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218 pages, Kindle Edition
First published October 1, 2007
As discussed earlier, looking at sensory patterns is only one way to understand behaviors and responses. With any behavior, there are several ways to explain its purpose and meaning; multiple explanations are complementary to each other and increase understanding because human behavior is complex. The discussions in this book are not meant to take the place of any other explanations of behavior. The information in this book is based on studies about sensory processing across the lifespan, and is meant to increase and expand knowledge about human behavior by offering an additional way to understand how people respond in everyday life.
O que é o mundo para nós? É o que vemos? É o que ouvimos? É o que experimentamos? É o que apalpamos ou o que cheiramos? Tudo isso que chamamos de mundo não passa de uma percepção do nosso corpo. Alguma coisa que ele próprio produz. Observe, por exemplo, aquilo que você ouve: é claro que o que você ouve não é o mundo, mas uma produção do seu corpo. Basta perfurar o tímpano e o mundo mostrará as suas garras silenciosas. Assim, também o que você cheira não é o odor do mundo, mas uma produção do seu olfato. O que você vê, então, nossa! É só a luz, a luz que reflete no seu olho. É ele que produz o que você vê, e, se a luz é apagada, não há mais mundo para enxergar. Assim, é normal que, sendo os corpos diferentes uns dos outros, acabemos vendo e sentindo mundos distintos. O mundo para mim não é o mesmo mundo para você. Sorte daqueles que, como eu, têm acanhado capital estético, pois haverá alguém que enxergue em nós a beleza. Mas o problema é deles, pois não há nenhuma objetividade bela. Se o mundo é só uma produção do nosso corpo e cada um vê um mundo diferente, então quem garante que exista um único mundo para todos? Será que o mundo não é só um delírio de cada um? Será que o mundo não é só uma visão? Será que existe mesmo alguma coisa fora de nós? Estas são as perguntas feitas pelo filósofo George Berkeley. Ele mesmo afirma que não. Ele diz que só existe mente, só existe alma, só existe percepção: o mundo é apenas um filme, quando acaba, é porque você morreu.
(...)
Quando você encontra alguma coisa e entra em relação com ela, o seu corpo se transforma, e então você sente. Ora, aquilo que você sente dependeu de duas coisas: primeiro, de você. Você sente o que sente porque você é o que é, tem o corpo que tem, as células, as expectativas, as ideias que tem. A outra coisa que influenciou no que você sentiu é o mundo que você encontrou. Então, sua sensação é o resultado do encontro. Depende das duas coisas: de você e do mundo. E o que isso significa? Significa que, se trocarmos o mundo, você sentirá outra coisa. Isso você já deve ter percebido. É óbvio também que, quando um outro corpo que não o seu encontra a mesma coisa que você encontra, esse outro, por ser diferente do seu, sente outra coisa. Portanto, um erro a não cometer: imaginar que os outros sentem o mesmo que você sente quando encontram o mesmo mundo. Na verdade, sentimos exclusivamente, somos ilhas afetivas. Ninguém sente o que sentimos porque ninguém tem o corpo que temos.
(...)
Mais um erro a não cometer: imagine quando uma pessoa é causa dos seus afetos. Você a encontra, e ela lhe alegra. Qual é o erro prime a evitar? Acreditar que essa pessoa tenha que se alegrar como você se alegra quando a encontra. E por que erro prime? Porque você comete dois erros em um só. Pare para pensar: quando você encontra alguém, você sente, e esse alguém é a causa. Quando esse alguém encontra você, é o outro que sente, e você é a causa. Ora, se o que sentimos é o resultado do encontro com o mundo, do nosso corpo e do mundo, não há nenhuma coincidência no encontro amoroso. Quando você encontra alguém que lhe alegra, é o seu corpo que se alegra, e esse alguém é só a causa. Quando ele encontra você, no mesmo encontro, no mesmo instante, é o corpo dele que vai sentir, sendo você a causa. Não há nada que justifique a expectativa de que o outro sinta o que você sente, razão pela qual não passa de tirania ou ignorância esperar que as pessoas sintam por nós o que sentimos por elas. Ok?