Atire a primeira pedra conta a história de Mariano, um adolescente trancafiado durante dez anos num manicômio, em razão de sua homossexualidade. Ao sair, seu primeiro ato é contatar a mãe que o confinou na instituição, porém o reencontro desencadeia um assassinato brutal. A partir daí, a estrutura narrativa arma-se através de diálogos de um interrogatório judicial no qual o personagem relata os horrores vividos no hospício e as circunstâncias que o levaram a cometer o crime. Um dos principais ouvintes é André, o psiquiatra designado para analisar o réu. Mas, por ter trabalhado no manicômio em que Mariano esteve internado, o perito solicita o desligamento do caso, alegando conflitos éticos, ainda que, a efeito de interesse pessoal, siga acompanhando o tribunal. Em seu novo romance, Mike Sullivan faz do testemunho de um jovem com a mente em ruína, a chave para destrancar a caixa de segredos de um homem norteado pela ilusão da sensatez, espelhando momentos dessas duas histórias no que tange os relacionamentos familiares, os elos afetivos, a sexualidade e os dilemas morais e psicológicos envolvendo abuso, culpa e penalidade. Um livro pungente sobre a condição humana, onde os dois lados da loucura transformam a linha tênue que os separa num perturbador ponto de convergência.
Uma leitura que nos faz olhar para nós mesmos antes de condenar o outro.
É uma mescla de suspense, drama e profundas indagações existenciais, creio que tem desafia nossa tendência natural de julgar de maneira precipitada. Se destacando não apenas pelo mistério que envolve seu enredo, mas também pela forma como provoca uma autoanálise dos valores e comportamentos sociais. Foi uma leitura intensa, unindo entretenimento e reflexão, uma experiência literária singular.
Que pedrada! Muito bem escrito e a construção narrativa é interessantíssima. O paralelo entre os personagens, Mariano e André, é bem feito e igualmente interessante. Gostaria de mais profundidade em alguns momentos, mas, no geral, é uma leitura muito boa.