"Quando aparece um ofendido que se acha no direito de vir me inquirindo com aquela famosa pergunta: "Quem é você?", eu respondo: Eu sou O NADA, drogado, decadente, matricida, epilético, reacionário, roqueiro. E como NADA eu vou contar para vocês a história da Terra do Nunca, o Brasil-Peter Pan que se recusa a crescer.
Lobão leva o leitor a pensar por conta própria e prova ser possível - e necessário - divergir com elegância. É, como ele mesmo diz, "chumbo grosso envolto em nuvens de veludo". Do seu ponto de vista original, Lobão traça uma jornada tragicômica pela estética e a política do Brasil contemporâneo.
Lobão, nome artístico de João Luiz Woerdenbag Filho é um cantor, compositor, escritor, multi-instrumentista, editor de revista e apresentador de televisão brasileiro. É um dos poucos artistas ou intelectuais brasileiros de vertente conservadora, tecendo elogios ao filósofo Olavo de Carvalho e ao Instituto Mises Brasil.
Quero começar essa mini resenha dizendo que queria odiar esse livro. Mesmo. Sempre achei o Lobão um cara escroto, não concordo com as opiniões políticas dele, e antes do livro me perguntei diversas vezes: "Quem é esse merda pra escrever um livro sobre o Brasil"? Acontece que esse é um dos livros mais esquizofrênicos que já li e isso não deve ser levado no sentido negativo. O livro tem os seus momentos de humor. Concordo que o Lobão fala muita merda durante o livro, defende descaradamente a ditadura, e é preconceituoso em diversos momentos (principalmente com os estilos de música mais populares). O autor executa esse feito escondendo esse preconceito atrás de palavras difíceis e incomuns (repetidas continuamente, sério) para dar um ar de intelectualidade bem pedante. Isso mostra a hipocrisia do Lobão e sua inabilidade de formular argumentos coesos. Ele critica os artistas e intelectuais de esquerda, e em sua obra tenta descaradamente escrever como um... vai entender! Por outro lado o seu livro tem um certo brilho nas anedotas que ele compartilha com o leitor. São interessantes, engraçadas, e mostra um lado dessa figura polêmica que eu acreditava não existir. Essas pequenas histórinhas foram o que fizeram compensar pelos tantos absurdos que ele fala durante o livro. Os seus argumentos políticos são bem construídos e defendidos (O Lobão é um cara bem inteligente, tenho que admitir), mas para mim, um sujeito que defende a ditadura perde o seu argumento instantaneamente, mesmo concordando com alguns pontos que ele defende em relação a corrupção e o estado precário de nosso país em diversas áreas. Sua carta a Oswald de Andrade é de uma ignorância sem tamanhos e ridícula, e mais uma vez me pergunto "Quem é esse idiota para escrever algo assim com tanta autoridade?". Mesmo assim, o humor é o que salva. Ao finalizar a leitura, chego a conclusão que não foi tão intragável como achei que seria. Não é nenhuma obra prima e nunca será. Devo confessar que é um livro divertido, cheio de maluquices, escrotices, e absurdos de um dos (ex) famosos que mais querem ser polêmicos no Brasil. Considero a obra de Lobão um livro de humor, e só. Um livro para se ler quando não há nada mais para fazer e ler. Uma boa leitura de banheiro. 2.5/5 estrelas
Lobão é um músico excelente, um crítico musical razoável e um ensaísta nojento. O "manifesto" mesmo acaba na página 12, depois disso são 120 páginas sobre qualquer coisa que ele pensa: aí é onde o menino chora e a mãe não vê. A sorte do Lobão é que ele é um artista, por isso ele pode se dar ao luxo de só ser provocador e não necessariamente fazer sentido.
Que surpresa agradável esse livro do Lobão. É daqueles livros que você começa a ler e não consegue parar. Lobão consegue fazer uma ligação incomum entre a cultura (música) brasileira e o pensamento patrulhador, idiotizado e raso presente na sociedade brasileira em geral. Liga a Semana de 1922 à nossa adoração a pobreza. Liga o nascimento da MPB à também pobreza sonora do rock brasileiro e o patrulhamento ideológico ainda em voga. E, no meio de tudo isso, ainda dá pitadas de humor, descrevendo suas incursões em outras profissões (como atuar como jornalista) em viagens ao interior do país e como sua ida ao garimpo de Juma no Amazonas. Para fechar com chave de ouro, um último capítulo em formato de carta aberta a Oswald de Andrade, talvez um dos pais do imbecilismo travestido de ideologia vigente no país. São várias páginas (re)batendo argumentos do autor pró uma volta a um estado primitivo da sociedade. Oswald de Andrade acreditava em algo do tipo "devolva tudo aos índios" para começar uma nova sociedade. E Lobão bate forte com maestria naquilo que faz o leitor enxergar ser o pano de fundo da esquerda brasileira. E liga tudo com o nosso cenário político, com nossa pobreza cultural e nosso constante vitimismo. Sensacional esse livro. Sensacional Lobão.
O livro estava indo muito bem, embora bastante desconexo. Eu gosto da forma ácida como o Lobão coloca suas idéias. Mas quando chegou no capítulo 8, ficou mega chato. Como eu na li o Manifesto Antropófago de Oswaldo de Andrade, não entendi patavina da crítica.
Ponto de vista do Lobao. Não concordo com a maioria, mas é uma leitura gostosa, alguns pontos engraçados e outros filosoficamente profundo! Uma obra antropofágica!
Penso neste livro como um catalisador de visões reais, recheado de neologismos (como pindorâmica, macunaímicamente, bundamolice), num momento de cegueira deliberada da nossa massa populacional. As críticas são fortes, mas se é verdade que brasileiro gosta é de “porrada” (olha o primitivismo antropofágico atacando de novo), Lobão encara o desafio de guarda aberta e chama para a briga seus opositores e o cenário nacional atual, seja ele político (como no capítulo sobre a presidente Dilma e a duvidosa Comissão da Verdade com seu caráter unilateral), na cultural (Semana de Arte Moderna, Rap), atrelamento das duas partes (desnuda a Lei Rouanet) e na sua própria vida. Seus golpes são as forte críticas ao assistencialismo e à exaltação da preguiça que segundo ele se iniciou no manifesto antropofágico e no clássico da literatura nacional de Mario de Andrade, Macunaíma. E neste ringue ele bate forte (por exemplo, quando ele chama Roberto Carlos de múmia anêmica reprimida ou os Racionais MC’s de braço armado do PT) e mostra bagagem cultural no glossário e na extensa bibliografia citada no fim da obra. A visão de Lobão pode ser alterada ou deturpada ao entendimento de muitos, mas se ela te faz pensar, indagar e se indignar, já é um começo. Mas, não faça oposição gratuita, busque embasamento sólido para sua oposição assim como fez este roqueiro reacionário. Nutrindo empatia ou não pelo autor, é importante que todo brasileiro leia este livro, apesar de que, creio que a maioria não irá entender nem meia palavra do que ele quis dizer. Alguns por falta de bagagem e vontade (exercitando o esporte nacional preferido da preguiça macunaímica), outros apenas pela simples rejeição natural a tudo que é contestador ao modo de pensamento clichê de esquerda que está na moda soprada pelos ares brasileiros. Não concordo com tudo o que ele profere, mas discordo de poucas coisas que são cuspidas neste livro. Por fim, o considero – nesta atual conjuntura mulata inzoneira macunaímica brailseira – OBRIGATÓRIO!
De forma provocadora, muito bem humorada, Lobão apresenta críticas pertinentes a aspectos do nosso dia-a-dia e da nossa história (especialmente cultural) que, muitas vezes, não seriam percebidas. O livro é muito bem escrito, os argumentos e idéias são defendidos em meio a algumas pinceladas de histórias pessoais e um belo tanto de humor - mas sempre de forma crítica, ácida. E isso é muito bom! Chega de livros sonsos, de intelectuais ignorantes, de artistas "paumolengas", como diria Lobão. A carta a Oswald de Andrade foi uma sacada sensacional para finalizar o livro. Entrou na minha lista de livros de leitura obrigatória.
Livro sensacional! Você pode não concordar com o que o Lobão pensa, mas saber quais são suas idéias é fundamental para poder discutir. Gostei muito do livro, embora eu ache que os capítulos 6 e 8 podem ser pulados facilmente, sem que se perca nada.
O Lobão teima em falar coisas que ninguém fala. Ou por falta de capacidade ou por medo de perder as mordomias. E cutuca a caipirice de nosso povo ignorante e passivo à corrupção e subdesenvolvimento. Vale a leitura!
O livro não é ruim, dá pra curtir, rir de vez em quando até. Talvez eu não estivesse em bom momento para ler. O primeiro dele, 50 anos a mil, é muito melhor.