A Coleção Grandes Obras apresenta seu sexto volume, Marília de Dirceu, escrito pelo português Tomás Antônio Gonzaga, que viveu grande parte de sua vida no Brasil. O poeta bebeu da fonte dos clássicos eternizados do Arcadismo e nessa obra se mostra impregnado deles em muitas liras de sua Marília de Dirceu. A descrição de Marília é extremamente idealizada e a presença de deuses do Olimpo, como Vênus e Cupido, denuncia um romantismo que não tardaria a chegar. O poeta, já com quase quarenta anos de idade, apaixonou-se por uma adolescente de dezessete - Maria Dorotéia Joaquina de Seixas. A família da moça fazia forte oposição ao namoro. E quando tal oposição já estava praticamente vencida pelo poeta, ele foi preso e enviado a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, como membro da Inconfidência Mineira. Passou os últimos dezessete anos de sua vida no degredo, em Moçambique, casado com a filha de um comerciante de escravos. Mesmo nunca tendo se casado com Maria Dorotéia, Tomás fez desse romance o primeiro mito amoroso de nossa literatura e criou uma de nossas mais belas obras líricas. Nela, os protagonistas são o pastor Dirceu, que confessa seu amor à pastora Marília, em evidente projeção do drama vivido por ele, Tomás, e por Maria Dorotéia.
Tomás Antônio Gonzaga was a Portuguese Brazilian poet. One of the most famous Neoclassic Brazilian writers, he was also the ouvidor and the ombudsman of the city of Ouro Preto (formerly "Vila Rica"), as well as the desembargador of the appeal court in Bahia. He wrote under the pen name Dirceu. Gonzaga was born in the Portuguese city of Porto, to Brazilian João Bernardo Gonzaga and Portuguese Tomásia Isabel Clark. As a child, the family moved to Recife and to Bahia, where João Bernardo served at the magistrature. Gonzaga was sent back to Portugal as a teenager, to the University of Coimbra, to finish his studies. With 24 years, he finished his Law course. He candidated himself to a chair at the University, with the thesis Tratado de Direito Natural. He became the juiz-de-fora of the city of Beja in 1778, exercing the post until 1781. In the following year, he returned to Brazil, becoming the ouvidor of the city of Vila Rica (nowadays Ouro Preto). He followed this post until 1789, when he was accused of being involved with the Minas Conspiracy. Arrested, he was sent to a prison in Ilha das Cobras, Rio de Janeiro. He spent three years in there, when he was given the sentence of a ten-years exile in Mozambique. By that time, he was engaged to a woman named Maria Doroteia Joaquina de Seixas, possibly the "Marília" of his verses. This nostalgia of his love and his freedom can be seen in the second part of his poetry book Marília de Dirceu. Arriving at Mozambique, he was charitably received by a wealthy Portuguese gentleman. He then married his daughter, Juliana de Sousa Mascarenhas, having with her two children. Gonzaga had a wealthy and considerated life during his exile, becoming a lawyer. He died circa 1810, of a serious disease.
A poesia de Gonzaga, publicada entre o fim do século XVIII e começo do século XIX na colônia, é uma das grandes provas de que o português é uma das mais sublimes línguas, capazes de produção da mais refinada literatura mundial. De alcance imenso, as liras dedicadas, em parte, a Maria Doroteia, versam sobre temas completamente universais, como o amor, a morte, a perda, a consciência do passado, o tempo; ao mesmo tempo, os poemas também são capazes de tornar uma situação bastante banal num retrato magnífico por meio de sua forma e elocução: não é em vão que a lira IX da segunda parte chegou até Púchkin na Rússia czarista do começo dos oitocentos. A abrangência do conjunto de Gonzaga faz com que os poemas da primeira parte sejam um grande atestado do que se pode chamar banalmente de "carpe diem", ainda que ultrapassem em muito este paradigma. O eu-lírico parece refletir sobre as possibilidades da concretização amorosa e do abismo do futuro, e, assim, se propagando para sua plausibilidade no presente; isso por meio de imagens que se maquiam no fingimento árcade do campo e da simplicidade. Contudo, ainda que a primeira parte traga uma beleza sem igual, é na segunda parte do conjunto que os procedimentos líricos e filosóficos da reflexão atingem um patamar transcendental: o sofrimento, a velhice, o pensamento sobre as realizações e os remorsos propagam uma grande poesia ao que ela foi reconhecida. Os poemas, assim, se metamorfoseiam, assumindo discursos semelhantes de outros da 1ª e 3ª partes, refigurando e remodelando o pensamento do eu-lírico, da mulher amada, do amigo distante, da traição, da prisão, do exílio. O atestado de grandiosidade da poesia de língua portuguesa não poderia ser maior do que em Marília de Dirceu. Ajuntado o conjunto à história de publicação dos poemas, a biografia de Gonzaga, a colônia no fim do século XVIII, tudo se torna ainda mais provocante. Certamente uma poesia interminável no seu plano de significações.
Em um dos mais famosos poemas dessa obra, escreveu o poeta:
"Pintam, Marília, os poetas a um menino vendado, com uma aljava de setas, arco empunhado nas mãos, ligeiras asas sobre os ombros, o tenro corpo despido e de amor ou de cupido são os nomes que lhe dão.
Porém eu, Marília, nego que assim seja o amor, pois que não é moço, nem cego, nem setas, nem asas tem. ora pois, eu vou formar-lhe um retrato mais perfeito, que ele já feriu meu peito; Por isso o conheço bem.
(...)
Tu, Marília, agora vendo De Amor o lindo retrato, Contigo estarás dizendo, Que é este o retrato teu. Sim, Marília, a cópia é tua, Que Cupido é Deus suposto: Se há Cupido, é só teu rosto, Que ele foi quem me venceu.
Agora, me respondam!! Mesmo não sendo uma devoradora de poesia, há como não se encantar???
tomás foi mto taylor swift/phoebe bridgers coded quando escreveu
Depois que nos ferir a mão da morte, Ou seja neste monte, ou noutra serra, Nossos corpos terão, terão a sorte De consumir os dois a mesma terra. Na campa, rodeada de ciprestes, Lerão estas palavras os pastores: "Quem quiser ser feliz nos seus amores Siga os exemplos que nos deram estes". Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!
É um crime só contra as pessoas que por algum motivo decidiram ler um livro como esse. Meu deus. Que livro RUIM. NÃO LEIAM EU IMPLORO. Quer ter uma ideia mais concreta sobre o arcadismo? Não jogue o seu dinheiro ou tempo fora, lê só a primeira parte disso e não compre o livro físico. Eu irei ter ódio cada vez que ver essa obra porca e ruim na minha estante. É de uma breguisse, de uma falta de bom gosto, são supostamente declarações de amor, mas são tão absolutamente repetitivas que não tem sentimento nenhum ali, nada, são palavras vazias repetidas a exaustão. E COMO SÃO REPETIDAS...Pelo menos 20 liras poderiam ser descartadas por serem idênticas umas às outras na essência. Não vou entrar em termos técnicos, não tenho conhecimento suficiente para os embasar, mas é tão ruim e entediante que eu quis me atirar de um prédio só para me livrar de ler isso. Tudo bem que o tempo contribui para desgastar o valor de muitas obras, mas eu não posso acreditar que em alguma época, a literatura estivesse em uma situação ruim o suficiente para considerar essa obra, boa. Boa sorte aos lutadores que estão lendo agora, e saibam que infelizmente, não gente, não melhora.
A Fuvest obrigando seus participantes a lerem um livro que retrata o "amor" entre um cara escroto de meia idade e uma menina de catorze anos, mostra muito bem o quais as raízes sócio-históricas do brasil e o seu cenário atual. esse livro é medíocre e me fez não gostar ainda mais do arcadismo e do gonzaga, portanto, obrigada Fuvest por me proporcionar raiva pela trigésima vez esse ano!!!
Gostei mais do que esperava! Mas isso porque não sou muito de ler poesia (o que estou sempre tentando mudar). Não consegui largar o livro até terminar e umas horas tinha a impressão de estar lendo Ovídio.
Arcadismo não é lá minha escola literária favorita (nem de longe!), mas 1. Monólogos são um vício pra mim 2. Carpe diem s2 3. Poesia, cara. É a única forma que encontrei de ler romance-melzinho-com-açúcar sem me entediar completamente.
dos 4 livros que não eram em prosa da lista de leitura obrigatória FUVEST 2024, esse foi o menos pior. Não me arrependo te der lido, então 3 estrelas. Até porque achei interessante e bem idealizado o que foi refrescante.
Gostei bastante das poesias presentes nesse livro, que abordam, entre um tema e outro, o amor de Dirceu por sua Marília. Uma obra-prima da literatura do arcadismo!
Las liras reunidas bajo el título de Marília de Dirceo nos ofrece un hermoso y conmovedor retrato de un cortejo frustado. Gonzaga (el Dirceo del título), ya un destacado poeta neoclásico y un hombre maduro con una sólida carrera como funcionario gubernamentaldel Brasil colonial, se enamora de la jovencita Maria Dorothéa Joaquina de Seixas (la Marília del título) y parte fundamental de su cortejo se realiza por medio de una serie de poemas plenamente insertados en las convenciones pastoriles del arcadismo literario en el que participaban escritores portugueses y brasileños. El manejo de la métrica, la rima y las imágenes es impecable, pero un poco estériles para los lectores contemporáneos. Lamentablemente para los enamorados, Gonzaga se ve involucrado (o al menos acusado) en una conspiración de lesa majestad y el incipiente romance se ve interrumpido de tajo. Desde la cárcel y en espera de su sentencia, las liras de Dirceo para Marília adquieren un cariz mucho más profundo y personal, sin perder la precisión de la poesía neoclásica. Así nacieron algunos de los poemas más intensos de la literatura colonial y pre-romántica brasileña. Condenado al exilio en África, Dirceo jamás volvería a ver a Marília, pero le legó a la literatura universal el recuerdo de un romance verdaderamente literario.
O livro se divide em duas partes, a primeira dela sendo a parte amorosa onde trás Marília ao campo, conta com Liras incríveis principalmente a primeira. O jeito que retrata os Deuses principalmente o Erus(Cupido) é perfeito. Na segunda parte, quando ele está preso, a fase da saudade vemos a angústia dele e junto a isso a despreocupação com a beleza poética, Liras muito fracas. Obs: Ele vive mudando a cor do cabelo de Marília, os cabelos cor de trigo fazem parte da idealização grega, mas Maria sua mulher de verdade, tinha cabelos escuros
Um livro de linguagem difícil de se compreender, depois do término da primeira parte eu já estava mais acostumado com certas palavras, porém o livro é muito confuso na linha do tempo dos acontecimentos, sinceramente, só gostei das partes poéticas que eram diretamente dedicadas a enaltecer a Marília. Vou admitir que quando cheguei no final da segunda parte eu comemorei, mas vi que tinha terceira parte e li por cima, não estava aguentando mais, me deu até sono. "Eu adoro o teu divino, O teu divino rosto, e sou humano."
Um clássico da literatura brasileira. Honestamente não consigo dar uma nota maior porque não é tanto meu estilo de leitura, mas estou me esforçando para aprender a leitura coisas que não seja romances e novelas