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Poemas Escolhidos de Alberto Caeiro
Plano Nacional de Leitura Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura. A poesia de Alberto Caeiro junta a liberdade de composição à novidade de pensamento. A sua incondicional afirmação das sensações como o único modo justo de estar no mundo oferece uma referência de base aos outros autores do universo pessoano, o real e os fictícios, que o consideram o Mestre. Este volume apresenta na íntegra os 49 poemas que compõem O Guardador de Rebanhos, a obra-prima do suposto pastor e poeta da Natureza, e uma seleção dos poemas que figuram em O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos. Coleção Pessoa breve.
168 pages, Paperback
Published January 1, 2013
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170 people want to read
About the author
Fernando Pessoa
1,250 books6,346 followersFernando António Nogueira Pessoa was a poet and writer.
It is sometimes said that the four greatest Portuguese poets of modern times are Fernando Pessoa. The statement is possible since Pessoa, whose name means ‘person’ in Portuguese, had three alter egos who wrote in styles completely different from his own. In fact Pessoa wrote under dozens of names, but Alberto Caeiro, Ricardo Reis and Álvaro de Campos were – their creator claimed – full-fledged individuals who wrote things that he himself would never or could never write. He dubbed them ‘heteronyms’ rather than pseudonyms, since they were not false names but “other names”, belonging to distinct literary personalities. Not only were their styles different; they thought differently, they had different religious and political views, different aesthetic sensibilities, different social temperaments. And each produced a large body of poetry. Álvaro de Campos and Ricardo Reis also signed dozens of pages of prose.
The critic Harold Bloom referred to him in the book The Western Canon as the most representative poet of the twentieth century, along with Pablo Neruda.
It is sometimes said that the four greatest Portuguese poets of modern times are Fernando Pessoa. The statement is possible since Pessoa, whose name means ‘person’ in Portuguese, had three alter egos who wrote in styles completely different from his own. In fact Pessoa wrote under dozens of names, but Alberto Caeiro, Ricardo Reis and Álvaro de Campos were – their creator claimed – full-fledged individuals who wrote things that he himself would never or could never write. He dubbed them ‘heteronyms’ rather than pseudonyms, since they were not false names but “other names”, belonging to distinct literary personalities. Not only were their styles different; they thought differently, they had different religious and political views, different aesthetic sensibilities, different social temperaments. And each produced a large body of poetry. Álvaro de Campos and Ricardo Reis also signed dozens of pages of prose.
The critic Harold Bloom referred to him in the book The Western Canon as the most representative poet of the twentieth century, along with Pablo Neruda.
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Community Reviews
Displaying 1 - 24 of 24 reviews
July 25, 2015
Fazer uma crítica do livro é pensar, o que seria uma injúria para este poeta, para o qual só o sentir e a realidade interessam.
Deixo assim um dos seus poemas. Acho que podia escolher um qualquer, pois estão todos entre o genial e o genial.
«Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.»
Deixo assim um dos seus poemas. Acho que podia escolher um qualquer, pois estão todos entre o genial e o genial.
«Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.»
January 28, 2024
"O que vale a minha vida? No fim (não sei que fim)
Um diz: ganhei trezentos contos,
Outro diz: tive três mil dias de glória,
Outro diz: estive bem com a minha consciência e isso é bastante...
E eu, se lá aparecerem e me perguntarem o que fiz,
Direi: olhei para as cousas e mais nada.
E por isso trago aqui o Universo dentro da algibeira.
E se Deus me perguntar: e o que viste tu nas cousas?
Respondo: apenas as cousas...Tu não puseste lá mais nada.
E Deus, que apesar de tudo é esperto, fará de mim uma nova espécie de santo."
Um diz: ganhei trezentos contos,
Outro diz: tive três mil dias de glória,
Outro diz: estive bem com a minha consciência e isso é bastante...
E eu, se lá aparecerem e me perguntarem o que fiz,
Direi: olhei para as cousas e mais nada.
E por isso trago aqui o Universo dentro da algibeira.
E se Deus me perguntar: e o que viste tu nas cousas?
Respondo: apenas as cousas...Tu não puseste lá mais nada.
E Deus, que apesar de tudo é esperto, fará de mim uma nova espécie de santo."
May 25, 2025
O Nandinho é vida 💗🪻
November 10, 2021
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
May 7, 2023
oh i'm in love with a shepherd✨🥰
"Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo."
"Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo."
August 15, 2024
Por alguma razão eles chamam te a ti, Alberto Caeiro, de Mestre… and they are fucking right 👏🏻🙌
September 22, 2014
É a reflexão de um pouco de nós. É a lógica do nosso lado romântico. É a explicação que até o ler, pensáramos não ter.
É a estória do que não se precisa de escrever, mas de sentir.
É um lugar feliz, onde pensar é estar doente dos olhos. A literatura que é doença, a doença de viver.
Com o que nos é inerente, pensar. É querer não pensar, mas ouvir com os olhos o que as naturezas nos têm p'ra dizer. A natureza das imagens, as que se produzem e as inertes.
É a estória do que não se precisa de escrever, mas de sentir.
É um lugar feliz, onde pensar é estar doente dos olhos. A literatura que é doença, a doença de viver.
Com o que nos é inerente, pensar. É querer não pensar, mas ouvir com os olhos o que as naturezas nos têm p'ra dizer. A natureza das imagens, as que se produzem e as inertes.
September 25, 2021
Adoro Fernando Pessoa, seus poemas sempre me deixam pensativa e um tanto melancólica.
Alberto Caeiro se tornou meu Heterônimo favorito, com meus poemas favoritos e citações favoritas. Que grande poeta tivemos! Espero um dia conseguir ler tudo dele.
Alberto Caeiro se tornou meu Heterônimo favorito, com meus poemas favoritos e citações favoritas. Que grande poeta tivemos! Espero um dia conseguir ler tudo dele.
December 16, 2014
"O meu olhar é nítido como um girassol "
http://youtu.be/3H3UNUQ6Mhg
http://youtu.be/3H3UNUQ6Mhg
December 14, 2024
Pessoa never misses but Caeiro is possibly my current favourite. The poetry flows through beautiful natural scenery, and it is melancholic but hopeful, almost childlike, while discussing mortality, death. Objective, rational and grounded while profoundly existential. Guardador de Rebanhos is a masterpiece <3
December 6, 2025
i can't believe i once thought caeiro was boring.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
June 29, 2025
perfeito de mais, Fernando Pessoa consegue transmitir exatamente o que um ser humano sente, mas não consegue expressar, ele é como uma voz silenciosa que consegue mexer com tudo até o profundo da alma.
September 30, 2021
Lo poemas de Alberto Caeiro tienen mucho más sentido espiritual que la mayoría de cultos religiosos. Vuelvo a él permanente y siempre saco algo nuevo.
August 18, 2022
amei amei amei amei
February 8, 2023
O Alberto Caeiro é mais humanista e naturalista que Ricardo Reis, mas também é bastante sentimental.
Mesmo assim prefiro o Ricardo, mas não deixo de amar a escrita de Alberto
Mesmo assim prefiro o Ricardo, mas não deixo de amar a escrita de Alberto
May 2, 2024
Comecei a ter gosto da leitura por causa desse livro, Obrigado Fernando Pessoa!
February 23, 2025
Simplesmente Alberto Caeiro!
December 11, 2023
Sim… Eu era daquelas pessoas no secundário que gostava de ler poemas de Fernando Pessoa nas aulas de Português…
Desde cedo me interessei por poesia, aos meus 12 anos comecei a escrever os meus primeiros poemas (uns com mais sentido que outros 😂), mas só quando na escola começámos a interpretar poesia, comecei a ter mais contacto “formal” com a mesma. Assim, os meus primeiros exemplos foram os tão conhecidos: Fernando Pessoa, Antero de Quental, Cesário Verde, Miguel Torga…
De todos estes, FP foi um dos que mais me cativou.
Numa simplicidade e complexidade que se baralham, é-nos proporcionado um misto de interpretações, dependendo dos olhos com que olhamos para toda a conjugação de ideias e conceitos que nos são apresentados.
Li este livro em 2021, nos meus primeiros dias de faculdade. Sei decerto que, dois anos depois, se relesse esta compilação, teria uma experiência diferente; não para o bem nem para o mal, simplesmente diferente. Sinto que a diferença de percepções advinda da leitura de uma mesma obra, em tempos diferentes, se evidencia mais vincadamente na poesia, vista a sua alargada subjetividade por si só.
O heterónimo Alberto Caeiro sempre me fez chegar uma sensação de paz, serenidade, plenitude com a Natureza e o mundo, o poder de observar, simplificar e absorver o mundo – aspetos que sinto faltar nos dias correntes, essa conexão com o mundo em que vivemos.
Sou rendida a metáforas, FP aplica-as de uma forma inteligente na sua escrita. Uma junção de fatores que nos fazem refletir os poemas na nossa pessoa, nas nossas ações e ideais. Perceber de que forma se podem aplicar a nós mesmos e, mais que isso, de que forma podem acrescentar-nos algo.
Pretendo futuramente explorar obras dos restantes heterónimos (dar talvez mais uma oportunidade a Álvaro de Campos, o que menos me puxou no secundário).
((se gostavas de ver mais reviews assim, eu e as minhas amigas temos uma conta conjunta de livros no instagram, passa por lá! @insideourbookshelves))
Desde cedo me interessei por poesia, aos meus 12 anos comecei a escrever os meus primeiros poemas (uns com mais sentido que outros 😂), mas só quando na escola começámos a interpretar poesia, comecei a ter mais contacto “formal” com a mesma. Assim, os meus primeiros exemplos foram os tão conhecidos: Fernando Pessoa, Antero de Quental, Cesário Verde, Miguel Torga…
De todos estes, FP foi um dos que mais me cativou.
Numa simplicidade e complexidade que se baralham, é-nos proporcionado um misto de interpretações, dependendo dos olhos com que olhamos para toda a conjugação de ideias e conceitos que nos são apresentados.
Li este livro em 2021, nos meus primeiros dias de faculdade. Sei decerto que, dois anos depois, se relesse esta compilação, teria uma experiência diferente; não para o bem nem para o mal, simplesmente diferente. Sinto que a diferença de percepções advinda da leitura de uma mesma obra, em tempos diferentes, se evidencia mais vincadamente na poesia, vista a sua alargada subjetividade por si só.
O heterónimo Alberto Caeiro sempre me fez chegar uma sensação de paz, serenidade, plenitude com a Natureza e o mundo, o poder de observar, simplificar e absorver o mundo – aspetos que sinto faltar nos dias correntes, essa conexão com o mundo em que vivemos.
Sou rendida a metáforas, FP aplica-as de uma forma inteligente na sua escrita. Uma junção de fatores que nos fazem refletir os poemas na nossa pessoa, nas nossas ações e ideais. Perceber de que forma se podem aplicar a nós mesmos e, mais que isso, de que forma podem acrescentar-nos algo.
Pretendo futuramente explorar obras dos restantes heterónimos (dar talvez mais uma oportunidade a Álvaro de Campos, o que menos me puxou no secundário).
((se gostavas de ver mais reviews assim, eu e as minhas amigas temos uma conta conjunta de livros no instagram, passa por lá! @insideourbookshelves))
August 8, 2023
Simplemente fenomenal. Pessoa é incomparável e Caeiro é um dos heterónimos com que nos podemos relacionar. Muito mais do que os dois ou três poemas que são de leitura obrigatória no secundário - os piores, na minha opinião
August 1, 2024
Muito bom. Nunca pensei ler um livro de poesia e aqui estou eu. A única crítica que tenho a fazer é que sinto que, por vezes, se tornou um pouco repetitivo.
February 29, 2024
como não amar as folhas das árvores e simplificar a vida ao seu movimento !!!!!!!
January 25, 2014
really good
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