Laila acorda na cama de um hospital de uma cidade sitiada. Está amnésica. Uma série de pessoas como ela, a quem lhes foi extorquida a memória autobiográfica, vão parar a esta cidade, com o intuito aparente de servirem de mão-de-obra num complexo fabril. Presos e forçados a trabalhar nesta cidade onde a lei é administrada por autoridades anónimas, os habitantes tentam entender quem são e de onde vêm. Estarão a ser punidos por serem presos políticos ou por serem criminosos de delito comum? Ou terão sido seleccionados de forma arbitrária? Ao partilharem recordações fragmentárias e, muitas vezes, perturbantes, procuram criar uma imagem da sociedade a que pertenceram e de onde foram retirados, entre a realidade e a imaginação, a paranóia e o desejo. Ao mesmo tempo, reinventam a própria identidade a partir das narrativas que contam a si mesmos e aos outros sobre quem terão sido e quem poderão ser agora. Laila, como os outros, tenta recuperar as ruínas do seu passado. Poderão estas protegê-la de um abismo maior?
Li este livro em 3 dias. Fez-me lembrar o " Handmaide's tale". Entramos naquele mundo e é difícil sair, mesmo quando se fecha o livro. Está muito bem escrito e é muito angustiante. A história está muito bem pensada e é tão visual que nos sentimos perante um livro que irá um dia virar serie.
A escrita fez-me ter reminiscências (trocadilho intencional) de Saramago (o maior elogio que posso fazer) e a premissa é incrível mas senti que faltava qualquer coisa - mais explicações, um final mais alinhavado... Mas adoro que autoras portuguesas corram este tipo de riscos nas suas narrativas. Estarei muito atenta às obras da Catarina! 🫶🏻
Este não será um livro para todos os gostos, também não é um livro de leitura compulsiva, mas se tiverem a sorte de “entrar na história” vão descobrir uma distopia virada para dentro das personagens, uma história sobre pessoas que acordam sem memórias, com personagens que fazem um percurso interior para descobrirem quem são. Só que às vezes há coisas que deveriam permanecer esquecidas… Gostei muito deste livro.
Parti para a leitura deste livro com um entusiasmo que, confesso, fui perdendo ao longo da leitura. A premissa é bastante interessante mas senti a falta de mais: mais enredo, mais pano de fundo, mais detalhes, mais história. Fiquei com a sensação de que li um livro com princípio e fim, sem meio. Fez-me falta o meio. A forma como a personagem narra os acontecimentos também me fez sentir muito distante de si. Senti a linguagem que usa demasiado formal, um tanto ao quanto pretensiosa até, sem que nada na sua história (pelo menos na que a autora partilhou com os leitores) o justifique.
Mais um dnf :) Ando mesmo com uma sorte nas leituras…É que a premissa do livro prometia muito, mas sinto que ficou por aí. Uma boa premissa que acaba por não ser desenvolvida. Já para não falar dos capítulos gigantes que acabam por me aborrecer. Mas acredito que se a história me tivesse sugado a atenção, teria voado pelos capítulos sem dificuldade. Não foi o caso. Então a partir da 2ª parte, os saltos temporais foram, na minha opinião, uma forma apressada de passar a história à frente. Estava à espera de outra coisa.
Um livro com uma ótima premissa e muito bem escrito. Apesar de ser um livro com poucas páginas é denso, com capítulos longos. Senti que faltou alguma coisa, principalmente na explicação de algumas partes e no final.
sendo março o mês da mulher, fiz um esforço consciente para ler mais livros de escritoras portuguesas. de todos os que li, este era o que menos expectativas tinha e foi o que mais gostei de ler. tanto o enredo como a escrita de Catarina Costa cativaram-me desde o primeiro momento. já não leio tantas distopias como fazia questão de ler quando me tornei leitora, mas adorei o imaginário que a autora criou. durante a leitura, consegui imaginar a Irislândia e os seus habitantes – e isso é, de facto, mérito da escrita da autora, cujas descrições contribuíram para que pudesse imaginar aquilo que estava a ser narrado. além disso, também gostei muito das reflexões acerca das memórias, especialmente a forma como as criamos e também como as descartamos.
as primeiras frases de um livro são sempre muito importantes e não poderia deixar de destacar as primeiras frases deste livro, que contribuíram para que me envolvesse na história assim que comecei a lê-la: «amnésica e castrada. sem memória e sem ovários. foi assim que acordei numa cama de hospital desta cidade há sete anos, assistida por uma enfermeira com um sorriso amável que me chamou por um nome que eu não sabia se era o meu: Laila.»
«muitas vezes o que é pessoal confunde-se com o que é político. ainda és demasiado novo para entenderes.»
«foi quando me apercebi de que as pessoas podem desaparecer da nossa vida num arremesso de fúria ou, pelo contrário, tranquilamente a deslizar pelos drapeados suaves da água do mar. podem desaparecer assim, sem mais, e a nós não nos resta outra coisa senão seguir com o olhar contemplativo, impotentes, o rasto que deixam. percebi, pois, que quem mais amamos pode deixar-nos plantados à beira-mar, simplesmente a observar a sua fuga, numa contemplação da própria perda.»
«quando uma pessoa parte, permanecendo no mesmo lugar, perdemos a fé da busca, do reencontro. estacamos tão-só no desencontro.»
Uma distopia que, como a grande maioria deste género, nos leva a refletir sobre a nossa realidade e o mundo em que vivemos. Um enredo cativante, com uma personagem principal interessante que coloca dúvidas com as quais também nós nos deparamos na realidade. A escrita é fluída e agradável, por vezes pautada por uma belíssima estética poética. Contudo, penso que existem demasiadas repetições das mesmas ideias, que poderiam ter sido aproveitadas de outra forma pela autora.
Laila. É este o nome da personagem principal deste livro. Ela que acorda numa cama de hospital e sem memória. À sua volta, encontra inúmeras pessoas na mesma situação. Para adensar todo o mistério, encontram-se numa cidade construída a pensar nelas e onde têm de desempenhar funções fabris.
Nesta cidade enigmática, ninguém sabe onde reside o poder ou a autoridade. Paralelamente a todas as dúvidas, existe a iniciativa, por parte dos habitantes, a tentativa de compreender e reconstruir a memória. Terão sido presos políticos? Criminosos? O que os leva àquela situação?
Existe a fusão de teorias identitárias, a troca de impressões e a busca incessante pela memória e pelo passado. Conseguirá Laila encontrar a resposta que procura?
Mais um livro de uma autora portuguesa lido no @sociedadeliteraria_clube e foi maravilhoso 😍
Quando comecei a ler este livro não estava, de todo, preparada para o que aí vinha!
Uma distopia enigmática e que mexe muito com as nossas emoções.
Um livro de uma escritora portuguesa que nos faz dar voltas e voltas à cabeça e que só nos faz querer continuar a ler para saber mais e mais sobre esta história.
Laila é escoltada até uma cidade em que, tal como ela, ninguém se lembra de nada, e após ser bem recebida na sua nova casa apercebe-se que, para além dessa característica, existe outra que também é comum a todos: estão todos castrados.
Todos nesta cidade são obrigados a trabalhar sem saberem qual o seu objetivo, só sabem que têm de se manter ativos num trabalho que lhes foi atribuído. Ao fim de um dia de trabalho, alguns habitantes encontram-se para descreverem as suas memórias em conjunto e tentarem perceber quais as que têm relevância para serem guardadas no livro de memórias e que servirão para desvendar as memórias de todos.
Um livro bastante duro, e que retrata bastante bem a falta de liberdade existente, até o facto de lhes terem retirado as memórias, castrado e alterado algumas das suas características físicas sem que saibam o porquê já os leva a ficarem apreensivos em saírem daquela cidade. À medida que nos vamos enveredando na história, vamos apercebendo-nos que nem todos os cidadãos pretendem desvendar as suas memórias com os outros, pretendendo ficar com elas só para si, mas porquê? O que pode ser tão mau que não queiram partilhar com os outros?
O que será que todos naquela cidade fizeram de tão grave para que lhes tenham sido retiradas as suas memórias?
E aquele final, meu deus, eu não esperava aquele final, está mesmo arrebatador! Que grande reviravolta!
Este livro está maravilhoso, cheio de intrigas e muito enigmático. Apesar de ser um livro com um tema pesado, tem uma escrita fluida e corrida, que nos faz ler o livro num sopro.
Aconselho tanto a sua leitura, pois é uma distopia incrível e que nos faz pensar.
As memórias são uma fonte de identidade - individual e coletiva. Quando nos faltam, a nossa história fragmenta-se e sentimo-nos perdidos, como se deixassemos de pertencer a algo. E acho que o livro da Catarina Costa aborda esta questão muito bem.
Já tinha gostado da escrita da autora no Periferia, embora não me tivesse relacionado totalmente com o enredo, e voltei a ficar encantada com ela neste. A premissa intriga e achei interessante a maneira como nos transportou, durante todo o tempo, para a cabeça da protagonista, mas deixando a porta aberta para sermos surpreendidos. Além disso, as descrições s��o muito visuais e credíveis - a dado momento, tudo aquilo poderia estar a acontecer à nossa frente.
Algumas ideias/passagens tornam-se um pouco repetitivas, ainda assim, vale muito a pena pelas reflexões que potencia. Num universo em que ninguém sabe bem quem é e de onde veio, será que há recordações que deveriam permanecer esquecidas?
Tenho algumas distopias aqui por casa, no entanto, esta foi a primeira que li.
Esta é a história de Laila que acorda num hospital amnésica e castrada. A premissa deste livro é muito interessante, contudo, sinto que a autora poderia ter aproveitado esta ideia inicial de uma forma completamente diferente.
Senti falta de alguns detalhes sobre as cidades e sobre quem foi Laila. Esperava algo que me causasse mais emoções.
Demorei um bocadinho a ler o livro porque aos poucos foi-se tornando um pouco mais do mesmo. Está dividido não em capítulos, mas sim em 3 partes e o tamanho das mesmas é absurdo. Por exemplo, a 1° parte vai da página 9 até à 91°.
Apesar disto, não conhecia a autora, mas apaixonei-me imediatamente pela sua escrita, acho-o bonita. 😊
Uma excelente premissa que comigo não funcionou. Adorei o “Periferia” das mesma autora e também baseado em um universo distópico, mas não consegui adorar este. O primeiro grande senão são os capítulos gigantes. Eu sou leitora de capítulos curtos e o facto deste livro ser dividido em apenas três capítulos/partes custou mais a ler. O inicio é lento, demorado, apesar de interessante e informativo do que a autora nos quer transmitir. Não achei as personagens cativantes e os diálogos por vezes são demasiado “inteligentes” (não que exista isso de “mais inteligente” em literatura) e elaborados para dizer algo simples e básico. Atenção, que a Catarina escreve bem, sem qualquer sombra de dúvida, até demais tendo em conta o meu cérebro que custou a entender algumas das suas referências. Existe uma reviravolta mais para o final que muda tudo e que julgo ser o ponto fundamental para a compreensão desta obra, que efetivamente é mais que um romance distopico mas uma estória de humanidade ou a falta da mesma. Não vou deixar ilações sobre recomendação de leitura porque julgo que não fui de todo o público-alvo para esta obra, daí, não vos quero induzir em erro por uma questão que é apenas minha.
3.5 O livro começa de uma forma muito interessante, mantendo-me bastante interessada e curiosa. No entanto, as passagens bruscas de tempo entre partes não me agradaram. A última parte perdeu me por completo, parecendo fim um pouco forçado.
Excelente premissa, contudo os saltos temporais não me permitiram envolver no enredo. Senti falta de uma maior explicação dos detalhes e não consegui estabelecer uma ligação com nenhuma das personagens. Apesar de muito bem escrito, penso que a linguagem é formal em demasia.
Original e enleante, confirma esta autora , após o primeiro livro Periferia, como uma das vozes mais interessantes da ficção contemporânea portuguesa atual.
3.5 ⭐️ gostei da premissa do livro mas não sei bem se sou a maior fã de como terminou. De qualquer maneira, é uma leitura que recomendo para quem gosta de distopias
Laila acorda na cama de um hospital, sem qualquer recordação do seu passado e muito mas muito confusa. Descobre posteriormente que lhe foi retirada a memória autobiográfica e que também foi castrada. Assim como ela, todas as outras pessoas que moram nesta cidade passaram pelo mesmo.
"Presos" e digo-o entre aspas e mais tarde vão perceber o porquê, são obrigados a trabalhar num complexo fabril, nesta cidade cercada do restante mundo.
Como não têm qualquer memória, não conseguem perceber o motivo de lá terem ido parar, mas com o passar do tempo, a pouco e pouco vão-se recordando de pequenos fragmentos que, quando juntos, acabam por criar a imagem do que foram como sociedade anteriormente, como se cada fragmento fosse uma peça de puzzle e o objetivo seria terminá-lo, de forma a terem alguma paz de espírito.
Já pensaram como seria viverem sem saberem quem foram? Deve ser aterrorizador !
Seja individualmente ou como sociedade, cada morador da Irislândia tenta descobrir quem foi e quem é agora. Conseguirão fazê-lo, ou descobrirão algo que nunca imaginariam?
Numa narrativa fluida e de fácil leitura, Catarina Costa trás-nos uma distopia que só consigo descrever como reflexiva.
Será, uma cidade como esta assim tão diferente da nossa realidade aos dias de hoje?
Teremos nós tanto livre-arbítrio como achamos, ou estamos também presos dentro da nossa liberdade?
Estas são algumas das perguntas que me vieram à mente enquanto lia " E então, lembro-me".
Não sei se o livro foi escrito durante a pandemia, mas é curioso o que o isolamento nos provoca como seres e sinto verdadeiramente que este manuscrito foi escrito durante essa altura.
Nunca tinha lido nada da escritora, aliás, nunca tinha sequer ouvido falar nela, e fiquei bastante contente por a Guerra e Paz me ter cedido este exemplar. Em breve espero poder ler também o "Periferia", um livro da mesma autora que me parece ser dentro do mesmo género.
"E então, lembro-me" foi o primeiro livro distópico que li e tenho a dizer que me surpreendeu pela positiva.
Confesso que foi um livro mais pesado do que outros que estou habituada a ler, não só por ser um tipo de leitura a que não estou acostumada, mas também pelo seu conteúdo. Também foi uma história que me levou mais tempo a ler, pois levou-me a refletir muito sobre o mundo e a sociedade em que habitamos.
A personagem principal, Layla, deixa muita curiosidade do início ao fim, não só pela falta de memória mas também por todo o mistério em torno de quem na verdade ela é.
No geral foi uma boa leitura e o plow twist final foi suficiente para o tamanho que o livro tem, no entanto, acho que deveria estar dividido por vários capítulos e não por três partes. Achei que o livro precisava disso para poder enfim..."respirar mais" e o leitor não precisar de tantas pausas.