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Poema Sujo

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Volume 20 da Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros, em 20 volumes.

Esta é a obra mais conhecida e considerada a mais ousada do concretista Ferreira Gullar. O livro é uma espécie de desabafo do autor sobre um passado que ele não consegue e não quer calar, intensificado pelo exílio imposto pela ditadura em que se encontrava - a obra foi escrita em Buenos Aires, por volta do ano de 1975.

Com temática sexual, gírias e expressões de baixo calão, os poemas que compõem o livro fazem jus ao título da obra, onde também se destacam as evocações ao passado vivido em São Luís (sua cidade natal) e os questionamentos provocados pela realidade adversa.

O efeito corrosivo do tempo e a degeneração do corpo, a experiência da deterioração e a incomunicabilidade entre os seres, tão marcantes na obra de Gullar, são de certa forma redimidos pela perspectiva catártica do Poema Sujo: "cada coisa está em outra/ da sua própria maneira/ e de maneira distinta/ de como está em si mesma".

80 pages, Hardcover

First published January 1, 1976

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664 people want to read

About the author

Ferreira Gullar

101 books64 followers
Ferreira Gullar is the pen name for José Ribamar Ferreira, Brazilian poet, playwright, essayist, art critic, and television writer. In 1959 he formed the "Neo-Concretes" group of poets.
Living in Chile, in 1975, Ferreira Gullar wrote his best known work, "Poema Sujo". He was exiled by the Brazilian dictatorial government that lasted from 1964 to 1985. The poem states that the persecution of the exiles was growing, many were being found dead, and, thinking hypothetically of his death, he decided to write his last poem. He spent months writing this poem with more than two thousand verses, which brings forth his memories of his childhood and adolescence in São Luís, Maranhão and the anguishes of being far from his land.
Ferreira Gullar read the poem at Augusto Boal's house in Buenos Aires, in a meeting organized by Vinicius de Moraes. The reading, recorded on tape, became well known among Brazilian intellectuals, who tried to guarantee Gullar's return to Brazil in 1977, where he continued writing for newspapers and publishing books.
He was considered one of the most influential Brazilians of the XX century by Época magazine.
Gullar keeps a weekly column at Brazilian newspaper Folha de S.Paulo, publishing it every sunday.

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Community Reviews

5 stars
295 (48%)
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203 (33%)
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81 (13%)
2 stars
20 (3%)
1 star
15 (2%)
Displaying 1 - 30 of 63 reviews
Profile Image for Gabriel De Melo Borba Ferreira.
46 reviews23 followers
June 13, 2022
Esse poema me impactou de uma maneira que eu não estava preparado. Com uma potência simples e humilde Gullar nos destroça. Poema sobre o povo, a cidade, a memória, nossas entranhas... A beleza e a imundice do cotidiano. Vida real! Uma das melhores leituras dos últimos tempos.
35 reviews3 followers
August 15, 2015
More about dislocation than dirt, Dirty Poem is an urgent, book-length poem by a Brazilian exile obsessed with "the problem of time" and with showing that "what had died was actually still alive" in his memories of growing up in a small city in northeast Brazil:

In his grocery store
time doesn't flow
but instead piles up
in bars of Martins soap
slabs of dried beef
bacon all the merchandise
with its prices and
its smells
marked at retail
(kerosene's
dirty eye
spies from the can under the countertop
But one sees none of this
flying above the city at 600 miles per hour

Translator Leland Guyer quotes Otto Maria Carpeaux in his introduction: "Dirty Poem should be called National Poem, as it embodies all of the experiences, victories, defeats, and hopes of Brazilian life."
Profile Image for Joe Milazzo.
Author 11 books51 followers
December 29, 2015
A profound, humble, uniquely lucid meditation on time's passage, place's place, and what it means to inhabit history.
Profile Image for jeremy.
1,204 reviews310 followers
December 15, 2015
an epic (67-page) poem of exile and alienation, ferreira gullar's dirty poem (poema sujo) reverberates passionately and piercingly, nearly half of a century after its composition. set in his native brazil (but written in buenos aires after escaping the brazilian dictatorship), dirty poem is rife with sex, death, poverty, despair, deterioration, and the vivid urban imagery of gullar's youth. beauty and blight co-mingle, with juxtaposing forms and figures complementing gullar's visceral and forthright language.
rusted forks dull knives ragged chairs and worn-out tables grocery counters algeria street paving stones eaves of houses shrouded with mold mossy walls words said at the dining room table,
you fly with me
over continents and seas
and you crawl with me too
through the tunnels of clandestine nights
beneath the nation's starry sky
among the splendor and the leprosy
between the sheets of mud and dread
you slip away with me, old tables,
antiquated cupboards perfumed drawers of the past,
you turn the corners of terror with me
and you wait you wait
for the day to come

*translated from the portuguese, with an introduction by leland guyer
Profile Image for thaís bambozzi.
274 reviews46 followers
January 4, 2020
A palavra do meu ano é: celebração. E quando Antonio Cicero escreve no prefácio que esse poema é uma magnífica celebração da vida, ele não podia estar mais certo. A linguagem de Gullar explode, pinta o Brasil mais sincero possível e resulta no fim do seu exílio. O autor põe à mesa o máximo de verdade que existe nele.
Profile Image for Tainá Piccolo.
153 reviews8 followers
December 6, 2022
Com uma escrita sincera e sem vergonha, Gullar aborda cenas impensáveis enquanto mistura a relação homem-coisa e homem-cidade.



Notas:

entre as ruínas
a persistente certeza de que
naquele chão
onde agora crescem carrapichos
eles efetivamente dançaram
(e quase se ouvem vozes
e gargalhadas
que se acendem e apagam nas dobras da brisa)

mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos mudou de casa
e de tempo: mas está comigo está
perdido comigo
teu nome
em alguma gaveta

perfeitamente fora
do rigor cronológico
sonhando

combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino

sob o sol duro do trópico
sozinho na tarde no planeta na história

o que pra ele era rotina
pra mim era aventura

e neste caso um dia-dois
o de dentro e o de fora
da sala

e na história dos pássaros
os guerreiros continuam vivos

a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Tatyana.
234 reviews16 followers
November 1, 2018
"At night, since
there’s so little light,
we’re under the impression
that time doesn’t pass
or at least it doesn’t flow
as it flows by day:
like an interruption"
Profile Image for Kai Coelho.
Author 5 books12 followers
January 24, 2021
“O homem está na cidade
Como uma coisa está em outra
E a cidade está no homem
Que está em outra cidade”

Poema Sujo é um livro que me apareceu de surpresa, depois de ter feito uma aposta comigo mesma de ler mais livros brasileiros. Não esperava muito dele, afinal, não sou a maior fã de poema, mas, meu amigo, como eu estava enganada.
O livro é extremamente curto e pode ser facilmente lido em uma sentada, por assim dizer. Sua escrita é fluída e marcante e, apesar de ter uma divisão entre poemas, o tema central nunca se altera: a saudade daquele cidade que chamamos de casa.
Nunca fui para São Luís do Maranhão, mas me senti dentro de cada rua, de cada beco e de cada casa que compõem a cidade enquanto lia esse poema. Gullar se propõe, no ápice de seu exílio, a clamar por sua terra natal, a concretiza-la em texto, em poema... E ele consegue.
O sentimento de nostalgia é presente durante todo o poema, fazendo doer no peito aquela saudade de casa, aquela saudade da terra natal.
Poema Sujo era tudo o que eu menos esperava e tudo o que eu mais precisava nessa noite de sábado, tão distante da minha casa por conta dessa pandemia.

Recomendo a todos a leitura desse poema. Vocês não vão se arrepender.
Profile Image for Guilherme Lourenço.
Author 3 books5 followers
February 27, 2022
Muito difícil avaliar um livro como este. Não é uma antologia de poemas, mas sim um “poemaço” experimental cuja carga simbólica é fortíssima. Eu já conhecia a história por trás de “Poema Sujo” e confesso que os bastidores e o contexto histórico do livro são mais interessantes do que o poema em si. Não que a obra de Ferreira Gullar seja ruim. Pelo contrário! No entanto é complicado ler um poema muito grande.

Para mim, fazia mais sentido lê-lo em uma sentada, pois assim eu poderia ter a melhor experiência lírica possível, absorvendo a escrita do início ao fim. O grande senão desta maneira de ler é que o tempo total de leitura é de aproximadamente 50 minutos, fato que torna a experiência às vezes cansativa e um pouco enfadonha. Ler um romance, por exemplo, é uma experiência literária que dá para aguentar ininterruptamente por bastante tempo. Porém, textos aforísticos ou poéticos são feitos para serem sorvidos aos poucos e sem pressa. Então deveria eu ter dividido a leitura ao longo da semana? Provavelmente não. “Poema Sujo” não é uma série de televisão. É poesia em estado bruto. Não dá pra começar, ler meia dúzia de páginas, parar e continuar no dia seguinte.

Apesar da aparente dificuldade “metodológica” de leitura da obra, o importante é simplesmente lê-la. É admirável o esforço empregado por Ferreira Gullar na criação deste poema. Vale ler e reler. Sempre.
Profile Image for Diogo Duarte.
31 reviews
March 27, 2024
"era como se nenhum afeto valesse
como se não tivesse sentido rir
numa cidade tão pequena"


Dá pra ver e sentir o cheiro do Rio apodrecendo debaixo das palafitas de São Luís, e a textura da b*ceta molhada, o tempo escorrendo lento na tarde quente do Maranhão.

E é muito especial o jeito que ele olha, decifra e escreve o tempo. Mas não acho que o livro é sobre o tempo, e longe de mim querer dizer sobre o que é o livro.


Profile Image for Leonardo Monteiro.
30 reviews
April 17, 2024
Nunca vi nada igual.

Poema Sujo tem uma linguagem tão única que acho difícil conseguir enquadrar o livro em algum título, é em verso, certamente, talvez o ápice de uma construção em versos. Mas em tantos momentos senti como se fosse quase uma prosa, uma história corrida e assim desconstruída, do jeito que Gullar bem quer.

Se parasse apenas em uma beleza estética, mas o conteúdo que o autor tem para dizer é muito potente, muito bonito.

Acima de tudo, uma história de amor, amor e saudade. Acho muito bonito como Gullar faz questão de colocar o nome das ruas da cidade, os parques, as casas. A relação dele com essa memória, com essa cidade que representa tantas e tantas do Brasil inteiro.

Ele, exilado e expulso do próprio país, fugindo da ditadura militar e por tanto tempo tendo apenas essa saudade da própria terra como conteúdo latente dentro dele. Que ele mesmo diz sair em um “vômito”.

“turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro”

Não sei até que ponto gosto do Vinicius de Moraes, mas agradeço muito a ele por ajudar a fazer Poema Sujo existir. Dava alguns dedos meus para estar no rolezinho na casa dele quando divulgou o texto do amigo.
Profile Image for Luana Mendes.
122 reviews
December 23, 2025
Matéria viva, a poesia. Ela resgata a vida vivida, sentida e assim expressa.
Profile Image for Guttersnipe Das.
84 reviews59 followers
April 19, 2016
Ferreira Guilar, Dirty Poem
Translated from the Portuguese by Leland Guyer
New Directions Poetry Pamphlet #18, 2015

If the good doctor, William Carlos Williams, returned to life and I was given the task of looking after him on the first day of his Second Coming, I wouldn’t panic. I’d show up in New Jersey with this book. Perhaps we could take turns reading to each other? What greeting could be better than this great “Dirty Poem”? Williams might well begin making additions to Patterson at once. “Dirty Poem” is a triumph of the long poem. As well as being beautiful and profound, it is actually exciting. You may find that you need to stand up to read it, or pace around the room.

Because I so much love poetry that illuminates small, quiet, ordinary things, I think I tend to forget that a poem can also be an extravaganza, a blockbuster. Such energy and motion! “Dirty Poem” could be a movie -- but the budget would be prohibitive.

It is overwhelming to think that Guilar, in exile from Brazil, fleeing for his life, believing he would soon be dead, somehow found within himself the force to write this epic about his personal history, his home and the nature of time. An important figure in the literature of Brazil, he ought to be important to English-speaking readers too. Anyone interested in the possibilities of the long poem should read this small (and enormous) book.
Profile Image for Thomaz Amancio.
154 reviews20 followers
February 14, 2017
Uma ópera em dez atos: o corpo, o menino, a família, a cidade, o exílio, as ruínas, cantados em registro épico, num fluxo cheio de palavras e tom grandioso. Como os anéis de fumaça entrelaçados mencionados pelo poeta, o poema se desdobra e depois redobra em círculos em princípio concêntricos, e depois trançados e indiscerníveis: o corpo - a casa paterna - São Luís - o Maranhão - o Brasil - a Via Láctea. Talvez por isso o epíteto "sujo": longe de apresentar os círculos cristalinos da, digamos, Divina Comédia, aqui se trata de encontrar sempre mais fundo uma outra camada, um outro nível da memória, sem jamais alcançar o fundamento.

"cada coisa está em outra
de sua própria maneira
e de maneira distinta
de como está em si mesma"
Profile Image for Isabele Da Costa.
28 reviews
October 7, 2023
taí uma obra que consegue tocar muito bem o limiar entre poema e prosa poética. É bem interessante a relação da voz poética com a cidade natal - Gullar estava em Buenos Aires falando de São Luís do Maranhão -, a familiaridade do berço e a sensação de lar, o amor às coisas à população, história, a beleza da cultura... sem deixar de lado a sujeira, a desigualdade, o crime. Eu amo a sensibilidade rasteira de Gullar porque ela mostra bem claramente que o que faz um poema ser bom não é usar palavras difíceis ou já comumente associadas ao lirismo, muito menos compor um texto hermético e pouco acessível. É a intimidade tanto com o tema quanto com a língua.
Profile Image for Jerrod.
190 reviews17 followers
March 10, 2016
A lovely lament to identity in exile, defined by its endless pouring-outwardness.

We are covered in the imprint marks of the context into which we are born, and these create an outline for everything that comes, and goes.

This poem is dirty because it cares enough not to care about anything but what matters, everything.

The time, it keeps going.
Profile Image for Sandro Helmann.
310 reviews
November 21, 2023
Para quem não entende muito de poesia, pode ser difícil emitir opinião sobre esse "Poema Sujo". Claros estão a descrição de lugares e pessoas e os sentimentos de um exilado, com saudade de sua terra natal. Mais que isso, como métrica, rima, vocabulário empregado, talvez somente literatos possam comentar.
Profile Image for Julia.
224 reviews1 follower
May 10, 2024
"(Se tivesse me casado com Maria de Lourdes,
meus filhos seriam dourados uns, outros
morenos de olhos verdes
e eu terminaria deputado e membro
da Academia Maranhense de Letras;
se tivesse me casado com Marília,
teria me suicidado na discoteca da Rádio Timbira)"
Profile Image for Leonardo Noronha.
29 reviews
June 11, 2025
Um livro extraordinário, meu favorito de poesia. Este livro fez Ferreira virar meu poeta favorito. Eu pessoalmente, pude associar muito bem com as descrições de sua terra natal e o seu estilo simplesmente me capturou. Este livro é genialidade em sua forma mais pura.
Profile Image for Kaique Coelho.
146 reviews
November 8, 2025
“O homem está na cidade
Como uma coisa está em outra
E a cidade está no homem
Que está em outra cidade”

Poema Sujo é um livro que me apareceu de surpresa, depois de ter feito uma aposta comigo mesma de ler mais livros brasileiros. Não esperava muito dele, afinal, não sou a maior fã de poema, mas, meu amigo, como eu estava enganada.
O livro é extremamente curto e pode ser facilmente lido em uma sentada, por assim dizer. Sua escrita é fluída e marcante e, apesar de ter uma divisão entre poemas, o tema central nunca se altera: a saudade daquele cidade que chamamos de casa.
Nunca fui para São Luís do Maranhão, mas me senti dentro de cada rua, de cada beco e de cada casa que compõem a cidade enquanto lia esse poema. Gullar se propõe, no ápice de seu exílio, a clamar por sua terra natal, a concretiza-la em texto, em poema... E ele consegue.
O sentimento de nostalgia é presente durante todo o poema, fazendo doer no peito aquela saudade de casa, aquela saudade da terra natal.
Poema Sujo era tudo o que eu menos esperava e tudo o que eu mais precisava nessa noite de sábado, tão distante da minha casa por conta dessa pandemia.

Recomendo a todos a leitura desse poema. Vocês não vão se arrepender.
Profile Image for Luis Emanuel .
35 reviews
July 4, 2024
Um poema de grande magnitude, que se imortaliza ao colocar em palavras subjetivas, ao mesmo tempo que diretas, em versos duros e "sujos", ao mesmo tempo que sentimentais e nostálgicos, um sentimento tão humano e tão presente naquele momento dentro do peito distante de Ferreira Gullar: saudade. Gullar consegue transmitir em sua escrita a grande falta que sente do Brasil e de sua terra natal, tendo ele sido exilado e perseguido pela tragédia histórica brasileira chamada ditadura militar. Gullar escancara em palavras e versos pouco preocupados em serem "morais" o que representava ser brasileiro, ao mesmo tempo que transmite nessas estrofes, como forma de de alívio, sua nostalgia, e uma tentativa, que ele acreditou ser final, de provar-se vivo. Um livro de saudades, de contrapontos; uma obra histórica e genuinamente brasileira.
Profile Image for Osvaldo Jarnick.
9 reviews
June 22, 2025
Mais um da lista do vestibular, mas diferentemente da minha experiência lendo Marília de Dirceu, Poema Sujo foi uma surpresa agradável.
O livro também tem um contexto por trás, escrito em um período de exílio do autor durante a ditadura militar.
"O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade"

Ferreira Gullar tem maestria em tratar de temas como memória, algo que ele deixa aparente no livro todo e de uma forma muito boa, você consegue sentir o saudosismo. Dito isso, é com certeza um livro que eu recomendaria, mas sempre dando ênfase em contextualizar o período em que ele foi escrito.
Profile Image for tH..
93 reviews2 followers
December 13, 2022
é numa poesia que emerge dos laços da memória e se constitui como uma sua matéria ou homenagem que Gullar cria o magnífico e chulo Poema Sujo - sujo como o desejo, a vida do interior, a experiência literária, sonho, vontade, nojo, morte, desigualdade, humanidade brasileira. riquíssimo em forma, em ritmo, em pluralidade que torna-se sumo pontífice de originalidade inigualável, o poema é de um lirismo particular, moderno demais mas despreocupado com seu modernismo. de uma tentativa frustrada de vomitar a poesia, Gullar talha e cose uma ode à própria vida, num singular que transmuta-se em universal tão característico da produção literária destas terras. "a poesia não existia ainda". jamais vi papel e caneta tão sinceros.
Profile Image for Jéssica.
116 reviews9 followers
December 31, 2019
Poema experimental de Ferreira Gullar, também uma das leituras que me proporcionou o curso (maravilhoso) de graduação que faço. Ler esse livro foi uma viagem longa, de tentativas múltiplas até de fato entender e captar o propósito da obra. O poema é uma miscelânea de formas de escrever, com cortes diversos, épocas diferentes e temáticas que se entrelaçam. É uma leitura densa, mas sensacional - em especial se acompanhada pelo vídeo em que o poeta recita-o inteiro. É um livro que terei de reler, sei bem disso, porque de poesias nunca se absorve tudo logo de cara, mas sinto-me feliz, vitoriosa, por incluir este entre as minhas leituras de 2019.
Profile Image for Murilo Silva.
127 reviews10 followers
March 7, 2022
Um poema importantíssimo para não só a carreira do Ferreira Gullar como para toda a literatura brasileira. Um homem de muitas fases: políticas, literárias e emocionais. O livro Poema Sujo é o retrato de todas essas metamorfoses ao longo de sua vida e, sobretudo, do momento crucial e turbulento de exílio que vivia em 1975, em Buenos Aires, quando o escreveu.

Estilisticamente, não é o meu tipo de poesia. Porém, a sinceridade contida no livro é ímpar. E ela reflete muito a sinceridade do autor em entrevistas e textos.
Profile Image for haney.
306 reviews1 follower
August 31, 2025
"Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre."

tic tac tic tac
pulsando há 45 anos
esse coração oculto
pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne

combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino
12 reviews
October 11, 2021
Não gosto de escrever sobre poemas que li. Soa um pouco determinador, o que em tese, um poema jamais deve ser, como posso explicar palavras que expressam o sentimento, muitas vezes nublado, de forma absoluta?

Me lembro de quando o comprei, tão velho... Tive medo de rasga-lo.
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