« Lisez donc l'Enfant de la Plantation. Je ne sais pas comment cela se fait, mais quand je lis ces pages, des oiseaux sautent d'une ligne à l'autre. Mon sang bat plus vite. Tout le Brésil est dans ce livre transparent. » Blaise Cendrars Voici les souvenirs d'enfance d'un enfant élevé dans la plantation de canne à sucre de son grand-père, dans le Nordeste du Brésil. L'Enfant de la plantation est un roman brésilien sensible et imprégné de tendresse, au style savoureux, naturel, débordant et imparfait. Une fresque, aux couleurs vives et sensibles, magistrale et vraie. L'Enfant de la plantation, miroir de la société rurale et des secrets de l'enfance, est d'une réalité profonde et d'une intense humanité. Son régionalisme touche à l'universel. José Lins do Rego fut membre de l'Académie brésilienne des lettres et ses romans sont des classiques au Brésil.
José Lins do Rego Cavalcanti (July 3, 1901 in Pilar Paraíba - September 12, 1957 in Rio de Janeiro) was a Brazilian novelist most known for his semi-autobiographical "sugarcane cycle." These novels were the basis of films that had distribution in the English speaking world.
Romance regionalista de estilo e linguagem simples, direto e despreocupado com o padrão estético, denotando o prenúncio do movimento modernista. Escrito pós-abolição da escravidão, marcado pelo patriarcalismo e coronelismo e, em alguns trechos, pela romantização da relação de dependência entre os ex-escravos e os senhores de engenho. Carlinhos, narrador do romance, ficou órfão aos 4 anos e morou no engenho do avô até os 12, onde cresceu e conviveu com primos e outras crianças, inclusive os filhos dos ex-escravos. Foi adquirindo uma visão negativa de si mesmo, ferindo-se a si como "libertino". É legal e rápido.
Às vezes é difícil ler um livro clássico, porque eu nunca sei se eu que não entendi onde o autor quis chegar ou se eu entendi certo e não gostei. Dito isso, a sensação que tive com esse livro foi a de um "Reinações de Narizinho" 2.0. Eu não sei dizer em uma resenha em quanto esse livro foi desconfortável. A cada frase era uma expressão de racismo. E violência contra animais. E sexualização de criança. E abuso sexual, sem ser descrito como abuso. Sério. Eu ainda continuei achando que talvez essas questões fossem discutidas mais para frente. E não foram. É difícil quando você odeia todos os personagens de um livro e o autor tenta fazer você ter empatia por ele. Fiquei igual aquele meme "é pra eu ter empatia?" Se você quer saber um pouco sobre o período histórico, pode ser interessante. (Se você tiver estômago). E vire e mexe eu me pergunto, o quão importante isso deveria ser? É basicamente aquela questão atual daquela lá que não deve ser nomeada (você sabe quem é). Todo mundo sabe que não é para dar palco mais, então porque continua falando sobre o livro? Não tem outros livros mais interessantes? A gente não devia seguir em frente e buscar outros autores que tenham mais cuidado com esses temas? Eu não sei exatamente o que pensar. Quer dizer, eu sei que não gostei. Só sempre fico pisando em ovos com as expectativas e opiniões das pessoas. A verdade é que, a minha relação com esse livro foi ruim. Eu chorei quando ele descreveu a cena da morte de um animal da forma mais normal possível. Como se não fosse nada. A cada vez que alguém falava alguma coisa racista, eu queria que todos sumissem. Quando ele disse que as mulheres estavam "se amostrando" sexualmente falando para um garoto de 12 anos, eu quis mandar ele pra... (Insira um palavrão). "Ah, mas tá mostrando como era na época". Mas não dava para discutir isso? Não dava para deixar implícito que tem algo errado aí? Porque nenhuma mudança aconteceu nos personagens em relação a isso. E eu não sei dizer o quanto o autor era contra isso. Por isso que talvez seja interessante ser mais explícito quanto a isso. No mais, o audiobook é bem feito. Tem vozes diferentes e músicas, mas a história realmente não ajudou.
"Menino de Engenho" é um bonito livro de José Lins do Rego; já abrindo sua literatura para a realidade do sertão e do engenho que ele exploraria depois em romances como "Fogo Morto". Ainda que curto e bem objetivo, o romance tem um poder bonito de memórias de um menino que perdeu os pais aos quatro anos: a mãe assassinada pelo pai e este levado ao hospício. No engenho do avô José Paulino, Carlinhos aprende sobre o mundo e a vida com a tia Maria Menina, os ex-escravos, os moleques e amigos. O poder da narrativa de Rego para ser que a sua realidade, que parece simples e juvenil, revela, em verdade, o universo do latifúndio semifeudal dos engenhos do começo do séc. XX, bem como os meios de exploração pelo qual sofrem os negros alforriados. Sobre as memórias do menino, o engenho ganha um aspecto de reino feudal, as histórias de violência e exploração lhe parecem ingênuas e o amor maternal da tia surge como um conto de fadas. Ao final da narrativa, com um belo fechamento, Rego leva a voz de Carlinhos a recordar Sérgio, o protagonista de "O Ateneu" de Pompeia, para comparar sua escola com a deste. Ainda que o romance de Pompeia me seja melhor, a evocação comparativa traz uma sutileza interessante no sentido de que Carlinhos aprendeu sobre o amor, sobre a exploração, sobre a felicidade e a vingança no engenho, com professores e professoras que habitam este ambiente e não um internato; podemos dizer então que o menino de engenho conheceu o mundo nas terras do avô, ou, no mínimo, o seu mundo.
Depois de uma tragédia com os pais, Carlinhos passa a morar no engenho Santa Rosa, onde o avô José Paulino é o coronel e o rei. • Como passei tantos anos sem ler este livro?! Esta pergunta me rondou a todo instante que tive a história de Carlinhos nas minhas mãos - afinal, o livro de Lins do Rego é um dos clássicos regionalistas mais famosos (e é visível meu amor pelos clássicos brasileiros, né!). • E a fama do livrinho é ainda pouca! Porque esta história é uma pérola sobre a vida no interiorzão nordestino. A edição que eu li (que troquei no Skoob ) chega a ter um glossário com os termos sertanejos - e sinceramente não sei como o leitor entenderia a escrita sem o dicionário. Mas pra mim, boa sertaneja que sou, fiquei em êxtase por ver o palavreado nordestino nas páginas do livro. • Na história, os temas abordados são inúmeros: infância no interior, o engenho, luto, escravidão, cangaço, sertanejos, pobreza, tristeza, chuva, riqueza, alegrias. E a lindeza é ver isto tudo de modo simples, na linguagem de uma criança conhecendo os lugares, conversando com as pessoas. Numa escrita envolvente, simples e complexa ao mesmo tempo, temos recordações dos rincões do Nordeste esquecido, com injustiças narradas, muitas ainda se repetindo hoje. • Mais indicações no Instagram @indicalaura
Um retrato bastante sociológico do coronelismo brasileiro e das caraterísticas que cercavam esse período histórico. Mas, nossa, é muito difícil de ler sem se sentir mal com essa narração que naturaliza o racismo, violência e abuso de todo tipo. Sei que a obra é um produto de seu tempo e não quero pregar uma visão anacrônica sobre ela, mas acho inevitável não ficar ao menos desconfortável ao ler tantas atrocidades costumeiras naquele cotidiano.
Esse é daqueles que você pega pra ler e tem dó de interromper a leitura pra terminar mais tarde, parece falta de educação. Um mergulho na sociedade açucareira, prato cheio pra quem gosta de história e memórias.
J’ai plutôt bien aimé. L’histoire du point de vue de l’enfant était intéressante mais j’aurais préféré une plus grande prise de conscience peut être ? Je sais pas trop. J’aurais bien mis 3,5 🕺🕺
"Eu tinha quatro anos no dia em que minha mãe morreu. "
As primeiras linhas de Menino de Engenho ditam o tom dos capítulos que se seguem, sem preâmbulos, mostrando que toda a inocência do livro está apenas no "menino" do título. Assim Zé Lins nos introduz a história de Carlinhos, em meio a tragédia, e, através dela, a inevitável mudança do menino para o engenho do avô.
A história não segue a estrutura habitual de Personagem-Objetivo-Conflito. É contada através de capítulos curtos, cada qual tendo assuntos e tons diferentes que, dependendo de sua importância, são enfatizados uma e outra vez ao longo do livro. O enfoque principal do autor é nos mostrar os contrastes sociais da época, o duro cotidiano dos trabalhadores e a tumultuada vida dos mais abastados, na maioria das vezes narrando de forma despojada com a visão indiferente do protagonista. Os mais diversos temas são abordados, incluindo o luto, solidão, inveja, raiva, desejo e perda da inocência até temas mais próprios da época como escravidão, a servidão que se seguiu, o cangaço, entre outros, enquanto pequenos detalhes ao longo da trama vão expondo as marcas que o assassinato da mãe e a prisão do pai pelo crime deixaram na infância do protagonista.
"Era um menino triste. Gostava de saltar com os meus primos e fazer tudo o que eles faziam. Metia-me com moleques por toda parte. Mas, no fundo, era um menino triste. "
Pontos negativos que poderiam ser destacados, embora seja uma marca distinta do autor, é o uso excessivo de regionalismos-linguagem coloquial, que pode levar a repetitivas consultas ao glossário, e o caráter introdutório da obra que pode afastar aqueles leitores que buscam um senso de finalidade, por menor que seja.
O livro é interessante e cumpre seu papel introdutório para o que Zé Lins veio a nomear o Ciclo da cana-de-açúcar. Os sucessos melancólico e autodestrutivo que envolvem os primeiros anos de Carlinhos, justificados nas cento e poucas páginas (dependendo da edição do livro), fazem valer a leitura e ainda criam o desejo de saber o que acontece com o protagonista após Menino de Engenho.
Eu sinto que ainda estou digerindo essa história. Ao mesmo tempo que é interessante ter um retrato tão fiel de sua época, é angustiante pelo mesmo motivo. vamos acompanhar a infância de Carlinhos que vai morar no engenho de seu avô após seu pai cometer o feminicídio de sua mãe. Sabemos que a história tem um toque autobiográfico, onde José Lins do Rego tinha certa propriedade ao escrever a história, visto que viveu sua infância no engenho.
Eu sempre me policio muito em tentar entender o contexto em que a obra está inserida, até mesmo é um ponto a se considerar e não militar errado, mas tive muita dificuldade de ver poesia e beleza nesse livro.
A história se passa em um Brasil pós-abolição, mas que ainda existe escravidão. Ao mesmo tempo que foi muito interessante conhecer certas ambientações, a figura do senhor de engenho e o funcionamento dos poderes e até mesmo um certo costume daquele dia a dia, embora tenha sido muito difícil também ler e ver em algo tão rotineiro esse recorte histórico perverso.
O aspecto que muito me incomodou foi a romantização da relação senhor x escravo que eu fiquei sem muito entender como foi colocada, mas doeu em ler, sabe? O racismo entranhado em pequenas falas e situações do dia deles, naturalizado, da forma que era. Além disso, o quão absurdo é/era a questão de iniciação sexual para os meninos, sendo que existe muito resquício até hoje. Perceba que estou falando como foi difícil ler, não que necessariamente estou julgando a obra a sua época.
Uma das coisas que os meninos ressaltaram na reunião do clube é o fato da história ser narrada por uma criança, então dificilmente perceberíamos criticas contundentes (se foi a intenção do autor) na narrativa, até mesmo pq temos uma visão bem inocente - até certo momento - das coisas a sua volta.
É um livro interessante. Conhecemos alguns episódios da infância de Carlinhos, um menino que foi criado no engenho. Termina com a sua ida ao colégio, mas é bem interessante conhecer as suas primeiras vezes na infância e há um regionalismo bem forte. Achei interessante.
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Gosto muito de literatura regional, aprende-se muito sobre o passado cultural de nosso Brasil. Para quem quer ler Casa Grande e Senzala do Gilberto Freyre mas acha demais (como eu) pode começar pela trilogia do Zélins. Iremos conhecer Carlinhos, neto de um grande senhor de engenho, dono de terras e escravos. Veremos como era a sociedade da época, a exploração do homem pelo homem, as negras e seus senhores, a origem dos latifúndios, a chegada das usinas. Muito interessante, a leitura é bastante agradável e vale mais que decorar para uma prova de História do Brasil.
Dois aspectos me agradam muito em Menino de Engenho: a) a bem-elaborada formação inicial de Carlinhos e b) o deslinde das estruturas de poder que regiam o Brasil rural pós-abolição.
Carlinhos é um protagonista-narrador marcado pela melancolia desde cedo. O feminicídio da mãe cometido pelo pai do garoto é o começo de sua memória, o ponto pelo qual, já velho, Carlos de Melo decide iniciar a narrativa de sua história — matizada, desde o início, pelos tons da morte, do medo. Órfão, já que seu pai vai parar numa espécie de hospital psiquiátrico, ele sai do Recife e vai morar no Engenho Santa Rosa, chefiado pelo seu avô materno numa dinâmica patriarcal que delineia os caminhos de desenvolvimento do personagem.
É no engenho que ele se educa: conhece o mundo a partir da natureza, do animalesco, numa vivência de liberdade que se choca com a solidão. Conhece-o também a partir da posição privilegiada ocupada por ele. E acho que aqui está o grande mérito do romance, enquanto narrativa que nos revela algo não só sobre o ser humano, mas também sobre o Brasil.
Ainda que privilegiado, Carlinhos convive harmonicamente na infância com os moleques do engenho, isto é, os filhos dos trabalhadores negros, presos a um regime de servidão herdeiro do período escravocrata. O teor memorialista do narrador pode pender certas vezes para a crença numa democracia racial: "Ali vivíamos misturados com eles [...]. Nós não éramos seus irmãos de leite?" (p.76). Aliás, nas brincadeiras da infância, inaugura-se uma dimensão outra em que as crianças negras lideram as brancas pelos caminhos da fazenda, sendo invejadas por estas.
O texto, entretanto, não cai no mito da democracia racial. Pelo contrário, parece-nos dizer que essa convivência harmônica entre as classes e etnias do engenho é uma mera ilusão que contribui para a manutenção do racismo na estrutura daquela sociedade, ao passo que tenta disfarçá-lo. Mais à frente, vemos o avô de Carlinhos dar ordens a João Rouco, um velho caboclo que trabalha no eito com seus filhos, mesmo não tendo mais as condições físicas necessárias. Na infância, esse mesmo João Rouco brincava com aquele que hoje é o seu senhor. O texto desfaz, assim, a aparente harmonia e revela a real e cruel relação entre esses dois personagens, que provavelmente se repetirá entre Carlos de Melo e aqueles seus companheiros moleques no futuro.
Gostei da experiência de leitura. É a primeira vez que leio Zé Lins e ele escreve de forma simples, direta, sem enfeitar o texto com palavras difíceis.
Fui transportada para uma época de engenhos e senti como se lá estivesse, sentada ouvindo os causos de uma pessoa que está relembrando com saudade o passado.
Diferente do que vemos em Machado de Assis, por exemplo, Zé Lins não faz uma crítica ao engenho, ao preconceito, a escravidão, exploração e miséria. Ele conta as coisas como eram e cabe ao leitor enxergar as injustiças e distinguir certo de errado.
A história é contada através de um menino que, após viver uma grande tragédia, se cria no engenho e não entende as coisas ruins como elas são:
"[...] Nunca, menino, tive pena deles. Achava muito natural que vivessem dormindo em chiqueiros, comendo um nada, trabalhando como burros de carga. A minha compreensão da vida fazia-me ver nisto uma obra de Deus. [...]"
Foi interessante acompanhar a narrativa do ponto de vista de um menino que morava na casa grande, mas que se aventurou de igual para igual com as pessoas que eram subordinadas ao senhor do engenho, com curiosidade e brilho nos olhos.
Esta edição contém um glossário, mas não achei necessário consultá-lo durante a leitura. A edição traz também um mini biografia do autor e uma contextualização histórica.
A única coisa que me chateou, de verdade, foi a apresentação que me contou o final do livro.
Apesar de ser um clássico, não quis me inteirar sobre o que se tratava, foi tudo novidade e pegar esse spoiler atrapalhou muito minha experiência de leitura.
Então, se assim como eu você não sabe nada sobre a história e odeia spoiler, recomendo que pule a apresentação e leia no final.
E leia sem medo! Dos autores clássicos que li, até agora, é o mais simples e gostoso de ler.
Esse li na urgência, para o clube do livro no lugar de Grande Sertões Veredas que mais uma vez se mostrou grandioso demais para se ler com um time frame.
Mas sobre esse aqui, chato. Não entendi a comoção em volta do livro, que no texto auxiliar do começo diz que fez bastante sucesso e até hoje a galerinha espertinha fica revirando as letras tentando achar significados ocultos para mostrar para as outras pessoas espertinhas.
A história é de um menino que perde os pais, o avô é dono de uma fazenda produtora de açúcar, e vai morar lá com a família dele. Ness transição de cidade - campo e criança jovem vamos acompanhando ele. Parece legal? Sim, mas não é. Os capítulos são partes jogadas da vida dele, algumas chave, outras nem tanto, mas a sensação é que faltou um editor para costurar tudo melhor.
Mas nem tudo está perdido, tem passagens bem interessantes, e mesmo que seja batido das aulas de história, é legal ver a posição que os negros libertos se viram após o "fim" da escravidão no Brasil.
Livro curto que li meio obrigado que não foi tão legal assim, não recomendo, 1,5 estrelas.
Primeira obra escrita de José Lins do Rêgo ,ele escreveu num tom nostálgico,unindo ficção com lembranças de sua vivência na infância ,por isso tem uma escrita simples mas bem contada. Poderia ser considerado "jovem adulto",já que narra a infância e a madurez precoce de Carlinhos,no interior de Pernambuco, do tempo dos engenhos de açúcar, que caminha pra decadência. Se tornou uma leitura incômoda desde o começo, pois há momentos de ternura,alegrias de criança, mas ensombreada pela realidade das pessoas que vivem e moram nessa região, de crimes,paixões, vícios,pobreza extrema, estruturas sociais e patriarcais que apagam as vozes das mulheres, ao feminicidio.Da exploração humana,da mulher negra como "objeto sensual", até do machismo predatório sexual que "mancha" a infância de Carlinhos. Sua vida é no fundo triste, de traumas e memórias nunca esquecidas de sua querida mãe. De chegadas e partidas, abandonos. Ainda assim é a visão de uma criança branca privilegiada ,fadado a repetir os costumes e tradições dos seus antecedentes,senhores de engenho.
tendo crescido em uma cidade que vivia nos escombros dos engenhos de cana falidos, filha de pais que se conheceram no trabalho da usina e neta de avós que migraram para o norte fluminense em busca de trabalho com a cana de açúcar, essa história me emocionou. claro que a experiência de menino de casa grande do José Lins do Rego não contempla toda a história que eu cresci ouvindo e o trabalho que minha família empregou por tantas décadas na cana de açúcar, mas as descrições da vegetação me remeteram a minha terra. as jacas, os jenipapos e a própria cana fazem parte da imagem mental que tenho do meu lugar no mundo. não importa a quantos km de distância eu esteja do norte fluminense, campos é minha cidade, o curso rio paraíba do sul é o que guia o do meu imaginário, a cor de lama da água das nossas praias onde esses rios desaguam é a minha referência. para além da minha emoção, achei a história corajosa, começando com um feminicidio e terminando com uma relação pedófila que contaminou uma criança com uma IST. passando ainda por temas densos como religiosidade, racismo e escravidão, é um exemplar importante da história da nossa literatura!
Ainda hoje tido como um dos clássicos do romance regionalista, Menino de Engenho apresenta um mundo animalesco onde a violência e o sexo permeiam as relações desse mundo dividido entre os últimos requícios da sociedade brasileira dos Engenhos e a modernidade.
Carlinhos, o protagonista, parece viver uma vida idílica nas terras de seu avô, mas a ausência de regras e mesmo de carinho o levam a buscar amor em qualquer mão que se erga. Os abusos são assim justificados, especialmente os que envolvem o diferentes estratos sociais.
A mistura de senhores, escravos e outros grupos empobrecidos pode parecer obcena para quem não anda nas ruas brasileiras. Não há dúvida que o seu início foi torpe como o mostrado pelo autor... e essa é talvez a parte mais dolorosa desse texto.
Menino de Engenho retrata o processo de crescimento de Carlinhos, detalhando a sua infância - desde a morte de sua mãe - e pré-adolescência, até o momento em que deixa o engenho em que vive para ir ao colégio. Inserido no contexto do século XX, o livro explora as condições de trabalho análogas à escravidão enfrentadas por negros após a assinatura da Lei Áurea. É uma leitura rica em detalhes do cotidiano dos personagens e de escrita poética em muitas vezes, explorando o amadurecimento de Carlinhos, suas desilusões amorosas e seu modo de vida em um engenho. Foi uma leitura rápida, a obra me prendeu do início ao fim. Embora alguns pontos da história não tenham me agradado, não posso deixar de dizer que é um livro extremamente interessante e bem escrito.
Assim... é bom? sim. espetacular? então... o maior feito do livro pra mim é a ambientação e a representação do cotidiano dos personagens que vivem, rodeiam ou passam pelo engenho, mostrar um fragmento da vida das pessoas no interior do nordeste, agora os personagens e o enredo deles... é tudo muito volátil, tudo vai se atropelando de um jeito meio forçado, (principalmente o narrador - não que pelo ambiente e pela vida que teve ele não pudesse eventualmente crescer da forma que a gente vai vendo ao longo do livro, é que nada é muito aprofundado e desenvolvido, ALÉM, dele ser chato DEMAIS) (e talvez isso se reflita no fato desse ser o primeiro livro do zéreis)
Uma obra de 1932, com cunho autobiográfico, neste primeiro livro do ciclo da Cana de Açúcar, vamos acompanhar a vida de Carlinhos depois que ele perde a mãe e seu pai é internado. Ele é enviado para viver com o avô materno, dono de engenho, e então precisa se acostumar com aquela nova realidade que não conhecia. Um menino da cidade que precisa aprender a lidar com o campo e tudo que envolve a plantação de Cana de Açúcar, além da saudade constante que sente da mãe. Um livro modernista que nos apresenta uma época do Brasil, pós escravidão, mas ainda vivendo toda a realidade racista e plantando apenas para enviar para o exterior, gerando grande miséria para os verdadeiros trabalhadores.
Eu gostei mais desse livro do que eu esperava. Peguei pra ler por causa de uma LC do canal Ler antes de morrer e sinceramente estava esperando um livro arrastado, mas me surpreendi com a escrita direta, desde o primeiro capítulo. É autobiográfico, então não esperem um super plot, inclusive achei o fim meio abrupto (mas sei que tem outros livros que continuam nessa história) mas foi bom demais ter acompanhado Carlinhos, dava pra imaginar cada cena que se passava ali, das divertidas às injustas (mesmo que ele não visse as injustiças na época). Recomendo o livro é também o audiobook (ouvi pela audible).
eh o coming-of-age regionalista do engenho! muito bom, sensível e direto, mas algumas partes, especialmente no que diz respeito ao comportamento da antiga escravaria, parecem MUITO influenciadas pelas ideias do gilberto freyre, e é meio esquisito ler isso enquanto leio a Sociologia do Negro Brasileiro do clóvis moura. mesmo assim, alguma verdade há de se ter, né? parece tudo muito biográfico. gostei bastante e quero continuar lendo essas obras do ciclo da cana do Zé Lins.
Com uma escrita direta e bastante fria, um relato daquilo que foi a realidade de muitos em semelhante contexto.
Pouco depois da abolição da escravatura, algures pelo Nordeste brasileiro, o protagonista descobre a vida de maneira muito dura e, infelizmente, mais realista do que se gostaria.
A história não é tão envolvente, mas por diversas vezes nos sentimos aquele menino, cercado por tão complexas questões, curioso sobre o mundo e refém dos seus próprios interesses.