Fluxo-Floema

by Hilda Hilst, Alcir Pécora (Editor)

Com prefácio assinado pelo professor de teoria literária da Unicamp, Alcir Pécora, Fluxo-Floema marcou a estréia de Hilda Hilst na ficção. Antes dele, a escritora havia produzido poesias e peças de teatro intensivamente.
A edição contém cinco textos que se diferenciam de qualquer gênero tradicional de prosa, uma vez que quase não há narrativa neles. Essa característica é freqüente em todos os textos de Fluxo-Floema, proliferando personagens e diálogos em cenas absurdas, eruditas e escatológicas, que se articulam na consciência e na razão.
A escrita com ritmo apressado fornece a impressão de ser fácil, mas é justamente o contrário. Hilda Hilst envereda pela metafísica e pela metalinguagem e, apesar de a autora ser conhecida, sua produção literária ainda não foi suficientemente lida ou estudada por ser difícil, inteligente e de um potencial criativo sem comparação.

Genres: Fiction, Poetry, Classics, Literature

276 pages, Paperback

First published January 1, 1970

About the author

Hilda de Almeida Prado Hilst, more widely known as Hilda Hilst (Jaú, April 21, 1930–Campinas, February 4, 2004) was a Brazilian poet, playwright and novelist, whose fiction and poetry were generally based upon delicate intimacy and often insanity and supernatural events. Particularly her late works belong to the tradition of magic realism.

In 1948 she enrolled the Law Course in Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo(Largo São Francisco), finishing it in 1952. There she met her best friend, the writer Lygia Fagundes Telles. In 1966, Hilda moved to Casa do Sol (Sunhouse), a country seat next to Campinas, where she hosted a lot of writers and artists for several years. Living there, she dedicated all her time to literary creation.

Hilda Hilst wrote for almost fifty years, and granted the most important Brazilian literary prizes.

Reviews

[Adriana Scarpin · Rating 5 out of 5]

Aniversário de 12 anos da morte de Hilda Hilst

Hilst nunca cessa de me deslumbrar, nesse seu primeiro livro em prosa chega a ser pecado não chamá-lo de fato de poesia, porque o que é dito alí em fluxo de consciência exacerba a cadência do nosso modo de pensar, com um resultado poético próximo do que um esquizofrênico atinge. Não à toa a loucura sempre assombrou Hilst em razão da adoração pelo pai e de alguma forma ela atingea poética do fluxo de consciência simbólico dos loucos em sua prosa.

[Suellen Rubira · Rating 4 out of 5]

É a descida da montanha russa. Os personagens seguem um turbilhão de emoções, tudo à Saramago, nada de travessões e indicações. Não é um livro fácil de captar toda a mensagem dele, porém, a solidão do ser e a necessidade (de deus, da escrita e do amor), parecem ser o grande motor narrativo.

[Fernando Hisi · Rating 5 out of 5]

"Merda, por que é que só eu tenho o coração exposto e os outros não têm? Os cães podem me comer o coração, eu vou matar esses cães, eu vou matá-los. Você tem um revólver? Uma faca? Um veneno? Tenho a mim mesma de coração exposto, eu mesma sou uma agressão, avanço em direção a eles, cuspo na cara deles, cago em cima deles, cago nessa humanidade inteira, essa humanidade de coração engolido, cheio de proteção."

Primeiro romance da Hilda, mostrando a que veio. Quem tem uma arma afiada como essa pra enfrentar essa batalha que é viver nesse mundo?

[Kaitlyn · Rating 3 out of 5]

I read 2/5 of the stories in this book (Flux & Osmo — I preferred Osmo). It's written splendidly in a stream of consciousness fashion, but it's just not for me because I couldn't keep track of what's going on, who is who, and struggled to stay engaged. I felt like I was reading in a trance, glancing at the words without really internalising the text. Still, this brief stint with Fluxo-Floema let me appreciate the running state of our inner monologues and their intrusive qualities that I guess we shouldn't be ashamed of. These narrators made things that are deemed important in our society (names, decency, rituals of parenthood etc) feel unimportant -- quite refreshing. But yea I've had enough

[Mazô Mazô · Rating 3 out of 5]

its good, but, in my humble opinion, its not Hildas masterpiece. She seemed to me very influenced by Joyce and she has many bright momenta during this book, pieces that are actually great along with specially brilliant sentences,
but some moments were sooooo boring and I couldnt just skip it cause the great parts appeared out ot nowhere (since theres no much enredo or characters defined - all the enunciados são misturados, something id love could just pop out of the boredom)
basically: i didnt ENGOLI this book, instead it keep hauting me and most of what was great got lost during the arritmia
1 bj

[igor · Rating 5 out of 5]

O que esperar da prosa de uma escritora que veio da poesia e do teatro? Hilda Hilst, já em seu primeiro livro de contos, consegue esculpir o seu próprio modelo de escrita, único, criativo e flúido. Não é atoa o nome do livro: Fluxo-Floema. A leitura é deliciosa, mas nada fácil. O que se vê nos contos é o protagonismo de narradores-personagem mudando de um para outro, subitamente; diálogos e fluxo e de consciência costurados em conjunto, o que dificulta saber o que se diz e o que se pensa (para Hilda, tudo se desdobra numa coisa só); neologismos; descrições inimagináveis etc. Eu poderia buscar compará-la com qualquer outro escritor, mas não conseguiria, porque Hilda vale por si mesma e seu talento é assustador. Não é atoa que é uma autora pouco estudada e ofuscada do meio literário, num geral.

A primeira coisa que notei foi a presença de traços de teatralidade nos enredos e nos personagens, nascidos do mais absurdo exagero, do expressionismo, poliformes por natureza. Como também há traços da poesia, pois tudo é recheado de uma beleza acalentadora, desde a "vida" até a "morte". Ou desde as primeiras letras do "Fluxo" até às últimas letras do "Floema" (primeiro e último conto, respectivamente).

Confesso que me faltou sinestesia e foco para entrar a fundo nessa leitura, contudo, isso não prejudicou a experiência, pois, ainda assim, o livro conseguiu me cativar bastante. Além de despertar em mim mais interesse por essa lendária escritora, que não poderia ser de outro país, senão do nosso (amado, ou nem tanto) Brasil. E à primeira pergunta, respondo: de Hilda, espere mais Hilda.

Contos preferidos: Fluxo, Osmo e Lázaro.

[Christina · Rating 5 out of 5]

“To exist in this form is to hurt myself, it’s to aggravate the multiple forms within myself, and to give no peace to the multiple faces who burst in me from morning to night…”

Is this Hermeticism or Gnosticism? Mystical writing. Flesh & blood writing. The thin glass wall between filth & the divine. Mental & spiritual fragmentation. Our multitudes of self disintegrating beneath self beneath self. Reality overflows, some of it into places both unknown & familiar. Hilst herself seems to be all over these pages, arcane & anarchistic. A palpable lapsed Catholicism, but not a rejection of religion, of spirituality – an immersion in it all.

Writing about how writing fails to capture the divine because it must be personally experienced. Still, write to try to experience it? I don’t know. Something wildly heart-wrenching in all of these stories.

Some might dismiss this as too experimental, all over the place. It would be a mistake, I think, to judge each section of this book individually. Taken as a whole I can see that Hilst was circling around an idea, enigmatic though it is, and each section deepens the experience of understanding this idea. Extraordinary writing.

[Vinicius Paiola · Rating 3 out of 5]

São 5 contos: fluxo, osmo, lázaro, unicórnio e floema. Todos são escritos em fluxo de consciência e demora um pouco para nos acostumarmos a quem é a voz que nos fala no texto, a qual personagem se refere. Ao fim do livro, no entanto, captamos melhor quem fala a cada momento e quais momentos tem uma ruptura daquele que fala. Gostei muito de Osmo e Lázaro, embora este último ainda pareça um tanto nublado. De Unicornio, Floema e Fluxo entendi muito pouco, principalmente o primeiro e o último, cabe uma releitura depois

[Dawn · Rating 5 out of 5]

It’s a beast, this book. I don’t know if it’s my proximity to having just read Lacan or a happy accident: but much of Fluxo-Floema felt like a grasping at the gaps between conscious and unconscious, a splitting and suturing of self where the words are always rising to find their object and then receding half-satisfied, half-hungrier. The translators note said that this work is a bridge between the poems and plays written before and the fiction that she produced afterward… all of this context was lost on me. I just dove in and now I’m soaked.

[Marina Stein · Rating 5 out of 5]

"E eu que desejava empapar a terra com esse sangue, vejo-o gotejar e cair no fundo do barco, misturar-se à água salgada, perder-se."

Impecável.

[Júlio · Rating 5 out of 5]

Não entendi, simplesmente aconteceu.

[Kelvin Dias · Rating 5 out of 5]

Nunca pensei que acharia algumas de minhas aflições e perturbações mentais retratadas de maneira tão precisa em alguma obra.

Quase todas as minhas citações preferidas estão no conto "O Unicórnio".

Sigo perplexo e apaixonado por Hilda.

"(...) Ele enterrou o canivete na figueira e enquanto escorria uma gosma clara, ele dizia: existir é sentir dor, existir não é ficar ao sol, imóvel, é morrer e renascer a cada dia, é verter sangue, minha amada irmã."

"(...) Continuei pensando assim: devo aproveitar essa situação um pouco extravagante, convenhamos, para fazer uma série de reflexões sobre a vida em geral e sobre mim mesmo em particular. Bem. Então, o que é a vida? E não pude chegar a nenhuma conclusão excepcional, apenas admiti que a vida é uma coisa que pode encher o nosso coração de mel e girassóis. Nossa, que otimismo! E por que girassóis? Porque sinto uma alegria absurda quando vejo um girassol e acho que os girassóis também são uma coisa absurda porque não há nada tão amarelo, tão delicado dentro daquela aparência de flor superfortaleza, não há nada mais comovente do que ver um girassol de manhãzinha bem cedo. E ainda que não houvesse manhãs e sol, o girassol continuaria a ser para mim uma coisa de alegria absurda. Se não houvesse sol, o girassol seria amarelo? Não sei, isso é um problema da física, da ótica, da vida? Não sei, mas ainda que o girassol fosse roxo ou vermelho, para mim ele sempre seria amarelo absurdo. Pois bem, eu estava dizendo que a vida é uma coisa que pode encher o nosso coração de mel e girassóis. É isso. E não pude ir mais adiante. Fiquei um pouco triste de não descobrir uma nova maneira de dizer qualquer coisa de mais fundo a respeito da vida. Depois pensei: quando foi que o meu coração se encheu de mel e girassóis? Olha, eu tenho vergonha de dizer mas vou dizer, vocês vão achar que é bobagem, mas sabem? Sabem, eu gosto muito de escrever, ninguém publica mas eu gosto e, bem, eu vou dizer logo: eu escrevi um conto uma vez e depois que eu acabei o conto eu senti que o meu coração se encheu de mel e girassóis"

[Thomas · Rating 2 out of 5]

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[Rafael M. · Rating 3 out of 5]

É metafísico!

[Ronaldo Lima · Rating 3 out of 5]

Talvez avançado demais para mim.

[Kíron · Rating 4 out of 5]

ja é das minhas preferidas🌹🤯

[Paula · Rating 5 out of 5]

Ler Hilda é se deliciar no incognoscível.
Minha ordem de preferência:
Unicórnio
Lázaro
Fluxo
Osmo
Floema

[Yuri Deliberalli · Rating 4 out of 5]

O labirinto da mente, e suas armadilhas.

[Mariana Victer · Rating 4 out of 5]

esquizofrenico

[Victor Barbosa · Rating 3 out of 5]

Talvez eu não tenha rompido a tensão superficial desse livro e não o compreendi por completo. Deveras confuso, mas inovador e envolvente. Mesmo assim, não é uma experiência que eu gostaria de repetir. Dos cinco contos, os que mais se destacaram foram o Osmo e Lázaro.