A única coisa é a vida. A única coisa é a vida de cada um. Sem vida, nada feito. Viver não é a melhor coisa que há: é a única coisa. Cada momento da vida não é único. Mas há momentos únicos. A nossa felicidade não é passá-los como quisermos. É dar por ela a aproveitá-los. (…) A única coisa é saber que um dia virá em que nos será tirada a vida. Para sempre. Mas, por sabermos isso, não podemos perder tempo a pensar nisso. (…) A única coisa é estar aqui, agora, a escrever isto. Enquanto posso. Enchendo-me de alegria.
Críticas de imprensa:
É sensacional. Este homem escreve bem, bem, bem. Tem melhorado com o tempo, é como o Vinho do Porto. - Marcelo Rebelo de Sousa, TVI
Miguel Esteves Cardoso is a Portuguese writer, translator, critic and journalist. He's a well known monarchist and conservative.
Miguel was born in a middle class family in Lisbon. His father, Joaquim Carlos Esteves Cardoso, was Portuguese and his mother, Hazel Diana Smith, was English. He had a good education and the advantage of a bilingual and bicultural upbringing, helping him to develop an outsider's detachment from the culture of his birth country. In 1979, he graduated from Manchester University in political studies and four years later, in 1983, he received his doctorate in Political Philosophy. While there he made contact with some of the New Wave bands of the Factory records like Joy Division or New Order.
In 1981 Cardoso became the father of twin girls. One year later he returned to Portugal, where he worked as an assisting investigator of the Social Studies Institute on the Lisbon University. He later became a supporting teacher of political sociology in ISCTE and then returned to Manchester University for a postdoctorate in Political Philosophy oriented by Derek Parfit and Joseph Raz.
MEC writes without fear. He gives his opinion and defends it in a very bold way. He shares with the reader what he thinks and feels and, in this book, the questions he encounters daily.
Foi o primeiro livro de Miguel Esteves Cardoso que li. Já tinha lido alguns textos, já me tinha cruzado com algumas crónicas, mas foi o primeiro livro que li de uma ponta à outra. E mentiria se dissesse que adorei… São cerca de 300 páginas com crónicas que não têm mais que duas páginas cada uma. De algumas gostei, de outras nem tanto. Mas não gostei muito desta experiência de as ler “de enfiada”; senti falta de um fio condutor mais definido e fiquei um bocadinho relutante em relação a ler alguns outros livros dele que tinha na lista: talvez não sejam bem o meu tipo de livro. Ainda assim, e estando as crónicas divididas em 5 capítulos, gostei mais, de um modo geral, das dos 3 últimos, o que também contribuiu para a rápida leitura (a par da escrita simples, da leitura leve, da letra grande e da formatação das páginas).
"Bater na realidade é mau. Devolve-nos ao que é nosso. Ir no engano e no sonho é que é bom."
Miguel Esteves Cardoso anuncia desde o inicio que não irá generalizar ou falar pelos outros; desde o principio estabelece com o leitor uma regra: irá falar apenas dos seus sentimentos e das suas emoções, estendendo-se a si mesmo e aos seus pensamentos e reflexões. Contudo, as suas palavras demonstram o que o autor afirma: todos somos iguais, na nossa natureza mais primitiva, até na forma como dizemos e pretendemos ser diferentes uns dos outros.
"O mundo, tal como a vida, não é bom. Mas são as únicas coisas que temos."
Alguns livros ensinam-me muitos, outros ensinam-me pouco e ainda outros não me ensinam quase nada (alguma coisa sempre se aprende). Por ensinar eu entendo algo que fica connosco, que nos influencia ou nos altera, que muda a nossa forma de ver ou viver a vida.
"Quem não acredita em Deus está exactamente no mesmo barco de quem acredita e é mais importante partilhar o barco do que a crença."
"Amores e Saudades de um Português Arreliado" foi um livro que me caiu no colo e que muito me ensinou, por duas razões:
1 - Veio de encontro aos meus sentimentos e emoções, levando-me a identificar com quase a totalidade de afirmações e pensamentos do autor, bem como partilho da maioria das suas dúvidas e questões.
"Há coisas que só são bonitas a certas horas do dia."
2 - Desde que o comecei a ler me senti, imediatamente, diferente. Foi um livro que me apelou a um lado melhor, que apesar de já existir se quer evidenciar e prevalecer.
"É feliz quem prefere ficar em casa. É mais feliz ainda quem tem alguém com quem prefira ficar em casa."
Li este livro num dia, 150 páginas antes de dormir e 150 páginas logo ao acordar, mesmo antes de tomar o pequeno almoço. É um livro que se respira e se infiltra em nós. Uma leitura maravilhosa. Também eu sou uma portuguesa, por vezes arreliada, que sente sempre amor e saudades.
"Escusemo-nos é de aprender a não ter frio nem calor: a estar bem."
"Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa Pessoa faz - se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós saber- mos sequer se e verdade ou se quer dizer alguma coisa - levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me (...), da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Nao e qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte."
bonitas crónicas, muitas delas autênticas cartas de amor que de tão intensas e "exageradas" deixam o leitor como mero espetador e com grandes dificuldades de "mergulhar" no livro, ficando sempre com um sentimento de intromissão se o fizer
Gosto de ler as crónicas dele no jornal. Mas em livro (acho que já me tinha esquecido porque os outros anteriores já li há muitos aos) é sempre muito mais do mesmo… terminei de ler só porque não costumo deixar livros a meio, mas tenho de confessar que demorou a pegar-lhe e a terminar. Não tem nada a ver com o estilo de escrita mas sim com a repetição do tema das crónicas.
Miguel Esteves Cardoso é dos mais aplaudidos autores nacionais pela crítica e para mim era até à leitura de Amores e Saudades de um Português Arreliado um nome conhecido somente através de algumas das suas crónicas publicadas pelo jornal Público. Agora descobri a obra deste lisboeta que trocou a confusão da cidade pela vida no campo em boa hora! Não posso dizer que Amores e Saudades de um Português Arreliado seja um livro que me tenha conquistado na sua totalidade porque se o fizesse estaria a mentir. Não sou grande fã de pequenas histórias, contos e crónicas, no entanto confesso que acabei por ficar surpreendido com o desenrolar desta obra dividida em cinco atos com várias histórias contadas entre si. Os ressentimentos para com a malvadez do pai que tanto amou a sua mãe até acabar por magoar quem lhe estava mais próximo! O encontro com a verdadeira paixão ao lado de Maria João, a sua cara metade, não de sempre mas com um desejo de para sempre! O pós dor que surgiu com a doença no seio do lar onde as forças e a harmonia do casal conseguiram levar por diante uma felicidade única! A liberdade da escrita através do tempo, relatando sentimentos e estados de alma! As diferenças entre a vida rural e urbana, onde a pacatez da aldeia conquista através do sossego do lar, dos pássaros a cantarolar, com as manifestações de afecto dos animais de estimação e a vizinhança sempre pronta a colaborar, contrastando com a rebeldia de uma cidade em movimento onde os desconhecidos acabam por se atropelar dia após dia. Acima de tudo, estas crónicas de Miguel Esteves Cardoso lançadas pela Porto Editora reflectem a alegria de viver do seu autor que descobre todos os prazeres da vida ao lado de «O Meu Amor», a sua Maria João. Juntos trocam as voltas às contrariedades da vida, invadem a perfeição e exprimem a felicidade, sem alaridos e com uma grande admiração mútua. Esta é a parte chave deste conjunto de crónicas, onde toda a dedicação é reflectida pelos textos dedicados à sua amada, do nascer do sol até ao novo amanhecer, vinte e quatro horas do dia sem qualquer interrupção. Dois apaixonados na casa dos cinquenta que se pronunciam com simples gestos que dispensam qualquer tipo de formalidade e comentários! Um amor único contado por alguém que escolhe no ponto certo cada palavra, Miguel Esteves Cardoso, o português que não parece nada arreliado com a vida que tem!
Um alerta para o leitor mais incauto, este não é livro para se ler de rajada, é uma compilação de crónicas escritas pelo sempre incrível MEC. Desta forma, não existe um fio condutor entre as crónicas, mas uma separação por temáticas. Penso que seja uma excelente opção para quem não tem muito tempo para ler de forma seguida, penso agora nas recém-mamãs. Após este pequeno alerta à navegação, devo dizer que adorei ler esta obra. É um hino ao amor de um homem por uma mulher, com uma escrita belíssima e tão simples ao mesmo tempo. Sortuda da sua Maria João por ter quem lhe dedique um sentimento tão bonito sob a forma de palavras.
Não é o meu gênero de livro, pois é composto por crônicas, escrita ligeira e em torno de momentos de felicidade. No entanto minto se digo que não gostei de ler, pois foi um bom entretimento e ensina a apreciar os pequenos momentos da vida. Ele consegue ver com uma certa nostalgia e cinematografia momentos que por distração possam parecer pequenos. No entanto MEC dá uma elevação a estes momentos, com muita justiça, e faz-nos sorrir. Se a ideia de um livro é fazer-nos sentir algo, então acho que este atingiu o seu objetivo. Certamente é um bom livro para ler no verão.
"Cheer up, it may never happen. Que corra tudo o menos mal possível e nunca acabe, mas continue, o mais bem possíve. É aproveitar enquanto não vem. Esperar não é necessariamente ficar à espera - é viver enquanto não acontece uma coisa que, afinal, queremos menos do que viver apenas. É bom. Que este momento seja o pior das nossas vidas!
Primeira vez que li crónicas. Muito interessante, não me liguei com todos os pensamentos do MEC, no entanto, consegui com vários que me deixaram dias a pensar.
Gosto muito de ler as crónicas de MEC, acho que são muito pessoais e de uma escrita cativante. Escolhi este livro para ser o primeiro livro de leria dele, até porque foi lançado no meu dia de anos Lol Comecei a ler e achei engraçado mas passado umas valentes páginas não consegui mais... decididamente não consigo ler estes género de livro de enfiada... são textos bonitos e opiniões que nos deixam a pensar mas ao fim de uns quantos parece que estamos a ler sempre sempre sempre a mesma coisa... Vou continuar a ler as crónicas dele no Público e pronto.
"Ele passava a falar baixinho, o meu querido pai. Disse-lhe que queria ser acrobata e ele segredou-me que mais valia ser nefelibata. A viver nas nuvens, com a cabeca. Nem vinha nos envelopes. Foi o melhor conselho que me deu."