"Fronteiras perdidas" is a journey through time and space in pos-colonialism, told in 16 (brief) narratives (by the angolan journalist José Eduardo Agualusa). [Renata Flávia da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro]
«José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas.
Escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador" e "A Caixa Preta", estas duas últimas juntamente com Mia Couto.
Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever « Nação crioula », a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu « Um estranho em Goa » e a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu « O Ano em que Zumbi Tomou o Rio ». No início de 2009 a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amsterdam na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance, « Barroco tropical ».
Escreve crónicas para o jornal brasileiro O Globo, a revista LER e o portal Rede Angola.
Realiza para a RDP África "A hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos.
----- José Eduardo Agualusa (Alves da Cunha) is an Angolan journalist and writer born to white Portuguese settlers. A native of Huambo, Angola, he currently resides in both Lisbon and Luanda. He writes in Portuguese.
He has previously published collections of short stories, novels, a novella, and - in collaboration with fellow journalist Fernando Semedo and photographer Elza Rocha - a work of investigative reporting on the African community of Lisbon, Lisboa Africana (1993). He has also written Estação das Chuvas, a biographical novel about Lidia do Carmo Ferreira, the Angolan poet and historian who disappeared mysteriously in Luanda in 1992. His novel Nação Crioula (1997) was awarded the Grande Prémio Literário RTP. It tells the story of a secret love between the fictional Portuguese adventurer Carlos Fradique Mendes (a creation of the 19th century novelist Eça de Queiroz) and Ana Olímpia de Caminha, a former slave who became one of the wealthiest people in Angola. Um Estranho em Goa ("A stranger in Goa", 2000) was written on the occasion of a visit to Goa by the author.
Agualusa won the Independent Foreign Fiction Prize in 2007 for the English translation of his novel The Book of Chameleons, translated by Daniel Hahn. He is the first African writer to win the award since its inception in 1990. (wikipedia)
Fazes parte desses que dizem que nós estamos a roubar Angola. Mas vocês esquecem-se que somos independentes, tudo isto é nosso, e ninguém rouba aquilo que é seu. (...) Luanda, por exemplo, era uma cidade europeia, um corpo estranho relativamente ao resto do país. Foi preciso corrompê-la para a libertar.
José Eduardo Agualusa em grande forma nestes contos sarcásticos, com uma pontinha de política e misticismo.
Fronteiras Perdidas foi a minha primeira incursão na vertente de contista do autor angolano José Eduardo Agualusa. Depois das boas impressões deixadas por O Vendedor de Passados e A Vida no Céu, fiquei com vontade de continuar a explorar a sua obra, e a nova edição deste livro, que venceu o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores, pareceu-me um excelente pretexto
A epígrafe “Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas” deixa desde logo a impressão que estas pequenas narrativas poderão conter algo de autobiográfico. O primeiro conjunto, “Fronteiras Perdidas”, parece seguir um homem pelas suas viagens por vários continentes, nas quais vai relatando pequenos episódios ou reflexões sobre o que vai vendo e vivendo. O segundo conjunto, “Outras Fronteiras”, percorre caminhos diversos, em que os limites geográficos deixam de ter tanta importância e se parte para fronteiras psicológicas criadas pelo ser humano.
Gostei muito da imagética evocada pela escrita de Agualusa, que por vezes parece suscitar sentimentos de melancolia, ao mesmo tempo que são de uma profunda beleza. Há qualquer coisa nas palavras de Agualusa, quiçá a musicalidade, que me remetem para os cenários africanos. De algumas narrativas gostei mais do que de outras, tendo a minha preferida sido, sem dúvida, a que encerra o livro, “A noite em que prenderam o Pai Natal”, a história de um negro albino que trabalha como Pai Natal e que, no final, acaba por se tornar na Rainha Santa Isabel dos tempos modernos. Fica a certeza que continuarei a explorar a rica obra de Agualusa num futuro próximo.
«Acordou duas horas mais tarde, espreguiçou-se, estalou os dedos, levantou-se e pediu licença para passar. Vi-o dirigir-se à casa de banho, cerimonioso, fúnebre, como quem se prepara para ajoelhar num confessionário. Adormeci. Não devo ter dormido muito tempo. Lembro-me que despertei com um rumor de vozes. Vinha lá da frente, da primeira classe, e rolava em crescendo na nossa direcção. Julguei que fosse um bêbado, uma discussão entre bêbados, qualquer coisa desse género. A seguir passou uma hospedeira a correr. Algumas pessoas levantaram-se tentando perceber a origem de tanto alvoroço, ouviram-se gritos, e a mesma hospedeira reapareceu, enfurecida, obrigando toda a gente a reocupar os seus assentos. Atrás de mim uma senhora começou a rezar.»
A collection of short short stories about crossing borders, both geographical and moral borders. Each story paints a picture, tells a story in a few pages and often end with a twist - very elegant and borgesque (?!)
read this book entirely in Portuguese for my Portuguese literature course & it’s such a great read! A perfect combination of fantasy and realism and for someone who isn’t a fluent speaker of Portuguese (yet), it was an easy flowing read. I now understand why Agualusa is such a prominent and acclaimed author in Angolan literature 🤍
Adorei todos os contos que o autor nos trouxe neste livro, a leitura rápida de todos e a ironia contida em cada um deles. O autor critica aspetos da sociedade de forma leve e irónica nos contos deste livro, mas de uma forma que, ainda assim, nos deixa a pensar sobre eles.
4,3 ⭐️ Ja tinha lido um livro do Agualusa e gostei muito. Tem uma escrita super bonita mas nunca sei bem o que está a acontecer no livro (de uma forma positiva, não má). Este está dentro do que estava à espera e é daqueles livros para se ir ler aos poucos. Gostei bastante!