O que têm em comum as situações de jovens licenciados que não saem de casa dos pais antes dos 30 anos, das vagas de emprego nas escolas e hospitais de grandes cidades que ficam por preencher, dos imigrantes a viver em regime de cama quente em partamentos sobrelotados, de casais que não têm mais filhos por falta de espaço, ou de estudantes que abandonam o curso por não poderem pagar os custos de alojamento?
Todas resultam do mesmo problema de base: a crise da habitação. Os preços para compra de habitação não param de subir há 8 anos. Há poucas casas para arrendar nos principais centros urbanos e as que existem têm custos elevados para o nível de rendimento da maioria dos portugueses. Muito se tem discutido sobre os responsáveis por esta crise. Terão os proprietários ficado mais gananciosos de um momento para o outro? Será que a culpa é da imigração? Do turismo? Do governo? Dos promotores imobiliários?
Neste livro tentamos responder a estas e outras questões. Partindo de uma base factual, recorrendo a dados e estatísticas sobre o mercado da habitação, procuramos desmontar as principais falácias sobre a habitação na discussão pública e desvendar alguns caminhos para solucionar o problema.
É economista, consultor de estratégia e deputado na Assembleia da República. Doutorado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, já trabalhou, como consultor de estratégia nas áreas das telecomunicações e digital, em mais de 20 países e 4 continentes.
É um dos mais empenhados divulgadores do liberalismo em Portugal, defendendo sempre que a prosperidade nasce da liberdade e que o Estado deve servir as pessoas, e não o contrário. Foi nesse âmbito que presidiu à Iniciativa Liberal, entre 2018 e 2019 – período em que o partido alcançou pela primeira vez a Assembleia da República –, e que fundou o Instituto +Liberdade – de que foi o primeiro diretor-executivo –, dedicado à divulgação do pensamento liberal e à promoção da literacia financeira.
Autor de vários artigos, palestras e livros, Carlos Guimarães Pinto alia como poucos o pensamento académico à experiência prática, fazendo do sentido de humor e da ironia ferramentas que diferenciam as suas intervenções no Parlamento e na vida política nacional.
Encontrei este livro na biblioteca exposto e decidi requisitá-lo porque a crise imobiliária é algo em que penso com alguma frequência.
Foi uma agradável surpresa. Julgo que fiquei a entender de uma forma geral os porquês da situação em que nos encontramos - especialmente a questão da política monetária e das taxas de juro que não tinha muito presente - e as possibilidades de resolução (ainda que difíceis).
Porém, sinto que por vezes o livro só dá a perspetiva liberal da questão e que podia ser menos biased. Além disso, a edição não é espetacular, com blocos de texto um pouco difíceis de ler por vezes.
No geral, vale a pena a leitura, até porque é uma coisa de 1 ou 2 horas.
Um livro que se autopropõe a desfazer mitos sobre a crise e o mercado da habitação. Cheio de dados e bases factuais, percorre os argumentos um a um e clarifica quais os principais problemas deste mercado, traçando ainda possíveis soluções.
Algumas passagens: «O aumento de preços da habitação foi transversal a todos os países desenvolvidos porque tem uma causa principal também ela transversal: a política monetária expansionista dos bancos centrais, que mantiveram taxas de juro anormalmente baixas durante muitos anos.»
«A melhor forma de impedir que um súbito aumento da procura gere um aumento de preços é haver um aumento equivalente da oferta.»
«Portugal tem casas onde não há empregos e concentra empregos onde não há casas.»
Conclusões e Possíveis Próximos Passos Os principais pontos a melhorar no tópico da habitação são:
- Simplificar o processo de licenciamento - Aumentar o número de terrenos para construção e permitir melhor aproveitamento dos mesmos - Qualificar e reter mão de obra para o setor da construção - Diminuir a carga fiscal - Tornar a justiça mais célere no que toca ao mercado de arrendamento e heranças - Aumentar o aproveitamento de imóveis do estado - Simplificar regulamentação - Apostar na descentralização
É uma pena que um tema com tanto potencial tenha sido reduzido a um livro com capítulos apressados, escritos apenas com a interpretação de gráficos, cujas conclusões são muito subjetivas e algo enviesadas politicamente. Embora concorde com todas as sugestões para melhorar o acesso à habitação, considero que muitas das justificações da situação atual não são rigorosas e baseiam-se numa interpretação política, necessitando de maior estudo, quer sociológico, quer relacionando alguns dados com outras frentes económicas e sociais. O capítulo sobre corrupção tem 2 páginas, e menciona que em Portugal não há corrupção na habitação.
Este livro tem como objetivo apresentar uma base factual sobre as causas da actual crise da habitação em Portugal, e propor soluções para o futuro.
Em geral, as ideias apresentadas têm mérito e são explicadas de forma simples e clara. Contudo, o livro tem a meu ver uma grande falha que é a ausência de profundidade nalguns temas.
Por exemplo, são apresentados dados de que o peso de estrangeiros não residentes nas transações de imóveis para habitação é apenas de 6%, concluindo-se rapidamente que eles não são os “culpados” do aumento dos preços. Há todo um aprofundamento que fica por fazer - por exemplo, que em muitas zonas os compradores estrangeiros têm impacto, porque são 30 ou 40% e não 6%. O facto de existirem estrangeiros residentes, para além de não residentes. O facto de muitas zonas que não eram premium se terem tornado premium direcionou compradores locais para outras zonas, aumentando a pressão sobre os preços. A questão de ser um fenómeno relativamente recente e ser um choque para o mercado, ao contrário de Espanha onde os compradores estrangeiros já operam há décadas. Ha muito mais a discutir e apresentar do que 4 ou 5 páginas sobre o tema.
O capítulo sobre corrupção é surreal, duas páginas que parece que foram lá postas para o “check” de que o tema foi coberto.
O livro lê-se em 2 horas e parece que foi escrito num fim de semana. Por 15€ parece uma entrada daqueles restaurantes gourmet que se come numa garfada. A seriedade do tema pedia maior profundidade. Mesmo assim, vale a pena ler, podem pedir o meu exemplar emprestado.
O livro lê-se num instante, quase que podia passar por um artigo extenso num jornal. Está muito bem conseguido, focado em factos e esclarece como o país tem falhado em concentrar-se no essencial para resolver a questão da habitação.
Para quem está a pensar em comprar ou vender casa, é uma excelente leitura. Ajuda a perceber melhor o mercado imobiliário, que apesar de imprevisível, tem sempre alguns dados que podemos considerar certezas.
Explicação baseada em factos da crise da habitação em Portugal e não em demagogias e tacanhice de esquerda (ou direita...) acerca da falta de casas devido ao alojamento local, nómadas digitais, emigrantes ou outros. Numa frase, facilitar e eliminar as burocracias para permitir e promover a construção de novas casas. Simples e claro, a não perder.