Jump to ratings and reviews
Rate this book

O capitalismo como religião

Rate this book
O capitalismo como religião, novo lançamento da Boitempo, apresenta um recorrido por ensaios do filósofo Walter Benjamin, organizado e introduzido pelo sociólogo Michael Löwy. O livro traz textos surpreendentes, em particular os ditos de juventude, que vêm à tona com a liberação da obra benjaminiana para o domínio público. Löwy reuniu escritos de Benjamin inéditos em português ou difíceis de consultar, que contêm, em graus variados, uma crítica radical da civilização capitalista-industrial moderna.

Segundo o organizador, Benjamin ocupa uma posição singular na história do pensamento crítico moderno. É o primeiro seguidor do materialismo histórico a romper radicalmente com a ideologia do progresso linear: “Por sua crítica radical da civilização burguesa moderna, por sua desconstrução da ideologia do progresso – a Grande Narrativa dos tempos modernos, comum tanto aos liberais quanto aos socialistas –, os escritos de Benjamin parecem um bloco errático à margem das principais correntes da cultura moderna”.a

Para esta antologia, Löwy escolheu textos que vão de 1912, quando Benjamin participa do movimento da “Jugendbewegung”, do qual se distancia no início da Primeira Guerra Mundial, até os anos mais decididamente militantes, no exílio, de 1933 a 1940. Segundo ele, trata-se de mostrar como Benjamin soube unir, na sua rejeição contundente ao capitalismo, impulsos oriundos tanto do romantismo alemão quanto do messianismo judaico e do marxismo libertário. “A maior parte desses escritos, que versam sobre temas que vão das armas químicas das guerras futuras à condição dos operários na Alemanha nazista, expressa um olhar lúcido, ora irônico ora trágico sobre o mundo ‘civilizado’ do século XX”, afirma no prefácio.

Entre os textos até então esquecidos e agora disponíveis ao público brasileiro, vale ressaltar o ensaio que dá título ao livro, “O capitalismo como religião”, um dos fragmentos mais intrigantes de Benjamin, escrito em 1921. Apesar de contar com apenas cinco páginas, incluindo notas e referências bibliográficas, esse texto revela como o capitalismo se tornou uma religião cultual, sem piedade ou trégua, que leva a humanidade para a “casa do desespero”. Nesse ensaio, Benjamin assimila num gesto ousado as reflexões de Friedrich Nietzsche, Max Weber, Georg Simmel e do teórico anarquista Gustav Landauer. Nota Löwy que, “não só nos documentos incluídos neste livro, mas no conjunto da obra de Benjamin, a crítica romântica da Zivilisation capitalista está onipresente; como uma corrente elétrica, ela atravessa seus escritos e alimenta algumas de suas principais iluminações profanas”.

Para Maria Rita Kehl, autora da orelha do livro, o ensaio-título ilumina o sentido da melancolia benjaminiana: a sensação de que a ação política, assim como as outras dimensões da vida, estaria dominada pelo culto permanente da vida sob o capitalismo. “Benjamin entendeu a melancolia como efeito da anulação da potência política do indivíduo e sua classe social. A ‘coloração religiosa’ que o capitalismo imprimiu ao utilitarismo parece anular a perspectiva de transformação histórica. Daí a seleção de registros de experiências pré-capitalistas, assim como de textos que revelam o espanto de vários escritores diante da devastação em curso nos séculos XVIII e XIX: é no passado que Benjamin vai buscar indícios de diferença capazes de contradizer sua própria visão sombria do futuro”, afirma a psicanalista.

Segundo Jeanne Marie Gagnebin, autora da quarta capa, também deve ser mencionada a importância dos escritos ligados à redação da tese de livre-docência sobre a Origem do drama barroco alemão assim como de várias resenhas de Benjamin, que tentam questionar o presente por uma retomada crítica da tradição histórica e literária. Já o artigo sobre o Instituto Alemão de Livre Pesquisa, escrito em 1937, esclarece a diferença entre a teoria crítica e o pragmatismo em voga nos Estados Unidos, onde Theodor Adorno e Max Horkheimer encontravam-se exilados.

A obra se insere na coleção Marxismo e Literatura, sob a coordenação de Leandro Konder e do próprio Löwy; a tradução dos dezessete ensaios de Benjamin selecionados foi feita diretamente do alemão por Nélio Schneider. O livro conta com um extenso índice onomástico e notas de tradução e edição, que auxiliam na compreensão do pensamento benjaminiano, que combina referências literárias e filosóficas, fazendo associações inesperadas, de maneira fragmentária. Na coletânea, foram ainda incluídas várias imagens, como reproduções de documentos, quadros e fotografias.

Sobre o autor

Walter Benjamin, filósofo e crítico literário, nasceu em Berlim em 1892 e se suicidou em 1940, na fronteira da França com a Espanha, durante uma tentativa de fuga dos nazistas. A rejeição de sua tese de habilitação, “A origem do drama barroco alemão”, o impediu de exercer a docência universitária na Alemanha. A partir de 1924 descobriu o marxismo, através da obra de Lukács, e se tornou simpatizante do movime...

192 pages, Paperback

First published January 1, 1921

8 people are currently reading
228 people want to read

About the author

Walter Benjamin

844 books2,057 followers
Walter Bendix Schönflies Benjamin was a German Jewish philosopher, cultural critic, media theorist, and essayist. An eclectic thinker who combined elements of German idealism, Romanticism, Western Marxism, Jewish mysticism, and neo-Kantianism, Benjamin made influential contributions to aesthetic theory, literary criticism, and historical materialism. He was associated with the Frankfurt School and also maintained formative friendships with thinkers such as playwright Bertolt Brecht and Kabbalah scholar Gershom Scholem. He was related to German political theorist and philosopher Hannah Arendt through her first marriage to Benjamin's cousin Günther Anders, though the friendship between Arendt and Benjamin outlasted her marriage to Anders. Both Arendt and Anders were students of Martin Heidegger, whom Benjamin considered a nemesis.
Among Benjamin's best known works are the essays "The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction" (1935) and "Theses on the Philosophy of History" (1940). His major work as a literary critic included essays on Charles Baudelaire, Johann Wolfgang von Goethe, Franz Kafka, Karl Kraus, Nikolai Leskov, Marcel Proust, Robert Walser, Trauerspiel and translation theory. He also made major translations into German of the Tableaux Parisiens section of Baudelaire's Les Fleurs du mal and parts of Proust's À la recherche du temps perdu.
Of the hidden principle organizing Walter Benjamin's thought Scholem wrote unequivocally that "Benjamin was a philosopher", while his younger colleagues Arendt and Theodor W. Adorno contend that he was "not a philosopher". Scholem remarked "The peculiar aura of authority emanating from his work tended to incite contradiction". Benjamin himself considered his research to be theological, though he eschewed all recourse to traditionally metaphysical sources of transcendentally revealed authority.
In 1940, at the age of 48, Benjamin died by suicide at Portbou on the French Spanish border while attempting to escape the advance of the Third Reich. Though popular acclaim eluded him during his life, the decades following his death won his work posthumous renown.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
15 (18%)
4 stars
31 (37%)
3 stars
27 (32%)
2 stars
8 (9%)
1 star
1 (1%)
Displaying 1 - 8 of 8 reviews
Profile Image for Bybyberry.
245 reviews32 followers
February 6, 2025
Trois étoiles surtout à cause de la préface (qui fait quand même la moitié du livre) qui est ultra intéressante et accessible, ça m’a littéralement rappelé que j’ai adoré l’économie comme matière quand j’étais étudiante et que j’aimerais bien me replonger dedans. La préface challenge le modèle capitaliste, nous rappelle ses racines et ses défauts et offre des pistes de réflexion sur un avenir différent.

Pour la partie avec les essais de Benjamin, c’est plus complexe, ça s’approche plus de brides d’idées très courtes, et c’est beaucoup de références à d’autres œuvres, bref, difficile à saisir. L’essai final de Marx va bien thématiquement avec le reste du livre, mais a surtout eu le mérite de me montrer que malgré mon intérêt pour les théories marxistes, il fallait plutôt que je m’attaque à de la vulgarisation et non ses oeuvres directement (c’est tout simplement un poil trop compliqué comme porte d’entrée pour l’instant haha)
Profile Image for Gaspard.
75 reviews
June 23, 2023
D'une intelligence et d'une lucidité désespérée… à lire et relire en faisant attention de ne pas sombrer dans son pessimisme.
Profile Image for maxime.
9 reviews
Read
June 9, 2025
Je ne l’ai pas lu entièrement, c’est vraiment super dur à lire (heureusement qu’il y a la préface). De plus, les sujets sont traités très succinctement ce qui fait que n’éclaire pas du tout la pensée de l’auteur. Je penses que on peut lire ce livre quand on a un bagage philosophique et économique suffisant.
Profile Image for Илья Дескулин.
90 reviews13 followers
June 13, 2024
This is just a set of unrelated buzzwords and a bit of fashionable namedropping. The only good thing about this "work" is that it has remained in the form of notes and never become a complete essay or even a book.
Profile Image for xoubiña.
31 reviews
November 22, 2025
No chicos aunque mi intelecto aparente lo contrario, no lo leí en portugués…
Displaying 1 - 8 of 8 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.