prioritária para o enriquecimento da classe política angola e seus algozes.

É um livro perturbador … dando o exemplo do caso n.º 46, ocorrido no município do Cuango, “o garimpeiro passou 15 dias a receber assistência médica, como consequência da tortura que sofreu das FAA – os supostos defensores da pátria. Encontraram-no a garimpar por volta das 10 horas e administraram-lhe a tortura da catana, com o lado liso, nas costas, nádegas, palmas das mãos e palmas dos pés”. Mas este caso, além de consubstanciar pura maldade, não fica por aqui … os soldados da FAA e os elementos da Teleservice, continuadamente, despiam os homens, queimam-lhe as roupas, além de efetuarem atos de profunda humilhação como urinarem em cima dos garimpeiros ou ainda obriga-los a dançar nus sob a ameaça de castigos severos para quem se recusasse, para júbilo de energúmenos. “O guarda decidiu repetir a música e ameaçou os pares com consequências sérias, caso alguém dançasse abaixo das suas expectativas”. Quando não os tentavam afogar, comer alimentos estragados … torturavam-nos com maior violência de tivessem o “desplante” de reclamar … E não tinham, nem poderiam ter acesso a uma justiça nos tribunais angolanos … Meu Deus, que mundo é este no qual vivemos … nem os animais, na sua estirpe, têm este tipo de comportamento entre si … e tudo isso com o beneplácito do Presidente José Eduardo dos Santos, seus familiares, seus amigos, seus amigos políticos, toda uma corja que me faz acreditar na existência de um inferno para que possam ser responsabilizados por tão graves acontecimentos!!!! Aquela gente apenas queria realizar o seu trabalho e receber dele as devidas recompensas …

Vi o filme “Diamantes de Sangue” protagonizado por Leonado Dicapprio mas em nenhum momento me sensibilizou tanto como a leitura deste documento extraordinário. Aqui, os diamantes de sangue são identificados como “as pedras da morte”, designação essa bem mais real!
Profile Image for Ana.
748 reviews113 followers
June 18, 2015
Não se trata propriamente de um livro, mas sim de um relatório, com uma introdução à exploração diamantífera em Angola bastante completa, seguida de uma série de relatos de casos de abuso de poder, corrupção e tortura. Aquilo que já imaginávamos, só que muito pior, tornando a passividade da comunidade internacional ainda mais triste e revoltante, tanto mais que Rafael Marques tem vindo a denunciar estes casos há já muitos anos.
Profile Image for Darklady.
53 reviews3 followers
June 12, 2013
Relatório muito interessante que revela mais um dos grandes problemas de Angola: a falta de respeito pela vida humana.
Profile Image for Tânia.
17 reviews
July 4, 2020
O termo diamantes de conflito - também conhecidos como diamantes de sangue - remete à ideia de exploração diamantífera em áreas de conflito ocupadas por forças rebeldes para financiar atividades de guerra. Será este termo adequado para descrever as ações ilícitas, associadas à extração de diamantes, levadas a cabo com o conhecimento e consentimento tácito do Governo?
Na bacia do rio Cuango, em Angola, encontra-se uma teia de interesses públicos e privados que promove atos ilegais contra as populações locais, nomeadamente crimes de tortura, homicídio, atentados à integridade física e à dignidade humana. No relatório, são denunciados 109 testemunhos das sucessivas violações dos Direitos Humanos por parte das forças de segurança públicas e privadas. No entanto, a comunidade internacional opta por ignorar os factos e continua a cooperar com um regime que não assume o seu total compromisso para com as leis internacionais.
Profile Image for Catarina Pardal.
19 reviews3 followers
December 4, 2021
Um grande trabalho de investigação, que inclui denúncias reais de atentados aos direitos humanos. Bem organizado, este relatório denuncia uma realidade desconhecida para muitos, no entanto não menos importante e urgente de se resolver.
Profile Image for Manuel Lobo.
70 reviews1 follower
March 13, 2016
Livro que foi proibido para publicação em Angola e cujo autor está a enfrentar um processo em tribunal movido por vários generais do regime. Li o livro por ter sido disponibilizado online gratiutamente no dia em que o jornalista foi preso.

O presente relatório demonstra a prevalência de um estado de terror na Bacia do Cuango. A violência, nessa região, assenta na vontade política de altos dirigentes angolanos, acoitados pela Presidência da República,
os quais enriquecem de forma ilícita e violenta, em conluio com empresas extractivas e de compra de diamantes.
Na prática, o executivo não tem usado sequer uma mínima parte da produção de diamantes para gerar emprego, serviços de saúde e de educação ou para aliviar a pobreza extrema das comunidades locais. O modus operandi do executivo e da indústria diamantífera, na região, assenta na violência estrutural, que se traduz em mortes, tortura, miséria, obscurantismo e desumanização das referidas populações.

Um verdadeiro estado de terror em que as populações são impedidas de fazer a sua agricultura de subsistência e venda ambulante, sendo "obrigadas" a trabalhar na actividade de garimpo diamantífero, sendo ainda exploradas, torturadas e alvo de extorsão.

De ente os muitos depoimentos de homicídos, tortura e extorsão recordo a frase de Oriano jorge, 36 anos: Oriano Jorge passou quatro dias acamado, sem recurso a assistência médica e medicamentosa. «Assim que o corpo ficar melhor, voltarei ao garimpo. Aqui não há mais nada para fazer. Temos de sobreviver. Desta vez, levarei dinheiro para pagar às FAA e não ser torturado»
Profile Image for Helena.
54 reviews
October 23, 2015
O governo angolano não é responsável apenas pelos presos políticos que tem em Luanda. É responsável, há muitos anos, pelo martírio das populações mais pobres das Lundas, a região dos diamantes. Quem não tem outra hipótese de sobrevivência que não seja o garimpo artesanal de diamantes (até porque a região tem fronteiras fechadas, estradas privadas e controladas sem qualquer hipótese de movimento), tem uma certeza: a de ser extorquido, explorado, espancado, extorquido novamente, torturado, humilhado, extorquido ainda mais. Não tem a certeza de sobreviver. Tem a certeza de que as Forças Armadas Angolanas agem de forma tão torcionária como qualquer um dos privados no local. Tem a certeza de que a polícia encobre.

Um relato essencial.
Profile Image for Joana Rodrigues.
2 reviews17 followers
July 19, 2015
"O que será que leva um regime a subjugar o seu próprio povo, a reduzir estratos da sua própria população à condição sub‑humana, enquanto os seus eleitos enriquecem através da pilhagem do património do Estado e da violência?
Os interesses económicos internacionais e patrimoniais do regime não podem subjugar, por muito mais tempo, a vontade suprema de todo um povo. Só a solidariedade entre os angolanos e o seu compromisso de unidade para o bem comum poderão garantir, para as novas e próximas gerações, o legado que há muito os angolanos perderam: o respeito pela vida e dignidade humanas."
1 review
October 31, 2013
Um livro esclarecedor, assustador e, caso seja preciso nos factos que apresenta, revelador que a natureza humana é mais obscura que nós próprios pensamos.
96 reviews1 follower
April 9, 2015
Todos aqueles que atualmente vivem ou trabalham em Angola devem ler este livro.
Displaying 1 - 12 of 12 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.