Um romance forte e sensível sobre perda, amor e abandono no mundo contemporâneo
Mulheres abandonadas. Desde sempre, a literatura é permeada de histórias trágicas de figuras fascinantes, como Medeia e Dido, que se desfazem diante do abandono masculino. Emma Bovary e Anna Kariênina, personagens inesquecíveis, também sucumbem. A mesma Simone de Beauvoir de O segundo sexo escreveu A mulher desiludida, antologia de contos sobre personagens despedaçadas, uma delas por essa mesma via. No século xxi, Elena Ferrante atualiza a tradição, criando personagens que definham ou enlouquecem depois de dispensadas — é o caso de Olga, em Dias de abandono, que se vê confrontada com novas questões: Como pode uma mulher padecer "de amor" nos anos 2000? A própria ideia de abandono já não soa anacrônica em nossos dias? Agora é a vez de Natalia Timerman e seu Copo vazio.
O romance conta a história de Mirela, uma mulher inteligente e bem-sucedida, que acaba submergida em afetos perturbadores quando se apaixona por Pedro. O livro perscruta a vulnerabilidade de sua protagonista sem constrangimentos. Há algo de ancestral, talvez atemporal, no sofrimento de Mirela, que ecoa a dor de todas essas mulheres. Mas há também elementos contemporâneos: a forma de vida nas grandes cidades e as redes sociais são questões que acentuam os dilemas. Mirela tem emprego, apartamento, família e amigos, porém parece ser bastante solitária. Quando conhece Pedro, ela se preenche de energia e entusiasmo, e fica obcecada não só por ele, mas por essa versão de si mesma. O que fazer quando ele desaparece de repente, sem explicações?
Depois de publicar contos, poemas e ensaios, Natalia Timerman comprova a versatilidade de sua escrita num mergulho de fôlego no mundo psíquico de sua protagonista.
Natalia Timerman nasceu em 1981 em São Paulo, onde mora. Médica psiquiatra pela Unifesp, psicoterapeuta, mestre em psicologia clínica pela USP, cursa atualmente o núcleo de ficção da pós-graduação em formação de escritores do Instituto Vera Cruz. Trabalha como psiquiatra no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário desde 2012. Desterros é seu livro de estreia.
o livro INTEIRO cantando "i knew you'd haunt all of my what-ifs!!!!"
se a protagonista desse um play no folklore ela teria entendido melhor sobre o sentimento de simplesmente não ter vivido algo que até então parecia destinado a você
Retrata uma situação de "perdido" (ou ghosting) e consegue montar um retrato vívido da situação, das angústias e dúvidas sentidas pela personagem e também da auto destruição e bagunça presente por consequência. Mas para por ai.
As situações e personagens são extremamente clichês classe-média-paulistana (entediante para mim, confesso), o enredo em nada surpreende e até a escolha de estilo narrativo (alternando convenientemente entre passado, presente e futuro) é o de se esperar e torna a história ainda mais morna e sem nuance.
Sinto que o mercado editorial endeusou o livro como algo revolucionário e maravilhoso, escrito com maestria, cult, perfeito, nunca errou... No entanto, é apenas um livro ok, morno. Interessante até, para quem curte uma sofrência, mas que não adiciona em nada ao tema e a discussão.
Por vezes achei que a narrativa poderia ser resumida em dez tweets raivosos escritos pela protagonista. Depois pensei: eu só acho isso porque já me acostumei com pessoas sumindo da minha vida como se fosse normal.
Enfim. Dez tweets e algumas indiretas nos stories, talvez, bastassem.
acredito que minha opinião destoe das demais; achei o livro simples e corriqueiro. a sinopse parece descrever uma obra muito diferente... talvez por isso não tenha me cativado tanto, porém entendo que se trata de sentimentos que são sim corriqueiros. a tristeza do dia a dia após abandono, após sumido. pontos positivos: descrição de sp muito boa e traz fotografias na nossa cabeça. as digressões são muuuito boas e bem feitas. no geral é um livro ok
“Quando uma história pode terminar em paz, tendo se cumprido?”. Essa pergunta, na página 110/140 de “Copo vazio” é a chave desse livro. Quando uma história termina em definitivo? O que marca o final de uma história? Uma história precisa, necessariamente, ter um ponto final para acabar? Ou pode terminar com vírgula? Com travessão? . O livro narra a história de amor entre Mirella e Pedro, q termina após Pedro desaparecer (no linguajar moderno “dar um ghosting”) em Mirella. Mirella, então, fica como todos que já sofreram desse mal: desesperada, sem entender o q aconteceu. Foi algo q falou? Foi a expectativa q criou? Mas não criou a expectativa sozinha. Foi rápido demais? Mas ele correspondia. E claro, a dúvida “por que ele fez isso cmg?”. Eu penso q as histórias de amor q doem mais são as histórias que não aconteceram, que ficaram suspensas no ar. Porque as histórias que acontecem a gente sabe porque chegam ao fim. “Ele reclamava muito”, “as nossas ideias não batiam”, “imagina se daria certo? Ele votou no bolsonaro!” E assim por diante. Mas e as histórias que não chegam ao fim? Como elas seriam? A gente poderia ter vivido feliz para sempre. A gente podia ter dado certo. A gente podia ter ido viajar junto nesse feriado. We could belong together. . Eu já sofri alguns ghostings nessa vida e recentemente aprendi na prática q a questão nunca está em quem sofre o ghosting, mas em quem aplica. Duas histórias minhas que ficaram em suspenso chegaram ao fim recentemente com diálogos muito produtivos, em que eu vi que o “problema” não estava cmg, eram as pessoas que precisavam se resolver. E tá tudo bem. É sobre isso. Sobre ficar em paz depois que uma história termina e começar outra.
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Li um comentário aqui: literatura de autodestruição nota dez, e realmente, coitada da Mirela.
O livro é bom, nada de noooooossa que literatura, mas a história é boa, te envolve, é bem dividida, fácil de ler. Soa infantil e boba às vezes, mas é bom pra dar uma espairecida, ler ligeirinho, tipo uma novelinha, um seriado besta de assistir domingo à tarde. Tá aí, esse é um livro de se ler domingo à tarde.
A história é super contemporânea, quem não passou por algo parecido já viu a amiga passando. É super real que às vezes as 'não histórias' fazem mais bagunça por dentro do que as histórias. O que eu fiquei bolada é como ela não ficou com raiva dele (eu queria que ele tivesse entrado em combustão espontânea) e com o tempo que durou o sofrimento.
O livro tem umas sacadas ótimas, como "o medo de sentir já é sentir" que entregam a psicanalista por trás da autora. Também tem dezenas daqueles famosos 'quem nunca, né minha gente?'.
Faço menção a um que me aconteceu exatamente como no livro que me tirou um gargalhada alta: "...esse homem alto, e tão lindo bebendo água,".
Acho que toda mulher já foi alguma pontinha de Mirela e se não foi ainda está fazendo errado.
que dolorido, mas traz aquela sensação de quando você sai de uma prova, pra qual você estudou muito mas que acabou indo incrivelmente mal, e saindo na porta da sala tu encontra seus amigos te esperando e dizendo: me fodi também.
cair e/ou sofrer de amores parece sempre algo tonto, bobo, idiota. a gente se culpa e se envergonha de nós mesmos... tentamos tanto medir amores no tempo pra justificar se cabe na intensidade, mas a verdade é que amor não é grandeza vetorial. não tem sentido, amar é um verbo sem futuro, uma condenação — diria mia couto— então só nos falta cumprir a pena, pra então sairmos em liberdade (que é quando recomeçamos ciclos).
mas seria um prisioneiro capaz de passar por esse processo sem delírios e loucuras? sem sufocar-se e sentir-se encurralado diante da impossibilidade de atender aos seus desejos mais pulsantes? (nem tentando reza braba) e por fim, seria possível sair de cabeça erguida e caminhando, mas, sem cicatrizes? pois é. nunca é. mas servem pra lembrar.
sinto um pouco menos vergonha de mim ao fim dessa leitura, o que seria da vida sem o sentir. e saber que o que não aconteceu sempre vai ser dolorido demais, pois dá mais espaço a nossa fantasia neurótica de ser.
Livro muito aquém da sinopse - com citações de Simone e Lispector nela, fui ler esperando algo muito melhor e mais complexo. Achei o livro raso, mas pode ser um bom passatempo pra quem curte um drama de amor meio novela. Deu pra se identificar diversas vezes com os sentimentos da personagem, porque é uma história que reflete muitos relacionamentos atuais, mas não foi do meu gosto.
Eu sou fã dos livros “vida real”, dos vícios humanos, do que a gente não tem coragem de contar nem pro terapeuta. Mas infelizmente nesse livro eu não encontrei o que eu gosto. Acho que pra mim faltou sofisticação na Mirela. Na minha percepção ela só ficou absurdamente desesperada da forma mais cafona possível. Eu consigo me identificar com ela, claro, somos da mesma geração que ainda foi ensinada a viver e morrer por homens. Mas não consigo empatizar com ela, infelizmente.
A técnica de misturar passado, presente e futuro me confundiu demais. Mesmo lendo o título do capítulo, no meio do texto eu me perdia sobre que momento eu estava lendo. Os “antes”, “hoje” e “depois” não eram lineares então foi uma junção muito louca de vários pontos da história que eu ficava “mas gente pera” em vários momentos. Achei uma técnica interessante, mas pra mim não funcionou, mesmo lendo o livro inteiro em praticamente 1 dia.
Enfim, é excelente pra mulheres pra gente sentir o que é olhar para nós de fora quando estamos surtando por homem ��� e evitarmos o comportamento.
acho que só quem já viveu a dor de receber um ghosting vai entender o quão profundo e real é esse livro.
me identifiquei com a Mirella do início ao fim. a necessidade de ter um ponto final, a busca pela resposta, a obsessão com a pessoa que se excluiu do nada de um relacionamento que, até então, estava dando certo foram coisas que a Natália Timerman retratou muito bem.
acredito que um dos principais problemas da sociedade atual, é essa falta de responsabilidade com o próximo. o fato do Pedro ter simplesmente sumido do nada, sem nenhuma justificativa é bizarro demais. em que momento se tornou aceitável sair da vida dos outros e não dar uma resposta? não dar o devido adeus? não colocar um simples ponto final?
sempre odiei as histórias de ghosting que ouvia de amigos e amigas. passei a odiar mais ainda quando aconteceu comigo em um dos piores momentos da minha vida.
esse livro é pra você que ainda sofre com o fantasma de uma relação sem fim.
Se a intenção era que a gente se compadecesse da Mirela, saiu tudo errado. Chega num ponto que tu fica achando que bom que o Pedro saiu dessa. OK, que ele agiu errado, mas a fanfic que ela entra é demais até pra mim - e olha q sou fanfiqueira.
Eu gostei do começo do livro, o que rendeu a terceira estrela aqui. Mas depois de alguns capítulos cansei da protagonista, do drama repetitivamente narrado e da linha do tempo zoada. Contar a história de forma não linear costuma ser interessante, especialmente para enredos simples como este, mas nesse caso virou uma confusão. Os títulos dos capítulos não ajudam a situar o leitor e depois de um tempo a bagunça do texto me fez perder a paciência. Terminei só pra confirmar o final que eu estava imaginando desde o início.
E pra quem já leu, corre pra ver os comentários dos leitores do Goodreads! Entretenimento melhor que o livro em si!
extremamente angustiante e compreensível esse sentimento de abandono, de apego, de não saber se é amor, se é gostar, se é apenas um sentimento do "e se ele estivesse aqui..."
a forma que a autora escreveu te faz ficar sem respirar, parece que você ta dentro da personagem, se sentindo magoada, com raiva, com tristeza e refém de uma vida e um relacionamento que foi tirado de você por quem estava vivendo junto sem uma chance de adeus.
"Todos tem o direito de desistir a qualquer hora, todos podem retirar suas promessas. Mas isso é diferente de fingir que não foram feitas."
Todo mundo já esteve numa situação de levar ou dar um fora de variadas maneiras, e ninguém nasce com o chip da responsabilidade afetiva acionado. Ainda assim, cada relação se da de um modo diferente pois afetividade é algo complexo, vide a quantidade de livros que carregam isso como mote. Esse livro narra de um modo angustiante (e por que não exagerado?) o cotidiano de uma pessoa que levou o famoso “perdido do boy” ou “ghosting”. Ele cumpre seu papel em colocar em palavras o que sente uma pessoa cheia de expectativas quando é largada sem nenhuma explicação por outra pessoa que nunca deixou bem claro o que queria, e é isso. Sempre que um livro me incomoda, eu me pergunto se isso se deve à qualidade do livro em criar esse incômodo ou justamente o contrário, os problemas dele. Não foi um problema de prosa, a leitura é fluida, mas me pareceu mais uma história típica de millennials de classe média nas metrópoles com todos os elementos típicos: jovens adultos no melhor da beleza e das carreiras, apps de paquera, redes sociais, barzinhos, festinhas descoladas e, é claro, relacionamentos conturbados (alô Sally Rooney?). Nunca temos controle sobre como vamos nos sentir diante de uma paixão avassaladora, mas creio que com o tempo vamos aprendendo a saber onde estamos pisando e a lidar com tudo isso de um modo menos angustiante, não?
lembro quando virei a chave na minha cabeça e entendi que consumir literatura, que sempre fora um refugio, lugar de fugas e encontros, também era lugar do meu trabalho. não diria que o torna mais fácil, mas torna a psicologia mais perto, as pessoas e suas subjetividades são mais próximas. ler este aqui ativou o lembrete do dia que falei pela primeira vez quando perguntaram como eu lia tanto e eu entendi o lugar da literatura em cada momento de minha vida.
não é um livro excepcional mas me levou a lugares tão importantes de entendimento do outro. todos nós guardamos dores do que não foi. do quão grandioso podia ser. guardo as minhas várias dores em sonhos. não esbocei uma fatia do que Mirela sentira quando Pedro não foi. mas a narrativa me transportou para várias vivências de sentir a perda da possibilidade tão cuidada e cultivada. entender certos nuances da história foi trabalho para mim, poderia embarcar um fio cheio de ondas sobre essa história contada, sobre mirela, sobre mim e sobre tantos.
Esse é um livro peculiar de se classificar, entendo completamente quem o odeia e também entendo quem o ama. Gosto da estrutura dele de mesclar passado, presente, futuro e fantasia, tudo sem linearidade. Por outro lado a nossa narradora é difícil de engolir, especialmente porque me pareça anacrônica para o século XXI, mas a gente sabe que ainda restam muitas mulheres que passam por esse tipo de desamparo ao terminar o relacionamento e perdem totalmente a dignidade. É exatamente por isso esse livro tem feito tanto sucesso e tantas mulheres se identificando com ele. Comigo foi o contrário, me identifiquei mais com o macho chato do caralho do que com a narradora (como disse o leitor de búzios, signo de ar, né, hahaha), de tanto que ela foge totalmente da realidade, mesmo sabendo que muita mulheres ainda se veem como metades de laranjas de homens. É um bom livro, mas entendo totalmente quem não tem paciência com ele e sua narradora que precisa de uns chacoalhões nas ideias.
pra mim, nao foi! e ta tudo bem, porque viver é aprender que algumas coisas simplesmente nao rolam, mas tudo é pro desenvolvimento, seja do personagem (a gente) ou do plot.
basicamente o ditado: nao adianta chorar pelo leite derramado. mas nesse caso seja ele derramado por nós ou pelos outros.
Eu achava que não era mais capaz de sentir. Na verdade, isso dura tanto tempo a essa altura que cheguei a me questionar se um dia já senti mesmo. Mas esse livro veio pra me lembrar de histórias e sentimentos que já me transbordaram e viraram do avesso. Não deu pra não amar.
É aquela leitura em que você ora quer abraçar a protagonista e dizer “amiga, para…”, ora só aceita que já fez igual ou pior. Ai ai, a autodestruição que mora no que poderia ter sido e não foi… no final, me deixou de ressaca? Não sei se é a palavra. Eu tô embriagada, acho. Processando.
Acredito que a ambientação tornou mais intenso, já que tudo acontece na São Paulo onde já vivi tantas situações parecidas, os encontros nas mesmas esquinas e as caminhadas alcoolizadas sob as mesmas luzes, enfim. Um livro breve, envolvente e intenso pra refletir sobre amores, idealizações, partidas.
senti e vivi o livro do inicio ao fim e acho que me envolvi ate demais com os pensamentos torturantes de mirela. muitos e muitos trechos marcados, especialmente alguns em q parecia eu mesma ali. lido num momento perfeito, sou cada vez mais fã de literatura contemporânea brasileira