João Gilberto Noll was a Brazilian writer born in Porto Alegre, in the southern Brazilian state of Rio Grande do Sul.
His early years were spent studying at the Catholic Colégio São Pedro. In 1967 he began university coursework in literature at the UFRGS-Federal University of Rio Grande do Sul, but in 1969 he interrupted his studies to pursue a career as a journalist in Rio de Janeiro, working for the newspapers Folha da Manhã and Última Hora. In 1970 Noll spent a year in São Paulo working as a copyeditor at the publishing house Editora Nacional, but a year later he moved back to Rio and resumed both his work in journalism at Última Hora, writing on literature, theater and music, and his university studies in literature, first at the Faculdade Notre Dame and then at the PUC-Rio, where he received his degree in 1979.
Noll published his first short story as part of a 1970 Porto Alegre anthology entitled Roda de Fogo, but his more formal literary debut came in 1980 when his first book of short stories O cego e a dançarina (English title: The blind man and the dancer) was released, for which he received three literary prizes. One of Noll's short stories from O cego e a dançarina, Alguma coisa urgentemente (Something urgent), was the basis for the film Nunca fomos tão felizes (English title: We've Never Been So Happy) in 1983, directed by Murilo Salles and starring the actor Claudio Marzo.
Noll received early international attention as a participant in the Writer's Program at the University of Iowa in 1982, and when his work appeared in an anthology of new Brazilian writers published in Germany in 1983. After a short visit to the University of California, Berkeley in 1996, he was invited to teach Brazilian literature there in 1997. He was an invited scholar for a Rockefeller Foundation seminar in Bellagio, Italy, was the recipient of a Guggenheim Fellowship in 2002, and spent a two-month writing residency at the Centre for the Study of Brazilian Culture & Society at King's College London in 2004. All of these experiences were to shape the subject matter of later works.
His first collection of stories was followed by the novels A fúria do corpo (1981), Bandoleiros (1985) and Rastros do Verão (1986). Two of his subsequent and perhaps best-known works, the novels Hotel Atlantico (1989) and Harmada (1993), later came out in a 1997 English edition, translated by David Treece and published by Boulevard Books in London. Another novel, entitled O quieto animal da esquina, appeared in 1991.
From 1998 to 2001 Noll published a twice-weekly series of short stories in the major São Paulo daily Folha de São Paulo, and in 2004 he began to publish longer stories every two weeks in the daily Correio Braziliense published in the federal capital Brasília.
Essa novela, lançada em 1986, narra as andanças de um protagonista sem nome, de passado não revelado, um homem que chega de ônibus a Porto Alegre em uma terça-feira de Carnaval. Não se sabe de onde ele veio - apenas que esteve viajando a noite inteira -, tampouco para onde vai. Lá pelas tantas, ficamos descobrindo que, ao que parece, ele veio a Porto Alegre para visitar o pai, que estaria hospitalizado. Mas a narrativa não deixa claro se esse pai realmente existe, se realmente está doente, ou se é tudo invenção do protagonista, já que, ao não revelar suas motivações, passa a ser uma espécie de narrador não confiável.
Estritamente descritivo, o livro carrega uma atmosfera onírica, quase surrealista, à medida em que o narrador caminha por Porto Alegre e vai criando frágeis laços com pessoas que aparecem em seu caminho, aos poucos se deparando com situações cada vez mais inusitadas. A cidade não deixa de ser, também, protagonista da novela, ora sufocando, ora maravilhando o narrador.
Muito bem escrito, variando entre o sonho e o pesadelo, é um livro "diferentão", mas que prende muito a atenção do leitor e, por ser curto - menos de 100 páginas -, acaba ficando na medida certa para o que se propõe, sem enrolar em momento algum.
Livrinho de uma voz brasileira que provavelmente será resgatada nos próximos anos, Rastros de Verão é um romance de objetividade onírica. Um homem, que não sabemos quem e nem de onde vem, chega a Porto Alegre e começa "flanear" por suas ruas. Não sabemos seus objetivos, não sabemos se tem algum, e isso o coloca num estado de presente total. A partir das relações fugazes que ele têm com as pessoas da cidade, tudo é narrado com uma bela objetividade, sem elocubrações. O leitor acompanha as experiências sem qualquer filtro: não há julgamentos, não existem opiniões sobre o que ele faz. Sentimos o que ele sente, olhamos o que ele vê, e tudo parece um tanto onírico, fora de si. Contudo, ao mesmo tempo que tudo parece feito para ser experenciado, sinto que há um certo falseamento na narrativa nas seções finais do livro. Não tem a ver com verossimilhança (aqui tudo é verossímil), mas sim experiências que parecem falsas, que abrem brechas para interpretações. Isso passa, ao meu ver, em descontrole, em certa insegurança para resolver a trama. De qualquer forma, um bom romancinho pra se ler numa tarde. Daqueles que não pretendem ser mais do que são.
o livro capta bem a energia carnavalesca de um espaço com uma redução de valores morais e capta melhor ainda o fim do carnaval com a força da alegria se esvaindo com a chegada da quarta feira de cinzas. o narrador não parece ter qualquer foco e vaga pelo fim do carnaval sem se fixar em nada.
Novelinha pra começar e terminar no mesmo dia. Bem escrita, clima de penumbra, se passa no centro de Porto Alegre em uma época onde a preocupação era apenas com o dia seguinte.