Após o sucesso de Depois é nunca, com mais de sessenta mil exemplares vendidos, Carpinejar, vencedor do Jabuti, aprofunda seu olhar sobre a despedida no emocionante Manual do luto.
Se em Depois é nunca explicou que o luto não é uma doença e que dura a vida inteira, Carpinejar consegue o impossí ir ainda mais além na tentativa de retratar o sofrimento da saudade. Agora fala diretamente com o enlutado. Cada capítulo é uma carta, e cada carta, uma lição de empatia.
Ele aborda todas as dores do mundo, descreve as mais graves e pungentes perdas da existê dos pais, de um amigo, de um irmão, de um filho, de um marido ou de uma esposa.
Compara o luto a um trabalho incansável de poda da memória, de faxina existencial, em que toda despedida seria o equivalente a herdar um terreno para construir uma casa no local.
"Não há nada lá, só mato e entulhos", ele conclui.
Com seu olhar de raio-x poético, o escritor enxerga a invisibilidade social de quem atravessa esse período marcado por confusão e privação.
"Você deve estar se sentindo invisível, a morte de alguém próximo nos torna invisíveis. Atravessamos um portal para uma dimensão alternativa da rotina. Não somos vistos, não somos percebidos como antes. É como se a dor fosse um manto mágico do desaparecimento social.
Você tampouco enxergava os enlutados antes da sua perda. Eles não tinham destaque, consistência, importância, densidade. Lembravam seres de um planeta secundário, desencaixados da normalidade e da perfeição de que até então desfrutava. E nem agia por mal, o desinteresse vinha da falta de um ponto de contato com a realidade do adeus.
Agora parece que todo luto se evidencia ao seu lado. Se você é órfão, não para de notar órfãos na sua vizinhança. Eles sempre estiveram ali, próximos e acessíveis. Só não reparava porque não tinha nascido o terceiro olho do sofrimento na sua testa."
Até quem não perdeu um ente querido vai se render ao inventário de ausências e, por um momento, imaginar o que significaria a falta dele em sua rotina.
Que o Manual do luto sirva de alerta para não adiar mais nenhum afeto, para não deixar nenhuma amizade fundamental para depois.
Pois, "se a vida é um sopro, assobie". Cante alto a sua presença.
Carpinejar, Fabricio Carpi Nejar, poet and journalist, master degree in Brazilian Literature for UFRGS.
Nasceu em 1972, na cidade de Caxias do Sul (RS), Fabrício Carpi Nejar, Carpinejar, poeta, cronista, jornalista e professor, autor de vinte livros, oito de poesia, cinco de crônicas e sete infantojuvenis. É apresentador da TV Gazeta, colunista do jornal Zero Hora e comentarista da Rádio Gaúcha. Seus poemas aparecem como questão de grande parte dos vestibulares do Brasil, como UFRJ, UFRGS e Universidade Católica de Goiás. Foi escolhido pela revista Época como uma das 27 personalidades mais influentes na internet. Seu blog já recebeu mais de dois milhões de visitantes e o twitter ultrapassou cento e cinquenta mil seguidores.
Se você tem, como eu, uma facilidade de se emocionar com o tema: leia. Emocione-se. Chore, como eu chorei, lendo esse pequeno manual sobre o luto.
A morte sempre foi um tema muito sensível pra mim. Mais do que ela, na verdade, é a saudade causada por ela.
Neste livro, Carpinejar conta com uma sensibilidade enorme partes de sua história na qual lidou com a morte, bem como várias “instruções” ao leitor para que lide com ela da melhor forma possível.
Um livro curto, com temática forte e pesada, tocando em vários pontos da vida e do que fazer quando perdemos alguém, recomendo a sua leitura. Todos iremos morrer, um dia. Lembrar disso nos possibilita viver de forma plena. Lembrem-se disso.