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Gaveta de Papéis

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«Chovem pais e filhos sobre os campos, terrenos de árvores húmidas, outono. Os pais tentam sempre proteger os filhos, essa é a natureza que corre nas árvores, essa é a lei e esse é o sentido. É outono e não poderia ser outra estação, começou o frio e a fome, olho a força dos campos pela janela submersa deste último outono e compreendo por fim a minha chovem pais e filhos de mãos dadas. Lá longe, sou pai. Lá longe, sou filho.» Gaveta de Papéis de José Luís Peixoto

88 pages, Paperback

First published January 1, 2008

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About the author

José Luís Peixoto

98 books2,161 followers

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1 star
5 (1%)
Displaying 1 - 25 of 25 reviews
Profile Image for José Simões.
Author 1 book51 followers
February 13, 2023
Há tanto pretensos poetas, muito ou pouco vendidos, pouco interessa, de quem se fala tanto, se escreve tanto. E depois há isto, que é muito bom, por si e em si. José Luís Peixoto é uma voz importantíssima da nossa poesia. Saibamos ouvi-la, na sua toada pessoalíssima, na sua aparente simplicidade/profundidade.
Profile Image for Maria Janeiro.
46 reviews
March 13, 2021
Não sou a maior perita a avaliar poesia, até porque esta tem um valor diferente para cada pessoa que a lê ou mesmo para cada pessoa que a escreve. Ainda assim, não me marcou, mas gostei de ler.
Profile Image for Cristina.
11 reviews
August 12, 2024
E o amor transformou-se noutra coisa com o mesmo nome.
Era disto que falavam as mães quando davam conselhos
às filhas e diziam: o amor vem depois. Era isto o depois.
Uma ternura simples, quase dolorosa, muitos silêncios,
todas as horas do dia e um poema que se dissolve dentro
de mim e que, devagar, sem rosto, desaparece.
Profile Image for Rita.
478 reviews64 followers
November 15, 2015
O livro terá opinião no canal:
https://www.youtube.com/channel/UC1vl...

Normalmente não gosto muito de comentar poesia, adoro escreve-la e lê-la porém comentá-la não é de todo algo que goste de fazer.
Para amar poesia é preciso identificarmo-nos com o autor, com aquilo que o poema nos transmite, sentir um calorzinho no nosso coração.
Deste autor li a Criança em ruínas e fiquei apaixonada pela sua poesia, quando me deparei com este livro na biblioteca tive de acolhe-lo e lê-lo , porém não foi o que estava à espera.
Profile Image for Ana Lúcia.
223 reviews
January 26, 2015
“ Os teus lábios parados eram a noite, o abismo
e o silêncio das ondas paradas de encontro às
rochas. O teu rosto dentro das minhas mãos.
Os meus dedos sobre os teus lábios e a ternura,
como o horizonte, debaixo dos meus dedos.
Os meus lábios a aproximarem-se dos teus lábios.
Os teus olhos entreabertos, os teus olhos e os
teus lábios a aproximarem-se dos meus lábios
a aproximarem-se dos teus lábios a aproximarem-se
dos meus lábios, teus lábios.”
José Luís Peixoto
Profile Image for Carolina.
166 reviews40 followers
December 29, 2013
Não me sinto confortável a escrever críticas de poesia, excepto se forem poemas da Sylvia Plath e puder dizer "lindo! espantoso! fantástico!" enquanto bato palmas e aceno um pouco a cabeça. E as razões pelas quais gosto dos poemas dela são porque satisfazem aquilo que eu acredito que a poesia promete: os poemas devem-nos torcer por dentro como laranjas e deixar espremer novas consciências, novos fascínios, traduzir-nos todos em novas maravilhas palavreadas.

Mas não gosto de dizer: este poema é mau, este poema é bom. Porque todos os poemas são a tradução de alguém num certo momento, melhor ou pior conseguida, mas acho que não deve ser trabalho de ninguém classificar essa tradução. O trabalho de um leitor de poesia deve ser ler e rever-se (ou não), ler e sentir-se desafiado(ou não), ler e sentir-se quente por dentro (ou não). Mas claro, isso é só a minha opinião. Quando se lê prosa, há, claro, outros objectivos a ter em conta. Mas para mim, a poesia é o maior espaço de liberdade criativa, e essa liberdade não deve ser sujeita a escrutínios muito detalhados.

Feita esta reflexão inicial, as minhas quatro estrelas a este livro são muito voláteis. O José Luís Peixoto é um escritor bastante sólido em prosa. Li já grande parte da sua obra, e fico sempre surpreendida com o que ele consegue fazer. Antes deste livro, tinha também lido o seu outro volume de poesia A Casa, a Escuridão, que na altura (já há uns bons anos) me deixou com boa impressão, mas especialmente por estar associado ao seu livro de prosa Uma Casa na Escuridão, que é provavelmente o meu livro favorito da sua autoria.

Acho que é natural que os poemas dele saibam a pouco depois de ler universos inteiros de boa literatura em forma de romance sob o nome JLP. Talvez porque falta aos poemas um pouco da magia dos espaços, das pessoas. São pequenos pedaços de histórias que não agarram de igual modo por serem apenas janelas e não portas.

Mas apesar de tudo, quatro estrelas. Foi um prazer sentar-me junto ao meu aquecedor com música de fundo a desfolhar página a página a Gaveta de Papéis.
Profile Image for Célia Loureiro.
Author 30 books960 followers
October 20, 2011
«Não há motivo para te importunar a meio da noite,

como não há leite no frigorífico, nem um limite

traçado para a solidão doméstica.

Tudo desaparece. Nada desaparece. Tudo desaparece

antes de ser dito e tu queres dormir descansada. Tens

direito a um subsídio de paz.


Se eu escrever um poema, esse não é motivo para te

importunar. Eu escrevo muitos poemas e tu trabalhas

de manhã cedo.


Toda a gente sabe que a noite é longa. Não tenho o

o direito de telefonar para te dizer isso, apesar dessa

evidência me matar agora.


E morro, mas não morro. Se morresse, perguntavas:

porque não me telefonaste? Se telefonasse, perguntavas:

sabes que horas são?


Ou não atendias. E eu ficava aqui. Com a noite ainda

mais comprida, com a insónia, com as palavras

a despegarem-se dos pesadelos.»

Diz tudo.
Profile Image for Maria Carmo.
2,052 reviews51 followers
October 8, 2011
O autor escreve magníficamente, mas curiosamente não me tocou a sua poesia como tem tocado alguns dos seus romances. Acho a sua poesia um pouco artificial, parece mais um jogo de palavras com um intuito anterior, que um jorrar da alma... Enfim, é apenas a minha opinião.

Maria Carmo


Lisboa, 8 Outubro 2011.
Profile Image for Sandra Dias.
834 reviews
July 24, 2021
Este Peixoto não é o mesmo Peixoto que adorei em "Morreste-me".
Vê-se que ainda está distante.
Por vezes, num verso aqui outro acolá, vislumbra-se o brilho breve do escritor que já me fascinou.
Mas olhando para este livro como um todo... não é dos que me cativa.
Profile Image for Rosa Ramôa.
1,570 reviews85 followers
February 21, 2015
Romeu, o teu nome é um pacto e um relógio.
Entrego-te o meu nome e permaneço imune
ao mundo, à mentira e à passagem dos anos.

Romeu adolescente, perdido e camuflado
nas minhas ilusões. Lírico Romeu, que volto
a baptizar, agora com sangue em vez de água.

Coincidimos à frente e atrás de uma pistola
carregada. Romeu, o teu nome chama-me
pela voz com que a morte chama o amor.

Somos derrotados por um outono defeituoso,
como por um poema errado ou pelo mar. Ali,
pouco longe, um túmulo precisa do nosso calor
*
Quando chegaste - esquálida e coberta de adjectivos
que rejeitavas, que te seguiam - o silêncio deixou
de ser solene.
Atirámos frases inteiras às paredes, somos crianças,
e rimo-nos. A história escreveu-se longe
das nossas mãos.
Não sabemos mais verdades do que a nossa.
Existiu um dia, perdido, em que nos encontrámos.
Podíamos celebrá-lo com discursos estruturados e
insignificâncias. Preferimos comê-lo - é um bolo
de creme.”
Profile Image for Márcia Balsas.
Author 5 books107 followers
December 2, 2015
Estamos juntos, mesmo quando nos separamos
pelas ruas e, dentro de nós, somos um exército
de segredos, mesmo quando nos escondemos do
mundo que desejámos e que desejamos indescontroladamente,
desincomparavelmente, como um
silêncio que mente e mente e não mente.
Profile Image for Spades.
618 reviews30 followers
December 15, 2015
"Quando me cansei de mentir a mim próprio, comecei a escrever um livro de poesia."

não é das minhas obras favoritas do autor, mas reconheço o brilhantismo na sua escrita e o sentimento que põe nela.
Profile Image for Rita Rodrigues.
20 reviews
June 23, 2023
"Agora, já não preciso que gostem de mim.
Agora, tenho mil peças de um puzzle, tenho
uma caixa cheia de molas soltas, duas mãos,
tenho a planta de uma casa, tenho ramos
guardados para o inverno, e tanto silêncio,
tenho tanto silêncio, bolsos vazios e cheios,
pão, fé, céu, chão, mar, sol, cá e lá,
tenho sobretudo lá, uma distância imensa
feita de planícies estendidas e eternidade
porque eu caminho com vagar ao longo das
estradas, o horizonte é demasiado quando
planeio toda a sua distância sem medo de
nada, destemido apenas, a coragem é um
exército ao meu lado, tenho a coragem
necessária, tenho um lago que reflete a
noite e a lua quando há lua, uma orquestra
inteira tenho, o som e o silêncio, já disse o
silêncio, repito-o a saber quem sou e o que
tenho, tenho uma gaveta de papéis, tenho
montanhas de montanhas, tenho ar, tenho
tempo e tenho uma palavra que corre à
minha frente, mas que consigo apanhar
e que ainda utilizo no poema."
Profile Image for Suellen Rubira.
954 reviews89 followers
September 8, 2018
Comparado a A casa, a escuridão e A criança em ruínas, essa Gaveta de papéis se mostra diferente. É bastante descritivo, sem perder o toque do poeta. Gostei da construção da obra, trazendo poemas, chaves e desenhos. É uma composição muito sólida.
Profile Image for Bernardo Branco.
39 reviews
October 22, 2024
“A falta de sentido prático dos poetas não tem graça.”

José Luís Peixoto em Gaveta de Papéis
Profile Image for Ana Ribeiro.
Author 8 books49 followers
August 8, 2016
Neste livro, o autor leva-nos numa viagem poética especial, única e mágica por alguns dos elementos que o leitor poderá deduzir que o autor guardará dentro de uma gaveta, nesse sentido, o livro é dividido em diversas partes: fotografias de cidades, documentos, chaves, recortes de jornal, tarefas domésticas entre outros.

Dentro de cada um destes pequenos capítulos José Luís Peixoto presenteia-nos com textos poéticos incríveis, de uma qualidade ímpar e rara que nos leva a viajar por cada um dos elementos que dividem o livro como se eles próprios ganhassem vida.

É difícil não se ficar rendido a este livro, pequeno; mas com textos belíssimos de grande qualidade.

Gostei particularmente da forma como ele descreveu algumas cidades: portuguesas e estrangeiras no capítulo que abre o livro: “Fotografias de cidades”, como se as cidades se transformassem num ser humano. É brilhante.

Recomendo vivamente a leitura deste livro.

Garanto-vos que vale a pena.

Partilho dois dos poemas que mais gostei deste livro:

Sozinho, chego a uma cidade saqueada
e caminho com vagar, os braços quase
parados, olho para as portas abertas,
o que sobrou está espalhado nas ruas,
o ar é limpo porque ninguém o respira,
esta cidade, este silêncio, esta cidade,
tenho na pele do rosto o contrário
do choro de uma criança, esse tempo
já passou, tenho tranquilidade séria
e erosão porque esta é a nossa cidade
e porque sei que não te vou encontrar
quando chegar a casa, minha mãe.

FOTOGRAFIA DO PORTO

O Porto é uma menina a falar-me de outra idade.
Quando olho para o Porto sinto que já não sou capaz
de entender a sua voz delicada e, só por ouvir, sou
um monstro que destrói. Mas os meus dedos são capazes
de tocar-lhe nos ombros, de afastar-lhe os cabelos.
Entre mim e o Porto, existem milímetros que são
muito maiores do que quilómetros, mesmo quando
os nossos lábios se tocam, sobretudo quando os nossos
lábios se tocam. De que poderíamos falar, eu e o Porto,
deitados na cama, a respirar, transpirados e nus?
Eis uma pergunta que nunca terá resposta.
Profile Image for Helena Rodrigues.
182 reviews13 followers
February 1, 2025
"Já tive um carro da cor dos teus olhos. Deixava-o
estacionado à frente de prostíbulos onde alugava
quartos com vista sobre o quintal dos vizinhos.

Esperava por semáforos, sem saber que esperava
apenas por ti. No auto-rádio, a tua voz cantava
fados demasiado velhos até para a minha mãe.

A segunda circular era uma manifestação pacífica
de pára-brisas, as palavras de ordem eram simples
porque ainda não sabia que já me tinhas escolhido.

Quando os outros rapazes folheavam revistas de
carros nas aulas de matemática, eu apenas me
interessava por unicórnios e farmácias abandonadas.

Agora, os meus olhos contam quilómetros nos teus,
procuro papéis entre os papéis do guarda-luvas e
tenho tanto medo que me vendas em segunda mão."
Profile Image for Inês .
349 reviews5 followers
May 27, 2022
10/10 estrelas
Recently I made the decision to try reading more poetry. I think for a long time I had the most basic idea about poetry. I literally knew close to nothing, the most I ever learned about it was in school. I had the feeling like poetry was really hard to understand and that it didn't tell a story, plus the books are so tiny and you finish them so fast that I didn't really feel like spending a lot of money on them. Well, I can admit I was dumb af. Lately, and since I want to save money and have fewer books that I bought compulsively and that only the room on my shelves I started borrowing a pile of them from my library.
Having said that I mostly was trying to choose Portuguese poetry since there are a lot of fighters I love like José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe e Afonso Cruz that write poetry, and I never actually read it.
I ended up getting two poetry books by José Luís Peixoto yesterday and I already finished them both, you can check my review for the other book already here) and I think I have discovered one more reason to love this writer. Having read his nonfiction books and novels I found it interesting that I was really more attracted to his less known publications. And poetry can reinforce that even more. I must confess I didn't love the other book of poetry. But this one! It is probably one of the best poetry books I have ever read and I'm just so happy that it is from an amazing Portuguese author. This book was so profound, with the most beautiful words and analogies, and I also found it to be so original since the author attributes each poem to an object that he finds in his "gaveta".
Profile Image for Ana Dias.
6 reviews34 followers
Read
January 26, 2012
FOTOGRAFIA DO PORTO

" O Porto é uma menina a falar-me de outra idade.
Quando olho para o Porto sinto que já não sou capaz
de entender a sua voz delicada e, só por ouvir, sou
um monstro que destrói. Mas os meus dedos são capazes
de tocar-lhe nos ombros, de afastar-lhe os cabelos.
Entre mim e o Porto, existem milímetros que são
muito maiores do que quilómetros, mesmo quando
os nossos lábios se tocam, sobretudo quando os nossos
lábios se tocam. De que poderíamos falar, eu e o Porto,
deitados na cama, a respirar, transpirados e nus?
Eis uma pergunta que nunca terá resposta."
Profile Image for Eli.
30 reviews1 follower
May 17, 2015
minha companhia na noite de natal.
o jlp nunca me deixa ficar mal :)
Displaying 1 - 25 of 25 reviews

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