Uma valsa com a morte

by João Tordo

Partindo da música e da literatura, João Tordo regressa ao ensaio, com um conjunto de textos onde explora a relação humana com a espiritualidade e a religião, assim como o medo que nos limita, o optimismo que nos impele, a melancolia que nos afunda e a possibilidade da alegria e da comunhão.

«Não é o medo da Morte uma expressão de vida?» Que fazer da vida, e que sentido tem ela, quando a Morte é um facto consumado para todos nós? Após o falecimento da sua avó, o escritor João Tordo encontrou o fio de luz que une as reflexões contidas neste livro: a sombria, intangível, inevitável, e por vezes até cómica, presença da Morte na vida. Partindo da música e da literatura - e da relação destas com o Sublime -, João Tordo regressa ao ensaio com um conjunto de textos nos quais explora a relação humana com a espiritualidade e a religião, assim como o medo que nos limita, o optimismo que nos impele, a melancolia que nos afunda e a possibilidade da alegria e da comunhão.

«Essa contradição interna do ser humano - não encontrar lógica na existência, porque a Morte derrota-a, e ao mesmo tempo continuar ligado à vida - é mais propriamente aquilo a que Aristóteles chamava 'espanto' ou 'assombro'. Se, no início, o Homem se maravilhava diante dos fenómenos mais simples - imaginemos o hominídeo do Paleolítico Superior, com cara de Homer Simpson, a vislumbrar um eclipse, de boca aberta e olhos esbugalhados -, mais tarde, esse espanto transforma-se em pergunta, e a pergunta em dúvida. Entramos no território do pathos, que nos faz questionar o que somos, a razão pela qual aqui estamos e, sobretudo, pela qual permanecemos.»

Genres: Nonfiction, Portuguese Literature

224 pages, Kindle Edition

First published January 1, 2023

About the author

João Tordo was born in 1975. He has published twenty-one books - novels, crime novels and essays - and received several awards, including the José Saramago Literary Prize 2009, the Fernando Namora Prize 2021 and the GQ Prize. He was a finalist for many other awards, including the European Literary Prize, the Fernando Namora Prize, the Oceanos Prize and the PEN Club Prize. His books have been published in several countries, including France, Italy, Germany, Hungary, Spain, Croatia, Serbia, Czech Republic, Mexico, Argentina, Brazil, Uruguay and Colombia.

João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Publicou vinte e um livros - divididos entre o romance, o policial e o ensaio - e recebeu diversos prémios, incluindo o Prémio Literário José Saramago 2009, o Prémio Fernando Namora 2021 e o Prémio GQ. Foi finalista de muitos outros prémios, incluindo o Prémio Literário Europeu, o Prémio Fernando Namora, o Prémio Oceanos e o Prémio PEN Club. Os seus livros foram publicados em diversos países, incluindo França, Itália, Alemanha, Hungria, Espanha, Croácia, Sérvia, República Checa, México, Argentina, Brasil, Uruguai, Colômbia.

Reviews

[Lúcia Fonseca · Rating 5 out of 5]

Tenho imensa coisa na cabeça para dizer mas pouco me sai em palavras.
Consegui perceber com esta leitura que tenho aqui um semelhante, algo que já desconfiava mas finalmente tive a certeza. Afinal, não é à toa que o João é o meu escritor preferido. Havia ali algo mais. Emocionei-me muito e também me revi. Mas, a mim ainda me falta comer muitas sopas para chegar a um estado de paz e sossego.
Dava por mim, enquanto lia, a concordar com os pontos de vista do João. Até Star Wars e Stranger Things!
Reconheço que o João teve coragem de contar coisas que eu, por exemplo (ainda) não tenho.
E os mortos, os nossos mortos, a nossa morte, o nosso renascer. E a música e os livros que salvam vidas. Ainda me emociono ao pensar no que li.
Eu já sabia que ia gostar, mas isto superou todas as expetativas.
Favorito da vida!

#tordismo

[Eduardo Teles · Rating 5 out of 5]

4.6*

[Ângela · Rating 5 out of 5]

Maravilhoso 🫶🏼

[Maggie · Rating 2 out of 5]

A avó do João Tordo que me perdoe, mas este livro não cumpre os seus propósitos.

O ponto de partida não é a perda da sua avó, esse é o breve e insuficiente ponto de chegada.

Pelo caminho há muitas reflexões arrogantes e repetitivas acerca de música de discoteca, uma quantidade pouco necessária de bajulação de música de orquestra e muitas conclusões bastante evidentes.

O livro brilha mais quando cita outros; para sua desgraca.

A valsa com a morte é abraçar a sua inevitabilidade, quem diria!

Enfim, Tordo assume um tom de arrogância mas depois cita Stranger Things durante o livro. Vá-se perceber. O capítulo sobre a hipnose da música de discoteca e a vontade de regressão dos seus fãs é verdadeiramente intragável (e eu desgosto deste estilo).

Exploram-se conceitos interessantes aqui e ali, mas nitidamente o livro devia ter sido muito, muito, muito mais pessoal para ter de facto algo a dizer. É o tipo de obra de não fição que ninguém senão um novelista aclamado conseguiria ver publicado…

[Joana Carranço · Rating 5 out of 5]

Acho que até aqueles que nunca leram nada de João Tordo ou que não são fãs têm muito a ganhar com a leitura deste livro e vão, certamente, gostar. É muito bom.

Consiste num ensaio de vários textos com reflexões sobre diversos temas: literatura, música, espiritualidade, religião (até futebol, a dado momento), melancolia, adições, saúde mental, e, claro, a Morte.

Sempre com a escrita profunda e melancólica a que o João já nos habituou, o que só tornou a leitura ainda mais prazerosa.

Recomendo vivamente!

(Neste vídeo de 1 minuto, podem encontrar um perfeito resumo do que trata este livro, feito pelo próprio João: https://youtu.be/zbbDQpowxHQ)

[Alda Alves · Rating 5 out of 5]

Livro intenso. Gostei bastante.

[Eduardo · Rating 2 out of 5]

A ideia para este conjunto de textos até pode ter nascido com a morte da avó do autor, mas este evento claramente marcante serve apenas de conclusão para um deambulação sem sentido.

Um livro em que João Tordo se retrata a si mesmo como um velho marreta, arrogante, repetitivo e francamente insuportável. Os seus comentários sobre saúde mental e psicoterapia são de uma ignorância atroz.

O autor repete-se constantemente e até se cita a si próprio, várias vezes por crónica. Parece que até ele se apercebeu do quão repetitivo é este livro. Tordo expõe frequentemente o quanto admira a música clássica e aproveita qualquer ocasião fazer listas intermináveis de músicos, autores e peças que admira. Ao mesmo tempo que declara que quem gosta de música electrónica não é mais do que um espécie de neandertal...

Insuportável.

[Henrique Azevedo · Rating 5 out of 5]

Uau… não estava nada à espera disto.

“Uma Valsa com a Morte” foi mais um livro que encontrei na estante da livraria e agarrou-me logo pelo seu título intrigante. Por sua forma, não coloquei expectativas nenhumas e decidi embarcar no que viria a ser um dos livros mais tocantes e relatable que já li.

Este, que nos é introduzido como um diário do autor, está repleto de ideias, informações, factos e, principalmente, opiniões ousadas e sarcásticas que me preencheram por dentro. O livro, como um todo, aborda vários assuntos pelos olhos de João Tordo, mas foca-se precisamente no assunto da vida e da morte, estupidamente bem explorados com um toque de ironia no background. Tudo o que eu não esperava e sempre desejei.

Escrevo esta review com o dilema das 4 ou 5 estrelas pois, apesar de me ter deliciado com várias das passagens presentes, houve outras que não me tocaram tanto e que me pareceram um tanto irrelevantes à mensagem principal. Mas isto vai à visão do leitor. No entanto, é impossível ficar indiferente em relação aos sentimentos do autor e de toda a mensagem bonita que nos é passada pelas vivências do mesmo.

Com muito amor, 4,5/5 ⭐️

[Maria João (A Biblioteca da João) · Rating 4 out of 5]

7 de 10*

Opinião:
https://abibliotecadajoao.blogspot.co...

[Catarina Prata · Rating 5 out of 5]

Através da sua maravilhosa prosa, João Tordo leva-nos a descobrir os seus pensamentos mais ítimos, polvilhando emoções e reflexões mundanas no conceito mais profundo: o que é viver, e o que é morrer.

[Célia Gil · Rating 5 out of 5]

Opinião no meu blogue em https://wwwescrevinhados-cantarinha.b...

[João Martins · Rating 4 out of 5]

Confortável por ver pensamentos que tinha a serem escritos e explorados por alguém, assustador mas entusiasmante por o que sinto que a vida ainda me tem para ensinar.
Certamente irei voltar mais vezes para ler capítulos soltos. Curioso por voltar a ler isto com mais 20 anos em cima.

[Soffs · Rating 4 out of 5]

Não estava a espera dos últimos dois capítulos, especialmente porque tocam numa coisa que me aconteceu ontem. Parece que foi mesmo coincidência. Gostava de ter lido o livro de uma vez só e não ter parado tanto tempo entre os capítulos. Acho que se o tivesse feito, i would´ve enjoyed the book way more. Mas de novo, o João Tordo não desiludiu.

[Margaret · Rating 5 out of 5]

“A vantagem da idade e do Tempo é que, a partir de certa altura, sem se saber bem como, as coisas já não importam tanto (…) Se uma pessoa descobre que é feliz com uma laranja, não precisa de uma banca de fruta, embora, vinte anos antes, almejasse tê-la. Algumas pessoas dirão que esse indivíduo se acomodou; eu prefiro pensar que esse indivíduo aprendeu.”

Que livro incrível! Não sendo um livro de autoajuda (está bem longe do estilo desses manuais que vendem ilusões a pessoas fragilizadas), “Uma Valsa com a Morte” consegue despertar uma sensação de agradável apaziguamento/ contentamento no leitor, que deveria ser o verdadeiro objetivo dos livros que se dizem de autoajuda.

Partindo da simples premissa, que se podia resumir em “aquilo que a vida e a idade me ensinaram”, João Tordo reflete sobre a suas experiências passadas e como encara, hoje, algumas questões da sociedade atual, como o desejo de sucesso, a meritocracia, a obsessão pelas modas das redes sociais, os “influencers”, o individualismo, e… o medo da morte. Citando a Bíblia, os Estoicos ou o filósofo contemporâneo Alain de Botton, entre outros, o autor não nos vende uma solução mágica para todos os nossos problemas… Mas ajuda-nos a pensar, a ganhar outras perspetivas sobre o que nos rodeia e, principalmente, a saber apreciar a finitude da nossa existência.

[Sónia · Rating 4 out of 5]

Nunca tinha lido não ficção escrita pelo autor. Os temas e as ideias continuam a fascinar-me, não desilude. Mas a escrita, auto dirigida, auto centrada, poética…. Aqui, neste género, comigo não funcionou.

Foi uma leitura em conflito interno, que me interessou e fascinou, mas ao mesmo tempo custou muito a ler.

Ainda assim, e porque há muito que fica e a vontade de reler partes permanece, 4⭐️

[Alexandre Rocha · Rating 5 out of 5]

Através de uma verdadeira dança literária, com uma reflexão genial acerca de diversas questões metafísicas, o autor exorta a que seja também uma dança a convivência com a morte, não como algo negativo, mas antes como um caminho para uma compreensão, e aceitação, do inexorável destino da existência de cada um. Um dos melhores livros que li este ano.

[Celina Marques · Rating 3 out of 5]

3,5 ⭐

[Paulo Teixeira · Rating 4 out of 5]

Um ensaio sobre a vida, o amor e a morte, algo diferente do normal. E uma homenagem à avó do autor.

[Tito · Rating 4 out of 5]

3,5*

[Ana Rita Ramos · Rating 4 out of 5]

O João Tordo tem um enorme domínio da língua, uma extraordinária capacidade de escrita e imensa cultura geral, o que faz com que, independentemente do tipo de livro que escreve, seja sempre interessante de ler.
Nesta obra ele aborda vários temas, desde a música à literatura, lembra a avó que já partiu e menciona conceitos interessantes. Além do mais, despe-se de pudores e revela o seu passado menos brilhante e as suas angústias.
Embora eu, por norma, aprecie mais romances gostei muito de ler estes ensaios.

[Mara Ribeiro · Rating 5 out of 5]

Maravilhoso, sincero, emotivo, lindo de morrer 🙏🏻

[Pedro Machado · Rating 4 out of 5]

"Não fui o melhor neto (quem foi?), mas pensei nela, a vida inteira, com amor."

[Ana Rita Rocha · Rating 3 out of 5]

O livro assemelha-se a um ensaio sobre a Morte, o valor da Arte e do Belo, etc.
Independentemente de se estar de acordo com a posição do autor (melancólico, pessimista e condenando o “optimismo selvagem” da cultura do século XXI, devo referir que o autor argumenta a fundo para defender essa posição.
Foi um livro que me fez pensar, mas cuja leitura não me trouxe optimismo ou alegria. Não é o meu tipo de livro.

[Graciosa Reis · Rating 4 out of 5]

Em 𝑼𝒎𝒂 𝒗𝒂𝒍𝒔𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝑴𝒐𝒓𝒕𝒆, , João Tordo regressa à não-ficção (ainda não li o 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝑺𝒐𝒃𝒓𝒆𝒗𝒊𝒗ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝑬𝒔𝒄𝒓𝒊𝒕𝒐𝒓) e alinha uns primeiros passos mais intimistas com o leitor.
“Num primeiro andamento”, revela-nos um conjunto de ensaios sobre a música, a literatura, a criatividade, a espiritualidade, a religião e vai entretecendo algumas relações entre estes temas, vai expondo alguns pensamentos, algumas teorias (as suas). À medida que “valsamos” no livro, outros “compassos” se vão impondo e nos orientam na reflexão da passagem do tempo, do medo de morrer, na aceitação da morte, bem como nos afundam nos relatos de depressão, de loucura, de melancolia, e nos elevam nos momentos de alegria, de felicidade e de esperança na superação das fragilidades, das fraquezas, da loucura.

João Tordo, no texto inicial, informa o leitor “ que este livro era sobre a Morte”. Após a morte da sua avó, o autor sentiu a necessidade de expurgar a dor sentida e encontrou a “agulha” que uniria todos os fios soltos que compunham os textos escritos.
Nós, leitores, deixamo-nos conduzir e sentimos a omnipresença da Morte que valsa ao nosso lado, ora mais sombria, ora mais afoita, ora mais serena.
João Tordo revela-se ao leitor. Escancara a porta da sala de baile e convida-nos a valsar ao ritmo imposto pela sua escrita. Num andamento mais moderado, mais alegre, ou mais lento, acompanhamos os seus gostos, os seus medos, as suas crenças, e até as suas obsessões e o seu amor pela avó, ou seja, a forma como vive, pensa e sente.

Em suma, e como o referiu João Tordo, estes textos interligados são a tentativa de dar resposta à pergunta “ que fazer da vida quando a presença da Morte é incontornável?” João entende que se começarmos “ quanto antes a tratar a Morte por “tu” é um passo largo para nos apaziguarmos diante do assustador negrume.” (p. 202), mas também a tentativa (muito conseguida) de explorar e encontrar o Belo e o Sublime face à finitude da existência.

Depois de ter lido este livro e de “ter valsado com a Morte”, acredito que consiga mais facilmente tratar a Velha Senhora por “tu”. Afinal, a vida é isso mesmo. É aceitar o tempo que dura a valsa, e se for de forma agradável e em boa companhia, tanto melhor.

[mags · Rating 5 out of 5]

Este livro é um fenómeno.

É mais um ensaio sensacional de João Tordo, que surpreende e comove qualquer pessoa que o leia. Ficará guardado no meu coração com um formato extra especial devido ao encontro com ele, onde me assinou o livro e conversamos brevemente sobre ele.

Ler um livro sobre algo que, surpreendentemente, não aparento ter medo foi tranquilizante. Assegurei-me ainda mais que não há motivos para ter medo de uma inevitabilidade tao inevitável como a Morte. Já o tinha aprendido com alguns heróis e heroínas que passaram pela minha vida, e é sempre bom voltar a aprendê-lo com um dos meus escritores favoritos.

Aprendi imenso com Tordo e com a sua escrita. O que mais me fascina sobre ela, na verdade, é isso mesmo: a forma como ele diz sempre a verdade — e da forma mais genuína possível — nas suas obras. Ensina-nos sobre a verdade (e a lidar com ela) em todos os seus ensaios, sejam eles sobre o que quer que seja. E creio piamente que é daí que vem o meu amor por tudo o que escreve, porque é a veracidade que faz da escrita e da literatura aquilo que elas são: uma forma de apaziguarmos corações enquanto lhes recordamos o óbvio sobre o mundo onde vivem (e, por vezes, também aquilo que já não é tão óbvio).


Uma citação que gostava de deixar registada:
“A infelicidade humana é, tantas vezes, a felicidade da Arte”

[Dália Da Silva · Rating 4 out of 5]

Queremos estar quietos, sossegados. A vida continua a doer, mas com menor intensidade, e as feridas saram mais depressa, porque a sede de viver abrandou. [...] já não nos apaixonamos como dantes, mas também não nos zangamos como antigamente; renunciamos ao destemido em nós e substituímo-lo pelo compassivo.
O maior apreciador dos bons momentos é aquele a quem os dias trouxeram maior sofrimento, pois compreenderá, no decurso daquela hora, que os recursos humanos, embora escassos, são capazes de gerar o Sublime, que é uma porta para o Divino.
"O louco não é o homem que perdeu a razão, é o homem que perdeu tudo, excepto a razão."
Agarrados a uma ideia apenas, afogamo-nos, porque quem pede auxílio não pode ser demasiado selectivo.
O progresso é impossível sem mudança, e aqueles que não conseguem mudar de opinião não conseguem mudar coisa nenhuma. A medida da inteligência é a sua capacidade de mudar. Ontem era esperto e queria mudar o mundo. Hoje sou sábio, e quero mudar-me a mim.
A religião é para quem tem medo de ir para o inferno, e a espiritualidade, para aqueles que já lá estiveram. O desespero do Homem é a oportunidade de Deus.
Um pequeno grupo de cidadãos, ponderados e comprometidos, pode mudar o mundo.
Ensaiar a morte é dizer a alguém que ensaie a sua liberdade. Uma pessoa que aprendeu a morrer desaprendeu de ser escravo.
A meritocracia transforma o facto em elogio e a desigualdade em superioridade pessoal daquele que vence.
As nossas vidas levam-nos por caminhos que não podemos controlar, e o que fica connosco é quase nada. Tratar a morte por ti é um passo largo para nos apaziguarmos diante do assustador negrume.

[Beatriz Duarte · Rating 4 out of 5]

Este foi o meu primeiro livro de João tordo, apesar de já há muito ter algumas das suas obras na lista das que quero ler. Adicionei "Uma Valsa com a Morte" há mais de um ano, sem saber que a minha própria vida ia levar uma reviravolta e que iria identificar-me, mais do que nunca. Assim que o vi numa prateleira do supermercado, tive de o trazer comigo imediatamente.
Gostei bastante da forma como o autor escreve. Apesar da linguagem cuidada, fruto dos anos de experiência que tem, é fluída e entende-se bem a mensagem. Identifiquei-me bastante com ele nos excertos em que nos permitiu ver um pouco mais da sua personalidade e também com os seus interesses. Também eu sou uma adepta da melancolia, adoro arte, literatura, espiritualidade e, recentemente, perdi o meu avô para o cancro.
No entanto, devo apontar que achei que o livro era um pouco diferente. Sinto que só comecei a ficar verdadeiramente interessada a partir da segunda metade. Acho que poderia ter um pouco menos de rodeios e referências a 1001 pessoas e obras e abordar um pouco mais o tema da espiritualidade e da perda que, acredito que tenha ficado sempre um pouco para "depois".

[nês (she’s f*cked in the head, they said) · Rating 4 out of 5]

"Sobram estas e inúmeras outras memórias, enformadas por um silêncio aconchegante — escutar a avó Dadá lá dentro a fazer as suas coisas, os apetrechos de costura, o rádio ligado baixinho, uma breve conversa ao telefone com alguém, o jantar, os passos leves e abnegados daquela senhora magrinha e ossuda que sempre viveu para os outros."

"Mas o medo da Morte, infelizmente, é necessário. Sem ele, não conseguiríamos apreciar a vida. No fundo, somos importantes porque o somos para aqueles que estão perto de nós; que, connosco, fazem o caminho do Nada até ao Nada. Tememos a perda deles, e também a choramos. O meu avô morreu em 1984, e lembro-me de chorar, sim, na casa da Estrela onde hoje habitam a minha irmã e os meus sobrinhos, por onde deambula agora também a sombra da avó Dadá, cujo luto recente é o tema do último texto deste pequeno livro."

Um livro que fui digerindo e que me acabou por digerir. Porque a avó Dadá do João era a minha avó Tina e porque o meu luto é tão semelhante ao do João.

[Ana Ribeiro · Rating 4 out of 5]

Neste seu livro mais recente, João Tordo mostra-se como nunca os leitores o viram.

Para mim, este é o seu livro mais pessoal. Enquanto o lia senti-me como se estivesse numa sala ou num auditório a ouvir uma palestra do autor.

Partindo da morte da sua avó materna, ele vai fazer uma reflexão sobre vários temas: a escrita - já abordada no Manual de Sobrevivência de um escritor -, a música, a espiritualidade, a melancolia e claro o luto. A morte está muito presente nestas suas reflexões.

É um livro para se ler devagar. Que nos incita a absorver pensamentos e palavras.

Conhecemos neste livro, o homem por detrás do escritor.

Há também alguma referência aos seus livros e a algumas personagens. Gosto sempre de saber mais sobre os livros dos meus autores favoritos.

Gostei imenso deste livro, lê-se muito bem e obriga-nos a parar para pensar.

Recomendo!

[Carla Ferreirinho · Rating 4 out of 5]

"Uma valsa com a Morte" reúne um conjunto de textos de João Tordo sobre música, literatura, e sobre a sua relação com a espiritualidade e com a morte.
A ideia para este livro surgiu após a morte da avó materna com 100 anos, em Dezembro de 2022, vitima de covid, e é um livro de pensamentos, de caráter confessional com reflexões sobre a arte de estar vivo e as armas que podemos usar para combater a fatalidade da morte.
Mais uma vez João Tordo não desilude e é um excelente livro!

O esforço de viver no presente pode conduzir a estados de indignação insuportáveis, porque o passado e o futuro tendem a intrometer-se na história, sobretudo quando uma pessoa apenas quer estar aqui e agora.
(Página 74)

Na verdade, há muito mais insanidade em toda a parte do que parece - ouçam-se as explicações de alguns políticos e chefes de Estado, e as justificações para atropelar direitos, começar guerras e instalar regimes ditatoriais, e ela está bem à vista.
(Página 98)

Na filosofia vigente do mundo laboral, o esforço, o desgaste e o stress são recompensados com um lugar no paraíso (das empresas).
(Página 169)