På en strand utanför Rio de Janeiro går en ung kvinna ut för att simma. Hon kommer inte tillbaka och hennes kropp återfinns inte. På kylskåpet finner hennes pojkvän en lapp med några rader av den brasilianske poeten Manuel Bandeira, som för tankarna till självmord: ”I strandens vågor, i havets vågor, vill jag bli lycklig, vill jag gå under.”
Den unga kvinnan är den bisexuella författaren Teresa som nu, efter sin död, plötsligt kommer i ropet. Pressen beskriver henne som en av de senare årens viktigaste litterära nykomlingar och hennes böcker toppar försäljningslistorna.
Kanske för att bättre lära känna henne eller för att komma över saknaden, kastar sig Teresas pojkvän in i Teresas sista projekt, en roman baserad på Manuel Bandeiras dikter. Verklighet blir fiktion och historien tar en oväntad vändning.
Colombines kyss utspelar sig i några av Rio de Janeiros äldsta kvarter – bortom de berömda stränderna, favelorna och de moderna shoppingcentren. Colombines kyss är en melankolisk reflektion över de mänskliga livsvillkoren, i samma anda som filmerna Eternal sunshine of the spotless mind och In the mood for love.
A escritora brasileira Adriana Lisboa nasceu no Rio de Janeiro. Publicou doze livros, entre os quais seis romances, uma coletânea de poesia, uma coleânea de narrativas breves e livros para crianças e jovens. Seus livros foram traduzidos para nove idiomas, entre os quais inglês, alemão, espanhol, francês e árabe, e publicados em treze países.
Ganhou o Prêmio José Saramago pelo romance Sinfonia em branco, uma bolsa da Fundação Japão para o romance Rakushisha, uma bolsa da Fundação Biblioteca Nacional, no Brasil, e o prêmio de autor revelação da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) por seu livro de poesia para crianças, Língua de trapos. Em 2007, o Hay Festival/Bogotá Capital Mundial do Livro incluiu-a na lista dos 39 mais importantes autores latino-americanos até 39 anos de idade.
Graduada em música pela UniRio, com mestrado em literatura brasileira e doutorado em literatura comparada pela Uerj, Adriana Lisboa viveu na França – onde atuou como cantora de música popular brasileira – e atualmente mora nos Estados Unidos, no Colorado.
Gosto imensamente da poesia de Manuel Bandeira. Acho-o, se não o maior poeta do século XX, certamente entre os três mais importantes poetas brasileiros da época. Acredito ter lido quase toda sua obra. Um atrativo a mais para o livro Um beijo de Colombina de Adriana Lisboa é que Manuel Bandeira está presente, ou melhor, é a alma, do romance. Por isso tive grandes expectativas ao abrir o livro.
Adriana Lisboa, por outro lado, só conheço de um livro anterior: Rakushisha. Por ele, a autora passou a figurar no rol de escritores/ poetas favoritos, pois me lembro de sua prosa delicada, cheia de surpresas e inusitadas visões dos temas do cotidiano.
Acreditei, portanto, quando escolhi a leitura desse livro, que iria ter dupla apreciação, que iria ter deleite ao quadrado. A prosa de Adriana Lisboa continua límpida, delicada, mesmo nesta obra, que não é tão poética quanto minha memória atribuía a ela. Manuel Bandeira continua um dos grandes poetas brasileiros de todos os tempos. Mas o poeta Manuel Bandeira perdeu-se nesse texto e Adriana Lisboa não mostrou a mágica de sua prosa-poética vista em outras de suas obras .
A trama se desenrola a partir de um casal de namorados, num relacionamento recente, em que de repente, a namorada, Teresa, morre afogada. Para melhor entender o que acontece o rapaz revê a história deles até o afogamento em Mangaratiba (RJ). Aos poucos um retrato mais detalhado de Teresa, jovem escritora às portas de um sucesso literário retumbante, começa a se firmar e surge a dúvida: teria ela, excelente nadadora , sofrido um golpe do acaso? Ou o afogamento teria sido deliberado, um suicídio?
A narrativa corre bem pelo primeiro terço do livro, para se perder e chegar a um final quase forçado, como se tivesse sido planejado de antemão e encontrasse dificuldade de desabrochar. O mistério sobre a morte de Teresa, que poderia ser visto como um gancho para puxar o leitor a cada página não parece tão importante nem para o leitor, nem para o namorado narrador. Não vi na trama secundária, seu envolvimento com uma antiga namorada, qualquer propósito a não ser o de lembrar o lugar de residência de Manuel Bandeira.
Enfim, uma ideia boa, com uma narrativa leve, que tinha tudo para ser mais do que só agradável, que infelizmente não chegou a encantar essa leitora. Uma oportunidade perdida. Adriana Lisboa continua com uma bela prosa, mas quase não chega ao que se propõe.
"Nas ondas da praia, nas ondas do mar; quero ser feliz, quero me afogar." Teresa poderia ser (e não é?) um poema de Manuel Bandeira. Poderia ser onda de mar, estrela no céu. Ou pele em brasa. Ou pele tão clara, claríssima, ainda assim não deixando ver o que esconde. O que se esconde, afinal, nas suas profundezas?
Teresa como palavra, admiração. A mão que escreve, que compõe destinos, que faz nascer, e morrer, e nascer outra vez. Como que reflexo da própria vida. Da inquietação. Da incapacidade de aquietar a alma, de viver na brandura dos dias que passam, um a seguir ao outro, um a seguir ao outro.
Teresa e as suas escolhas dúbias, linhas soltas, caminho sem continuação. A ausência da resposta e do porquê.
Teresa é memória, é afinidade com as palavras alheias, alma-metade de uma outra alma, de um poeta que tanto lhe é que é como se Teresa também o fosse.
Teresa como a estória dentro da história (ou a história dentro da estória?). Na verdade, nunca saberemos. Na verdade, chegamos ao fim desta obra e a vontade é inverter o tempo, voltar, correr em direcção ao início para, agora sim, beber as palavras por inteiro, tatuar os versos que se perderam, dar sentido à sentida insensatez.
Uma vez mais, Adriana Lisboa e o dizer as palavras como se fossem versos, como se fossem pedaços perdidos, fragmentos da alma de tantos de nós. É também um elogio, um tributo a Manuel Bandeira, um diálogo além-tempo envolto numa mística que nos faz questionar onde termina a prosa e começa o verso.
"Eu tinha uma choça, se ardeu-se." Será que o final é quando tudo acaba? Fica a reflexão.
Livros sobre escritores escrevendo livros: em geral não gosto. Mas Adriana Lisboa, a melhor romancista da sua (minha) geração, consegue se safar. Nem tanto pelo fim com um duplo plot twist (só faltou ser carpado) e mais pela escolha do narrador, um não-escritor que se vê compelido a escrever. Então, o que é escrever, e o que é ser escritor?
Neste livro a autora dialoga com a obra do poeta Manuel Bandeira, cada capítulo leva o nome de um de seus poemas. É a história de Teresa, uma escritora jovem, bonita e promissora, exatamente assim como a autora deste livro, Adriana Lisboa. Teresa está, olha o jogo de espelhos, escrevendo uma obra que ‘dialoga’ com a obra de Manuel Bandeira. Na verdade, no começo, quem está escrevendo não é Teresa, ela pretendia escrever, mas se afoga (ou supõe-se, sai para nadar e desaparece) no mar de Mangaratiba e seu namorado, um professor de latim, na esperança de digerir os acontecimentos, empreende a escrita da obra que Teresa tinha idealizado. Adriana Lisboa nasceu no Rio de Janeiro em 1970, estudou música, mas hoje se dedica inteiramente à literatura. É escritora e tradutora.
Livro pra matar a saudade que sinto pelo Rio de Janeiro "Segui pela rua do Passeio até a Cinelândia, o pequeno universo paralelo da Cinelândia, com seus engravatados, suas executivas, seus estudantes, seus mendigos, seus bêbados, seus vendedores de artesanato e de livros e discos usados... Segui pela Rio Branco, deu fome e parei para comer un sanduíche.." "Sentados no meio-fio ou em cadeiras de praia, vendedores ofereciam cerveja, água, refrigerante, churrasco no espeto, cachorro-quente e aquelas letais x-tudos, em carrocinhas prateadas com vidrios sujos ou na porta traseira das kombis."
A Prosa Poética de Adriana Lisboa é delicada, sensível, melancólica, rica em si do ‘Fazer Literário’ e me leva pra tão longe quanto a alma dos seus personagens, que estão sempre ali, mas quase nunca inteiros nos seus esconder-se do mundo e da gente, para que andemos, inutilmente, seguindo seus passos e nos perdendo nos seus (des)caminhos de quem só saber ser do outro sendo de si mesmo.