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O Drible
Desenganado pelos médicos, um cronista esportivo de oitenta anos, testemunha dos anos dourados do futebol brasileiro, tenta se reaproximar do filho com quem brigou há um quarto de século. Toda semana, em pescarias dominicais, Murilo Filho preenche com saborosas histórias dos craques do passado o abismo que o separa de Neto. Revisor de livros de autoajuda, Neto leva uma vida medíocre colecionando quinquilharias dos anos 1970 e conquistando moças que trabalham no comércio perto de sua casa, no bairro carioca da Gávea. Desde os cinco anos, quando a mãe se suicidou, sente-se desprezado pelo pai famoso. Como nos romances anteriores de Sérgio Rodrigues, há um contraponto de vozes narrativas. Entremeado com o relato principal transcorre o livro que Murilo escreve sobre um extraordinário jogador dos anos 1960 chamado Peralvo, dotado de poderes sobrenaturais e que teria sido 'maior que Pelé' se não tivesse encontrado um fim trágico. A alternância entre o realismo da história de Neto, seco e desencantado, e o realismo mágico da história de Peralvo sinaliza a perícia de Sérgio Rodrigues, um dos narradores mais habilidosos de sua geração. O personagem do velho cronista é o veículo de uma celebração da história do futebol raras vezes empreendida pela literatura brasileira. Murilo Filho, porém, é mais do que isso. Com atraso, como se tomasse um drible, Neto entrevê nas frestas da narrativa do pai - e o leitor, um pouco antes dele - um sombrio segredo de família e um episódio tenebroso dos porões da ditadura militar.
224 pages, Paperback
First published January 1, 2013
10 people are currently reading
407 people want to read
About the author
Sérgio Rodrigues
42 books25 followersSérgio Rodrigues (Brazil, 1962), fiction writer, literary critic and journalist, is the author of seven books of various genres: novels, short stories and non-fiction.
Having worked for most major newspapers and magazines in Brazil, Rodrigues is now a full-time writer who keeps two columns – one about literature, the other focused on language issues – in Veja.com, the online version of the largest weekly magazine in Latin America. He was awarded the Prêmio Cultura (Culture Prize) 2011 by the Rio de Janeiro State Government for the whole of his work. He lives in Rio de Janeiro.
Having worked for most major newspapers and magazines in Brazil, Rodrigues is now a full-time writer who keeps two columns – one about literature, the other focused on language issues – in Veja.com, the online version of the largest weekly magazine in Latin America. He was awarded the Prêmio Cultura (Culture Prize) 2011 by the Rio de Janeiro State Government for the whole of his work. He lives in Rio de Janeiro.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 58 reviews
August 17, 2018
Muy buen libro, para fanáticos o no del fútbol, un retrato contemporáneo de Brasil, explicado a través de ese deporte. Me hubiese encantado leerlo durante el reciente Mundial 2018:
Con un humor delicioso y caústico:
Si le quito estrellas es por el final de telenovela, que no me convenció para nada.
"El fútbol está lleno de planicies inmensas, horas muertas como la que acabamos de ver. Una confusión de ruido, intenciones que no se concretan, accidentes, lances de suerte y azar. En las horas muertas puede acontecer cualquier cosa. Cualquier cosa, no es una frase hecha. Y acontece de repente, un rayo que cae y cambia el paisaje por completo."
Con un humor delicioso y caústico:
"... al ser entrevistado sobre la existencia de los prejuicios raciales en el fútbol lo confirmó todo diciendo: «Mira, Mario, yo fui negro y sé lo que es eso.»
Si le quito estrellas es por el final de telenovela, que no me convenció para nada.
December 13, 2016
A arte de ser filho da puta
Publicado em 2013 no Brasil, “O Drible” é o terceiro romance de Sérgio Rodrigues, que chegou a Portugal no ano passado, curiosamente só depois de ser traduzido em espanhol e francês. É, de forma resumida, uma obra em que o futebol funciona como metáfora para a vida.
O livro conta a história de Murilo Filho, grande cronista desportivo, e do seu filho Neto. Murilo, à beira da morte, resolve ligar a Neto ao fim de 26 anos e tentar reatar uma relação inexistente. A vida é, então, um continuum de características: a represa do Rocio, onde os protagonistas passam algum tempo, igual à de Merequendu, onde Murilo nasceu, exceto os bambuzais; os traços comportamentais de ambos; e a suposta perda de memória do pai como ponte para a incapacidade de lembrar de Neto. A ironia da inocência, os genes a funcionar para que, anos fora, o filho seja uma espécie de esboço do pai.
O autor opta por uma estrutura ultimamente habitual no espaço literário, que descreve por diversas vezes como a “relatividade do tempo. Rew, play, pause, play.” (pág. 232), o som do ‘videoteipe’ em que pai e filho assistem a partidas da seleção brasileira. “Pronto: metade futebol, metade prosopeia, estava feito o Brasil.” (pág. 69).
O tom cantado do português do outro lado do Atlântico verte, aqui como noutros nomes mais sonantes da escrita, a qualidade de um jogo de palavras, metáforas que se vão transformando em samba. Por vezes, as palavras revestem-se também de alguma familiaridade que causa estranheza. A referência a outras décadas, em locais ou objetos, adquire um caráter abstrato para o leitor, sedenta que é de uma maior descrição.
Presente e passado movem-se e fundem-se, então, para tecer a trama que vai desaguar num final digno – imagine-se a final da Liga dos Campeões de 1999 entre Bayern e Manchester United, uma revienga em tempo de descontos.
Porque, no fundo, a vida é mesmo assim. Já Charles Darwin postulava que sobrevivem os mais aptos. Algumas vezes os mais fortes. Algumas vezes os filhos da puta.
(crítica publicada na edição 280 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra)
Publicado em 2013 no Brasil, “O Drible” é o terceiro romance de Sérgio Rodrigues, que chegou a Portugal no ano passado, curiosamente só depois de ser traduzido em espanhol e francês. É, de forma resumida, uma obra em que o futebol funciona como metáfora para a vida.
O livro conta a história de Murilo Filho, grande cronista desportivo, e do seu filho Neto. Murilo, à beira da morte, resolve ligar a Neto ao fim de 26 anos e tentar reatar uma relação inexistente. A vida é, então, um continuum de características: a represa do Rocio, onde os protagonistas passam algum tempo, igual à de Merequendu, onde Murilo nasceu, exceto os bambuzais; os traços comportamentais de ambos; e a suposta perda de memória do pai como ponte para a incapacidade de lembrar de Neto. A ironia da inocência, os genes a funcionar para que, anos fora, o filho seja uma espécie de esboço do pai.
O autor opta por uma estrutura ultimamente habitual no espaço literário, que descreve por diversas vezes como a “relatividade do tempo. Rew, play, pause, play.” (pág. 232), o som do ‘videoteipe’ em que pai e filho assistem a partidas da seleção brasileira. “Pronto: metade futebol, metade prosopeia, estava feito o Brasil.” (pág. 69).
O tom cantado do português do outro lado do Atlântico verte, aqui como noutros nomes mais sonantes da escrita, a qualidade de um jogo de palavras, metáforas que se vão transformando em samba. Por vezes, as palavras revestem-se também de alguma familiaridade que causa estranheza. A referência a outras décadas, em locais ou objetos, adquire um caráter abstrato para o leitor, sedenta que é de uma maior descrição.
Presente e passado movem-se e fundem-se, então, para tecer a trama que vai desaguar num final digno – imagine-se a final da Liga dos Campeões de 1999 entre Bayern e Manchester United, uma revienga em tempo de descontos.
Porque, no fundo, a vida é mesmo assim. Já Charles Darwin postulava que sobrevivem os mais aptos. Algumas vezes os mais fortes. Algumas vezes os filhos da puta.
(crítica publicada na edição 280 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra)
April 29, 2016
9/10
Uma das melhores leituras do ano e já entrou nos favoritos da vida.
As histórias do futebol carioca, a cultura dos anos 70, a ditadura, toda a liberdade pós milicos, o embate Pelé x Peralvo, pitadas de Realismo Mágico que remeteram à Garcia Márquez e as reviravoltas no final (uma até previsível, outra avassaladora) fazem deste livro uma pérola para os amantes do cronismo esportivo e do saudoso bom futebol. (sic)
Pra quem acha que o livro é saudosista demais rolam até citações a Neymar e Instagram.
Uma das melhores leituras do ano e já entrou nos favoritos da vida.
As histórias do futebol carioca, a cultura dos anos 70, a ditadura, toda a liberdade pós milicos, o embate Pelé x Peralvo, pitadas de Realismo Mágico que remeteram à Garcia Márquez e as reviravoltas no final (uma até previsível, outra avassaladora) fazem deste livro uma pérola para os amantes do cronismo esportivo e do saudoso bom futebol. (sic)
Pra quem acha que o livro é saudosista demais rolam até citações a Neymar e Instagram.
March 28, 2024
Um dos grandes romances contemporâneos brasileiros, que só fui conhecer na edição de 10 anos. Pelo fio condutor do futebol, temos uma crônica do Brasil que parecia estar dando certo, dos gloriosos anos 1950 (o verdadeiro milagre econômico) repletos de craques dentro do campo e nas redações dos jornais cariocas, construtores do nosso mais coeso mito de formação. Os dramas pessoais inventados não são menos interessantes, mas não quero aqui dar pistas de quais são e como terminam.
July 19, 2014
Sucede que el fútbol puede reflejar la vida, pero lo contrario, por razones que ignoramos, no es verdad.
September 3, 2016
Excelente brasileirada, com um remate ao estilo policial, completamente inesperado.
October 28, 2020
Um dos melhores - se não o melhor - livros de ficção sobre futebol, que fala de muito mais que apenas futebol e é muito bem escrito
February 26, 2024
Un libro que se puede tildar como "futbolero" pero que en realidad aborda de forma estelar el complejísimo problema de la relación filial entre padres e hijos.
El estilo del autor me fascinó, construyó su historia a partir de la narración en primera persona de Neto (el hijo) en el intento de retomar la relación con Murilho (el padre), rota por décadas a partir de un evento canónico que marcó la ruptura definitiva entre aquéllos. En el medio de la trama, se cuela un relato futbolero de finales de los sesentas y setentas que toma como co-protagonista a Murilho (quien lo narra en tercera persona), un mulato mágico, el racismo, los cultos y la cosmovisión afro-brasileña, los equipos cariocas de gran tradición (Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama, América, Internazionale) la figura de Pelé y la dictadura naciente de Brasil.
El drama es buenísimo, sus páginas destilan desgracia y rencor en múltiples facetas, los personajas te transmiten sus frustraciones y el final te vuela la tapa del cerebro.
Recomendadísimo, sean o no personas aficionadas al deporte más popular del mundo, pero particularmente si lo son.
El estilo del autor me fascinó, construyó su historia a partir de la narración en primera persona de Neto (el hijo) en el intento de retomar la relación con Murilho (el padre), rota por décadas a partir de un evento canónico que marcó la ruptura definitiva entre aquéllos. En el medio de la trama, se cuela un relato futbolero de finales de los sesentas y setentas que toma como co-protagonista a Murilho (quien lo narra en tercera persona), un mulato mágico, el racismo, los cultos y la cosmovisión afro-brasileña, los equipos cariocas de gran tradición (Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama, América, Internazionale) la figura de Pelé y la dictadura naciente de Brasil.
El drama es buenísimo, sus páginas destilan desgracia y rencor en múltiples facetas, los personajas te transmiten sus frustraciones y el final te vuela la tapa del cerebro.
Recomendadísimo, sean o no personas aficionadas al deporte más popular del mundo, pero particularmente si lo son.
May 24, 2024
Pra quem gosta de futebol e de romance policial (com umas belas reviravoltas), vale muito a pena.
PS: tem um dos personagens mais filhas da puta que já vi, que ódio
PS: tem um dos personagens mais filhas da puta que já vi, que ódio
May 4, 2020
Eu sempre quis escrever um livro sobre futebol tratando a jornada de um jogador fictício. Por isso, tomei o livro do Sergio Rodrigues como um possível modelo.
O início é promissor. A história principal é a da relação entre o velho jornalista Murilo e seu filho, Neto. A narrativa vai e vem no tempo mas a ideia principal é um acerto de contas entre os dois no ocaso do velho. A relação entre pai e filho, entre conturbada e doentia, é dos grande acertos do autor.
A história secundária é a de Peralvo, o grande jogador que não vingou. O início é falho e quase me fez desistir da leitura. As descrições de partidas e jogadas, assim como nos filmes, não funcionou. Porém, em certo ponto a história do jogador ganha ritmo e, apesar de não completamente original, passa a ser por um bom par de páginas a parte mais legal do livro.
O desfecho é novamente a interação entre pai e filho. A história termina muito melhor do que começou, com elementos dos melhores romances policiais do mercado. Lembrei do Raphael Montes em vários trechos dessa última parte.
Ao terminar a leitura, fiquei com a sensação de ter lido duas histórias muito boas, a do Peralvo e a do Murilo e do Neto. Se tivesse engatado mais cedo, teria sido o livro perfeito.
O início é promissor. A história principal é a da relação entre o velho jornalista Murilo e seu filho, Neto. A narrativa vai e vem no tempo mas a ideia principal é um acerto de contas entre os dois no ocaso do velho. A relação entre pai e filho, entre conturbada e doentia, é dos grande acertos do autor.
A história secundária é a de Peralvo, o grande jogador que não vingou. O início é falho e quase me fez desistir da leitura. As descrições de partidas e jogadas, assim como nos filmes, não funcionou. Porém, em certo ponto a história do jogador ganha ritmo e, apesar de não completamente original, passa a ser por um bom par de páginas a parte mais legal do livro.
O desfecho é novamente a interação entre pai e filho. A história termina muito melhor do que começou, com elementos dos melhores romances policiais do mercado. Lembrei do Raphael Montes em vários trechos dessa última parte.
Ao terminar a leitura, fiquei com a sensação de ter lido duas histórias muito boas, a do Peralvo e a do Murilo e do Neto. Se tivesse engatado mais cedo, teria sido o livro perfeito.
October 10, 2014
Buenísimo. Una prosa extraordinaria, y aunque no sepas ni te guste el fútbol, quedarás prensado desde la primera página.
December 21, 2020
Nota 9. Espetacular esse presente do Gabe.
Pra quem gosta de futebol anos 60, contra-cultura, punk, rock, crônica esportiva e temas sobre o golpe, é um prato cheio
Pra quem gosta de futebol anos 60, contra-cultura, punk, rock, crônica esportiva e temas sobre o golpe, é um prato cheio
July 9, 2025
O Drible é um livro feito por um homem, para homens e sobre um homem.
Não digo isso para desmerecer a obra, muito pelo contrário, ela tem seu valor. A partir da metade, o enredo torna-se interessante - embora não ao ponto de me fazer varrer madrugadas lendo -, principalmente durante as narrativas de Peralvo, a quase-estrela do futebol, que deveria ter sido maior o Rei, Pelé, e Elvira, a mãe já falecida do protagonista. Além disso, é possível ver o talento do escritor e seu vasto conhecimento sobre a cultura pop dos anos 70/80. O livro, contudo, não possui tanta relevância e não me causou, em nenhum momento, identificação. São páginas e mais páginas de feitos do futebol e seus ídolos que foram muito cansativas de serem lidas e, por mais que eu tenha entendido o porquê delas, o autor exagerou. Como não sou nem um pouco aficcionada por futebol, por mim, essas longas partes poderiam ter sido cortadas. Ainda, o autor somente ensaia um contexto histórico e cultural os quais vão além do futebol, mas, no final, são pouco desenvolvidos. Teria sido interessantíssimo saber mais sobre a história e os costumes milenares de Mãe Mãezinha e seu filho, porém, o que vi foi um homem menino com crise de meia idade e o famigerado “daddy issues”. As chatices enfadonhas dos dois Murilos murcharam um enredo com potencial.
O final foi muito sucinto, corrido. Ah, se o blábláblá sobre o futebol fosse cortado, como a trama seria mais deliciosa! Não peço um escritor que dê todas as respostas, mas um que saiba fazer mais que o mínimo e arrancar suspiros a cada palavra. Infelizmente, isso não ocorreu durante minha leitura de O Drible. Uma pena.
Não digo isso para desmerecer a obra, muito pelo contrário, ela tem seu valor. A partir da metade, o enredo torna-se interessante - embora não ao ponto de me fazer varrer madrugadas lendo -, principalmente durante as narrativas de Peralvo, a quase-estrela do futebol, que deveria ter sido maior o Rei, Pelé, e Elvira, a mãe já falecida do protagonista. Além disso, é possível ver o talento do escritor e seu vasto conhecimento sobre a cultura pop dos anos 70/80. O livro, contudo, não possui tanta relevância e não me causou, em nenhum momento, identificação. São páginas e mais páginas de feitos do futebol e seus ídolos que foram muito cansativas de serem lidas e, por mais que eu tenha entendido o porquê delas, o autor exagerou. Como não sou nem um pouco aficcionada por futebol, por mim, essas longas partes poderiam ter sido cortadas. Ainda, o autor somente ensaia um contexto histórico e cultural os quais vão além do futebol, mas, no final, são pouco desenvolvidos. Teria sido interessantíssimo saber mais sobre a história e os costumes milenares de Mãe Mãezinha e seu filho, porém, o que vi foi um homem menino com crise de meia idade e o famigerado “daddy issues”. As chatices enfadonhas dos dois Murilos murcharam um enredo com potencial.
O final foi muito sucinto, corrido. Ah, se o blábláblá sobre o futebol fosse cortado, como a trama seria mais deliciosa! Não peço um escritor que dê todas as respostas, mas um que saiba fazer mais que o mínimo e arrancar suspiros a cada palavra. Infelizmente, isso não ocorreu durante minha leitura de O Drible. Uma pena.
December 28, 2023
Brasil, su cotidianeidad, las creencias de un pueblo, el fútbol y la política. El amor y la muerte.
Un libro de fútbol que no tiene nada que ver con el fútbol, sino que con la vida.
No le doy más estrellas, solo porque me pareció un tanto débil y fantasioso en algunos pasajes, más allá de lo inesperado del final.
Un libro de fútbol que no tiene nada que ver con el fútbol, sino que con la vida.
No le doy más estrellas, solo porque me pareció un tanto débil y fantasioso en algunos pasajes, más allá de lo inesperado del final.
July 21, 2020
Romance fino onde Sérgio Rodrigues consegue encadear de maneira muito natural futebol, família, ditadura, roquenrol, psicodelia, racismo e religião.
Altamente recomendado - o livro e as colunas de Sérgio Rodrigues às quintas na Folha de São Paulo. Altas chances de ser o meu livro do ano.
Altamente recomendado - o livro e as colunas de Sérgio Rodrigues às quintas na Folha de São Paulo. Altas chances de ser o meu livro do ano.
January 31, 2015
Que golaço!
November 15, 2016
"O que se estendia à sua frente era uma vida
de merda, via com clareza agora, mas tudo bem, que fosse. Uma vida de merda. Teria a
companhia das multidões."
de merda, via com clareza agora, mas tudo bem, que fosse. Uma vida de merda. Teria a
companhia das multidões."
December 12, 2020
"O velho detém o vídeo. Pousa o controle remoto nos braços do sofá, olha nos seus olhos outra vez e diz, o que houve aqui, Neto, foi simples: Pelé desafiou Deus e perdeu. Imagine se não perdesse. Se não perdesse, nunca mais que a humanidade dormia tranquila. Pelé desafiou Deus e perdeu, mas que desafio soberbo. Esse gol que ele não fez não é só o maior momento da história do Pelé, é também o maior momento da história do futebol. Você entende isso?"
O trecho acima é sobre o famoso embate entre Pelé e o goleiro Mazurkiewicz, no jogo Brasil x Uruguai, nas semifinais da Copa de 70, é este trecho que abre o livro. Nunca tinha ouvido falar desse jogo e nem desse famoso "gol que Pelé não fez". Então eu confiei no autor, enquanto o mesmo, escrevia e narrava de forma escrita esse lance. É impressionante como o autor consegue passar toda a emoção da partida nas palavras, e conseguindo me fazer imaginar todo o lance. Só depois eu fui atrás para ver o vídeo do lance.
O livro conta a história de Murilo, um aposentado cronista esportivo; e seu filho Neto, que leva a vida de revisor de livros de auto ajuda. Ambos se reúnem nas tardes de domingo para conversar, em uma tentativa de reaproximação de Murilo com o filho, agora que o pai já se encontra nos anos finais de sua vida. Juntos eles, relembram o passado dos anos dourados do futebol, como ambos andam se virando atualmente e também tentar consertar desavenças do passado entre pai e filho.
Ainda surge uma terceira narrativa, sobre um jogador chamado Peralvo "maior que Pelé". É durante essa história que corre solto o "realismo mágico" e o autor conta as histórias das partidas de Peralvo de modo mágico e fantástico.
"Flutuava a três metros do chão, pisando gramados em terceira, quarta e quinta dimensões onde tabelavam com ele os maiores jogadores do passado e do presente, Friedenreich, Lêonidas, Zizinho, Puskás, Didi, Di Stéfano, Garrincha, e também os que ainda estavam por vir: Tostão, Rivelino, Cruyff, Zico, Falcão, Maradona, Romário, Ronaldo. Estava no nirvana do futebol."
Um livro que é sobre futebol, mas também fala sobre as relações de pai e filho, traições, o fantástico, o Brasil, a morte e sobre os porões da ditadura militar.
"'Estou falando de dor futura' disse o pai. 'Uma coisa que aprendi com uma pessoa que via coisas que a gente não consegue ver. Tem dores guardadas no futuro que, de tão grandes que são, de tão portentosas, ecoam no presente. Como se já tivessem acontecido, só que ao contrário.'"
O trecho acima é sobre o famoso embate entre Pelé e o goleiro Mazurkiewicz, no jogo Brasil x Uruguai, nas semifinais da Copa de 70, é este trecho que abre o livro. Nunca tinha ouvido falar desse jogo e nem desse famoso "gol que Pelé não fez". Então eu confiei no autor, enquanto o mesmo, escrevia e narrava de forma escrita esse lance. É impressionante como o autor consegue passar toda a emoção da partida nas palavras, e conseguindo me fazer imaginar todo o lance. Só depois eu fui atrás para ver o vídeo do lance.
O livro conta a história de Murilo, um aposentado cronista esportivo; e seu filho Neto, que leva a vida de revisor de livros de auto ajuda. Ambos se reúnem nas tardes de domingo para conversar, em uma tentativa de reaproximação de Murilo com o filho, agora que o pai já se encontra nos anos finais de sua vida. Juntos eles, relembram o passado dos anos dourados do futebol, como ambos andam se virando atualmente e também tentar consertar desavenças do passado entre pai e filho.
Ainda surge uma terceira narrativa, sobre um jogador chamado Peralvo "maior que Pelé". É durante essa história que corre solto o "realismo mágico" e o autor conta as histórias das partidas de Peralvo de modo mágico e fantástico.
"Flutuava a três metros do chão, pisando gramados em terceira, quarta e quinta dimensões onde tabelavam com ele os maiores jogadores do passado e do presente, Friedenreich, Lêonidas, Zizinho, Puskás, Didi, Di Stéfano, Garrincha, e também os que ainda estavam por vir: Tostão, Rivelino, Cruyff, Zico, Falcão, Maradona, Romário, Ronaldo. Estava no nirvana do futebol."
Um livro que é sobre futebol, mas também fala sobre as relações de pai e filho, traições, o fantástico, o Brasil, a morte e sobre os porões da ditadura militar.
"'Estou falando de dor futura' disse o pai. 'Uma coisa que aprendi com uma pessoa que via coisas que a gente não consegue ver. Tem dores guardadas no futuro que, de tão grandes que são, de tão portentosas, ecoam no presente. Como se já tivessem acontecido, só que ao contrário.'"
March 9, 2025
Estou percebendo neste meu ano de leitura de livros brasileiros do século 21 que não consigo me entusiasmar por boa parte dos livros que a crítica especializada mais exalta.
Agora foi com o célebre "O drible", do Sérgio Rodrigues.
Não sei o que acontece que a maioria dos escritores atuais acha impossível escrever uma história linear e de um único narrador: é preciso ir e voltar e no tempo, mudar de voz narrativa várias vezes, criar um grande mosaico de histórias que cruzam...
Aparentemente, isso é ser "conceitual". A crítica ama.
Gente, qual o problema de contar a mesma história do começo ao fim do livro? Eu acharia fantástico se a história de "O drible" fosse apenas a do Peralvo, estendida e aprofundada.
Ali notei algumas sacadas ótimas, como essa história de alguém "marcar espiritualmente" o Pelé. Eu provavelmente gostaria de um livro só com a história do Peralvo.
Mas não, tem que ter todo um pano de fundo, de tal maneira que a história do Peralvo virou só um acessório, até dispensável, para uma história mais chata e menos original de conflito-pai-e-filho.
Em termos de linguagem, também não chegou a me chamar a atenção, e achei até que muitas referências culturais espargidas aqui e ali foram muito artificiais, apenas para criar um efeito.
Cês me perdoem, mas, em termos de futebol, eu curti mais uma coisa infanto-juvenil como "A colina dos suspiros", do Scliar.
Agora foi com o célebre "O drible", do Sérgio Rodrigues.
Não sei o que acontece que a maioria dos escritores atuais acha impossível escrever uma história linear e de um único narrador: é preciso ir e voltar e no tempo, mudar de voz narrativa várias vezes, criar um grande mosaico de histórias que cruzam...
Aparentemente, isso é ser "conceitual". A crítica ama.
Gente, qual o problema de contar a mesma história do começo ao fim do livro? Eu acharia fantástico se a história de "O drible" fosse apenas a do Peralvo, estendida e aprofundada.
Ali notei algumas sacadas ótimas, como essa história de alguém "marcar espiritualmente" o Pelé. Eu provavelmente gostaria de um livro só com a história do Peralvo.
Mas não, tem que ter todo um pano de fundo, de tal maneira que a história do Peralvo virou só um acessório, até dispensável, para uma história mais chata e menos original de conflito-pai-e-filho.
Em termos de linguagem, também não chegou a me chamar a atenção, e achei até que muitas referências culturais espargidas aqui e ali foram muito artificiais, apenas para criar um efeito.
Cês me perdoem, mas, em termos de futebol, eu curti mais uma coisa infanto-juvenil como "A colina dos suspiros", do Scliar.
July 6, 2024
★★★★✩✩✩✩✩✩
4/10 Um pouco ruim
Habilidade com o idioma e cultura geral acima da média não necessariamente resultam em boa ficção – é o que Sérgio Rodrigues vem ratificar com O drible.
As minuciosas descrições sobre futebol são enfastiantes; as excessivas referências (não só relativas ao esporte bretão, mas também a música, cinema, literatura, política) parecem fazer parte de um exercício de autolouvor de Rodrigues; a obsessão do personagem principal por suburbanas morenas bem mais jovens com nomes compostos esdrúxulos e cabelos tingidos de loiro me lembrou a do protagonista de Hosana na Sarjeta (seria uma fixação comum entre escritores que, numa fracassada tentativa de se mostrar transgressores, acabam se revelando banais?); e a reviravolta estrambólica ao final é o ápice da artificialidade que permeia toda a obra.
Decepcionado com o que encontrei em O drible, há alguns anos eu talvez dissesse que preferiria me ater aos textos que o autor publica na Folha de S.Paulo, mas como ele vem se tornando vergonhosamente contemporizador dos devaneios de identitários paranoicos, até mesmo a leitura de suas outrora agradáveis colunas semanais passou a ser, muitas vezes, cansativa.
4/10 Um pouco ruim
Habilidade com o idioma e cultura geral acima da média não necessariamente resultam em boa ficção – é o que Sérgio Rodrigues vem ratificar com O drible.
As minuciosas descrições sobre futebol são enfastiantes; as excessivas referências (não só relativas ao esporte bretão, mas também a música, cinema, literatura, política) parecem fazer parte de um exercício de autolouvor de Rodrigues; a obsessão do personagem principal por suburbanas morenas bem mais jovens com nomes compostos esdrúxulos e cabelos tingidos de loiro me lembrou a do protagonista de Hosana na Sarjeta (seria uma fixação comum entre escritores que, numa fracassada tentativa de se mostrar transgressores, acabam se revelando banais?); e a reviravolta estrambólica ao final é o ápice da artificialidade que permeia toda a obra.
Decepcionado com o que encontrei em O drible, há alguns anos eu talvez dissesse que preferiria me ater aos textos que o autor publica na Folha de S.Paulo, mas como ele vem se tornando vergonhosamente contemporizador dos devaneios de identitários paranoicos, até mesmo a leitura de suas outrora agradáveis colunas semanais passou a ser, muitas vezes, cansativa.
January 11, 2025
É um livro para fanáticos do futebol, mas mesmo assim ele falha... o motivo é que o autor parece não ter se decidido sobre o que realmente iria escrever.
Mistura de crônica esportiva com romance, O Drible abarca os famosos anos de ouro do futebol em que a maioria dos fãs se doi por terem acabado - são as mesmas rasgações de seda por Pelé e Garrincha e piadas atravessadas sobre Cartolas e o Zagallo. Isso seria perdoável se elas não fossem se misturando com o resto do enredo sobre o ódio entre pai e filho.
Murilos, pai e filho, são dois escrotos que usam de uma história pregressa que nunca é totalmente explicada para justificar os atos vis que cometem entre si ou contra terceiros. A coisa piora com o final apressado que lembra um pouco as antigas novelas da Globo.
Enfim, leia por conta e risco.
Mistura de crônica esportiva com romance, O Drible abarca os famosos anos de ouro do futebol em que a maioria dos fãs se doi por terem acabado - são as mesmas rasgações de seda por Pelé e Garrincha e piadas atravessadas sobre Cartolas e o Zagallo. Isso seria perdoável se elas não fossem se misturando com o resto do enredo sobre o ódio entre pai e filho.
Murilos, pai e filho, são dois escrotos que usam de uma história pregressa que nunca é totalmente explicada para justificar os atos vis que cometem entre si ou contra terceiros. A coisa piora com o final apressado que lembra um pouco as antigas novelas da Globo.
Enfim, leia por conta e risco.
July 21, 2025
O futebol não esconde a pobreza do enredo, a fraqueza dos personagens, a inutilidade do enredo. Apesar de gostar muito de futebol, não consegui ler sendo um livro de homens para homens, suas questões exclusivas, seu universo onde as mulheres não passam de objetos a serem usados, fantasiados, compartilhados. Até o cachorro do Murilo pai está deslocado no enredo. Não consegui passar das primeiras páginas e me enojei de vez com o tratamento dado à namorada cujo nome ele ridiculariza, não presta a menor atenção no que ela fala e depois ejacula em seu rosto. Talvez homens tenham achado ótimo, mas para mim foi dinheiro jogado fora.
December 3, 2019
Em Romance altamente Metaficcional e Intertextual, Sérgio Rodrigues faz do Futebol personagem e pano de fundo para contar um pouco mais da História do Brasil. Os personagens, moralmente falidos, ecoam suas (im) possibilidades diante das relações humanas, o desamor e seus reflexos diante dos espelhos que driblaram por toda a vida; são os lugares que não-ocupam, a cultura Pop dos anos 70 e 80, a violência do silêncio (o não-dito ou o desdito), o Realismo Mágico e a Guerrilha Urbana. Se não incomodar, não pode ser Literatura. Com o perdão do clichê, Gol de Placa do autor.
June 24, 2020
Só pelo primeiro capítulo e a descrição de um dos momentos mais épicos da história do futebol já valeria a leitura. Contudo, resumir o texto a apenas um capítulo seria algo bem injusto com toda a trama.
Gostei muito, especialmente dos capítulos que contam a história do craque Peralvo. Achei um pouco entediante apenas algumas páginas com uma discussão sobre a cultura pop dos anos 70-80. Nada, porém, que desabone a narrativa e o seu desfecho, que, por sinal, me agradou muito, já que o autor não optou pelo caminho fácil da redenção. Recomendo!
Gostei muito, especialmente dos capítulos que contam a história do craque Peralvo. Achei um pouco entediante apenas algumas páginas com uma discussão sobre a cultura pop dos anos 70-80. Nada, porém, que desabone a narrativa e o seu desfecho, que, por sinal, me agradou muito, já que o autor não optou pelo caminho fácil da redenção. Recomendo!
October 6, 2020
demora um pouco pra engrenar, mas depois vai tipo um ciclista inconsequente descendo uma ladeira. a prosa é envolvente, semelhante a uma narrativa contada por um senhor empolgado em um bar, o que me parece algo muito latino-americano, esse arquétipo do velho que extrai significado filosófico e sociológico de suas experiências anedóticas, enfim, e o desenvolvimento da trama aos poucos vai dando motivos para investir nos personagens. curiosidades curiosas, passagens banhadas em fluidez e uma análise detalhada sobre o drible do Pelé no goleiro Mazurkiewicz, não dá pra pedir mais
July 21, 2025
Como detestador de carteirinha do futebol, minha trajetória com "o drible" foi um reflexo da trajetória de Murilo Filho e Peralvo.
No início, meu ceticismo tomava conta da minha leitura, mas a magia esotérica da obra se mostrou inegável, provando diversas vezes estar sempre 1 segundo no futuro, orquestrando todos os fatos de forma notável. No fim, assim como Neto pensa sobre a obra de seu pai, não sei se realmente acredito nessa magia futebolesca e talvez ela realmente seja exilada para os fundos de uma mente cética, mas que essa leitura foi uma experiência mágica, ela foi.
No início, meu ceticismo tomava conta da minha leitura, mas a magia esotérica da obra se mostrou inegável, provando diversas vezes estar sempre 1 segundo no futuro, orquestrando todos os fatos de forma notável. No fim, assim como Neto pensa sobre a obra de seu pai, não sei se realmente acredito nessa magia futebolesca e talvez ela realmente seja exilada para os fundos de uma mente cética, mas que essa leitura foi uma experiência mágica, ela foi.
July 30, 2018
Não é um livro sobre futebol absolutamente, embora o futebol esteja lá, a todo momento, como pano de fundo, como ponte pra explicar um monte de coisas. Na verdade trata-se da vida de Neto reencontrando-se com o pai Murilo, um tipo Nelson Rodrigues, depois de 26 anos, indo ao encontro dele em um sítio no interior do Rio de Janeiro.
Verdades absolutas sendo quebradas, mágoas sendo revistas. A vida como ela é, eu diria.
Verdades absolutas sendo quebradas, mágoas sendo revistas. A vida como ela é, eu diria.
July 14, 2025
Foi uma leitura um pouco difícil - pelo menos para mim - é um pouco parado em algumas partes, da uma preguiça e até vontade de desistir, mas na metade do livro começa a ficar interessante.
Ele começa a dar um contexto sobre o que fez com que eles estivessem ali naquele momento, e você cria uma expectativa de que o Murilo Filho " é um homem bom" - como a Conceição insistia em dizer para o Neto. Mas então, o último capítulo chega.
Tipo assim, bizzaro.
Ele começa a dar um contexto sobre o que fez com que eles estivessem ali naquele momento, e você cria uma expectativa de que o Murilo Filho " é um homem bom" - como a Conceição insistia em dizer para o Neto. Mas então, o último capítulo chega.
Tipo assim, bizzaro.
July 9, 2021
Li O Drible na Copa América 2021, antes da final. Toda a minha vida fui fã do Brasil, do futebol e do Pelé, nunca o vi jogar, mas ler Sergio Rodrigues pode me dar uma ideia de como ele era. Drible é uma boa mistura de cultura, política, história e futebol. É também uma prova de como o futebol e a vida são iguais.
April 19, 2024
É por causa de livros assim que eu sou apaixonada por literatura. Não conheço outras obras do Sérgio, mas aqui vi a mais pura arte de criar e de contar histórias. Com criatividade e usando lindamente a linguagem.
PS: Evitem ler reviews e comentários antes de ler o livro. Infelizmente muita gente dá spoiler desnecessário e que compromete a experiência de leitura.
PS: Evitem ler reviews e comentários antes de ler o livro. Infelizmente muita gente dá spoiler desnecessário e que compromete a experiência de leitura.
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