Nessa coletânea de crônicas – terceira de uma coleção que reúne textos de Clarice selecionados por temas, com o objetivo de apresentar a faceta cronista de umas das maiores escritoras brasileiras às novas gerações –, o leitor conhecerá tanto o Rio pessoal e secreto da autora quanto o coletivo, numa mescla hábil do espírito carioca com seu modo único de ver o mundo.
Clarice Lispector was a Brazilian writer. Acclaimed internationally for her innovative novels and short stories, she was also a journalist. Born to a Jewish family in Podolia in Western Ukraine, she was brought to Brazil as an infant, amidst the disasters engulfing her native land following the First World War.
She grew up in northeastern Brazil, where her mother died when she was nine. The family moved to Rio de Janeiro when she was in her teens. While in law school in Rio she began publishing her first journalistic work and short stories, catapulting to fame at age 23 with the publication of her first novel, 'Near to the Wild Heart' (Perto do Coração Selvagem), written as an interior monologue in a style and language that was considered revolutionary in Brazil.
She left Brazil in 1944, following her marriage to a Brazilian diplomat, and spent the next decade and a half in Europe and the United States. Upon return to Rio de Janeiro in 1959, she began producing her most famous works, including the stories of Family Ties (Laços de Família), the great mystic novel The Passion According to G.H. (A Paixão Segundo G.H.), and the novel many consider to be her masterpiece, Água Viva. Injured in an accident in 1966, she spent the last decade of her life in frequent pain, steadily writing and publishing novels and stories until her premature death in 1977.
She has been the subject of numerous books and references to her, and her works are common in Brazilian literature and music. Several of her works have been turned into films, one being 'Hour of the Star' and she was the subject of a recent biography, Why This World, by Benjamin Moser.
Comprei esperando um livro sobre o Rio de Janeiro. É isso a crônica, esse olhar sobre o outro. Um olhar cru e realista e ao mesmo tempo lírico, literário. Acho que era uma boa expectativa de se ter com Clarice Lispector. Mas encontrei algo diferente aqui. Alguns textos, os bons, são realmente muito bons, como se não houvesse nível intermediário. O que faz dos ruins muito ruins. Me parece que é escrevendo prosa, ficção, que Clarice Lispector consegue criar pessoas reais. Na crônica - e ainda não entendi o "para jovens" do título senão pelo marketing - Clarice acaba se distanciando dessas pessoas. Olha para elas com certa distância que fica evidente no texto e quebra justamente a magia da crônica. Mesmo quando interage com elas a impressão que fica (às vezes dita de forma expressa) é a de que a autora se acha mais interessante do que o entorno e acaba voltando o olhar para si mesma. Talvez seja, vai saber. Mas pelo que li, Clarice ia ao Jardim Botânico para se sentir livre, tinha problemas com baratas no apartamento, e comprou um doce para um menino de rua. De resto, se diz cansada, muito cansada, de morar em Copacabana de frente para o mar.
“Sou brasileira naturalizada, quando, por uma questão de meses, poderia ser brasileira nata. Fiz da língua portuguesa a minha vida interior, o meu pensamento mais íntimo, usei-a para palavras de amor.”
3,5 "Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?" "Pois ocorreu-me que tudo se paga – e que se paga tão caro a vida que até se morre." "É, mas não estou gostando muito desse pacto com a mediocridade de viver."
Eu vi uma coisa. Coisa mesmo. Eram dez horas da noite na Praça Tiradentes e o táxi corria. Então eu vi uma rua que nunca mais vou esquecer. Não vou descrevê-la: ela é minha. Só posso dizer que estava vazia e eram dez horas da noite. Nada mais. Fui porém germinada."
Ao invés de colocar uma citação, resolvi colocar uma crônica mais curta do livro inteiro antes da resenha. Acho que a maioria das pessoas não sabe o quão incríveis são as crônicas de Clarice Lispector. Para mim, são o encanto da literatura dela condensada nesse formato breve, com uma potência arrebatadora. Algumas são engraçadas, outras mais profundas, a maioria é emocionante, todas são inusitadas. E são também muito pessoais, visto que a maioria é narrada em primeira pessoa pela própria autora. Difícil saber quais dos acontecimentos são verídicos ou não, mas isso pouco importa; o que interessa é que cada uma dessas crônicas é um mergulho subjetivo no cotidiano e na mente de Clarice Lispector, e eu amei cada instante disso. Essa edição é uma compilação de algumas crônicas, curtas e uma delícia de ler. Qualquer crônica dela, na verdade. Tem um livrão que tem todas. Recomendo imensamente.
I’m desperately in love with Clarice Lisperctor’s mind, she holds such sensitivity towards the world and her words are timeless, seems like she understands everything and everyone. Just reading her rant about her life in such a literary way, everything she writes turns into poetry. as a brazilian, I’m very proud to say our literature is so amazing!
Pequenas e gostosas crônicas por uma grande escritora. Na verdade a cotação seria 3,7. Despretensiosas, reflexivas e transmitindo grande sensação de solidão
"porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele."
O nome do livro dá uma ideia errada sobre as crônicas que você lê e isso ajudou a fazer com que eu me decepcionasse um pouco. O Rio de Janeiro é apenas o plano de fundo, o local onde a Clarice está e portanto, onde ela desenvolve os pensamentos que geram sua escrita. Não há crônicas específicas sobre a cidade em si, mas sim citações a alguns de seus lugares: um passeio feito no Jardim Botânico, uma visita a amigas na Urca, uma rua que despertou sua curiosidade no Centro, o mar que ela vê da janela... Quase nenhum, no entanto, é exatamente fundamental para o desenvolvimento das crônicas, e a maioria delas nem precisaria ter sido citada já que a base das histórias não se dá por ali. Eu esperava (gostaria?) que a cidade fosse mais presente como personagem.
Já os personagens em si, como colocados no título, também são meros coadjuvantes, poucos recebem nomes, o que brilha e o que aparece em tudo é Clarice. É um livro bastante particular por isso. Poderia ser chamado "Eu no/ e o Rio de Janeiro". Dá pra perceber muito da pessoa Clarice, o que ela pensa sobre várias coisas, corriqueiras ou não, e isso também me perturbou de certa forma pois certas ponderações feitas são colocadas de forma natural mas podem ser problemáticas.
O "para jovens" que vem como subtítulo é completamente desnecessário. E sobre as crônicas em si: algumas foram extremamente curtas. Muitas são facilmente esquecíveis, outras têm questionamentos mais complicados porém nada que depois pudesse gerar algum tipo de troca sobre. E nada com a força e a profundidade que a autora consegue atingir com seus romances. De certa forma, eu apenas não me importei muito com essa leitura.