António Variações. Entre Braga e Nova Iorque

by Manuela Gonzaga

Este é o primeiro trabalho de recolha biográfica sobre António Variações, músico e cantor emblemático dos anos 80, que gravou apenas dois álbuns e um single de originais mas que marcou para sempre a música e a sociedade portuguesa. Com esta biografia, António Variações entre Braga e Nova Iorque, a autora faz uma viagem pela realidade portuguesa entre os anos 40 e a década de 80, assinando aquela que será, de certo, uma obra de referência na História cultural das mentalidades contemporâneas do nosso País. A vida do cantor mais iconográfico da música popular portuguesa, é assim ligada à realidade do Portugal profundo, ao longo de um intenso e rigoroso trabalho de pesquisa. A autora conheceu António Variações em 1982 como jornalista. Apoiada nas memórias desses encontros e numa pesquisa rigorosa baseada na recolha de numerosos depoimentos gravados, de familiares e outras pessoas que cruzaram a vida de António Variações, e recorrendo ainda a um rico acervo de artigos de imprensa escrita, Manuela Gonzaga transporta o leitor para a Lisboa do início dos anos 80, quando nascia a noite do Bairro Alto e se lançavam os primeiros manifestos pós-modernistas.

Genres: Nonfiction, Biography, Music, Portugal, Portuguese Literature

333 pages, Paperback

First published January 1, 2018

About the author

- Full time writer since 2000.
- Historiadora com o grau de Mestre.
- Activista (direitos dos animais, ambientalista, direitos humanos)
- 14 títulos publicados nos seguintes géneros:
- Biografia;
- Romance;
- Contos;
- Juvenil (young adults) com a Colecção 'O Mundo de André', quatro títulos, os quais integraram o Plano Nacional de Leitura).
- Três livros traduzidos e editados em francês - Imperatriz Isabel de Portugal (tradução Laure Collet, edição Le Poisson Volant)
Isabelle de Portugal, l'Impératrice , Le pouvoir au féminin au XVIème siècle
http://www.amazon.fr/Isabelle-Portuga...
Mozambique: Pour que ma mère se souvienne [Format Kindle] http://www.amazon.fr/Mozambique-Pour-...

Foi candidata presidencial às últimas eleições apoiada pelo PAN - Pessoas, Animais, Natureza, tendo cumprido a agenda de uma pré-campanha que terminou em Dezembro de 2015.

Reviews

[Ana · Rating 4 out of 5]

Gostei muito, porém há coisas que poderiam estar mais limadas, como, por exemplo, algumas gralhas e partes que se repetem desnecessariamente.
Para mim, uma biografia sem fotos como esta deixa igualmente a perder...

NOTA - 08/10

[João · Rating 2 out of 5]

António Variações foi uma supernova que cintilou por um breve instante sobre Portugal. Foi intenso, criativo, um pouco ingénuo talvez, muito original. Iluminou com cores inesperadas e brilhantes a música e a televisão dos anos 1980. Numa sociedade conservadora, em que poucos ousavam ser diferentes, António Variações era quase irreal: um barbeiro homossexual que compunha letras e músicas, que as cantava e dançava ele mesmo, que criava as roupas que vestia, ou que se apresentava quase despido, um homem que cuidava do corpo e da cara, que deixava crescer a barba e até se pintava (talvez um vídeo valha mais que muitas palavras!). Surpreendentemente, apesar de desdenhado pelos "intelectuais", teve a coragem de ser igual a si próprio: extravagante, irreverente, transgressor, queer.

Um homem assim merece uma biografia, pois claro! Quem era? O que pensava? Quem amou? Quem odiou? O que o levou a ser quem era? Como se definia a si próprio? Que objetivos tinha na vida? Que sentiu pela guerra colonial, em que participou? Que se passou em Londres e Amesterdão? Como descobriu a sua sexualidade e como a viveu? E quando viu a morte pela frente?

A um biógrafo pede-se que nos faça entrar na "pele" do biografado, que nos faça sentir como ele sentiu e que nos explique porquê. Infelizmente, a voz de António Variações raramente se ouve nesta biografia de Manuela Gonzaga. E quando se ouve, é abafada pelo "ruído" da infindável transcrição de entrevistas e artigos de jornais e revistas, muitas repetindo o dito (Lena de Água conta duas vezes que António a chamava por "Aguinha"), por secções inteiras sobre a vida do país (as marcas de pastas de dentes que se usavam então, Binaca, Pasta Medicinal Couto e Dentosan, sem que se perceba se António usava alguma), pelos extensos enquadramentos históricos impessoais (sobre a guerra no Vietname, por exemplo, sem que se explique o que pensava António sobre a mesma), ou, por uma página inteira listando nomes de artistas de teatro e revista, apenas para dizer que António foi ao Parque Mayer uma vez com a irmã, e que a irmã riu muito, mas que ele não era muito de rir, etc., etc.

É claro que muitos destes detalhes serão interessantes para quem se interessa por história ou sociologia. Mas são frustrantes para quem está curioso e quer saber mais sobre o homem que foi António Variações e se depara com um repositório de textos ordenados cronologicamente, alguns dos quais só remotamente estão relacionados com o biografado. Um bom revisor aconselharia a cortar muito (muito!), a responder a todas as perguntas que ficaram por responder, e a contar mais e melhor sobre esse homem único que foi António Variações.

[Inês Miguel · Rating 2 out of 5]

muita parra e pouca uva: quanta palha é possível meter numa biografia?

- livro muito bom para quem pretender conhecer melhor as histórias de vida da família de antónio variações
- páginas e páginas a descrever produtos e anúncios publicitários da época: para quê?
- opinião da autora sobre eventos históricos que ninguém pediu, e que roça algumas vezes o problemático (e.g. chamar à china “gigante amarelo”)
- repetição até à exaustão do pouco material interessante que a autora recolheu sobre o variações (os mesmos trechos de entrevistas são repetidos várias vezes)
- cronologia pouco clara e muito tempo perdido em fases da vida do antónio sobre as quais a autora sabe muito pouco
- erros ortográficos e escrita pobrezinha

[Isa · Rating 2 out of 5]

Sinceramente estou indignada com a falta de cuidado na edição deste livro: episódios e frases repetidos inúmeras vezes, palavras em falta, palavras a mais, uma cronologia muito à toa.
E do António Variações ficou muito pouco, algumas passagens (poucas!) deixaram entrever o homem que foi, mas a maior parte do livro foi a dita "palha" para encher.
Uma personagem como o António Variações merecia uma biografia com mais brio.

[João Roque · Rating 4 out of 5]

Manuela Gonzaga é uma escritora que dedica especial atenção aos temas sobre os quais escreve.
Neste seu livro é absolutamente notável o seu trabalho de pesquisa do qual resulta uma minuciosa e completíssima descrição do que foi a vida e a obra musical de António Variações, um autêntico "case study" na moderna música portuguesa, ao ponto de não haver uma qualificação bem definida para o seu estilo musical.
No que respeita à sua vida privada, apenas não é referida a parte que o próprio António Variações sempre considerou como intima e da qual nunca deixou grandes testemunhos.
Um livro fundamental para todos aqueles (e são muitos) que ou são entusiastas da música deste artista e também, mais genericamente aos que gostam de biografias ou livros sobre música.

[Filipa D · Rating 5 out of 5]

António Variações está no topo dos meus músicos portugueses favoritos, um ícone musical e de estilo. Não dou 5 estrelas por esta biografia estar maravilhosamente escrita, dou porque é um relato intensivo sobre a vida e a arte deste homem fascinante e vanguardista, já que não houve oportunidade de ser ele próprio a relatá-la. Tê-lo-ia feito de forma exímia, se as suas letras são indicação de um génio poético, quão excepcional seria a sua prosa.

[Telmo Fernandes · Rating 3 out of 5]

Interessante sobretudo do ponto de vista sociológico, pelo retrato do Portugal rural da infância de António, passando pela partida para a metrópole, igual a tantas outras partidas, repleta de sonhos e novos horizontes. Também há, pelo caminho, o retrato dessa transformação de Lisboa conservadora e fechada numa cidade onde a liberdade se começa a exibir, de forma rebelde, a partir de meados dos anos 70. Percebe-se o investimento da autora no trabalho de pesquisa, sobretudo na recolha de depoimentos, mas no meio dessa polifonia parece perder-se também a pessoa António e a sua própria mundividência. O que é pena, mas não desmerece o trabalho (agora reeditado), digno da relevância deste grande cometa da nossa cultura contemporânea e do meu coração.

[Rosario Oliveira · Rating 4 out of 5]

Adorei ler este livro sobre uma pessoa realmente bonita, suigeneris, diferente. Revivi algumas situações, pois também se fala muito daquela época em que ele viveu. Recomendo muito se gostam do Variações, leiam este livro. Vão gostar.

[Ricardo Silvestre · Rating 2 out of 5]

Não gostei.
Inúmeras questões por responder, no meio de tanta repetição.

[Elisa Santos · Rating 4 out of 5]

O que estragou foi a falta de linearidade e a repetição de extratos de conversas e entrevistas. De resto excelente.

[Carla Mendes · Rating 5 out of 5]

This was such a surprise! My boyfriend gave it to me after I enthusiastically showed him some of his albums... And i had no idea of what to expect! Truth is, I was blown away. Not only the picture of Portugal at the time, all the social changes that it went through, but also to "get to know" António Variações. I kept stopping my reading mid-chapter and reading entire chapters out loud at home.
Everything, from his growing up to his early years in Lisbon, and then entering the music world, until the end of his life: Every detail was interesting and fascinating. António was indeed a true artist, and I now listen to each of his albums and songs in a very different way.

So, thank you Manuela, for the thorough research and the great writing.

[Vânia Moreira · Rating 5 out of 5]

António Variações é uma figura incontornável e ímpar da nossa sociedade. Uma pessoa que admiro imenso por ser tão à frente do seu tempo num país demasiado pequeno para ele. Como menciona Eulália Ribeiro, viúva de João Ribeiro (irmão mais velho de Variações) e sua cunhada: "Ou ele estava adiantado ou nós é que estávamos atrasados em relação a ele." p.231

A palavra Variações (inicialmente para designar a sua banda: António & Variações) remete para "elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que sou e que faço no campo da música."; "(...) é o nome adequado para fugir à rotina, é um nome que não me escraviza e não me deixa comprometer com rótulos, o que é excelente para mim." p.199-200

A sua forma de vestir era uma afronta à sociedade de então. Como refere a autora: "o peso da crítica de costumes era esmagador".

Antes de 1981 não havia lugar para edição discográfica para António Variações, pois não se encaixava em nenhuma das vertentes da música portuguesa. É quando surge uma nova geração de músicos (como Carlos Mendes, Fernando Tordo, Rui Veloso...) que Variações pôde surgir em todo o seu esplendor. p.193

Uma pessoa que não era meio termo: ou se amava, ou se odiava.

Achei bastante repetitivo e sem uma ordem cronológica coerente e lógica. Se não fosse isso, teria sido excelente.
Gostei do facto de ser uma obra que contextualiza o seu tempo, o que permite comprovar que ser António Variações naquela época era uma obra de coragem.

Uma das frases de Variações a Matilde (que trabalhou com ele no salão): "Você tem que se impor, porque o mundo só tem dois tipos de pessoas, os que mandam e os que se deixam mandar. Você não quer ser do segundo, pois não?" p. 161

Fiquei a conhecer um nome alternativo para a harmónica que desconhecia de todo: gaita de beiços. p.163

Quando António Variações sugere uma nova edição da música "Povo que Lavas no Rio" (uma homenagem à sua grande inspiração, a Musa, Amália Rodrigues), Ricardo Camacho pergunta-lhe: "António, queres que isto soe como?"
E uma das suas frases emblemáticas e que dá subtítulo a este livro: "Entre Nova Iorque e a Sé de Braga" p.198

Nem sempre foi tido como bom cantor, até porque não tocava nenhum instrumento. No entanto, sabia perfeitamente como queria que as músicas soassem. Cantarolava as melodias e os músicos iam tirando notas ao que ele pretendia. A canção "Nostradamus" foi assim composta, apenas com um traulitar da melodia por Variações e que os músicos tiveram que chegar ao pretendido: "quero uma coisa electrónica e quero sentir a terra a tremer". p.238

As suas músicas sempre revelaram muito de Variações; a sua poesia está recheada de indicadores também daquilo que lhe iria acontecer: desde a "Canção do Engate" (que falava da sua visão sobre o sexo) à Linha-Vida, em que fala na respiração...
Lena d'Água menciona que a sua canção "A Culpa é da Vontade" teria sido gravada de noite, pois ele está a cantar baixinho. p.299
"António Variações narra aquilo que sente" p.304

Lena d'Água (a quem carinhosamente tratava por Aguinha) foi uma grande amiga sua, bem como Marco Paulo.

O seu sobrinho, Jaime Ribeiro, chegou a participar no Chuva de Estrelas justamente com a música do tio, "Canção do Engate".

O seu famoso anel em forma de colher de chá dobrada, tinha um grande valor sentimental para ele, pois tinha sido dada pelo namorado holandês Jelle Balder. Ainda que Amália lha tivesse pedido várias vezes, pelo seu valor, Variações negou sempre. p.282

Curiosamente, terminei este livro na véspera de aniversário de António Variações (3 Dezembro).

De 12 para 13 de Junho de 1984, dia de Santo António, António Variações morre vítima de uma broncopneumonia bilateral grave e as suas últimas palavras foram enquanto o entubavam: "Eu sou cantor! Não me podem fazer isso!" Deveriam ter sido momentos agonizantes, não só para ele, mas para quem o ouvisse. Foi a sua irmã, Lurdes, e a grande amiga Teresa Couto Pinto que estiveram sempre do seu lado nas últimas horas. p.259
Falava-se que tinha falecido da "Coisa Ruim", a SIDA, e que teria o corpo cheio de feridas e manchas, o que é desmentido pela irmã Lurdes.

Esta obra levou 5* não por ser fantástica, mas porque a figura biografada é António Variações e tudo o que leio e pesquiso sobre ele me sabe a pouco.
Esta biografia conta a história e histórias de António Variações com alguns dos seus amigos e pessoas que foi encontrando ao longo do seu percurso, quer pessoal quer profissional. É realmente uma figura impressionante e lendo aqueles que lhe eram mais próximos, apercebemo-nos que perdemos realmente muito com a sua morte.

[Sara · Rating 5 out of 5]

“Porque a história deste homem singular é um ex-libris da nossa História recente. A sua vida ilustra a realidade portuguesa da segunda metade do último milénio”

Em “António Variações: Entre Braga e Nova Iorque”, Manuela Gonzaga faz uma homenagem a esta “ave rara”, como é muitas vezes descrito nesta obra, da história cultural portuguesa. Um ser que criou um percurso e uma arte tão única como ele, Entre Braga e Nova Iorque.
Esta biografia é a história da vida do António, mas também a História da vivência portuguesa na segunda metade do século XX. A escrita de Manuela Gonzaga põe-nos nessa “terra sangrada de gentes, em perpétua diáspora”, ao seguir o percurso do António, primeiro do Minho para a metrópole lisboeta, de Lisboa para o resto do Mundo, e de volta novamente. Um mundo de gentes que continuam a procurar o seu lugar.
Apesar de, naturalmente, se guiar pelo tempo linear, Manuela segue o fio da história, misturando referências e vivências passadas e futuras, enquadrando quem era António Joaquim Ribeiro.
Este percurso de vida individual anda de mãos dadas com a vida em Portugal; por exemplo, seguimos os trabalhos de António, vendo desde mercearias até à noite lisboeta (de onde se realça a cultura queer portuguesa, uma História não facilmente disponível, e que adorei aprender), passando por cabeleireiros e, claro, muito do mundo da música.
O mundo da música, onde o António tanto queria estar e que tão pouco aproveitou - não por mau aproveitamento do tempo em que lá esteve, não por falta de tentativa, mas porque infelizmente Variações se junta a essa massa de pessoas retiradas à vida pela epidemia dos anos 80 (e que nos testemunhos da família, recolhidos em 2004/2005, se vê a necessidade de afastar o António desta doença*). Talentos perdidos para a terra, insuportável para tentar contabilizar.
*Um livro criado com testemunhos, torna-se necessariamente um livro complicado, mas também muitíssimo mais interessante. Tentar juntar as ilustrações de António, o melhor e o pior, as discrepâncias entre diferentes pessoas da vida de Variações, criando uma imagem da personagem que escreveria canções como o “Estou Além”.

Este “provinciano, mais animal que racional, anarquista, pacifista, curioso, insatisfeito, que sente o direito a existir porque respeita a existência dos outros”, que “tem vontade de ficar na História, nem que seja na História de uma parede de casa de banho” é homenageado como deve ser, tal como é o país que o abraçou e que o abraça ainda.

[Miguel Garcia · Rating 4 out of 5]

O livro é muito interessante pelo seu conteúdo, mas tem duas falhas grandes e uma que acaba por ser uma falha que acaba por dar algum jeito:

1) Embora este livro seja uma biografia, falta uma cronologia mais explícita. Muitas vezes fiquei confuso com essa falta de cronologia (ex., o pai morria num capitulo, no capitulo seguinte às referencias "em tempo real" ao pai ainda em vida). Além disso, os títulos dos capítulos não tentam fazer este enquadramento. São versos das canções que até podem ter relevância para os temas de cada capítulo, mas é algo muito indirecto em vez algo mais tradicional: "infancia", "Ida para Lisboa", "Primeiro ensaio" , etc.

2) Existe informação repetida por todo o lado - parece que houve pouco cuidado na revisão/edição. Muitas vezes lemos o mesmo episódio na voz passiva e depois voz activa com poucas linhas de intervalo; isto às vezes até acontece entre capítulos - não creio que seja intencional, se for, é assumir que o leitor não tem memória.

3) A última falha, que é a mais tolerável porque é informação de contexto - embora para quem esteja à espera de uma biografia de Variações possa não estar tão interessado neste contexto e mais na vida do biografado. São várias as ocasiões que a autora explica/cita situações da época. Eventos políticos, produtos de casa (ex. falar imenso da pasta couto)... São detalhes que podem dar algum contexto da época em que Variações viveu, mas tenho dúvidas que fossem essenciais. Quem gostar desse tipo de livros (ex: LX'80) aceitará melhor estas derivações - que foi o meu caso, embora tenha achado inesperado no mínimo.

[Alda Delicado · Rating 4 out of 5]

António Variações é provavelmente um dos artistas mais originais do panorama musical português e conseguiu sê-lo em grande medida por misturar tendências modernistas com a raiz tradicional portuguesa de uma forma inovadora e radical. Por tudo isto a biografia desta personagem suscita muita curiosodade e interesse. Sendo ele um homem muito reservado e tendo a sua família e amigos respeitado essa reserva, a escrita desta biografia foi certamente difícil e quase exclusivamente baseada em entrevistas e artigos, o que efetivamente dá uma imagem do artista como um reflexo num espelho e não como uma imagem real do homem, mas provavelmente seria até isso que ele preferiria. A autora consegue dar ainda uma boa contextualização do período em que que o artista viveu o que valoriza a obra. Apesar destas virtudes, a autora tende a repetir muitas citações, talvez devido à falta de material, e apesar de manter uma linha mais ou menos cronológica, anda para trás e para a frente na narração dos episódios o que se torna um pouco confuso.

[Paulo Teixeira · Rating 4 out of 5]

(PT) A meteórica ascensão e o fim abrupto de António Variações, o cantor que em menos de ano e meio editou dois álbuns e marcou Portugal. Entre 1981 e 1984, abalou o Portugal ainda conservador nos costumes, um país que saía da agitação pós-25 de abril e começava a conviver com a democracia, antes de entrar na União Europeia (então CEE). Excêntrico na sua forma de vestir e andar, viveu a vida como se amanhã fosse morrer. E ele não estava enganado.

A biografia conta tudo isso, com testemunhos da familia, dos amigos e daqueles com quem conviviam quer no barbeiro onde começou a ser conhecido, e depois, quando quis se lançar na carreira musical, num Portugal que se agitava com a segunda onde do rock. E no final, o seu final abrupto, morrendo num Dia de Santo António, provavelmente a primeira vítima conhecida do HIV/SIDA em Portugal.

Vale a pena ler, e depois ouvir as canções, num legado que nunca desapareceu.

[Eva Morgado · Rating 2 out of 5]

Sociologicamente é um livro interessante , porém para mim assemelhou-se mais a uma espécie de trabalho académico, do que propriamente a uma biografia. Geralmente , ao ler uma biografia tento procurar ouvir a voz sobre quem se escreve e aqui não consegui ouvir a voz do incrível Variações. Além, de que é bastante repetitivo, a passagem do tempo não é clara e até se torna confusa , ora estamos na década de 80 ora na de 70, ora Variações é criança ora adulto , mas sem uma fio condutor. E é muito à base de relatos, o que dá a sensação que só se sabem partes dos acontecimentos, muito superficialmente e sempre a visão de outros.
Continuo a aguardar uma biografia que esteja à altura deste artista incontornável da nossa história.

[Wilson Inácio · Rating 4 out of 5]

Sempre adorei as músicas deste grande cantor português, e resolvi ler esta biografia para perceber um pouco da sua vida. Descobri muitas coisas que desconhecia, não só do cantor, mas das pessoas ao seu redor, e também sobre a vida (especialmente a nocturna) e a vida da música e artistas da época em que ele viveu. Gostei do livro, e da maneira como são apresentados os capítulos, mas havia momentos em que parecia que repetíamos (algumas vezes) o que já tínhamos lido para trás.

De qualquer maneira, quem tiver curiosidade sobre a vida do cantor, recomendo!
(PS- demorei muito tempo a ler devido a vários assuntos pessoais que me têm roubado tempo)

[Diana Rodrigues · Rating 5 out of 5]

Interesse/comoção: 5
Escrita e estrutura: 4
Aprendizagem: 5

Uma biografia está bem feita quando, além de contar a vida da pessoa, nos faz sentir as emoções do biografado. Há uma preocupação em reconstituir os cenários em que Variações se construiu a si mesmo. Gostei muito da estratégia de não seguir um linha sempre cronológica, mas sim as temáticas lançadas por cada canção. A autora foi bem sucedida em transmitir a angústia do que é querer deixar prova dum génio ilimitado quando se tem um prazo de vida limitado.

[Lorena · Rating 4 out of 5]

Foi maravilhoso poder saber mais sobre a lenda que é António Variações. Nesta incrível (e, infelizmente, única) biografia, a autora entrevistou membros da família, amigos, colegas e conhecidos do barbeiro-cantor para melhor conhecermos quem foi esta figura singular e incontornável da cultura portuguesa. Desde a sua infância transmontana até à sua vida íntima (o pouco que se sabe dela); passando pelas suas viagens a Nova Iorque, Londres e Amesterdão e à sua passagem por Angola durante a Guerra Colonial; até à sua vida enquanto barbeiro, terminando na realização do seu sonho em ser cantor; todos os aspectos da vida de António são abordados.

Ao longo da biografia, a autora contextualiza a vida de António no Portugal e na Lisboa das décadas de 40, 50, 60, 70 e 80. É um enquadramento que faz sentido e que não deixei de apreciar, apesar de, por vezes, sentir que o "protagonista" foi chutado para segundo plano durante demasiado tempo. A autora também acaba por se repetir diversas vezes, utilizando várias vezes as mesmas expressões (perdi a conta às vezes que li a expressão "ave-rara") e passagens, o que acaba por desacelerar a dinâmica da história de António. No entanto, recomendo este livro a qualquer pessoa que queira saber mais — e muito — sobre este barbeiro-virado-cantor que nasceu e partiu demasiado cedo.

[Elísio Silva · Rating 3 out of 5]

Esperava mais, é um livro que traz alguns pontos interessantes sobre a vida e obra de Variações, assim como o seu legado, no entanto, apesar de gostar da contextualização histórica e é interessante para entender melhor algumas questões, sinto que a autora perdeu muito tempo nessas questões e esqueceu-se do ponto central: o Variações. Uma coisa que me fez confusão foi a repetição de passagens e alguns erros, eu li a reedição de 2018 e ninguém corrigiu aquilo? Fica mal.

[Tiago Araújo · Rating 4 out of 5]

I already knew the impact that Variações had in the Portuguese society and learnt a lot of things from the movie released in 2019.

Reading this book I was able to learn and warship him even more.

Unlike many people I really enjoyed that the author gave us more information about the times he lived in but I understand that other readers don’t like it that much.

[Ana · Rating 3 out of 5]

Já conhecia um pouco sobre a vida do António Variações e adorei saber mais sobre ele, através da leitura desta biografia. Acabei por atribuir esta classificação porque achei a escrita um pouco repetitiva, o que tornou a leitura um pouco aborrecida (na minha opinião).

[Marvin · Rating 4 out of 5]

O retrato de uma cidade, de um homem e do seu desejo de cantar. Obrigado pela tua coragem.

[Salomé Neves · Rating 4 out of 5]

Uma homenagem maravilhosa (e merecida) a António Variações e ao seu papel importantíssimo na música portuguesa. Um prazer de leitura!

[Carlos Costa · Rating 5 out of 5]

Um músico que estava muito à frente no seu tempo. Partiu cedo demais. Mas o seu testemunho ainda perdura. Um bom livro para conhecer melhor António Variações.

[João · Rating 5 out of 5]

De leitura muito acessível, Manuela Gonzaga leva-nos não só à vida de António Variações como ao que o rodeia, enquanto vivo e após a sua trágica morte. Altamente recomendado.

[fl0r d'estufa · Rating 4 out of 5]

no geral, é um testemunho incrível, não só da vida de Variações mas também da época histórica e social em que estava inserido.

[Joaquim Margarido · Rating 5 out of 5]

Morreu muito novo, com apenas 40 anos, em dia de Santo António. Chamava-se António Joaquim Rodrigues Ribeiro, mas ficou para a História com o nome de António Variações. Desde então, os ecos da sua passagem meteórica por este mundo não mais deixaram de se fazer ouvir. Em 2006, a escritora e activista Manuela Gonzaga decidiu escrever a sua biografia, publicada com a chancela da Âncora Editora. Regressou a ele 12 anos mais tarde, agora com a Bertrand Editora, para uma “nova edição revista e ampliada”. Nela, refere-se ao artista como “um anjo excessivo, curioso e clarividente, cheio de fome de Tempo e de Vida, com duas faces como convém aos anjos que caem na Terra, uma lunar outra solar, feitas de santidade e lama, uma ave-do-paraíso, uma paixão.”

António Variações é daquelas figuras icónicas que, quanto mais o tempo passa, mais se imiscui na alma da gente. Nascido em 03 de Dezembro de 1944 em Fiscal, Amares, teve uma infância brevíssima em tempos muito duros, os abalos provocados pela II Guerra Mundial a atingirem de forma impiedosa o nosso País e a porem a nu as marcas da pobreza e das desigualdades. Com 11 anos apenas rumou a Lisboa, a casa de um familiar afastado, para trabalhar como marçano. Começa aqui uma vida de descobertas e de conquistas que o levaram a Londres e a Amsterdão antes de novo regresso a Lisboa onde se estabeleceu como barbeiro e foi ensaiando a subida definitiva aos palcos da fama. Depois são os avanços e recuos de uma carreira controversa, os amigos e os outros, um enorme sofrimento interior que se adivinha em muitas das suas tomadas de decisão, até ao trágico desfecho da sua morte nos Cuidados Intensivos do Hospital da Cruz Vermelha, vencido por uma broncopneumonia bilateral aguda fulminante.

Numa escrita cuidada, reveladora de um enorme respeito e carinho pelo artista, Manuela Gonzaga mostra-nos um António Variações “de uma genuína delicadeza, de uma imensa sensibilidade e de um enorme sentido de humor a raiar o cáustico”, ao mesmo tempo que recorda um tempo e uma sociedade a erguer-se das sombras da ditadura e a abraçar a novidade com um misto de desconfiança e ilusão. Da movida de Lisboa ao tempo de Variações, a autora oferece-nos retratos nítidos, no centro dos quais situa essa “figura apaixonante no deserto desta cidade tão provinciana na época, com uma meia de cada cor, os roupões, o fato-macaco, os sapatos diferentes, o visual tão criativo e tão fantástico.” É um livro que se lê de um fôlego, que a um tempo nos diverte e nos comove, que respeita a verdade e cumpre da melhor forma o objectivo de mostrar Variações naquilo que foi e no que deixou de legado seu. Um livro precioso.

[Cátia · Rating 2 out of 5]

Este livro tem partes interessantes sobre a vida e carreira do António Variações. Porém, foca-se demasiado na história de Portugal e noutros pormenores irrelevantes. Faz sentido saber um pouco sobre a época em que ele viveu, mas o ponto fulcral deveria ser a história de António Variações. Penso que a autora se afastou do objetivo principal e o livro chega a ser repetitivo.