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O que não te contaram sobre o movimento antirracista

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Racismo estrutural, lugar de fala, apropriação cultural. Todos esses termos apareceram de repente no debate público brasileiro. Mas você já se perguntou de onde surgiram? Ou melhor: você seria capaz de explicar o que cada um deles, de fato, significa? Analisando a narrativa hegemônica estabelecida pelo movimento antirracista contemporâneo, este livro tem a intenção de apresentar a verdade por trás de conceitos que não se sustentam com dados, com experiência, e nem têm produzido benefícios concretos à população que alardeia desejar defender. Este é um livro compacto, que visa oferecer ao leitor o pontapé para o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre os erros cometidos pelas ações desses movimentos e seus resultados pouco eficientes, e até mesmo prejudiciais, na luta contra o racismo.

96 pages, Paperback

First published July 6, 2023

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Geisiane Freitas

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Profile Image for Barbara Maidel.
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January 4, 2025
O QUE NÃO TE CONTARAM SOBRE O QUE NÃO TE CONTARAM SOBRE O MOVIMENTO ANTIRRACISTA

Este é mais um livro da safra anti-identitária que é identitário — e nos moldes do identitarismo progressista. A esquerda venceu tanto nessa nova frente que seus pseudo-opositores adotam sua terminologia, sua psicologia de vítima, sua negação da realidade.

Hoje a direita de Leandro Ruschel abusa da catalogação de misoginia quando convém defenestrar adversários que perturbam as mulheres do seu campo ideológico; sionistas brasileiros tratam condenações a Israel como endereçadas a todos os judeus; Kemi Badenoch, líder do Partido Conservador britânico, recebe uma crítica não racial e não sexista dum ator simpático ao trabalhismo e faz um tuíte reclamando que ele está “atacando a única mulher negra do governo”; o “professor Paulo Cruz”, negro ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ruminador de rancores vocês-nos-devem, diz que “ditadura no Brasil é white people problem”; Madeleine Lacsko, jornalista que arrebanha um público majoritariamente de centro-direita, vira farol de moscas contra “os chatos identitários” enquanto vive tirando da manga a carta “me criticam porque sou mulher” [braços cruzados, coque, sobrancelhas erguidas, olhar desafiador de governanta inspecionando o preparo do jantar de bodas do Sr. e da Sra. Johnson].

Todos esses falsos anti-identitários têm amplo apoio dum público intelectualmente trapo, e pouco são cobrados na sua incoerência de adotar os métodos duma doutrina que alegam combater. Lucram se dizendo anti-identitários quando são identitários. No fim, se você for um alinhado à direita e ao cínico-centrismo que usa sua negritude, sua “mulheridade”, sua sexualidade e outras armas tergiversantes pra minar a esquerda, isso será bem-vindo. O mundo é dos imbecis.

*

O que não te contaram sobre o movimento antirracista é parte do problema. Na primeira página do livro, as autoras Geisiane Freitas e Patrícia Silva chamam o racismo de “uma das maiores pragas da atualidade”. Isso só é razoável se por “atualidade” a dupla estiver considerando o período de 1800 a 2023 — o livro foi publicado em 2023 — ou se “as maiores pragas” abarcarem uma dúzia de elementos, fazendo com que o “racismo da atualidade” figure na lista de pragas pelo menos depois de pobreza, homicídio, estupro, trabalho escravo, ditaduras. Progressistas adorariam saber que um selo como a Avis Rara divulga textos que catastrofizam o racismo no século 21.

Na segunda página, elas dizem:

Não precisa ser expert em ciência política para perceber que chamar de “mimimi” um problema real que atinge, em maior ou menor grau, 54% da população brasileira é uma estratégia néscia para aproximar o povo do pensamento conservador.


Esses 54% são um dado que o movimento negro conseguiu naturalizar por meio de lei: depois do Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em 2010, pretos e pardos formam o somatório dos negros brasileiros. Entram nesse cálculo que Sueli Carneiro assume ter objetivos políticos: morenos que não se declaram brancos, mamelucos (mestiços de índios com brancos), pardos que jamais diriam na entrevista ao censo que se consideram negros. Mas Freitas e Silva corroboraram essa matemática em seu livro. Você paga por um texto vendido como anti-identitário e nas duas páginas iniciais da apresentação já vê que foi enganado.

Na terceira página — pois é, mas daqui a pouco darei saltos pra fazer uma seleção, porque não há espaço pra tratar das falhas de cada página —, uma bobagem que não deveríamos esperar duma pós-doutoranda em Sociologia e duma mestre em Sociologia (mas esperamos, claro):

Para dizer a verdade, a esquerda não é tão antirracista como afirma. A atual geração que, de alguma forma está conectada com o mundo acadêmico não sabe, mas aqui vai uma informação: no início dos anos 2000, boa parte da esquerda era contra as cotas raciais nas universidades públicas. Sabe o Caetano Veloso? Ele assinou o manifesto contra cotas!


Logo depois disso, no mesmo tópico e no início da quarta página, elas citam Muniz Sodré dizendo que a esquerda ficou por muito tempo encastelada em bibliotecas e universidades lendo sobre a escravidão, mas sem enxergar a realidade do racismo persistente.

É difícil desemaranhar essa maçaroca porque temos aí uma mistura de pensamento confuso e pensamento identitário, mas tento:

1. ¿As autoras consideram que ser contra cotas raciais é ser racista? Pois dizem que Caetano Veloso, de esquerda, “não é tão antirracista como afirma” por ter assinado um manifesto contra cotas (ponto de exclamação!).

2. Se uma leitura dinâmica fosse somada à boa vontade, alguém poderia defender Freitas e Silva: elas dizem que Caetano não é antirracista não com base no antirracismo como palavra genérica, mas com base no Antirracismo como movimento com regras que não permite a adesão de quem é contrário às cotas. Não procede: é só ver o que citaram de Muniz Sodré na sequência.

3. Ainda que o raciocínio do item 1 fosse justo — não é: racistas podem ser contra cotas raciais, mas nem todo mundo que é contra cotas raciais é racista —, ¿qual é a intenção aí? Talvez cancelar o esquerdista Caetano retroativamente porque nos anos 2000 ele deu uma opinião que reputam ruim. Você deixa de ser o que é por causa daquilo que já foi. (Perderam a oportunidade de mostrar como mesmo pessoas consideradas inteligentes mudam de opinião mais por influência do coletivo do que por ponderação íntima.)

4. Se as autoras concordam com Sodré a respeito da esquerda encastelada — que investia contra o problema da escravidão, mas não acusava seus efeitos supostamente resolvíveis com cotas —, então teriam que reconhecer que foi essa mesma esquerda que depois promoveu as cotas no Brasil. Não reconheceram.

E até aqui foram somente quatro páginas de tamanho de bolso, com margens largas e amplo espaçamento entrelinhas.

*

Este é o título do primeiro capítulo d’O que não te contaram…: “Racismo existe, tá ok?”. Não é apenas uma referência desnecessária a uma figura fuleira da política nacional — o próprio ato de fazer essa referência é fuleiro. Habitue-se, porque a boa escrita não visita as páginas deste livro.

O capítulo começa buscando um filme estadunidense de 1967 — Adivinhe quem vem para jantar — pra referendar uma pesquisa de 2003 da Fundação Perseu Abramo na qual 87% dos entrevistados disseram haver racismo no Brasil, mas apenas 4% admitiram ser racistas. Essa pesquisa sempre serviu a militantes pra provar que o racismo brasileiro é velado, que as pessoas são contraditórias ao não se admitirem racistas enquanto afirmam que há racismo no Brasil, etc. Mas considero a pesquisa ruim caso tenha sido feita da forma como foi divulgada.

Mesmo no país mais avançado em direitos humanos haverá algum grau de racismo, e espera-se que a população saiba que esse racismo existe. Disso não se depreende que a população é enrustida na sua discriminação ao negar ser partícipe do racismo constatado no seu país. Ainda que muitos racistas não admitam seu racismo — e às vezes nem se enxerguem como racistas —, não há boa-fé num estudo que coloca a pergunta “¿você é racista?” no mesmo nível de “¿há racismo no Brasil?” pra comparar a discrepância das respostas. Talvez uma opção melhor pra segunda pergunta seria: “¿você conhece pessoas racistas? Em caso positivo, ¿quantas?”. Um entrevistado comum conhece dezenas de pessoas. Se ele responder que conhece só um racista, isto é um ótimo sinal — pense no número estimado das pessoas que ele conhece e qual é a parcela considerada racista. Portanto, a pesquisa citada por Freitas e Silva é maculada e desonesta, e não deveria servir de referência.

Adiante, nas páginas 17-18, finalmente exemplos claros de racismo: com base numa pesquisa da USP de 2004 sobre como os professores consultados enxergavam crianças negras na educação básica, as autoras selecionaram dois relatos — elas mesmas reconhecem que é imprudente generalizar — de professoras despreparadas e promotoras de baixa autoestima em crianças negras. Uma vai apaziguar um conflito entre dois alunos (conflito que parece ter envolvido injúrias raciais), e diz que ambos “são filhos de Deus” e que o negro “é um ser humano que não escolheu a sua cor”. Outra vai classificar as crianças da turma pela cor, aparentemente a pedido da pesquisadora, e usa termos como “cabelo ruim” pra se referir a quem tem cabelo pixaim. Não sei se isso era um problema isolado ou com algum valor estatístico, mas não há dúvida de que pessoas assim são inadequadas pra área pedagógica.

O capítulo, curto, termina com o reforço de Freitas e Silva: “Sim, racismo existe. Tá ok?”

*

O capítulo seguinte, “Cadê a estrutura do racismo estrutural?”, se opõe ao “silêncio ensurdecedor” — palavras delas — diante do discutível conceito de racismo estrutural. Citam “o professor” Silvio Almeida e “a professora” Djamila Ribeiro — com exceção do Professor Pasquale, é difícil entender o que pretende alguém que, na rua, chama de “professor” quem não é/foi seu professor —, e depois reclamam que Almeida não conceituou o termo “racismo estrutural” em seu livro de mesmo nome. Mas ele conceituou, sim. Cito:

[…] o racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares […] cujo racismo é regra, não exceção.


As autoras insistem que Almeida não definiu o que é estrutura, e que por isso “sua teoria do racismo estrutural tem mais apelo retórico do que científico”. Embora o significado real do racismo estrutural se resuma a tudo de ruim que acontecer a um negro se deve a racismo, acredito que dá pra entender a ideia de estrutura usada por Almeida, assim como dá pra entender como seria — não como é, como seria — sua aplicação com base em raça ou outras características (machismo estrutural, gordofobia estrutural, etc.). Se o que ele diz é “apenas retórico, não científico”, ¿que nome se dá a este livro mal desenvolvido de Freitas e Silva? Porque nem aqui há muito de “ciência”.

Depois elas dizem que “Sodré (2023) concorda conosco que o racismo no Brasil não é estrutural” — pra Sodré, ele é institucional —, e que cabe a Almeida “apontar onde está a estrutura do racismo estrutural”. Fatiemos:

1. Fiar-se na ideia de que o racismo no Brasil ainda é institucional é muito pior do que a definição originária de racismo estrutural — que trabalhada por intelectuais razoáveis teria algum valor. ¿Por que Sodré foi tão comentado quando lançou seu livro sobre racismo institucional, em contraponto ao racismo estrutural? Porque estava refutando um dogma poderoso da esquerda. Ele não parece ter oferecido algo melhor pra colocar no lugar, mas ganhou um assento entre afoitos já que “inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

2. Não vejo necessidade de Almeida “apontar a estrutura” — como se tivesse que apresentar um encanamento pra que Tomé creia — se está tão claro a que ela, a estrutura, se refere. Esse parece um pedido fora de lugar feito por mentes literais, talvez aparentadas daquelas que não acreditam na existência de doenças que não aparecem em exames de sangue e ultrassonografias.

Mais adiante as autoras dizem que “a teoria do racismo estrutural é essencialmente anticapitalista”, o que é uma simplificação: não é porque Silvio Almeida é anticapitalista e propagador de que capitalismo e escravidão estão interligados que o racismo estrutural se torna o que Almeida é. Djamila Ribeiro não é anticapitalista — faz campanha publicitária pra marcas de carro, uísque, bolsas de grife —, já declarou não fazer parte do marxismo de seu colega, mas é adepta do conceito de racismo estrutural.

*

Outro aspecto interessante deste livro é que ele aparenta sintonia com a elaboração doutros escritores, todavia alegando “pensamos primeiro, mas que bom que Fulano também pensou isso”. Acima reproduzi a citação “Sodré concorda conosco” — faz parecer que em seu último livro Sodré citou o pioneirismo das duas autoras —, mas há outros casos. Na página 33 elas informam que o sociólogo Jessé de Souza escreveu um livro cujo título dum dos capítulos é “Afinal, onde está a estrutura do ‘racismo estrutural’?”. É praticamente o mesmo título do capítulo pelo qual estamos voando, com turbulência, no livro de Freitas e Silva, e poderia ter sido uma homenagem a ele se não fosse este trecho enjoado:

Na qualidade de postulantes à função de intelectuais públicas, ficamos satisfeitas — e aliviadas — em encontrar concordância nos pensamentos de um intelectual tão bem consolidado no meio acadêmico como o professor Jessé. Assim como nós, Souza aponta que a teoria do racismo estrutural apresentada por Silvio Almeida é uma petição de princípio […]


(Esse “Assim como nós” me lembrou dum influenciador alinhado à cínico-direita tão inseguro na sua intelectualidade que teme não ganhar os créditos que acha apropriados. E dá-lhe autoelogios e aflições eu-disse-isso-antes-do-Taleb pra que psicólogos fiquem com os cabelos em pé diante de tanto trabalho pra fazer com alguém desse grau de imaturidade eu-eu-eu afundado nos seus sofás.)

Além de Jessé e Sodré, há mais: no capítulo seguinte, intitulado “Lugar de fala ou terreno de Schrödinger?”, Freitas e Silva primeiro denunciam que o livro O que é lugar de fala?, da “professora Djamila Ribeiro”, não define lugar de fala. Depois é que elas citam um artigo da filósofa Bruna Frascolla, simpática ao bolsonarismo no passado e hoje alinhada à Nova Resistência — sabe-se lá qual será a próxima aventura pra fazer o coração bater com força e dar sentido louco à vida —, que justamente aponta que o livro de Ribeiro não conceitua “lugar de fala”. A impressão que isso dá — fortíssima e aliada aos anteriores primeiro-nós,-depois-vocês-que-concordam-conosco — é que elas perceberam por Frascolla que o livro de Ribeiro não conceituava lugar de fala, e então tentaram emplacar um “nós já sabíamos”. É um caso que enfada Hercule Poirot, pois muito nenê no nível de dificuldade.

*

Voltando ao capítulo sobre racismo estrutural deste livro caído do qual pouco se salva — e no pouco estão algumas citações doutros autores —, há esta extrapolação da realidade a respeito do ativismo racial progressista:

Que ideias possuem consequências não é novidade para ninguém. A teoria do racismo estrutural não passa ilesa a essa premissa. Um dos primeiros efeitos colaterais da teoria proposta por Almeida (2021) é o fenômeno que chamamos de efeito cortina de fumaça. O adjetivo “estrutural” nos transmite o entendimento de que há um conjunto de instituições que são as verdadeiras responsáveis pelo racismo, o que tira a responsabilidade do âmbito individual. Ou seja, isenta a individualidade da responsabilidade quando um indivíduo comete um ato racista.


Esse efeito colateral só existe na cabeça das autoras. Não há nenhum ideólogo do racismo estrutural que defenda a isenção da responsabilidade do indivíduo pelo suposto amplo racismo da sociedade — pelo contrário: esses ideólogos reforçam a ideia de que o indivíduo tem que “assumir suas culpas” e se imolar —, assim como ninguém que foi acusado de racismo nos últimos anos recebeu alívio da militância “porque, afinal, o racismo é estrutural”. Freitas e Silva citam o caso de Luísa Sonza, cantora que pediu um copo d’água pruma mulher que se identifica como negra. Ela foi criticada pela assunção estereotipada de que há uma estética do servir, e, num texto de retratação, diz:

[…] reconheço que a maneira com que me dirigi à Sra. Isabel traduziu um ato de reprodução do racismo estrutural, o que de maneira nenhuma foi minha intenção.


A explicação é até razoável — uma das formas de racismo é a não intencional —, mas Freitas e Silva acreditam que há aí pura tentativa de se livrar. O episódio aconteceu em 2018. Até hoje Sonza não está “se livrando”: toda hora alguém a chama de racista por causa daquele ocorrido, isso quando não desejam que se ateie fogo nela.

Logo depois as autoras vão mencionar outro caso de “tentativa de se livrar de culpa usando a justificativa do racismo estrutural”: a morte de Beto Freitas, em 2020, num supermercado Carrefour, após ser espancado por dois seguranças. O que impressiona aqui é que esse episódio nem é de racismo: não há evidência racial além do identitário “se a vítima é negra, o crime foi sempre motivado por racismo”. Mas Freitas e Silva — “não identitárias”, “conservadoras” — fazem coro frequente com os identitários que fingem contestar. A vida intelectual e pensante da direita geralmente oscila entre a frescura, a presunção e a miséria.

*

Então quando Antonio Risério escreve, em Identitarismo, que este O que não te contaram sobre o movimento antirracista é um “livrinho chinfrim”, ele está sendo gentil. O livro é um constrangimento e só passa bem porque as pessoas não sabem ler. Sorte das autoras, “azar” o meu.
1 review
November 28, 2024
como nos livrarmos do racismo dos marxistas do movimento negro

O livro traz a tona o racismo do movimento negro contra os negros que não se indentificam marxistas! A consciência negra não passa do conceito de consciência de classe aplicada a raça!
O cancelamento do primeiro movimento negro que era monarquista e depois a FRENTE NEGRA BRASILEIRA.
Luiz Gama, José do Patrocínio, André Rebouças e até as autoras canceladas pelo movimento negro!
69 reviews
April 16, 2024
Concordando ou não com as opiniões lançadas no livro, as autoras entregam o que prometem: instaurar suas vozes em um debate amplo e secular.
O livro pode ser entendido como um panfleto político, de forma pejorativa, mas prefiro compreendê-lo como uma carta de apresentação, com objetivos e ambições bem delineadas.
Ganha o debate.
Profile Image for Ricardo Abreu.
124 reviews1 follower
September 5, 2024
Adorei o trabalho de duas pesquisadoras sérias e que nos colocam em contato com a verdade sobre fatos históricos e concepções errôneas que temos sobre antirracismo. Recomendo muito.
Profile Image for Anderson Paz.
Author 4 books19 followers
June 12, 2024
No livro “O que não te contaram sobre o movimento antirracista”, as sociólogas brasileiras, Geisiane Freitas e Patrícia Silva, levantam importantes reflexões sobre a militância progressista antirracista. De início, as autoras reiteram que o racismo existe e deve ser combatido. Ninguém pode ser discriminado por conta da cor de sua pele.

As autoras chamam atenção para alguns termos problemáticos da militância antirracista. Primeiramente, a teoria do “racismo estrutural”. O ministro dos direitos humanos, Silvio Almeida, propagou a tese de que o racismo é sempre estrutural. Isto é, o racismo é produto das instituições ocidentais, como economia, direito, educação, religião.

A partir de uma premissa não provada, mas afirmada retoricamente, Silvio Almeida aproximou sua leitura do racismo ao marxismo: de luta anticapitalista à luta antirracista. A visão de Almeida opõe a identidade de pessoas negras (oprimidos) a pessoas brancas (opressores), promovendo divisionismo identitário.

Já a professora Djamila Ribeiro propagou a noção de “lugar de fala”, sem nem mesmo apresentar uma definição. O termo é uma categoria de análise que serve para interromper algumas vozes determinadas pela militância. Na prática, quem avalia quem pode falar sobre algum tema sensível é o “alto clero do identitarismo nacional” (p. 49).

O “lugar de fala” é um modo arbitrário de estabelecer quem pode falar em nome de quem. Por isso, um político negro que seja de direita pode não ter lugar de fala porque os ativistas não o reconhecem como legítimo representante da hierarquia identitária. “Negros liberais ou conservadores são duramente repreendidos por ativistas negros” (p. 79-80).

Por fim, as autoras ainda chamam atenção para o termo “apropriação cultural” que ocorre quando alguém usa elementos de uma cultura, sem pertencer àquela cultura. A militância que avalia se houve “diálogo” ou “dominação” cultural. A apropriação é legitimada ou não pelos ativistas, conforme a pessoa que se “apropria” de um bem cultural de outro.

Existem inúmeros exemplos de uso desses termos que demonstram a parcialidade e incoerência da militância na busca de “justiça social”. Linchamentos públicos, sabotagens e cancelamentos são determinados pelos ativistas, até mesmo contra pessoas negras que não conformaram sua mentalidade à vontade da militância.

De uma perspectiva cristã, todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, sendo portador de dignidade intrínseca. Ninguém, absolutamente ninguém, pode ser discriminado por sua cor. O combate ao racismo precisa se orientar pelo sonho de Luther King: uma sociedade em que as pessoas não são julgadas pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.
Profile Image for Alexandre.
202 reviews3 followers
October 26, 2023
Panfleto político que, a despeito de querer fazer criticas pertinentes a algumas armadilhas retóricas que o movimento negro se coloca, arma diversos espantalhos para dizer que o movimento antiracista seria, de fato, racista.

Nem precisa ler, basta ver os tuítes de malucos como Bruna Frascolla que vc já há de conhecer os "argumentos".
Profile Image for Healthy Dose of Self-Destruction.
482 reviews3 followers
August 7, 2024
★★✩✩✩✩✩✩✩✩
2/10 Muito ruim
Há na praça textos contra a seita identitária muito melhores do que este. Abandonei: o tempo é curto demais pra se perder com livro tão mal escrito.
Displaying 1 - 7 of 7 reviews

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