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160 pages, Paperback
First published January 1, 1903
«Ele tinha um belo sorriso», dizia Moscheles, e, durante uma conversa, um ar muito amável e encorajador. Em contrapartida, o riso era desagradável, violento e contraído, além de ser breve - o riso de um homem que não está acostumado à alegria.
Beethoven era uma força da natureza, e era um espectáculo de uma grandeza homérica assistir a esse combate de uma potência elementar contra o resto da natureza.
Caro Beethoven! Muitos elogiaram a sua grandeza artística, mas ele é bem mais do que o primeiro dos músicos. Ele é a força mais heróica da arte moderna. É o maior e o melhor amigo dos que sofrem e que lutam. Quando estamos tristes pelas misérias do mundo, ele é aquele que vem ter connosco, tal como se ia sentar ao piano de uma mãe de luto, e, sem uma palavra, consolava a que chorava, com o canto do seu lamento resignado. E quando somos vencidos pelo cansaço do eterno combate inutilmente travado contra a mediocridade dos vícios e das virtudes, é um bem inefável ganhar forças neste oceano de vontade e de fé.
Divindade, penetras lá do alto no íntimo do meu coração, conhece-lo, sabes que o amor dos homens e o desejo de fazer o bem habitam nele! Oh, homens, se lerem um dia isto, pensem que foram injustos comigo; e que o infeliz se consola ao encontrar um infeliz como ele que, apesar de todos os obstáculos da natureza, tudo fez o que estava em seu poder para ser admitido na categoria dos artistas e dos homens de elite.
«Quero agarrar o destino com todas as forças. Ele não conseguirá dobrar-me totalmente. Oh! É tão belo viver a vida mil vezes!»